EntreContos

Detox Literário.

No Caminho dos Leprosos (José Leonardo)

Diante daquela terra estranha, ele fez amor consensual com uma porca-das-sombras.

As folhas secas quebravam sob seus pés juntamente com pequenos gravetos que cascalhavam debaixo de casos sujos e fendidos. Aquele animal cinzento, de porte anormal, teria levado uma vida inteira para se deixar ser capturado – mas o herborista o colheu da floresta rapidamente mesmo sem a bênção de uma mão esquerda.

É para você, Amalan, unicamente. Os pensamentos de Vissário gradualmente se confundiam com as engrenagens de seu corpo. Uma vergonha irrecuperável, eterna. Mas por pior que seja, agradeço aos deuses por você não estar aqui.

Um vento desceu da silhueta das copas e trouxe mais coisas do que o frio. Eram os Capuzes Negros. Haviam rolado das árvores como frutas escuras que se desfolham e, naquele momento, faziam um semicírculo contemplativo e silencioso.

– Está vendo os ganchos peludos, pashar? – o herborista apontava o toco do antebraço para o dorso envelhecido da porca. – Viu como eles crescem para você? Sobem, descem, sobem, descem.

O detalhe dos ganchos emprestou mais estupor a Vissário. Subitamente, no entanto, algo como um coral de sádicos subiu da garganta da porca e atingiu os seus ouvidos:

Sem descanso, paizinho. Arrombe essa tramela aí…

– O quê??

– Ha, os pasharen são mesmo impagáveis! – A essa altura, o herborista soltava risinhos pelos cantos e bochechas enquanto acomodava a posição do animal. – Graciosa, shaka, shiaka! Ajeite-se, vamos, shaka!

Vissário não viu remédio além atender de pronto.

– Isso, meu senhor. Você está dentro dela. – Ainda assim, o peito de Vissário mostrava-se aos estertores. – Não é hora de afrouxar, meu senhor. Vigor! E recite as litanias.

O herborista desdobrou um pergaminho em frente aos olhos do outro.

– “Pus, frutos, mofos e ossos”… É isso mesmo? – dele saía uma voz ainda mais aflitiva.

– Somente continue, meu senhor, e a toda força, para impressionar nossos amigos calados.

                        Pus, frutos, mofo e ossos

Raiz dos céus, vermes das rochas

Das bandas do norte é amaldiçoado,

Com a finalização das estrofes, a porca-das-sombras respondeu:

                        Eis aqui o teu pus, frutos, mofo e ossos

                        Aqui sua raiz dos céus, verme das rochas…

– Maravilha, maravilha – chichilava o herborista numa voz borbulhante. O papel esvoaçou até um dos Capuzes Negros e simplesmente sumiu.

– Não pode calar a boca??

A cada arremetida tenebrosa que fazia sentir à porca-das-sombras, duas lágrimas desciam pela encosta do nariz. Um nojo de causar vômito e, mesmo assim, o sangue rumando copiosamente para o centro de sua carne que, naquele instante, terminava no orifício do animal. Para Vissário, cada estocada intensa dada à porca assemelhava-se a uma facada no coração da esposa – que, no entanto, era o motivo de tudo aquilo. Se os dedos afundavam naquela muralha de carne, o animal revidava comprimindo ainda mais o aríete. Isso doía nele menos que o remorso, a vergonha e a culpa.

De repente, os movimentos cessaram. A porca se contraiu com Vissário dentro de si. De algum núcleo até então intocado de seu corpo, por fim, afluiu a matéria que parecia atravessar seus quadris e morrer dentro da porca.

Prendeu, foi, meu senhor? – perguntou o animal. Ainda assim, a pequena cauda rastejava pela barriga de Vissário.

Ao herborista só faltou rolar no chão enquanto gargalhava.

– Vou atrás de ajuda – disse o herborista. – Espere aqui mesmo. Se bem que não há mais nada que o senhor possa fazer nessa situação, não é?

– Pela misericórdia dos deuses, não vá!

– Por que não iria? Arre! Nascemos grudados um no outro? – E assim o herborista o deixou ali com o imenso suíno e o círculo de capuzes.

O ar frio vindo das nuvens cinzentas se assentou sobre suas costas nuas e ainda mais abaixo. Pelo menos a maldita porca parou de grunir. O herbarista estava demorando. As folhas farfalharam com mais vigor.

Para sua confusão, ouvia-se ruído de uma miríade de passos. Autoridades e cidadãos se puseram ao redor. Ali estavam um segundo círculo, maior e mais tenebroso que a presença dos Capuzes.

– Maldição! Imundície! Por todas as penas do Maligno! – Dera um passo adiante o juiz de dedo bifurcado. Estava dedicado à tarefa de limpar os traços de tinta vermelha de seus olhos, o que lhe fez incutir um acréscimo de raiva em relação a Vissário.

– Excelência, para trás! – O meirinho, esbaforido, veio por uma brecha do público e se posicionou entre o magistrado e a porca. Ao ver os Capuzes Negros, sacou sua espada. O aço brilhou num semicírculo; ainda assim, nenhum dos Capuzes sequer se mexeu diante do instrumento. – Feiticeiros estrangeiros são proibidos nesta nação!

Os espectadores não perderam tempo:

– Senhor, que grande anátema trouxe para as nossas fronteiras!

– Forasteiros deviam ser expulsos!

– Quietos, que inferno! – advertiu o juiz de dedo bifurcado golpeando o solo com sua bengala. Em seguida, se recompôs. – O que estamos vendo ultrapassa qualquer benevolência que tenhamos dado a estrangeiros. – Dois indicadores desenrodilharam-se. – Tome nota disso, pashar: pode ser que o senhor cá acomode os costumes de sua terra, pode ser que nos confins de onde não deveria ter saído, a honra de uma família rumine lama adentro, mas neste país não insultamos os deuses!

– Não entendo… – Os murmúrios de Vissário logo foram abafados pelos cidadãos.

– Como não entende? Como?! – O meirinho se intrometeu.

O juiz de dedo bifurcado ameaçou estapear Vissário, posto que estava trêmulo e afrontado com a “fingida ignorância do pashar“, como alguns pontuavam aqui e ali.

– Não suje suas mãos, Excelência. – Nisso, o meirinho deu mais dois passos e ele mesmo desferiu o tapa em Vissário, mas não numa atitude de quem evita ao próximo certo dissabor, e sim de alguém que detinha algum grau de ascendência sobre o juiz. – O braço da Justiça ainda o alcançará. Não agora.

Vissário tentou se dirigir ao juiz com um gesto no ar enlaçando a todos:

– Meu senhor, eu me ajoelharia diante de sua autoridade se pudesse, mas teria que forçar a porca a fazer o mesmo… No entanto, não pratiquei magia comum desta terra??

– Esse pashar só pode estar louco! – um rosto da multidão, padeiro famoso, cuspiu na grama três vezes. Outras vozes se juntaram à dele:

– Absurdo! Filho de uma cadela!

Em meio àquela confusão, o herborista tentava se espremer na parede de curiosos. Apesar disso, não escapou do olhar vermelho de Vissário, que logo se tornou marejado.

O juiz de dedo bifurcado tomou novamente a palavra:

– Todos que moram nesta abençoada nação sabem que os poderes aqui invocados sempre respeitam os deuses, mas pelo visto teremos que prender nossos costumes a ferro e fogo na testa de um pashar. É evidente que essa… insanidade cometida contra um animal envolve magia dos Reis do Pânico.

Incomodados, os espectadores fizeram um sinal diante do rosto.

– Meirinho – o dedo bifurcado apontava para seu assistente, embora os olhos não se desviassem daquela cena medonha -, qual é a pena para estrangeiros que praticam magias do Pânico nestas terras sagradas?

O meirinho olhou para a ponta de sua espada:

– Só pode ser a pena capital, Excelência!

Mais murmúrios. Porém, aprouve aos deuses e à desditosa situação de Vissário que tivessem acorrido até ali alguns pasharen que mesmo não tão desesperançados quanto o homem que embarreirou uma porca-das-sombras, poderiam interceder de algum modo.

– Excelência, todo condenado merece um justo defensor! – Uma voz sem dono subiu pela testa da multidão.

– O próprio suplicante comete um ato falho ao chamar este forasteiro de “condenado”, mas não seria essa a verdadeira alcunha? – O juiz de dedo bifurcado voltou-se para o meirinho, embora sua fala se dirigisse a todos. – Esqueçam! É meu desejo que…

– Excelência – interveio o meirinho pousando a mão livre sobre o ombro do juiz -, creio que seja de direito.

Sem se sentir desautorizado, o juiz de dedo bifurcado anuiu. – Que seja, então. Mas o tamanho da causa será proporcional à sujeira que precisa ser extirpada.

Com o dedo notável direcionado a Vissário, fez um leve movimento de pulso. O espaço de intersecção entre o homem e a porca se condensou numa fumaça esbranquiçada que desatou Vissário daquele animal – momento que foi marcado por exclamações de nojo da multidão. Em seguida, o mínimo de dignidade exigiu que levantasse os calções.

Livre da porca e preso ao círculo de moradores e de Capuzes Negros, Vissário não perdeu tempo: arrancou a espada das mãos do meirinho e a empunhou como se naquele objeto estivesse afluindo um rio de fúria:

– Suma daqui coisa maldita! – E Vissário fez a lâmina despencar sobre a cabeça da porca pelo menos três vezes. Respingos de sangue atingiram um raio considerável de pessoas.

A cabeça dava mostras de um último sorriso de escárnio, mas já não valia de nada, posto que ocupava o chão separada do corpo. E ainda que a multidão se alterasse com a cena, ninguém lançou mão de detê-lo.

De repente, um dos Capuzes Negros deixou escapar num chiado de serpente:

– Está feito. Vamos.

– Aposto que a esposa dele se derrete de aflição – disse outro ainda sob o capuz.

– Ou está se derramando em lágrimas – pavoneou um terceiro, causando a risada dos demais encapuzados.

O corpo decepado da porca, com ganchos vivos no dorso, ainda abundante em sangue, se levantou e partiu com os Capuzes Negros numa procissão lenta. Parte do cordão de espectadores se rompeu sem demora, pois todos ficaram estupidificados, recuando. Os olhos do povo os seguiram até que desaparecessem numa curva ladeada de troncos grossos de árvores.

Surpreendia Vissário deparar-se com gracejos sarcásticos vindos de seres tão silenciosos. Até mais que a porca ressurreta.

– Excelência! – o herborista se ajoelhou diante do juiz de dedo bifurcado agitando o toco de braço. – O meu prêmio! O prêmio, sim?

Um raro hiato de sons desceu sobre o local. Com o olhar indagativo do juiz, o meirinho disse:

– É justo, Excelência. De fato, o delator do crime.

– Que seja, arre! – O juiz de dedo bifurcado, com estalos triplos e um movimento ascendente de mão, concedeu o prêmio ao delator. Em poucos segundos, o herborista se viu agraciado com uma nova e delicada mão.

– Mil vezes obrigado! Oh, que os deuses o abençoem! – beijando a orla do vestido judiciário, o herborista foi se recolhendo como quem atravessa uma cerca viva, posicionando-se entre os espectadores de trás do cordão.

Eu devia ter imaginado, Vissário caía em si. A delação é uma oportunidade que nunca fica sem benefícios.

– Já nos estendemos demais – gritou o juiz de dedo bifurcado. – É chegada a hora do julgamento, e só há uma defesa possível, uma, uma! – Virou-se para Vissário: – A grande desgraceira que um pashar nos proporcionou, inédita como é, deve ser tratada por um defensor igualmente asqueroso.

O juiz bateu palmas duas vezes. Ao que o meirinho anunciou: – Em marcha! Andem!

Num turbilhão de sussurros e imprecações, não coube a Vissário dar direção aos próprios passos. A multidão o conduzia, cuspia nele, alguns até cutucando suas costas nuas com pedaços de pau – como se faz com um rato do brejo ou um gado moribundo no meio da estrada.

Alguém se aproximou pelo flanco direito. Quando virou o pescoço, viu que se tratava do guardador de rebanhos.

– Estão indo para o Casarão dos Impuros, como o senhor pode imaginar.

Instantaneamente Vissário reconheceu a voz, ainda que de forma parcial. Era o mesmo sujeito que do lado de fora da turba havia apelado por seu direito de defesa. Também notou o sotaque chiado de um nativo das Ilhas do Leste, portanto, um pashar aos olhos dos demais.

– O que lhe dá essa certeza? Mais nada faz sentido nessa vida…

– Escute! – o guardador de rebanhos sibilou incisivamente. – Se essa multidão que lhe detesta está em direção à única pessoa que pode defendê-lo, é hora de entregar os pontos? O senhor precisa se arriscar. Se dali sair ileso, tanto melhor, mas caso as manchas invadam seu corpo saberemos que suas faltas já foram pesadas e condenadas.

– Saia, saia! – achegou-se o meirinho agitando o cabo de sua espada.

Andando por um tempo que pareceram horas, de alameda a alameda, cascalhos de árvores e chão batido, Vissário deparou-se com uma construção de cor esverdeada, malcuidada, e que de longe exalava um odor feroz.

O grupo da frente, que acompanhava o juiz de dedo bifurcado, estacou. Logo aqueles passeantes noturnos botaram seus olhos em Vissário e se afastaram do caminho que dava à porta do casarão.

– Vá. Apele por sua defensora. – O meirinho lançou um gesto de cabeça para a entrada do casarão, ao passo que levou um lenço ao nariz. O juiz e muitos outros fizeram o mesmo.

Eu sou o profeta que atravessa o rio com pés enxutos. O pensamento de Vissário voou para lendas antigas da sua terra. Os espectadores ladeavam seus passos e à medida que ele se aproximava do casarão, eles recuavam.

O cheiro ficou mais intenso durante as batidas desferidas na porta. Ele retrocedeu dos passos quando ouviu um ferrolho sendo acionado.

Uma mulher pôs a cabeça para fora do Casarão. Como apenas o suplicante estava por perto, atravessou a porta trazendo uma menina colada em seu quadril. Ambas vestidas em trapos. Em que pese as dezenas de faixas dispostas nos braços e pernas, inclusive entre os dedos, via-se que a doença galopava: cascas vermelhas desenhavam grandes peras em suas peles; algumas pústulas sangravam de pouco em pouco.

Aquilo deu mais uma fissura no coração combalido de Vissário. Avançando um passo em direção à menina, constatou seu olho de leite coalhado, e outro, vazado.

Uma criança cega.

– É sempre o mesmo motivo que traz as pessoas para cá…

– Mãe… – sussurrou a menina.

-… Então não tragam mais sofrimento para ela!

– Tudo bem, mãe. Aceitei a missão na terceira batida na porta. – A menina esticou a mão para frente, o que fez Vissário instintivamente se ajoelhar. – Os deuses me deram a graça de ver o que está dentro, por isso, tiraram o dom de enxergar o que está fora.

– Menina maluca! – alardeou o juiz de dedo bifurcado. – Advogada incapaz!

O toque suave da pequena defensora no rosto de Vissário trouxe a este uma paz como poucas vezes havia sentido, de tal modo que as feridas e a fetidez daquele serzinho não faziam frente à sensação daquele instante.

– Faça logo a sua defesa e volte para o Casarão!

– A vida deste estrangeiro é penosamente triste, senhor juiz – a menina defensora parecia disposta a uma recitação. – Todo o seu ato ficou cristalino para mim.

– Pois então diga! Acreditar, é outra história…

– Foi num desespero. Há cinco dias, a esposa desse homem estrangeiro, tido como pashar para vocês, tentou praticar magia de sangue das terras pantanosas para fertilidade. Colocou-se de pé num barril e seguiu o seu livro de sortilégios. Porém, o poder que lhe veio ao encontro era maligno e a enganou. Como resultado, a esposa se derreteu, liquefez-se completamente. Está só pele e sangue.

Muitos murmúrios da multidão. Ainda assim, pôde-se notar certo apoio à causa de Vissário.

– Na angústia de não se saber o que fazer e querendo reviver a esposa, este homem solicitou ajuda a um vizinho. Foi-lhe apresentada um feitiço falsamente atribuído aos magísteres da nossa nação. O feitiço envolvia… o que vocês todos viram. E o restante já sabem…

– Esse pashar atentou contra nossa sagrada nação com um ato abominável que tentou esconder outro! – A perplexidade desenhava expressões exageradas no rosto do juiz de dedo bifurcado.

– Esse homem não merece a condenação – continuou a menina defensora. – O desesperou quase o consumiu e um falso amigo o enganou.

– Eu não enganei ninguém! – bradou o herborista ao vislumbrar parte dos presentes olhando de relance para ele. – E além de tudo me deve uma porca! Eu mesmo a trouxe da floresta e só com uma mão boa!

Um prolongado burburinho irrompeu. Vissário, por sua vez, lamentava-se às soltas lágrimas.

– Ela ama você – disse a menina, ao que ele aquiesceu docemente.

O meirinho teve que intervir para silenciar aquela assembleia. Em seguida, lançou ao juiz um olhar semelhante a algum código secreto que ambos usassem.

– Pequena advogada, você não conseguirá salvar esse homem. E já perdemos muito tempo aqui. O pashar nos deve uma concidadã, uma porca e a vergonha que lhe faltou. Meirinho, faça as vezes.

Vissário sentiu o temor da morte subindo até sua garganta enquanto aquele homem se achegava a ele com espada em punho. Nisso, a pequena defensora se pôs à sua frente.

– Não!

– Desobstrua o trabalho da Justiça e volte para seu chiqueiro, criança!

– Não, senhor juiz! Não com o estrangeiro! Se ele deve a esta nação uma esposa e um animal, que se devolva com outra vida! – A menina gritou para que fosse bem ouvida. Em seguida, voltou-se para Vissário e sussurrou: – Persista nesse amor.

– Desse modo, está consumado – respondeu o juiz. – Vida por vida.

A pequena se pôs de joelhos e esticou o pescoço. Mal coube tempo para um grito de horror daquela mãe moribunda.

O fio da espada fez seu trabalho em apenas um golpe. A situação esquelética do corpo nem exigiu grande vigor do meirinho para a decapitação.

– Vida por vida – subitamente, a multidão ouviu de todos os lados. Espantados, os homens e mulheres comprimiam o semicírculo que havia se formado para ver a execução da pena.

A turba paralisou de medo. Da estranha vieram os Capuzes Negros conduzindo a porca-das-sombras. A parte da frente parecia cauterizada; mancha vermelha sobre um corpo cinzento.

O maioral abaixou-se e juntou a cabeça da menina defensora. Recitou algumas palavras e o arranjo estava pronto.

A porca cinzenta com cabeça de criança.

E as manchas da doença, e os grunhidos horrendos.

– Onde está o barril? – O maioral dos Negros dirigiu-se a Vissário.

Ninguém ousou interferir. Era o princípio das dores.

Sobre Fabio Baptista

Avatar de Desconhecido

19 comentários em “No Caminho dos Leprosos (José Leonardo)

  1. Thiago Amaral
    30 de março de 2025
    Avatar de Thiago Amaral

    Adorei o conto! As imagens e situações são horripilantes e descritas com uma mão pesada, que deixa tudo bastante marcante.

    Como muitos disseram, dá a impressão de ser algo de uma história maior, e de qualidade grande o suficiente para querermos conhecê-la.

    Alta criatividade e estilo! Se eu fosse votar na série B, provavelmente estaria no meu top. Parabéns!

  2. Thales Soares
    29 de março de 2025
    Avatar de Thales Soares

    Considerações Gerais:

    A premissa do conto é inusitada e criativa. A trama gira em torno de um ritual grotesco, mas amparado por uma lógica interna rica e bizarra, misturando fantasia sombria com um tom satírico e até mesmo trágico. O autor consegue dar à bizarrice um peso dramático real.

    O conto cria uma ambientação consistente e estranha, com personagens como “juiz de dedo bifurcado”, “meirinho”, “Capuzes Negros”, “Casarão dos Impuros” e magias de “Reis do Pânico”. Há uma mitologia própria que enriquece o universo e que instiga a curiosidade do leitor.

    A história consegue equilibrar absurdos grotescos, elementos de alta fantasia, tragédia moral e até crítica social com sucesso. A “pequena advogada” é uma figura comovente e inesperadamente nobre dentro de toda essa insanidade.

    O desfecho, com o sacrifício da menina e sua fusão à porca-das-sombras, é grotesco, perturbador e ao mesmo tempo divertido. O conto termina com uma cena que permanece na mente do leitor.

    ***

    Pedradas:

    A linguagem é muito carregada, às vezes até pomposa demais, o que dificulta a fluidez da leitura. Isso não seria um problema se houvesse equilíbrio, mas em vários trechos o estilo se torna enfadonho, com frases longas e pesadas, o que atrapalha a imersão.

    A leitura é exigente, e, apesar da bizarrice divertida, o estilo narrativo torna tudo mais denso do que precisaria ser. Mesmo cenas que deveriam ser rápidas e tensas (como o julgamento ou a execução) acabam parecendo arrastadas por conta do excesso de floreios e da estrutura meio barroca do texto.

    ***

    Conclusão:

    Este conto é criativo, bizarro, incômodo e, ao mesmo tempo, divertido. Ele se destaca pela originalidade da sua ideia central e por um universo rico em detalhes e personagens peculiares. No entanto, peca pela linguagem excessivamente rebuscada, que torna a leitura muito mais cansativa do que deveria, fazendo com que o texto pareça bem mais longo do que realmente é. Mas no geral, é um ótimo conto!

  3. Pedro Paulo
    29 de março de 2025
    Avatar de Pedro Paulo

    COMENTÁRIO: Um conto muito intrigante! É completamente atmosférico, apresenta um mundo absurdo, mas coerente, repleto de magia maligna e sociedades com valores arraigados. Ao invés de apresentar um conflito em torno do qual constrói o seu terror, dispersa o gênero por toda a narrativa, escrevendo toda uma situação terrível e propositada e moderadamente enigmática. Não é tudo o que se explica, mas o que fica na imaginação cativa mais a leitura. Assim, o horror é o conjunto de tudo e confia no leitor para imaginar tudo aquilo que não está aparente, o que admiro e pelo que agradeço. Ainda assim, senti algo um pouco apelativo na imagem final da quimera menina-porco, como se estivesse ali só para chocar, sem espaço para ter uma função maior na narrativa. Talvez em uma outra oportunidade pudesse desenvolver melhor essa ideia. De qualquer maneira, é um bom conto!

  4. Luis Fernando Amancio
    28 de março de 2025
    Avatar de Luis Fernando Amancio

    Olá, Teran,

    Seu conto começa com uma imagem bem impactante. Lembrei-me do famoso episódio de Black Mirror, e também de uma colega de faculdade que me disse que um ex-namorado de sua mãe alugava filmes pornográficos de zoofilia. 

    É um começo poderoso, com um ambiente pesado que permanece ao longo do texto. Aqui não há dúvidas: estamos diante de um conto de terror. Sua escrita é regular, embora abuse um pouco dos advérbios. A ambientação macabra/ fantástica se mantém coesa ao longo da leitura e ao leitor fica um desconforto que vai do começo ao fim do texto. 

    Para mim, porém, fica a sensação de estar lendo um capítulo extraído de um livro. Parece que estamos diante de um recorte, que perdemos algo e, portanto, nossa compreensão será parcial. 

    Também sinto que a ação suplanta o desenvolvimento do conto. No terror, é importante nos afeiçoar aos personagens, para temer por eles. Aqui, isso não acontece. Não dá tempo de gostar, de ter simpatia, nada. O personagem é apresentado na cópula com a porca-das-sombras e dali em diante as coisas não melhoram. Tudo é consequência.

    Não foi uma boa experiência de leitura para mim, confesso.  Acho que faltou cativar o leitor. Mas tenho certeza que muita gente vai discordar de mim e avaliar melhor o conto.

    Boa sorte no desafio!

  5. leandrobarreiros
    27 de março de 2025
    Avatar de leandrobarreiros

    O conto é denso, mas no bom sentido. O universo parece real e convence. Me pergunto se o autor adaptou o conto de uma história, ou ao menos, de um mundo que já havia ou está trabalhando.

    Tudo das práticas ritualísticas ao diálogo e atuações convence. A mistura de fantasia com horror ficou excelente. O ato profano, o destino da mulher do herói ( e a imagem dela), a porca andando sem cabeça e com a cabeça da menina…

    enfim, muita imagem forte e meio frio, carnal…

    Além disso a história em si é muito boa. A motivação dos personagens. Todo mundo ta fazendo alguma coisa por algum motivo, até a ajuda que o Vissário recebeu da multidão é explicada por uma das pessoas também ser Pashar.

    Eu só não entendi porque o Vissário deve uma esposa à nação. Foi por conta da esposa dele? Mas ele não é estrangeiro?

    Enfim, história muito boa que parece um pequeno pedaço (muito bem) recortado de algo maior.

  6. danielreis1973
    27 de março de 2025
    Avatar de danielreis1973

    Comentário inicial (válido para todos os contos):
    Prezados participantes: este meu comentário NÃO É UMA CRITÍCA, É A MINHA IMPRESSÃO PESSOAL sobre o seu conto – e não é sobre você, como escritor ou ser humano!  Espero que os comentários possam ajudá-lo a aprimorar sua história ou sua escrita, num sentido mais amplo. Outra coisa é que não está sendo fácil é comparar os contos participantes, já que apesar do desafio estar  restrido a DOIS TEMAS (que inclusive tem fronteiras tênues, e às vezes se misturam entre si, em diferentes proporções), as diferenças dos gêneros literários escolhidos pelos participantes tornam muito difícil dar um valor absoluto entre os contos, quando colocados lado a lado. Então, o melhor humor não tem o mesmo efeito que o melhor terror, e um terror com elementos realistas pode ter um efeito mais impactante para mim que um horror com elementos de fantasia ou ficção científica – por isso, digo que é MINHA IMPRESSÃO, ok? As notas não representam “média para aprovação”, mas O EFEITO FINAL que me causaram.

    Dito isso, vamos ao:

    COMENTÁRIO ESPECIFICO:

    LOGLINE: num ambiente medievalista, uma cerimônia mágica envolvendo bestialismo é julgada imprópria pela comunidade e acaba em um julgamento e punição não do réu, mas da intercessora, uma menina com lepra.

    TEMA ESCOLHIDO: terror (horror, na verdade, com momentinhos de humor, ainda que tênues).

    PREMISSA: a premissa de que um feitiço poderia trazer de volta à vida a mulher do protagonista, se faz um estupro de uma porca – impossível não associal ao episódio inaugural de Black Mirror. A narrativa se desenvolve toda num ambiente medieval/fantasioso, utilizando princípios do universo em questão a um “mundo mágico” de fantasia, e portanto veiculado ao mágico, ao proibido/interditado, e à superstição medieval.

    TÉCNICA E ESTILO: a técnica do autor é boa, considerando o universo escolhido para o desenvolvimento da história – deve ser alguém apaixonado por RPG ou lendas medievais, Senhor dos Anéis e similares. Porém, o estilo escolhido, tentando inserir elementos de humor e/ou caracterizações exageradas ou histrônicas aos personagens deixam a história mais parecendo uma anedota (ou um filme do Monty Pyton) do que realmente um conto de terror (ou no caso, horror, pela descrição gráfica das cenas).

    EFEITO FINAL:  efeito razoável, ainda que não tenha me conectado com o universo proposto pelo autor – e nem com as construções de personagens e situações do conto. Acho até que a parte final, meio apressada e com o surgimento da menina como catalisadora da salvação do protagonista, ficou devendo como clímax, e não como mera conclusão.

  7. Amanda Gomez
    27 de março de 2025
    Avatar de Amanda Gomez

    Oi, bem?

    Confesso que esse conto me tirou da zona de conforto. A leitura foi bem difícil pra mim, o texto tem um clima denso, grotesco, e cheio de símbolos que não consegui interpretar por completo. Palavras diferentes, termos diferentes, que acabei tendo que pesquisar. Isso não é um problema, não entenda mal… mas pra uma primeira, segunda… e até terceira leitura, foi um exercício e tanto.

    A linguagem é rica. Tem uns tropeços ali no começo que até fiquei na dúvida se não é proposital. A cena com a porca remete imediatamente a Black Mirror, que com certeza tem uma das cenas mais vergonha alheia que já vi na vida, no cinema, na TV, em tudo. Lembro da sensação de desconforto ao assistir aquele episódio. Lendo seu conto, não cheguei muito perto disso, mas ainda assim é uma cena grotesca, como, acredito, você quis que fosse.

    Fiquei com a sensação de que tem camadas mais profundas ali, que talvez eu não tenha conseguido acessar — o que pode ser um mérito do autor, mas também me afastou um pouco da experiência. Claramente o cara estava fazendo algum ritual pra se punir de algo que ele fez de ruim… talvez pra esposa, não se sabe ao certo. Pra ele fazer algo tão horrível, ele deve ter feito algo pior… não sei, ele parece estar em busca de redenção por meio da autopunição, e no fim conseguiu foi mais vergonha e arrependimento.

    Não entendi, do nada, toda aquela galera aparecer lá na florestal. Entendi que essa terra é fictícia e fantástica. Então… tudo pode. O conto parece que não tem um final… deixa em suspense.

    Enfim, é um conto muito doido, leitura dificílima.
    Talvez seja uma daquelas histórias que pedem uma releitura ou que funcionam melhor pra quem curte esse tipo de terror mais visceral.

    De toda forma, parabéns pelo trabalho.
    Boa sorte no desafio!

  8. Mauro Dillmann
    26 de março de 2025
    Avatar de Mauro Dillmann

    Um conto que apela ao sobrenatural, ao fantástico. Não vi nem senti horrou ou comédia. Ao contrário, tem até um certo drama.

    Penso que o enredo foi prolixo demais. Uma história que poderia ser contada com bem menos texto, garantindo, assim, mais atenção do leitor.

    Outra coisa são os excessos de adjetivos, que sempre cansam o leitor no texto. Exemplos: os casos são “sujos” e “fendidos”; a vergonha é “irrecuperável” e “eterna”; o semicírculo é “contemplativo” e “silencioso”. Um texto limpo é sempre mais agradável de ler e deixa mais espaço para a imaginação do leitor.

    O conto está bem escrito.

    Parabéns!

  9. Priscila Pereira
    25 de março de 2025
    Avatar de Priscila Pereira

    Olá, Sr Autor! Tudo bem?

    Nossa… Que conto tenso… Não gostei muito não…

    O começo me lembrou o primeiro EP de Black miror 🤢

    O melhor desse conto é a ambientação. Muito rico em descrições, todas nojentas. Acho que entendi a história mesmo que tenha sido contada de forma muito pomposa e desnecessariamente difícil.

    Uma história trágica de traição e magias proibidas e a criança leprosa se sacrificando no lugar do estrangeiro, e no final ela virando uma porca(?), mas o que aconteceu depois? Ele conseguiu ressuscitar a esposa? Ou foi derretido junto com ela? O que tem a ver o início das dores?

    Bem, não gostei do conto, mas tenho que admitir que está perfeitamente dentro do tema. Foi muito incômodo de ler.

    Parabéns pelo conto e boa sorte no desafio!

    Até mais!

  10. claudiaangst
    25 de março de 2025
    Avatar de claudiaangst

    Para este desafio, utilizarei o sistema de avaliação TERRORIR:
    T(ítulo) — NO CAMINHO DOS LEPROSOS — Difícil imaginar um texto de comédia com um título com a palavra “leprosos”. Tenebroso, no mínimo. 😱
    E(nquadramento ao tema) — um conto de terror que mistura surrealismo, perversidade com animais e crítica a sociedades obscuras.💀
    R(azão de gostar do conto) — Personagens e ambientação bem construídos. Trama instigante. 👍
    R(evisão) — Talvez eu tenha me distraído com a imersão no terror e não percebi alguma falha. No entanto, se há no texto algum erro, não deve ser nada muito grave, pois não me saltou aos olhos. 👍
    O(utras questões técnicas) — O conto apresenta um estilo intencionalmente arcaico, com rebuscamentos que visam encaixar a trama ao tempo/espaço proposto. Portanto, algumas escolhas tendem a ser estilísticas.
    R(azão de desgostar do conto) — Não pouparam a porquinha. 🐖😭
    I(ntesidade da narrativa) — A intensidade da trama revela-se carregada de tensão psicológica e um terror visceral. 🙄😱
    R(esumo da ópera) — O conto apresenta elementos como: clima de opressão, violência física e rituais bizarros que favorecem um impacto bastante perturbador.😱
    Parabéns pela sua brilhante participação no desafio e boa sorte!

  11. Givago Thimoti
    25 de março de 2025
    Avatar de Givago Thimoti

    No Caminho dos Leprosos (Teran Enne)

    Bom dia, boa tarde, boa noite! Como não tem comentários abertos, desejo que tenha sido um desafio proveitoso e que, ao final, você possa tirar ensinamentos e contribuições para a sua escrita. Quanto ao método, escolhi 4 critérios, que avaliei de 1 a 5 (com casas decimais). Além disso, para facilitar a conta, também avaliei a “adequação ao tema”; se for extremamente perceptível, a nota para o critério é 5. Caso contrário, 1 quando nada perceptível e 2,5 quando tiver pouco perceptível. A nota final será dada por média aritmética simples entre os 5. No mais, espero que a minha avaliação/ meu comentário contribua para você de alguma forma.

    Boa sorte no desafio!

    1 – ruim 😓 / 2- abaixo da média😬  / 3- regular,acima da média,   😉/ 4- bom 😇/ 5- excelente!🥰

    Critérios de avaliação:

    • Resumo: 2,5

    No caminho dos leprosos é um conto fantástico-terror, e relata a história de um estrangeiro flagrado pela comunidade que está inserido transando com uma porca-selvagem, no meio de um ritual(?). Ele alega ter sido enganado por um herborista e ter tido relações sexuais com a porca apenas para salvar sua esposa.

    Pessoalmente, eu percebi pouca aderência do conto aos temas propostos pelo desafio. Claro que, pela construção da narrativa e algumas cenas grotescas, percebe-se uma aproximação ao terror, o que me levou a dar alguns pontos nesse aspecto.

    Se a gente precisasse encaixar esse conto numa caixinha dos gêneros literários, eu diria que é uma fantasia. Claro, voltada para o terror, mas uma fantasia. 

    Para mim, faltou destrinchar melhor alguns elementos de terror, demonstrando-os que há algo sobrenatural rolando por aquelas bandas; por exemplo, o que levou a esposa dele ser amaldiçoada e virar apenas pele e osso? O que eram aquelas Criaturas da Noite?

    • Pontos positivos e negativos: 

    Positivo: Um conto de terror e fantasia com uma boa ambientação e que dialoga com o que vivemos

    Negativo: Ritmo travado, muitas informações para o espaço permitido…

    • Correção gramatical – Texto bem (mau) revisado, com poucos (muitos) erros gramaticais: 5

    Pessoalmente não encontrei quaisquer erros gramaticais.

    • Estilo de escrita – Avaliação do ritmo, precisão vocabular e eficácia do estilo narrativo. 4

    É um conto com um estilo bem rebuscado, e feliz na missão de ambientar o leitor dentro do Universo da narrativa. Tem um lúdico por trás da escrita. Um lúdico que, inclusive, traz um pouco de terror (embora, para mim, não tenha sido suficiente para enquadrar o conto como um terror) para a história. Enfim, é uma tarefa difícil criar um universo assim. 

    Ainda assim, eu deduzi um ponto referente ao ritmo; foi uma leitura travada a todo o tempo, seja pela escrita rebuscada, seja pelo elemento da fantasia. A mistura delas, então, causa um salseiro difícil de se resolver.

    • Estrutura e coesão do conto – Organização do conto, fluidez entre as partes e clareza da construção narrativa. 1,5

    Bom, eu li algumas vezes esse conto, para ter certeza que compreendi a história. É um conto linear, mas com algumas falhas; a escrita rebuscada, como disse anteriormente, é exagerada demais e trava a leitura do conto. 

    Além disso, é um conto que, como outros fizeram nesse desafio (eu, incluso), pecou por contar muito em pouco espaço. Neste sentido, nem tudo ficou tão bem amarrado; entra personagem, sai personagem, entra grupo de pessoas, sai grupo de pessoas. Por exemplo, o grupo lá dos Capuzes Negros (que nem ficou muito claro qual era o papel deles, ou sequer o que eram) só serviram mesmo para ilustrar a capa e tirar a porca violada e decapitada, para então, voltarem e juntarem a cabeça da criança na porca…  

    Acho que, no final das contas, faltou esmiuçar melhor a história. Vale aquela máxima; às vezes, o universo do conto está bem construído na cabeça do autor/ da autora, mas na do leitor, não. Tornar a história mais palpável e clara, mesmo que signifique descer alguns degraus, faz bem para a história.

    • Impacto pessoal – capacidade de envolver o leitor e gerar uma experiência memorável: 3

    Por incrível que pareça, eu gostei do conto. Percebi nas entrelinhas algumas nuances com o mundo que vivemos aqui. E, mal ou bem, o clima de Idade Medieval reina nessa história. Acho que seria um dos meus contos favoritos se melhor trabalhado.

    Nota final: 3,2🧐🙂

  12. jowilton
    24 de março de 2025
    Avatar de jowilton

    O texto narra a sombria história de Vissário, um homem que se submete a ter relações sexuais com uma porca na tentativa de salvar sua amada. No entanto, ele descobre que foi enganado pelo amigo herborista e acaba sendo condenado a morte, e acaba sendo salvo por uma menina “feiticeira”, que entrega sua vida para salvar a de Vissário.

    O conto é bastante sombrio, algumas cenas são perturbadoras. A narrativa não é ruim, no entanto, em algumas situações, a boa ambientação e a densidade do texto se perde um pouco. Achei o enredo bom, mas, para mim precisaria de um pouco mais de explicação sobre quem eram os encapuzados, além de serem uns bizarros voyeres de zoofilia. Também, para mim, precisava falar mais sobre quu mundo era aquele que Vissário vivia. Pareceu um pouco como uma parte de algo maior, que possivelmente seja mais desenvolvido e explicado. No entanto, a ambientação e a criatividade fizeram com que eu gostasse da história. Bom impacto. Na média, um bom conto.

    Boa sorte no desafio

  13. andersondopradosilva
    23 de março de 2025
    Avatar de andersondopradosilva

    NO CAMINHO DOS LEPROSOS é o primeiro conto de terror a aparecer na minha lista e, portanto, é o melhor conto de terror do desafio. Os contos de terror não me agradaram. Nenhum deles superou o conto TOC-TOC do desafio Nostalgia. Não consumo terror. Minhas leituras do gênero se limitam a O Exorcista e O Espírito Do Mal, lidos na adolescência. Acho que também li O Corvo. Uma outra leitura foi Incidente Em Antares, do Érico Veríssimo, em que cadáveres ganham vida, deixam o cemitério, ocupam a praça pública e começam questionar o hábitos e estilos de vida dos concidadãos. NO CAMINHO DOS LEPROSOS tem o terror presente sobretudo nas primeiras linhas, em que presenciamos um ritual macabro e nojento envolvendo coito com uma porca e seres mágicos e encapuzados. Porém, o conto logo deixa o terror para trás e se debruça na fantasia, embora com excelente caracterização de personagens e uma linguagem até que muito boa, com pequenos desníveis, como tom explicativo e professoral de passagens iniciadas com “posto” (“posto que estava trêmulo” e “posto que ocupava o chão separada do corpo”), dois “porém”, três “no entanto”. É um conto de entretenimento, no qual se esgota, não transcendendo, não convidando a reflexões ou questionamentos. Faturou nota 3,6 e o oitavo lugar na minha lista.

  14. Gustavo Araujo
    22 de março de 2025
    Avatar de Gustavo Araujo

    Tenho sentimentos contraditórios com relação a este conto. Por um lado é megacriativo. Ambientação, personagens, enredo… O cara que precisa copular com uma porca para trazer a esposa de volta à vida, que é traído por seu mentor e colocado diante de juízes, da população, enfim, execrado… Há um que de paralelismo com a sociedade atual e é fácil dizer que o texto, apesar de imerso num universo de fantasia, busca seus ganchos no mundo real. Traição, confiança, amor, tudo misturado, como é na vida aliás. Bem, mas porque meus sentimentos são contraditórios apesar dos vários aspectos positivos que mencionei (fruto da habilidade do autor em expor sua argumentação)? É que não achei o texto fluido, não me encantei pelo desenvolvimento ou, como se diz por aí, não fui cativado pelo estilo de escrita. Acredito que a falha é minha como leitor, e não sua, caro autor. É um texto que exige um tipo de leitor no qual eu não me encaixo. Peço desculpas a você, autor, mas não consegui gostar do conto.

    Nota: 3,5

  15. Marco Saraiva
    22 de março de 2025
    Avatar de Marco Saraiva

    Achei que este conto foi bem autoral, muito único na sua abordagem de fantasia. Há uma criatividade grande aqui, um mundo bem original a ser explorado.
    O horror do conto se baseia muito no “gore” e no “body horror”. Sexo com animal, decapitações, uma pessoa sendo liquefeita, dedo bifurcado. O conto usa estes absurdos para estabelecer uma atmosfera de horror e decadência, em um mundo de cores frias e nenhum sorriso.
    Infelizmente, ao meu ver, o conto peca na sua amplitude. Dá para entender o drama do Vissário ao perder a sua esposa em um ritual maligno de magia, e a sua tentativa de revivê-la. Mas o conto se esforça muito em explorar o resto do universo onde ele é estabelecido e estas coisas ficam soltas no conto. Ao invés de focar no drama do Vissário, o conto foca em tantos elementos que ele se torna curto demais para explorá-los todos de forma satisfatória. Os movimentos parecem aleatórios. Os capuzes vem e vão, súbito temos um juiz, súbito temos uma menina cega que, súbito, se oferece como sacrifício ao meirinho. Tudo bem, no final dá a entender que talvez tudo isso tenha sido parte do ritual para reviver a esposa… mas ainda assim, as atitudes parecem aleatórias demais para mim, já que não fui introduzido a este mundo antes, não entendo os seus costumes nem sei de onde vêm estas coisas.
    A escrita não ajuda muito. O conto tem umas construções bonitas mas o texto é confuso, eu tive que ler cada parágrafo mais de uma vez para entender o que era dito ali. O início especialmente é extremamente confuso, eu não sabia que Vissário e o Herborista eram pessoas diferentes, por exemplo, até ver o herborista indo embora e deixando Vissário para trás.
    Tem também uma série de problemas de digitação que me atrapalharam:

    “cascalhavam debaixo de casos sujos e fendidos” – cascos?
    “o herborista soltava risinhos pelos cantos e bochechas enquanto acomodava” – cantos DAS bochechas?
    “Da estranha vieram os Capuzes Negros conduzindo a porca-das-sombras.” – da estranha? O que é isso?

    Enfim. Uma tentativa interessante de construir um mundo visceral e profundamente obscuro, mas acho que precisa de muito mais espaço para ser bem-sucedido.

    NOTA: Aliás… e o que os leprosos têm a ver com o conto, ein?

  16. Kelly Hatanaka
    17 de março de 2025
    Avatar de Kelly Hatanaka

    Oi  Teran.

    Antes, um aviso geral: li seu conto com toda a atenção e cuidado e meu comentário, abaixo, expõe minha opinião de leitora, com todas as falhas que tal opinião possa ter. Os quesitos que uso para a pontuação são: Tema, Escrita e Enredo, valendo 2 pontos cada e Impacto, valendo 4. Parabéns pela participação e boa sorte no desafio!

    Tema

    Um terror horripilante. Totalmente dentro do tema.

    Escrita

    Excelente. Uma escrita correta e cheia de personalidade. Há uma construção de mundo muito eficiente, feita sem explicações chatas, só apresentando os elementos e deixando que eles falem por si mesmos.

    Enredo

    Uma mulher vai fazer uma magia para fertilidade, é enganada e morta. Seu marido vai fazer uma magia para trazê-la de volta, é enganado e é salvo da morte por uma menina cega e leprosa. Os capuzes negros recolhem a porca que o homem matou, a menina que se sacrificou pelo homem e o barril da magia da mulher, o que insinua que tudo foi uma armação desses seres misteriosos. E malignos. Um enredo complexo, desenvolvido com muita habilidade.

    Impacto

    Altíssimo. Sério. Esse conto ficou na minha cabeça. Ele é incômodo, horrível. Detesto body horror. E isso tudo é para dizer que este é um terror excelente. Afinal, cumpre aquilo que se propõe. É aquilo: “ótimo, ficou horrível”, ou “parabéns, achei horripilante”. É um excelente conto de terror.

  17. Antonio Stegues Batista
    15 de março de 2025
    Avatar de Antonio Stegues Batista

    A história de um estrangeiro pego copulando com uma porca e por meio de magia, tentar ressuscitar a esposa que morreu acidentalmente. Ele faz o ato cercado por seres encapuçados. Que eu não entendi o significado. Um oficial do país (?) juiz e bruxo, com poderes mágicos, auxiliado por seu meirinho, julga o caso. A porca é decapitada, o acusado vai até a cabana de uma menina cega que é sua advogada, a menina é decapitada, a cabeça dela é colocada na porca, ou seja, uma estória bem louca, surreal.

    ENREDO – Estranho.

    ESCRITA/ FRASES – Escrita elaborada, frases de efeito positivo.

    PERSONAGENS – Interessantes, bem construídos

    DIÁLOGOS – Bons diálogos

    AMBIENTAÇÃO – interessante

    IMPACTO – Médio. É uma mistura de fantasia, terror e surrealismo, que torna o conto bizarro , incomum.  

  18. Luis Guilherme Banzi Florido
    14 de março de 2025
    Avatar de Luis Guilherme Banzi Florido

    Ola, amigo(a) entrecontista! Tudo bem por ai? Esse conto faz parte das minhas leituras obrigatórias.

    Resumo: a historia de um homem estrangeiro numa terra imaginaria que, desesperado pelo derretimento da esposa q fora enganada pelo vizinho fdp, pratica um ato inconcebivel e atrai uma turba furiosa liderada pelo juiz e meirinho.

    Comentário geral: um conto totalmente maluco, no bom sentido. você consegue criar, sem a necessidade de dar muitas explicações, o que é um grande mérito, um mundo novo, um local com regras proprias, expressões, linguajar, normas, leis e tudo o mais. Coisa de mestre. A maioria das pessoas precisaria escrever um monte de explicações e justificativas, mas sua escrita foi habilidosa o suficiente para nos contextualizar sem necessidade de um professor roteito verbalizando tudo que o leitor precisa saber. Só as entrelinhas e as atitudes e reaçõese falas do publico ja bastam. Excelente.

    O horror também está bem feito. As cenas com a porca são asquerosas, e funcionam muito bem para causar o nojo e desconforto que você planejou. Gostei muito da mitlogia que voce criou aqui (tambem usando poucas palavras). As reações da porca, suas falas profanas, os encapuzados e sua ironia maligna, tudo funciona e fortalece a sensação de horror da cena.

    Também senti uma pontada de ironia em relação aos “cidadaos de bem” da turba, encabeçados pelos violentos magistrado e meirinho.

    Os personagens são otimos e muito bem construidos, a menina é excelente. Ah, e o titulo combina muito.

    O final me deixou um pouco confuso, mas nao no mal sentido. Parece que pegamos uma historia num mundo diferente, começamos a historia de repente e terminamos de repente. Mas tudo se encaixando e contribuindo para o clima de desolação.

    Excelente trabalho, parabéns!

    Ah, uma observação que não tem nada a ver com o conto: eu to reassistindo black mirror, e nos ultimos dias do envio do conto eu vi o episodio do primeiro ministro com a porca e fiquei com vontade de escrever algo do tipo, mas ja tinha mandado meu conto. Só achei curioso a coincidencia.

    Sentimento final como leitor: extase e atordoamento.

    Recomendação do meu eu leitor: nada, eu mesmo nao conseguiria escrever algo tão bom.

    Conclusão: ouvi uma barulheira na estrada que passa pelos fundos de casa. Fui olhar e vi uma porca sem cabeça, uns nazgul, um monte de gente desocupada q gosta de cuidar da vida dos outros, um cara sendo empurrado com as calças arriadas, uma menina cega com lepra, um juiz e um meirinho adeptos à violencia. Nao entendi nada, mas fiquei extasiado com tamanha maluquice. Senti um calafrio.

  19. Mariana
    13 de março de 2025
    Avatar de Mariana

    Técnica: o autor escreve bem, li o texto de uma vez. Porém, eu vejo dois tons de escrita completamente diferentes e que não combinam entre si. Ou a escrita descontraída ou essa fantasia obscura. Eu, se fosse o autor, investiria neste último tom e eliminaria as piadas e comentários engraçados. 1/2

    Criatividade: meu amigo… Bom, eu não tive como não lembrar do primeiro episódio de Black Mirror. Porém, você pegou a ideia e desdobrou um mundo que tem alto potencial. Pode ser no passado ou em um futuro estilo mad max. Sombrio, meio nojento e triste. Bem bom. 2/2

    Impacto: cara… Pode até ter problema no texto, mas não deixa o leitor passar batido não 1/1

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Informação

Publicado às 9 de março de 2025 por em Liga 2025 - 1B, Liga 2025 - Rodada 1 e marcado .