EntreContos

Detox Literário.

Luízes (Thales Soares)

— Já pegou o lanche, Luizão? — perguntou Carlos, no telefone.

— Tô até agora na fila. Essa porra tá lotada!

— Não esquece que meu X-Bacon é sem salada, ein!

Nesse momento, ouviu-se uma moto com escapamento estourado passando pela rua. Luiz deu um berro xingando o homem de corno arrombado, mas logo se recompôs e respondeu ao amigo:

— Beleza! Já, já tô aí, Chupeta! Falou.

— Falou!

Carlos nunca gostou do próprio apelido. Quando criança, soava gracioso, remetendo a um hábito inocente. Mas, quando cresceu, a conotação mudou. O que antes era fofo tornou-se estranho e constrangedor. Hoje, mesmo na casa dos quarenta, seus amigos ainda o chamavam assim.

Desligou o telefone, espreguiçando-se na cadeira enquanto soltava um bocejo preguiçoso. Ainda tinha tempo até o amigo chegar. Decidiu que, até lá, faria algo produtivo.

Ou pelo menos tentou.

Sentou-se diante do computador e começou a clicar sem rumo, abrindo uma janela, fechando outra, descendo a barra de rolagem sem sequer prestar atenção no que lia. Já nem lembrava mais o que queria. Mas no meio de sua andança digital, encontrou um vídeo raríssimo — uma relíquia enterrada nos confins da web. Uma singela obra de arte que o hipnotizou por alguns minutos. Sem pensar duas vezes, enviou o link por e-mail para Luiz, ansioso para dividir o achado com seu parceiro.

Até que, de forma repentina, um som estranho ecoou pela casa. Permaneceu imóvel por alguns instantes, tentando discernir se aquele ruído era real ou apenas um truque da própria mente.

Silêncio.

Imaginou que fosse algo banal — talvez o rangido da madeira, o ajuste natural das dobradiças ou, quem sabe, o casal de vizinhos descendo a lenha. Já ia voltar para o computador quando, de repente, um novo som cortou o ar.

Desta vez, definitivamente não se tratava de um simples estalo.

O ruído era abafado, uma espécie de roçar inquieto que vinha de dentro do guarda-roupa. Era um sussurro quase imperceptível, mas perturbador o suficiente para arrepiar sua nuca.

Levantou-se devagar, pegando um cabo de vassoura encostado no canto do quarto. Segurou-o com força. Com passos cautelosos, avançou até parar diante do guarda-roupa. Respirou fundo. O coração martelava no peito. E então, num movimento rápido, escancarou a porta.

O que viu fez seus olhos se arregalarem e seu orifício anal se contrair. Parecia irreal.

Lá dentro, encolhido entre as roupas penduradas, estava Luiz, com a pele pálida e suada, os olhos arregalados e a respiração ofegante.

Os dois ficaram se encarando.

— Fecha a porta, Chupeta! Fecha essa bucenga, agora!

— Que bosta é essa?! Tu não disse que ia comprar lanche pra gente?

Num movimento brusco, Luiz agarrou o braço do amigo e o puxou para dentro do guarda-roupa, fechando a porta o mais rápido que pôde.

— O que tá acontecendo, seu doente?! Por que caralhos tu tá no meu guarda-roupa?

O intruso ergueu o dedo diante dos lábios, pedindo silêncio.

— Aquele que tá indo comprar o lanche… não sou eu!

— Como assim, cara? Isso não faz sentido…

— Você tem que acreditar em mim, Chupeta! O Luiz que tá chegando… é uma cópia minha!

— Tá, pera aí… tu tá dizendo que eu tava falando com uma duplicata agora de pouco?

— O termo mais correto é “clone”. Mas sim, é isso mesmo!

Chupeta coçou a barba, inclinando a cabeça. Assumiu uma pose reflexiva, como um filósofo grego ponderando sobre a natureza da realidade.

— E como eu sei que o Luiz do lanche não é o verdadeiro e tu o clone maldito?

Com os olhos arregalados, o acusado mexeu as mãos no ar como se estivesse tentando agarrar palavras no vazio. Após um instante, respirou fundo, como quem está prestes a revelar uma verdade proibida:

— Porque o Luiz que tá comprando lanche… é um vampiro filho da puta!

— Hã?! Como ele pode ser uma coisa dessas?

— Um filho da puta?

— Um vampiro, porra!

— Tô falando, mano!

— E você quer que eu acredite nessa ladainha só porque tu tá falando?

O amigo deu de ombros, como se não fizesse questão de provar a veracidade daquela história.

— Quem vai se foder é você, não eu. Então acredite no que quiser.

— Tá, mas e aí… se isso for mesmo verdade, o que a gente faz agora?

Sem hesitar, Luiz enfiou a mão no canto do guarda-roupa e puxou um pedaço de madeira velho, pontudo e lascado — cuja presença ali era um mistério tão grande quanto a situação — e o ergueu como se fosse uma espada.

— Vamos enfiar esta estaca no coração daquele lazarento assim que ele chegar! Se morrer, é porque era um vampiro mesmo.

— Quê?!

— É a única forma de matar um vampiro! Você é burro?!

— Isso não prova nada, cara! Até eu, que não sou vampiro, morreria se alguém enfiasse uma estaca no meu coração!

O amigo abriu a boca para argumentar, mas nada saiu. Raciocinou. Coçou a nuca, e disse:

— É… tem esse detalhe.

Chupeta suspirou e recostou-se, sentindo a madeira fria do armário contra as costas. Se queria resolver aquilo, precisava recorrer ao seu vasto conhecimento sobre vampiros.

— Vampiros não podem sair à luz do sol. Morrem se uma estaca de madeira perfurar o coração. São sensíveis a alho. Não suportam água benta nem cruz. E só podem entrar numa casa se forem convidados — foi listando nos dedos, com a pose de quem dava uma aula magna sobre biologia de criaturas sobrenaturais. — Ou seja, temos que testar uma dessas!

— Tá. O que sugere?

— E se… a gente envenenar ele?

— Veneno não mata vampiros, burrão!

— Não com veneno comum. Mas… e se usarmos algo sagrado?

— Explica melhor, Einstein.

— A gente pode fazer tipo… sei lá… uma batida, saca? Algo gostoso, refrescante. Daí a gente benze a bebida! Se ele for um cara normal, vai apenas desfrutar de uma batidinha gostosa. Mas se for um vampiro… vai cair duro!

— É um plano decente, Chupetão. Mas ele já deve estar chegando. Onde vamos arrumar um padre?

Como resposta, o amigo ligou o computador, abriu o navegador de internet e fez uma rápida procura. O primeiro vídeo que apareceu era de um sujeito de terno roxo berrando num microfone, segurando uma Bíblia enorme enquanto fazia gestos dramáticos para a câmera.

— Aí está! Nosso canal direto com o divino — disse, satisfeito.

Luiz franziu a testa.

— Tem certeza que isso vai funcionar?

— O cara é padre, porra! Não tá vendo?

Na tela, o pastor exclamava:

— TRAGA SUA ÁGUA, SUA ROUPA, SEU OBJETO, E A BÊNÇÃO VIRÁ!

— Viu?! Se ele pode benzer um copo d’água, pode benzer minha batida. A bênção vem direto via Wi-Fi. Uma mistura de fé e tecnologia!

Luiz coçou a testa, mas não conseguiu argumentar. Então topou o plano.

— Ah… vamos nessa!

Na cozinha, Chupeta pegou o liquidificador, despejou amendoim, cachaça, leite condensado e gelo. Ligou o aparelho e esperou a mistura ficar homogênea. Por fim, aproximou o copo da tela do computador.

— Abençoa aí, pastor.

O homem no vídeo ergueu as mãos para o alto, fechou os olhos e começou a murmurar palavras que soavam como feitiçaria gospel. Quando a cerimônia virtual chegou ao fim, Chupeta retirou a batida e analisou o líquido com um olhar crítico. Algo ainda parecia incompleto.

Foi então que a ideia perfeita surgiu em sua mente.

Decidiu complementar a bebida com algo sutil, algo que considerava sua marca registrada. Assim, abaixou as calças e, sem cerimônia, mergulhou o pinto no líquido.

— MEU DEUS, NÃO! — desesperou-se o amigo.

— Estou acrescentando uma bênção extra. Assim vamos matar o vampiro e ao mesmo tempo trollar ele!

Os dois foram abruptamente interrompidos quando o som da campainha ressoou. Congelados, olharam para a porta. Depois, se entreolharam. Naquele breve instante, nenhuma palavra foi necessária. Era como se o vínculo da amizade tivesse lhes concedido uma telepatia momentânea, pois, apenas com aquele olhar, entenderam exatamente o que precisava ser feito.

Luiz disparou para o primeiro armário que encontrou, fechando-se lá dentro, mas deixando uma pequena fresta para espiar.

Chupeta respirou fundo, endireitou a postura e foi atender a porta. Suas mãos estavam levemente suadas quando girou a maçaneta. A porta se abriu com um rangido.

E lá estava ele, com o saco de papel da lanchonete na mão, de onde escapava o cheiro característico de hambúrguer grelhado e batata frita. Sorria como sempre. O mesmo olhar tranquilo. A mesma postura casual.

— Foi mal o atraso, cara. Tava uma fila do cacete.

— Ah… tranquilo.

— Trouxe seu lanche. Twitter-Bacon, né? Ops… quero dizer, X-Bacon.

Chupeta ignorou a piadinha. Apenas assentiu, com os olhos fixos no colega, que continuava parado na porta, aguardando. O corredor do prédio estava escuro, iluminado apenas por uma lâmpada fraca piscando no fundo.

— Ué… não vai entrar?

Luiz continuou sorrindo. Parecia um pouco mais pálido sob aquela luz.

— Posso?

O sangue de Chupeta gelou. Como num estalo, todas as evidências passaram pela sua mente de uma vez. Ele não podia entrar sem ser convidado? Ou estaria apenas sendo educado? Sentiu o cérebro trabalhar num ritmo frenético, tentando decidir qual era a melhor reação a se ter diante daquela situação.

— Então… vai me convidar ou não?

Os pelos do ânus de Chupeta se arrepiaram. Mas se manteve firme. O plano já estava traçado. Respirou fundo, engoliu a seco e forçou um sorriso que saiu mais tenso do que gostaria.

— Claro, pô. Entra aí!

O suposto vampiro sorriu largamente, satisfeito. Deu um passo para dentro e fechou a porta com calma, sem desviar os olhos de seu anfitrião.

— Então cara, tá aqui seu lanche.

— Boa! — pegou o saco e, disfarçando a tensão, virou-se para a bancada. — Mas antes de comer, bora tomar um negocinho que eu fiz?

Luiz ergueu uma sobrancelha.

— Que negocinho?

— É uma batida especial. Receita minha.

O olhar do visitante oscilou entre o anfitrião e a bancada. Sobre a superfície fria, dois copos idênticos repousavam lado a lado. Na base do que havia sido benzido, um pequeno “X” feito de canetinha indicava que aquele deveria ser entregue ao vampiro. Chupeta pegou ambos e, forçando uma expressão amigável, estendeu o adulterado ao colega.

— Pô, que consideração, Chupetão… Desde quando você é tão generoso?

— Desde sempre. Bebe aí!

Luiz continuou de olho em tudo, como se avaliasse a situação. Girou o copo na mão, observando o líquido cremoso escorrer lentamente pela borda.

— E a gente vai beber juntos, né?!

— Claro.

Os dois se encararam. Chupeta levantou seu copo, e o convidado fez o mesmo.

— Um brinde.

— Um brinde.

Antes que levassem a bebida à boca, Luiz fez uma expressão de surpresa e apontou para trás do companheiro.

— CARALHO, NÃO É A TIAZINHA ALI?!

Chupeta arregalou os olhos e girou o pescoço como uma coruja assustada.

— ONDE?!

Num piscar de olhos, um borrão de sombras e reflexos tomou o espaço. Luiz se moveu com uma velocidade quase vampírica, trocando os copos num gesto tão rápido que parecia coisa de ilusionista. Quando Chupeta se virou de volta, encontrou o colega com um sorriso satisfeito e o copo na boca, já engolindo um gole generoso.

Limpou a boca com as costas da mão e sorriu.

— Pô… tava boa mesmo!

Apesar de ele não ter morrido, Chupeta se consolava com o fato de que, pelo menos, sua trollada parecia ter sido bem sucedida. Deu um longo gole em seu próprio copo, esforçando-se para segurar a risada. Mas não aguentou muito tempo, e logo um riso histérico irrompeu de sua garganta. Segurava o estômago, tentando recuperar o fôlego, enquanto lágrimas brotavam nos cantos dos olhos e um jato de batida saia de seu nariz.

— Ai, meu Deus do céu! HAHAHAHA! Cara, tu meio que fez um boquete por tabela pra mim!

Luiz, que até então mantinha a expressão calma e analítica, franziu a testa, sem compreender qual era a piada.

— Ficou louco, mano?

O fanfarrão respirou fundo, tentando se recompor, mas ao abrir a boca para falar, foi dominado por outra onda de gargalhadas. Precisou se segurar na bancada para não cair.

— Cara, tu não tá entendendo! Eu… eu dei uma chapada de coco nessa batida antes de te servir! Mergulhei o pau até a metade do copo, só de zoeira! E tu bebeu até a última gota!

— Eu troquei os copos.

O riso morreu em sua garganta.

— Tu… fez o quê?!

— Eu troquei os copos — repetiu, erguendo a sobrancelha com um toque de satisfação. — Você mesmo tomou a bebida contaminada pelo seu requeijão de Saci. É essa com um “X” discreto, né otário?

Chupeta sentiu um arrepio subir pela espinha ao perceber que a marca estava em seu próprio copo.

— Filho da puta… — resmungou, completamente devastado.

Foi então que a porta do armário de pratos se abriu com um estrondo e o outro Luiz saltou para fora!

— Hora do plano B! — gritou, tacando um punhado de dentes de alho no rosto de sua cópia.

— ARGH!

O Luiz do armário sorriu triunfante, apontando para o outro como um detetive que acaba de revelar o assassino.

— Viu só?! Isso prova que esse impostor é um vampiro!

— NÃO, SEU ANIMAL! VOCÊ ACERTOU O MEU OLHO!

Ainda desorientado, Chupeta enterrou o rosto nas mãos, completamente sem forças para lidar com aquela bagunça.

Foi então que a porta da entrada do apartamento se escancarou com um estrondo, fazendo com que os três se virassem de súbito. Um vento frio percorreu o ambiente, carregando consigo uma estranha sensação de alerta. Ali, parado no batente, estava um terceiro Luiz.

— Peraí… quem é tu?! — perguntou Chupeta, sentindo um embrulho no estômago, talvez pelo pavor da situação, ou talvez por ter bebido esmegma.

O recém-chegado possuía praticamente a mesma face, os mesmos traços familiares e o mesmo olhar dos outros dois Luízes. No entanto, havia algo diferente neste. Parecia bem mais velho. Usava óculos de armação grossa e uma camisa social levemente amassada, com colarinho aberto.

— Eu sou o Luiz original.

— Quê?! — disseram os outros, em uníssono.

— Sou um cientista — continuou. — Durante anos, trabalhei num projeto secreto de clonagem experimental. Eu queria fazer réplicas minhas e ao mesmo tempo dar a elas poderes especiais, para assim criar um Luiz perfeito! Certo dia, seguro de que minha pesquisa estava completa, iniciei a fase de testes com meu DNA. Comecei a produzir clones, cada com um poder sobre-humano diferente…

— Mas eu não tenho nenhum superpoder… — murmurou o Luiz que não era nem o vampiro, nem o cientista.

— Cala a boca, eu tô falando, porra! — disse o original, retomando sua palestra. — Enfim… Um dos primeiros clones que criei foi inserido em um ambiente real para coleta de dados sobre suas interações sociais. Foi esse clone que cresceu ao seu lado, Carlos, e viveu como seu amigo de infância, desenvolvendo uma identidade própria. Mas nem mesmo eu sei qual é o poder especial dele…

— Isso quer dizer que…

— Sim. O Luiz que você conhece sempre foi um clone.

— E quanto a este Luiz? — apontou com a cabeça para aquele que havia lhe trazido o X-Bacon, que no final das contas ninguém comeu. — Por que ele tá aqui?

— Houve uma falha nos protocolos de segurança do laboratório… coisa de cientista, você jamais entenderia. Mas graças a esse incidente, vários dos meus clones escaparam, e agora toda a cidade está em perigo!

— Pera… então tem mais Luízes?

A conversa foi bruscamente interrompida quando o vidro da janela estourou em mil pedaços. Algo saltou para dentro. Era outro Luiz — este coberto de pelos, com um olhar selvagem e presas afiadas. Sem hesitar, avançou sobre o Luiz que gostava de se esconder em armários e cravou os dentes em sua jugular. Um grito gutural rasgou o ar, ecoando pelas paredes antes que seu corpo desabasse no chão, contorcendo-se em espasmos.

— QUE MERDA É ESSA?! — gritou Chupeta.

— Essa não! — espantou-se o cientista. — Esses malditos me encontraram! Estamos todos condenados!

Um Luiz transparente atravessou a parede, arrastando uma corrente. Logo em seguida, um Luiz grotesco, verde, costurado da cabeça aos pés e com parafusos cravados nas têmporas arrebentou a porta de entrada. O impacto deu passagem a uma horda insana de Luízes: um morto-vivo tropeçando sobre suas próprias pernas, um com guelras arfando como um peixe fora d’água, um de gorro vermelho e uma perna só, outro sem cabeça — que, apesar da falta de rosto, tudo indicava ser um Luiz —, e mais uma porção de aberrações que transbordaram para dentro do apartamento, destruindo tudo pelo caminho.

— Fa, fé, fi, fó, fuuui! — o Luiz que trouxe o lanche se transformou em morcego e fugiu pela janela, provando que era realmente um vampiro.

O cientista analisou o caos ao seu redor. Os clones monstruosos avançavam, jorrando pela porta e janelas, cercando o apartamento como uma praga inexorável. Inspirou profundamente e apertou os dedos ao redor de um estranho controle que segurava, com um grande botão vermelho no centro. Sua expressão se contorceu em uma careta insana.

— Eu sinto muito, mas não há outra maneira. Precisamos impedir que um apocalipseluiz ocorra!

— O quê?!

O botão foi pressionado. Em pouco tempo, ouviu-se algo rasgando os céus. A batalha dos clones parou quando todos avistaram um míssil se aproximando. O cientista ria histericamente enquanto Chupeta o xingava com todas as suas forças.

— Vagabundo, calhorda, fela da puta!

A explosão foi colossal. O exército de Luízes foi obliterado em um instante, junto com Chupeta e toda a cidade. Onde antes existiam bairros residenciais, restava apenas um deserto de cinzas fumegantes e ruínas retorcidas.

Mas, entre as chamas e escombros, algo se moveu.

Lentamente, uma silhueta se erguia. Seu corpo, antes desintegrado pela explosão, agora se regenerava, exalando vapor no ar carregado de cinzas. Seus olhos se abriram com dificuldade e, conforme a mente se recompunha, descobriu qual era seu poder sobre-humano — desconhecido até mesmo pelo cientista que o criou.

Aquele Luiz possuía as propriedades mágicas de uma fênix.

Assim, caminhou até a cidade vizinha, onde entrou em uma Lan-House. Lá, verificou que havia um e-mail não lido de seu amigo Chupeta — agora desintegrado —, intitulado “A Maior Obra de Arte do Universo!”. Quando abriu, viu que era um vídeo raro em que um homem musculoso macetava a Tiazinha. A cada gemido da modelo, um peido lhe escapava.

Luiz gargalhou, ao mesmo tempo que chorou.

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22 comentários em “Luízes (Thales Soares)

  1. Bruno de Andrade
    5 de abril de 2025
    Avatar de Bruno de Andrade

    Oi, Thales!

    Bom, não vou dividir meu comentário em pontos positivos e negativos porque eles meio que se misturam aqui. Então vou tentar passar uma impressão geral.

    Primeiro tenho que dizer que gosto de humor nonsense e escrachado, então a leitura foi divertida para mim. Em alguns momentos o conto acerta em cheio e fica realmente engraçado. Em outros, acho que se perde em excessos. A piada do esmegma, por exemplo, foi demais pra mim, rs. E quando a coisa fica excessivamente “quinta série”, também dá uma cansada. Mas então vem uma piada certeira e faz valer a pena. Então, no geral, posso dizer que gostei do texto. Embarquei na loucura e fui.

    Porém – e esse é o maior dos meus poréns aqui -, mesmo o enredo mais nonsense tende a funcionar melhor quando há alguma lógica interna nos acontecimentos. Mesmo que essa lógica seja subvertida em algum ponto. Vale lembrar que o humor funciona muito com quebra de expectativa. Quando não há expectativa nenhuma, não há o que quebrar. No início até parece que o texto vai nos oferecer alguma lógica, mas a loucura chega num nível de que qualquer coisa pode acontecer e de qualquer jeito. Qualquer carta pode ser tirada da manga pelo autor, sem nenhuma “regra”. Continua engraçado, mas não tem a mesma força pra engajar o leitor que teria um enredo com algum sentido. E dá pra ser tão louco e nonsense quanto esse texto e ainda ter algum sentido.

    O final do texto foi meio decepcionante. A impressão que ficou é de que você não tinha um fechamento forte, então decidiu dobrar a aposta na bagaceira. Mas pouco se conecta com o restante do texto, soou algo forçado. E piada com final ruim não é legal, rs.

    Apesar disso, reitero, me diverti com o texto. Acho inclusive que ele funciona melhor quando é um pouquinho menos trash, como na piada sobre a estaca. Mas claramente o seu estilo é outro. E é legal ver a forma como você o abraça.

    Tenho minhas dúvidas se algo assim funciona fora do contexto do desafio. Não sei se encararia um livro inteiro de contos assim. Mas, aqui, cumpriu bem sua proposta.

    Nota de zero a cinco: 4,0.

  2. Priscila Pereira
    31 de março de 2025
    Avatar de Priscila Pereira

    E aí, Thales!

    Quando vc disse no grupo que escreveu um conto anti Priscila achei que fosse ser muito pior. 😄

    O conto está a sua cara, admiro isso, a autenticidade do autor que escreve o que quer e não o que os outros querem ler.

    Pra mim, o conto é paia e bobo, mas com certeza é divertido e interessante, e isso é bem melhor do que um conto pretensioso e chato.

  3. Fabio D'Oliveira
    29 de março de 2025
    Avatar de Fabio D'Oliveira

    Buenas, Thales! Quer dizer, Jirombudo.

    Foi a melhor comédia que li no certame. Ele é absurdo? Sim, absurdo é pouco. Ele é escrachado? Demais. É despretensioso? Com certeza. E acho que essa é sua maior qualidade. Foi um dos únicos contos de humor que prestou atenção ao humor. A atmosfera é brincalhona, meio surreal, trash por natureza. As piadas engrenam bem neste cenário e o absurdo, certamente, diverte o leitor.

    É um conto que pode não funcionar com todos, mas, para os fãs da cultura trash, ele funcionará. Não tenho muito o que falar, eu gostei bastante do conto. Queria devolver umas pedradas que tu já me deu, mas dessa vez não dá, Thales. Ops, quer dizer, Jirombudo.

    Abração!

  4. Bia Machado
    29 de março de 2025
    Avatar de Bia Machado

    Enredo/Plot: 1/1 – Gostei da história, algo bem diferente para ler nesse desafio. Tem terror e tem humor, tem graça, embora não tenha morrido de rir.

    Criatividade: 0,8/1 – Foi bem criativo, pecando apenas no final, quando o autor parece que cansou um pouco e não tinha o que inventar.

    Fluidez narrativa: 1/1 – Li de uma vez só, curiosa para ver onde essa loucura toda ia dar.

    Gramática: 1/1 – Está ok, ou ao menos li tão envolvida na história toda, que não percebi nada de muito destaque.

    Gosto/Emoção: 0,7/1 – Eu gostei, mas o final me decepcionou um pouco. Talvez tenha sido intenção do autor ter criado um final desse tipo, mas não achei graça. Um conto interessante, só achei que pecou justamente na vontade de querer deixar o conto muito engraçado, mas… é um conto divertido, embora eu não tenha gostado de todo.

  5. Andre Brizola
    29 de março de 2025
    Avatar de Andre Brizola

    Olá, Jirombudo!

    Tenho sentimentos conflitantes com esse seu conto. Primeiro porque ele vinha numa direção muito interessante, muito equilibrado, bastante divertido e bastante cômico, até que se desequilibrou totalmente. E, segundo, porque, embora bem escrito, o enredo me pareceu, ao final, muito simplório.

    O texto, tecnicamente, está muito bem composto. Nota-se bom domínio da língua, sobretudo no que diz respeito à linguagem coloquial, e todos os diálogos e a forma como foram colocados no conto, soam muito naturais e espontâneos. A relação entre os dois personagens na primeira parte do conto (que considero que é até a chegada do vampiro) é toda muito bem-feita, e me manteve naquele estado de divertimento que, se não me tirou risadas, me manteve entretido, aguardando o desenvolvimento.

    Entretanto, pra mim, há um momento chave de desequilíbrio, que é quando o roteiro sofre uma quebra e o conto, no meu entender, passa a ir numa direção que não funcionou, e passa a se afastar daquele aspecto divertido da primeira parte. Esse momento é quando Chupeta cai na risada após o vampiro ter bebido do copo que deveria ter a bebida “batizada”. Aí o clima cai por terra e é quando Fright Night transforma-se em Scary Movie, e perde a graça.

    Ok, o autor optou por ir nessa direção, escolhendo a comédia mais escrachada e característica dos anos 2000, e isso não é problema algum. Eu só não acho lá muito engraçada. E, aí, o absurdo do enredo, acaba virando só isso, um absurdo, simples, jogado de forma meio aleatória, meio que desprezando todo o início do conto, que é a parte mais interessante, divertida e, por que não, sofisticada.

    No geral, ainda acho que é um conto acima da média. Mas pela parte inicial eu acabo ficando com aquela sensação de decepção, porque ele começou muito bem, mas, parafraseando o próprio conto, terminou peidando.

    Bom, é isso. Boa sorte no desafio!

  6. Raphael S. Pedro
    28 de março de 2025
    Avatar de Raphael S. Pedro

    Confesso que a história ficou confusa, cheia de reviravoltas e com a sensação de que o(a) autor(a) já não sabia como terminar.

             O texto lembra uma história contada por uma criança que acabou de ver um filme de terror e depois leu uma antiga revistinha do Ary Toledo.

             Enfim, textos cômicos sempre vão transitar nessa linha tênue do muito engraçado ou não fez rir.

  7. Thiago Lopes
    27 de março de 2025
    Avatar de Thiago Lopes

    Cumprimento sempre quem enveredou para o humor, pois é mil vezes mais difícil que o gênero terror, acho que quem o fez topou o desafio de verdade. O problema da escolha é que o humor é a coisa mais relativa que existe, uns vão gostar, outros não, uns vão achar engraçado, outros não. É um risco enorme. E, falando com sinceridade, o humor do conto não me atingiu. Os palavrões, alguns detalhes, as expressões chulas e as situações me soaram apelativos – meio forçados. Mas confesso que estou ansioso para ler outros textos do autor, de outros gêneros, pois a criatividade, fluência textual e estrutura foram bem realizados aqui. 

  8. Leo Jardim
    27 de março de 2025
    Avatar de Leo Jardim

    📜 TRAMA (⭐⭐⭐▫▫): vários clones do Luiz, amigo do Chupeta, com poderes de monstros mitológicos, criam uma grande confusão. (Com voz do locutor da sessão da tarde)

    É uma história meio louca e nonsense, mas bem divertida. Era essa a intenção do texto e por isso ele é bem-sucedido.

    📝 TÉCNICA (⭐⭐⭐▫▫): boa, conduz o conto com muita leveza e de forma divertida. Um conto daqueles pra ler numa sentada só (ui 🤭)

    🎯 TEMA (⭐⭐): se enquadra como comédia.

    💡 CRIATIVIDADE (⭐⭐⭐): achei acima média. Muito doida e criativa mesmo.

    🎭 IMPACTO (⭐⭐⭐⭐▫): não foi um conto de gargalhar, mas é bem divertido de ler. Algumas piadas não funcionaram tão bem comigo, mas na média foi um conto bem divertido.

  9. claudiaangst
    27 de março de 2025
    Avatar de claudiaangst

    Conto que deve ter uma boa aceitação entre os avaliadores da série B.É divertido? Muitos dirão que sim. É criativo? Eu considero que seja. Se é do Thales, eu não sei, mas se não for dele, é de algum fã do autor. Boa chance de permanecer onde está (aí, que medo, o Thales vai avaliar meu próximo conto!)

  10. rubem cabral
    25 de março de 2025
    Avatar de rubem cabral

    Olá, Jirombudo.

    Achei o texto divertido. Não foi engraçadíssimo, quero dizer, algumas coisas supostamente engraçadas não funcionaram para mim, mas humor é assim mesmo, e não avalio contos de humor pelas risadas que dou.

    O conto brinca com FC (clones), mas é, em verdade, fantasia de terror + humor. Soou meio adolescente para mim por conta de piadas e atos do tipo, mas está bem escrito e tem um desenvolvimento bem feito e diálogos bem naturais.

    Não entendi exatamente como o Luiz foi parar no armário do Carlos… (Sim, entendi a piada do Luiz sair do armário).

    Boa sorte no desafio e abraços.

  11. Rodrigo Ortiz Vinholo
    25 de março de 2025
    Avatar de Rodrigo Ortiz Vinholo

    Bizarro, bem-escrito e… bem, me faltam palavras. O conceito do Luiz e seus clones é ótimo, aceitando-se o absurdo da coisa toda, e todas as variações, poderes e coisas assim funciona bem. Alguns pontos do humor pra mim são um pouco forçados, e acho que distraem um tanto da trama. O ponto de vista a partir de Chupeta é interessante e ajuda para fazer o mistério do vampiro funcionar, mas depois fico em dúvida se faz sentido, ainda mais com a “cena depois dos créditos” sendo focada no Luiz original. Enfim, bom conto, mas também bem peculiar.

  12. bdomanoski
    23 de março de 2025
    Avatar de bdomanoski

    Esse foi o primeiro conto que mais me chamou atenção, principalmente pela imagem e título. Luízes lembra Luzes, pensei que teria algo a ver inicialmente com Luzes. De leitura fácil e deslizante, foi naturalmente escolhido por mim como o primeiro conto a ser lido – e foi uma boa escolha. Me diverti bastante com a leitura, que foi altamente entretiva (isso é uma das coisas que mais valorizo numa história, senão a principal). PResumi que o autor criou a história para fazer uma espécie de “homenagem + trolagem” para com seu amigo, que também faria parte do certame. Quando o amigo ler, certamente irá se reconhecer nas palavras do autor. O texto é bem humorado, e pode ser capaz de funcionar mesmo fora da “piada interna” entre autor e seu amigo. Pontos fortes: Criatividade, humor. Dentro dos dois temas propostos. Fluído. Acertou no que se propôs: ser um texto entretivo, sem maiores intenções de virar um clássico ou fazer filosofar.

    Pontos Fracos: Não é, porém, uma história para se levar a sério. E aí alguns podem argumentar que nenhum história de ficção é. Mas nem sempre é assim. É difícil ver essa história como algo mais do que uma grande brincadeira ou anedota. O que quero dizer é, embora esteja extremamente divertido – e eu tenha curtido ler, numa análise mais fria, falta um pouco de substância, peso, “seriedade” ou aprofundamento na história. Algo que fosse mais verossímil, algo que fizesse o leitor se aprofundar mais no universo apresentado ou interagir de alguma forma com os personagens, sendo se colocando no lugar deles ou tendo algum tipo de emoção ao ler. Os personagens ficaram bem superficiais. E falo isso tendo eu também escrito personagens superficiais, tendo consciência que isso pode ser visto como ponto fraco. Embora isso não tenha me incomodado na leitura, diga-se de passagem. Não mudaria nada na história, mas levanto essa questão apenas a título de fazer um comentário mais embasado/crítico.

  13. Thiago Amaral
    21 de março de 2025
    Avatar de Thiago Amaral

    Não vim para esse conto puro, já que leio os comentários no grupo de Whatsapp. Já sabia que haveria mais de um Luiz, e que um seria vampiro. Também havia escutado que o humor se baseava em vulgaridades e linguagem da quinta série. Portanto, não fiquei tão surpreso ao ler o conto quanto poderia se o tivesse escolhido antes.

    Mas o conto traz mais do que as informações que eu havia escutado. Sim, ele realmente se baseia bastante nas falas dos personages de maturidade duvidosa, mas na minha opinião o charme e o humor da história vão além disso. Chamar alguém de arrombado não é divertido mais pra mim, mas tenho que admiti que sim, o conto me entreteve com a premissa absurda de seu amigo poder ter sido substituído por um vampiro. E pela divertida e confusa tentativa de desmascará-lo.

    Então não acho que o conto se baseia apenas em bobagens, não, mas trata-se de uma daquelas histórias de filmes ou séries como Kenan e Kel (tem até uma referência a eles no conto, o que confere uma estrelinha dourada minha pra autoria), só que num clima sobrenatural e de ficção científica. Ouso dizer que o conto poderia até ser refeito sem os palavrões e xingamentos, e ainda poderia funcionar.

    De qualquer modo, mesmo como está, acho que tem seu charme por capturar um tipo de adulto que ainda se interessa pela linguagem e cultura da adolescência. Claro que a autoria não quis fazer nenhuma análise antropológica, mas o que importa é que esse tipo de história tem sim o seu lugar no cosmos.

    Resumindo, eu gostei. Gostei até (ou talvez deva dizer principalmente) do Chupetinha mergulhando o pinto na bebida do vampiro. Gostei, em suma, que o conto está cheio de personalidade, terminando com um momento sentimental / brega e fechando com chave de ouro. É um conto único no desafio, que foge do lugar-comum. Por isso, já merece muitos elogios.

    Só não entendi como o Luiz do armário sabia que a duplicata dele era um vampiro. Acho que isso passou desapercebido pela autoria.

    De qualquer modo, é uma história de confusão entre amigos tentando resolver um problema, e ficou divertido assim.

  14. Kelly Hatanaka
    21 de março de 2025
    Avatar de Kelly Hatanaka

    Conto engraçado e divertido. Não gosto muito do absurdo, mas, neste conto, funciona bem. As cenas são bem desenvolvidas e o aparecimento gradual, de início, e súbito, depois, dos Luízes traz graça à trama.

  15. Jorge Santos
    20 de março de 2025
    Avatar de Jorge Santos

    Olá, J. Foi difícil ler este texto sem me lembrar constantemente que o meu pai se chamava Luís. Por isso li este seu texto com interesse redobrado. Desde cedo descobrimos o tema. A comédia é óbvia, quer pela linguagem, quer pelas situações. O terror surge no final, ou melhor, deveria surgir, mas fica-se pelos arquétipos de filmes de terror, em especial do vampiro que devia ser, depois já não era, para no final se revelar ser. Da trama, não percebi que raio fazia o cientista no guarda-fato, a fugir dos clones, mas foi refugiar-se no único sítio onde sabia existir um. Percebi o texto, mas achei que faltava algo que aumentasse a minha ligação.

  16. paulo damin
    20 de março de 2025
    Avatar de paulo damin

    Me veio, lendo o título, que Luizes ia ser uma história sobre as moedas francesas, os luíses, e em certo sentido é mesmo: a capacidade de replicar o mesmo objeto começou com as moedas, e o fim dos luíses ocorreu com uma revolução. 

    Mas nem precisamos ir tão longe. O conto, logo no começo, traz um termo que escancara a ideia de duplicata: a chupeta, ou seja, o plágio, tema aterrorizante na literatura, que neste conto é parodiada pela ideia da homossexualidade, representada pelo cara dentro do armário; pelo “boquete por tabela”, que resulta ser uma autofelação; pela figura do vampiro, que é um ser que chupa; pelo destaque ao homem que está transando com a Tiazinha, em vez de falar da mulher; e até pelo x trazido pelo amigo, que significa a indefinição, a incógnita (além de x ser o cromossomo feminino e uma letra associada à pornografia). Quer dizer, ao explorar a ideia de que a homossexualidade pode ser uma profusão de si mesmos, esse jogo de espelhos, o terror e o humor nesse conto estão na insegurança do eu frente à criação, no medo da cópia, no receio de ser incapaz de buscar o único e o diferente: a outra.

  17. Cyro Fernandes
    19 de março de 2025
    Avatar de Cyro Fernandes

    Conto bem criativo, explorando a ficção, o terror e o humor.

    A técnica empregada na narrativa é boa. No final, diverte mais do que assusta, então vale a leitura.

  18. toniluismc
    18 de março de 2025
    Avatar de toniluismc

    Embora haja domínio do ritmo humorístico, falta refinamento na construção narrativa. O excesso de palavrões e situações escatológicas reduz o impacto do humor ao apelar excessivamente para o grotesco. Apesar disso, a dinâmica dos diálogos é fluida e divertida, sendo o principal ponto positivo.

    A proposta é original e inesperada, contudo, o humor absurdo se perde um pouco devido ao exagero, o que acaba enfraquecendo essa originalidade.

    O final explosivo ainda é marcante, mas o impacto geral sofre por conta do excesso de cenas exageradas e pouco aprofundamento dos personagens. O efeito cômico perde força e pode afastar leitores que preferem narrativas mais elaboradas ou equilibradas, como é o meu caso.

    De toda forma, parabéns pelo texto!

  19. Afonso Luiz Pereira
    17 de março de 2025
    Avatar de Afonso Luiz Pereira

    Apesar de este conto ser um tanto bizarro e conter algumas passagens de gosto duvidoso, foi uma leitura divertida. O enredo traz uma mistura inusitada de ficção científica com comédia escrachada, abraçando completamente a zoeira. Dois amigos acabam desconfiando que um deles é um clone-vampiro, o que já dá o tom mirabolante da história. Para testar essa teoria, Chupeta, o protagonista, prepara uma batida de coco “abençoada” por um pastor via transmissão televisiva.

    Mas a trama não para por aí. O absurdo escala ainda mais quando surge o verdadeiro Luiz, que revela ser um cientista responsável pela criação de vários clones seus, cada um com poderes sobrenaturais. O conto assume de vez sua identidade nonsense, brincando com os gêneros de terror e ficção científica e adicionando uma dose de crítica sarcástica aos pastores televisivos que exploram a fé das pessoas.

    Os diálogos do texto são naturais e bem próximos de uma conversa de bar, num ritmo rápido, repletos de expressões coloquiais, cheios de gírias e palavrões, o que reforça o tom humorístico. A narrativa é ágil e mantém o leitor curioso para saber até onde essa loucura vai chegar.

    No geral, é um conto divertido, e o autor não tem medo de extrapolar no humor, explorando o tema da comédia de forma escancarada, embora, é preciso dizer, que alguns momentos do humor beiram o escatológico, como a cena da batida adulterada. Para alguns leitores, esse tipo de piada pode ser engraçado, mas para outros pode parecer exagerado ou desnecessário.

  20. Fabiano Dexter
    15 de março de 2025
    Avatar de Fabiano Dexter

    Estou organizando os meus comentários conforme irei organizar as minhas notas, buscando levar para o autor a visão de um Leitor regular e assim tentar agregar algum valor. Assim a avaliação é dividida em História (O que achei da história como um todo, maior peso), Tema (o quanto o conto está aderente ao tema), Construção (Sou de exatas, então aqui vai a minha opinião geral sobre a leitura como um todo) e Impacto (o quanto o produto final me impactou)

    História (1,5)

    Nessa história temos uma história sem pé, como o Luiz Saci, nem cabeça, como um outro Luiz. E extremamente divertida e original.

    A relação entre Carlos Chupeta e o Luiz primeiro se mostra uma verdadeira relação de amizade entre dois amigos, na conversa que se inicia dentro do armário e termina com o plano para descobrirem se o Luiz Vampiro é realmente um Vampiro ou não.

    As piadas vão surgindo dentro da história naturalmente, fazendo parte do desenvolvimento de forma natural e não são criadas situações fora do que está sendo desenvolvido apenas para ser engraçado.

    Tema (1,0)

    O humor aqui é escrachado e claro, além de muito bem desenvolvido e em momento algum parece forçado. Muito bom!

    Construção (1,5)

    A leitura é bem divertida e leve, sem termos dificuldade de identificar quem está falando mesmo durante os diálogos mais longos, e olha que praticamente todo mundo ali tem o mesmo nome…

    Impacto (1,0)

    Muito bom o texto e a história, conseguindo se destacar na disputa. Parabéns pelo excelente conto!

  21. Leandro Vasconcelos
    14 de março de 2025
    Avatar de Leandro Vasconcelos

    Opa! Um conto divertidíssimo! Um tanto burlesco, extravagante, que gera boas risadas! Pessoalmente não sou muito fã desse estilo, mas admito que me divertiu bastante.  

    Apesar de simples, a estrutura do conto não deixa de ser bem elaborada. As reviravoltas são surpreendentes! As sucessões de Luízes no final geram grande impacto. Sem falar no mistério crescente, a partir da situação gerada no exórdio. O que mais me atraiu foi a tessitura dos acontecimentos, muito bem construída: tudo ali tinha um significado, desde o “Twitter-Bacon” (ri demais!) até o e-mail encaminhado quando do começo.

    O autor não se preocupou muito com a coerência, e nem precisava, dado o teor cômico do texto. Ficaram algumas pontas soltas, mas vá lá. Nada disso importa quando você tem uma narrativa tão mirabolante quanto essa!

    A linguagem informal e chula casa bem com a proposta, deixa a leitura fluida, embora seja um tanto excessiva. Ademais, seria de bom grado evitar a repetição de alguns termos, em especial o batidíssimo “olhos arregalados”.

    Variar um pouco mais o tom narrativo cairia bem (de comédia para tragédia, e vice-versa), para não estafar o leitor ao longo da leitura, pois tudo soou um tanto hiperbólico. Claro, se esse foi efeito pretendido, sem problemas!

    Enfim, repito: um texto muito divertido!

  22. José Leonardo
    13 de março de 2025
    Avatar de José Leonardo

    Olá, Jirombudo.

    Tendo em vista as minhas limitações técnicas para apreciar melhor o seu conto e de modo a tentar esquentar meus comentários que acho um tanto insossos, decidi convocar, por meio de um ritual de fervura de miojo de tomate com leite coalhado e digitação de Zerinho-um no MS-DOS, a FRIACA® (Falsa Ruiva Inteligente Auxiliar para Comentários e Avaliações) para me ajudar nessa bela empreitada e proporcionar a melhor avaliação possível acerca do seu texto (dentro da minha perspectiva de leitor).

    FRIACA: Do que se trata o conto?

    R.: O que inicia como um doppelgänger vampiresco descamba num evento apocalíptico de Luízes.

    FRIACA: Como você vê a narração, o estilo, a estrutura, a técnica?

    R.: É uma conversa entre amigos, o que não exige muitos prolegômenos e salamaleques. O teor da prosa é direto e entregue à formalidade da situação, com o acréscimo do insólito que domina o conto em sua segunda metade. É como pensar que se está vendo uma célula quando se é arrebatado para ver o corpo inteiro, do micro ao macro (com certeza não devo ter sido claro com esta comparação).

    FRIACA: E quanto à adequação ao tema, à criatividade e ao impacto?

    R.: Adequado à comédia, certamente. É interessante como a escrita nos leva de 10 a 100 km/h em poucas linhas. 

    FRIACA: Indo um pouco mais a fundo nesse particular e apesar do aspecto subjetivo do que a história pode causar no leitor, é um conto para dar risadas ou aterrorizar-se?

    R.: Risadas, sim. Nem tanto pelos diálogos entre os Luízes (iniciais) e Chupeta, mas pelo conjunto da obra e a explosão de acontecimentos disparados pela entrada do Luíz inicial, o n° 0, paciente de si mesmo.

    De forma geral, estórias de humor podem parecer um esquete, mas não é o caso aqui. E eu tenho a tendência de iniciar gostando do texto (sou mais receptivo nesse sentido do que boa parte dos leitores).

    FRIACA: Qual sua posição final sobre esse conto, inclusive sobre a nota?

    R.: É um conto despretensioso, e nisso reside a sua graça. É de se deixar levar, não daqueles que precisam de verossimilhança de cinco em cinco palavras. Ótimo texto, ainda que meu gênero favorito não seja a comédia. Nota: 4,0.

    Parabéns pela estória e boa sorte neste desafio.

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Publicado às 9 de março de 2025 por em Liga 2025 - 1A, Liga 2025 - Rodada 1 e marcado .