EntreContos

Detox Literário.

Jazz (Leandro Vasconcelos)

Bolo, balão, confetes. Empadão: daquele que enche os ares com a agradável fragrância de sovaco úmido. Ou frango cru. Um formigueiro avança sobre os doces. Não, são apenas os pirralhos. Esganiçados. Pais e mães: panças, celulite, dentes amarelos, olheiras. Mesas de latão Brahma: são como as mais loucas bandas de metal quando se arrastam. Um rasgo na terra. Uma senhorinha de nauseabundos perfumes: a sogra. Tapinhas nas costas, presentinhos de grego…

– Sinceramente, para com essa merda!

Olha a boca!

– Tá louco! Quer que eu enlouqueça?

Ah, Alberto. Você não sabe o que o espera. Muda logo de vida!

– Você quer que eu viva… isso aí?

Não, isso é apenas o que você acha que vai ser, mas pode ser muito melhor.

– Tá bom.

Então, qual vai ser a de hoje?

– Música, birita, donzelas.

Isso mesmo. O de sempre. Lá vai Alberto comemorar o trigésimo oitavo ano de seu aparecimento neste mundo.

– Expressão feia, hein?!

Shiu! Eu que decido o que dizer, está bem?

– Tá certo. Sem discussões. Só quero tomar umas, ouvir um jazz e encontrar Ana.

Lógico. Sempre atrás de um rabo de saia, não é?

– Claro.

Já falei para segurar a onda! Vai dar problema isso!

– Olha, não me enche. Hoje não.

O. K.!

Faça o que quiser. Pelo menos, avisei.

Alberto deixa o trabalho. Já é noite. A brisa notívaga se arrasta pela cidade. Sopra o asfalto quente e varre os restos de mais um dia atribulado. O neon do letreiro do bar pisca, como uma cigana de esquina, prometendo aquilo que já conhece de cor: a velha melodia da fuga. Ele suspira, acende um cigarro. Pode ir para casa, mas não faz o seu estilo.

Então, entra no Clube de Jazz. Baforadas de charuto, whiskey, vinho, narizes em pé. Figurinha carimbada no local. Cumprimenta uns e outros, mais as senhoritas.

Senta-se num canto, os olhos traçando as curvas da vizinha. Luzes baixas, salão a conversar. Uma, duas, três doses. O palco está armado. Vem a alegria acompanhada dos músicos.

Inicia-se o contrabaixo.

Turum, durum, tuuuu…

Curioso. As notas graves rememoram um sujeito angustiado que Alberto conheceu. Um caso que deu errado: como era o nome dela mesmo? Não sabe dizer. Mas o maridão descobriu quando voltou para casa mais cedo. Alberto deu o fora só de cuecas.

Turum, durum, tuuuu…

– Te parto, te mato, acabo contiiigo!

Turum, durum, tuuuu…

Entra a bateria.

Pá, tum, diss…

Agora parece o falatório de uma fulaninha malcriada do trabalho. Boa de cama, é verdade. Mas chata que dói!

Pá, tum, diss…

– Ah, ui, sim!

Olhos revirando, unhas arranhando, gritos reverberando!

Pá, tum, diss…

– Ah, ui, sim!

Turum, durum, tuuuu… Pá, tum, diss…

A banda crescia em audácia, assim como o público.

Palmas, palmas e mais palmas!

Iguais àquelas que ele recebeu um dia, quando comentou o assunto da fulaninha com um amigo, bonachão também.

Trim, trim, trim!

Opa, que instrumento é esse?

–  Instrumento, que nada! É notificação do celular!

Deixe no silencioso, sim?!

– Espere um pouco!

Ele ativa a coisa: “Quebro tua cara! Fique esperto!”

– Mais um maridão emocionado…

Homem, já disse para tomar cuidado!

– Tô de boa!

Tá nada! Qualquer dia sai na manchete do Cidade Alerta!

– Ah, cala a boca, vai.

Alberto sempre promete que vai parar. Toda vez é a última. Toda vez é um erro. Mas depois de uma ou duas doses, depois do acorde certo, do perfume inebriante, o ciclo recomeça. O jazz é assim. A vida dele também.

Eis que entra o trompete.

Fu, fu, fuuuuu…

Ah, é melhor não dizer o que isso recorda a Alberto.

Fu, fu, fuuuuu…

– Fode! Fode! Fooode!!!

Opa! A memória invasora. Dessa vez, com a atendente do clube.

– Isso mesmo. Lembro bem… pena que não trabalha mais aqui!

Uma pena mesmo. As coisas sempre desandam, não é? Será que foi por causa dele? Melhor não pensar nisso agora.

Então, a pequena orquestra se ajeita, e todos tocam em uníssono, lançando o improviso pelos ares.

Turum, durum, tuuuu… Pá, tum, diss… Fu, fu, fuuuuu…

A plateia salta das cadeiras, palmas e pés batendo no ritmo da melodia espontânea. Alberto vai junto. A cadência é afrodisíaca. Sempre foi. Cada nota, uma amante diferente.

Turum, durum… Pá… Fuuu… Turum… Diss… Fuuu…

– Te parto, te mato, ah, ui, sim, fode!

De súbito, a orquestra para. Aplausos soam. Vem aí o solo.

Trim, trim, trim!

Eu disse para desligar essa coisa!

– Tá bom, tá bom! Deixe só eu dar uma espiada.

É Ana: “Alberto, não vou poder ir hoje. Feliz aniversário!”.

– Desgraçada!

Ah, o programa deu errado, hein?!

– Calado! Eu sabia que ela não era confiável…

Volte para sua esposa, homem!

– Quem sabe! Mas agora só quero terminar o jazz. Depois digo que atrasei no trabalho.

Olha, olha!

– Silêncio, por favor! Vai entrar o pianista!

Descortina-se um sujeito de fraque. Desfilando elegância, pousa a destreza no teclado. Do piano, saem borboletas, fadas e princesas. Delícias a fazer cócegas nos ouvidos de Alfredo. 

Tan, tan, tu, tururu…

Agora, as belas notas remetem a apenas uma pessoa: Sofia. A única melodia que jamais desafina na bagunça da sua vida. Mas ele, teimoso, insiste em quebrar o compasso. Por quê? Talvez pelo medo de uma harmonia que exige mais do que ele pode dar. Talvez por pensar que, uma vez entregue ao amor, não haverá espaço para a liberdade.

Ele é o músico do improviso. Ela, da sinfonia.

Tan, tan, tu, tururu…

Desvelam-se reminiscências cálidas, melífluas. Tal qual o instrumento do artista, Alberto dedilha os contornos de Sofia. As ondas plácidas a tocar a praia morena, sob a música imortal da maresia.

Recomeça o trompetista. Manso.

Tan, tan, fu, fu…

Ah, Sofia! Nunca olvidou o primeiro olhar, a primeira vez.

Cheiro, toque, cama, maravilhas.

Amor verdadeiro!

– Meu Deus, o que foi que eu fiz?!

Agora pesa a culpa, não é? Por que trai Sofia?

– Não sei. Sou doido, impulsivo, pervertido!

Tan, tan, fu, fu, pá, tum, diss!

Turum!

O remorso desce como a nota grave do contrabaixo. Sofia confia nele. Tenta confiar. E ele? Arranha essa confiança feito um disco velho. Cada escapada, um novo risco sobre a superfície frágil do amor.

As notas martelam continuamente a cabeça. Como o ritmo insistente da bateria.

Tan, tan, fu, fu, pá, tum, diss!

Uma peça funesta. Um aviso! Escute bem!

– Pare com isso!

Mas Alberto já está afogado num mar de lágrimas. É Sofia vibrando nas notas. Bela, serena, felina. Ah, os olhos: como duas esmeraldas. O sorriso? Um tracejado divino. Vê-se novamente mergulhado na paixão de outrora. A paixão adolescente.

Tan, tan, tan, turum, turum, pá, diss!

A harmonia continua. É como a charanga do casamento: tocam-se alvissareiras notícias. No altar, o véu da alegria e o intercâmbio do eterno.

Mas então se reinicia o improviso.

Turum, turum … Pá… Fuuu… Turum… Diss… Fuu… Tan, tan, tan…

O piano perde-se nas cacofonias reinantes.

O doce retirado da mão da criança.

E voltam as outras notas e amantes.

Tan, pá, fá, tan, diss!

Thaís, Patrícia, Flávia, Ana, Débora.

O volume cresce, a consciência evanesce.

O público se levanta, Alberto se adianta.

São levados pelo ritmo frenético da composição, jogados de lá para cá. Pobres almas infelizes, perdidas no tumulto! Mas elas gostam. Gostam até não haver mais saída. Daí se desesperam.

Não agora, não agora…

Turum, turum … Pá… Fuuu… Turum… Diss… Fuu… Tan, tan, tan… Diss!

Diss!

Diss…

Param os músicos.

A morte chega.

Não deles: da melodia.

Aplausos!

Clap, clap, clap!

Uma mesura, a despedida, e a cortina se fecha. As luzes se apagam, as lágrimas correm. Cadeiras se arrastam, os últimos goles descem. Abraços e cumprimentos.

É o fim.

Não de Alberto. Ainda não. O olhar se mantém perdido: semblante de mendigo.

Uma mosca pousa no uísque, mas logo abandona a piscina, embriagada. Ele fica a se comparar com ela: um bêbado inútil que voa por aí, de carne em carne.

Ah, a culpa!

Então, traga o remanescente com uma careta. Os dedos em riste, o cartão na maquininha. Logo pisa a calçada, entra na noite a esmo.

Ele para na esquina. O vento frio raspa o rosto. O neon da boate reflete no asfalto molhado. Um carro passa. O esgoto respinga. Ele ri. Ou talvez queira chorar. No fim das contas, há pouca diferença…

Alberto, vá com calma!

– Por que sou assim: este crápula?

Ainda tem saída. Volte para casa, sua esposa não suspeita de nada.

– Você acha?

Sim. Abandone logo tudo isso.

– Mas, e se ela descobrir? Há muita poeira debaixo do tapete…

Então você terá que ser honesto. Suplique o perdão dela e de Deus.

– Difícil, depois de tantos anos assim.

Trim, trim, trim!

Deixou isso aí ligado, não é?

 – Ah, esqueci. Vamos ver quem é agora.

“Tá fodido, meu irmão!”

O mesmo número de mais cedo.

– Alguém está querendo buchicho. Um mal-amado qualquer.

Ainda põe a culpa nos outros!

– Ah, vê se me esquece!

Não posso. Tenho que pôr você na linha!

– Chega!

Alberto chama o Uber. O celular vibra. Como um relógio, sempre avisando que o tempo dele já passou. Embarca no expresso da meia-noite.

– E aí, meu chapa. Alberto, não é?!

– Sim!

– Seu dia parece que não foi dos melhores!

– Como é?!

Desconcertado pela observação espontânea, nosso homem indaga o fulano:

– Está tão na cara assim?

– Ô! Andou derramando as lágrimas na bebida?

– Um pouco!

– Aposto que é por causa de mulher.

– Acertou…

O desgraçado é bom. No volante e na astúcia.

O morcegão voa infrene pelas alamedas, em busca de almas perdidas.

– Então, é apaixonado ou culpado?

– Um pouco dos dois!

– Ah, coisa séria!

O psicólogo-motorista esboça uma risada.

– Amigo, você escolhe ser um ou outro: apaixonado ou culpado. Porque tentar ser os dois ao mesmo tempo… bem, isso nem Miles Davis conseguiria improvisar!

Alberto, concordo integralmente!

Ele medita. Os prédios passam indagadores. Um júri a deliberar o veredito.

– Mas se eu fui culpado a vida inteira, qual é o problema de ser mais um dia?

O motorista dá de ombros.

– Às vezes, o último dia é o que importa.

O carro para.

– Juízo, hein! Ficou em doze reais, mas, pra você, tem o valor da consulta.

– O quê?!

– Isso aí. Então, são cinquenta pilas.

– Tá doido?!

– Brincadeira, meu irmão. Resolve sua vida.

Dinheiro passado, o limiar é cruzado. O prédio jaz à frente, pensativo, imponente. Janelas brilhantes: como olhos vigilantes. Na portaria, uma plataforma de embarque. Para onde? Ninguém sabe.

– Eu vou sair dessa vida, vou sim. Chega disso!

Assim espero, hein, Alberto!

3, 2, 1.

Ding!

Escancaram-se os portões do elevador. Um convite ou uma sentença? O homem embarca na cabine estreita, uma nave que sobe ao desconhecido. Só que o passageiro é um astronauta cachaçado, escorando-se nas paredes para não cair. O aperto do peito cresce pela gravidade. Ou pela lembrança de Sofia? Esta ressoa como um acorde melancólico, desafinando-se na nota de alguma amante.

1, 2, 3.

Ding!

Chega ao saguão de entrada: um planeta tumular. O corredor estende-se ao infinito de uma mente alcoolizada, e os tropeços são meteoros sobre o carpete. Mas, enfim, as chaves tilintam entre os dedos trêmulos; escorrem pela fechadura feito um gin vagabundo pela garganta do infeliz.

Então, a porta se abre: o negrume o recebe.

O espaço? Não, apenas a velha treva de seu interior.

– Sofia?

Nada. As estrelas o observam da janela, indiferentes como juízes eternos, que espreitam os humanos e suas loucuradas.

– Cadê você?!

Eis que mais uma delas está por vir.

– Atrasei um pouco, querida. Coisa do trabalho… Argh!

Pois vem um gancho por trás e o lenço com amônia.

Braços, dedos e unhas a brigar.

Ar!

Ar!

– Preciso!

Alberto?!

Alberto…

Escuro.

Escuro.

Tique-taque.

Tique-taque.

O relógio de pulso resmunga.

Acorda.

Acorda?

Mas o escuro continua!

Ele tenta se mover. Impossível.

A vida atada às suas próprias paixões, numa cadeira.

– O que está acontecendo?!

“Pá!”

Um tapa.

– Ei!

“Pá!”

Outro.

– Pare, por favor!

O choro a escorrer moribundo.

Pá-tético.

É, Alberto. Encontrou sua sina, finalmente. O traído vem para te levar. Já deve ter trucidado Sofia.

– Olha, me perdoe! Cada um vai pro seu lado! Esqueça o que aconteceu!

“Chipá!”

Um estalo de… um chicote?!

– Pelo amor de Deus! Eu pago o que quiser!

“Chipá!”

O fim está próximo. Então vem o escárnio. O último argumento. A verdade pulula com a saliva.

– Acabe logo com isso aí. Mas saiba que Ana é uma delícia e você, um pau-mole. Por isso ela veio pra mim.

Silêncio. O ego foi atingido.

– Alberto, do que você tá falando?

Opa! Uma voz feminina. É Sofia!

Ela retira a venda.

Luz.

Alberto vislumbra a esposa, peladinha, com um açoite nas mãos. Eles gostam dessas coisas. Sádicos. Como chama isso mesmo? “Bondage”?

Mas a surpresinha de aniversário derreteu no fogo da ira.

– Ah, merda.

– Que história é essa aí?!

– Sofia, vamos conversar!

– Não tem conversa nenhuma!

O chicotinho é abandonado como se cobra fosse. Ela some na cozinha.

– Ave Maria, cheia de graça…

Sofia retorna. Ah, aquele corpinho é o paraíso, pensa o homem. Mas as feições, agora, são o inferno. As mãos por detrás dão o ar da desgraça.

– Sofia, eu posso explicar. Vamos encerrar isso…

Sem resposta. A leoa se aproxima em busca da caça.

Levanta uma pata. A garra se mostra: uma faca.

– Eu cansei disso, Alberto! Não aguento mais!

Sofia para a poucos passos dele. Respira fundo. Olhos de esmeralda agora frios como gelo ártico. A lâmina brilha sob a luz fraca.

– Sofia… – a voz de Alberto falha.

O silêncio do caixão sendo fechado.

Ele sente o coração no pescoço. A culpa escorrendo dos olhos como cera derretida.

Se não estivesse preso:

poderia se ajoelhar,

poderia implorar,

poderia dizer que a ama.

Mas nada disso se encaixaria no ritmo da vida que ele escolheu.

E o tempo para a mudança já se esgotou.

A faca se ergue.

– Não, não faça isso!

O instrumento desce.

Uma.

Duas.

Três.

Sei lá quantas vezes.

A última vista foi a de um borrão rubi e… de uma sombra.

Uma sombra que o engole, com duas asas e dois chifres.

Aqui, despeço-me de Alberto: ele toma o caminho do tártaro.

Eu, seu anjo da guarda, trilho o do céu.

Tristeza infinita me acompanha.

Do averno perdi a barganha.

Enquanto Sofia ri da traição.

Desgraçado, falhei em minha missão.

Sobre Fabio Baptista

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43 comentários em “Jazz (Leandro Vasconcelos)

  1. Thiago Amaral
    31 de março de 2025
    Avatar de Thiago Amaral

    Achei esse conto excelente!

    As polêmicas onomatopeias pra mim foram ótimamente empregadas, dando profundidade e poesia à história. O prota vai se lembrando das mulheres que teve, numcaótica justaposição de memórias e sons que o fazem refletir sobre toda a sua jornada, agora nessa quase crise de meia-idade.

    Gostei de cada parágrafo, carregado de poética e ritmo. Consegui entrar na proposta, que descreve tudo como uma grande música, toda a vida em harmonia, do mais agudo ao mais grave, ao final.

    O único problema pra mim realmente foi a esposa do cara, que era exagerada pra caramba, tanto no sexo quanto na vingança. Até consigo imaginar pessoas reais assim, mas uma preparação antes do acontecido teria sido bem-vinda para não soar inverossímil.

    Fico feliz de não ter tido a necessidade de votar no seu conto, porque teria sido uma dor no coração tirar pontos de um conto tão bom porque não está bem inserido em nenhum tema. Apesar de extremamente divertido, não me soa como comédia, algo para rir, e sim mais neutro.

    Por fim, devo confessar que até hoje não consegui gostar de jazz, mas entendo o espírito da coisa (O personagem do La La Land me explicou), e acho que você conseguiu fazer juz a esse espírito!

    Espero vê-lo em outros desafios.

    • Leandro Vasconcelos
      31 de março de 2025
      Avatar de Leandro Vasconcelos

      Opa! Muito obrigado pelos elogios! Você tocou em pontos muito pertinentes também. La La Land é uma ótima referência! Gosto demais. Abraço!

  2. Thales Soares
    29 de março de 2025
    Avatar de Thales Soares

    Considerações Gerais:

    Desculpe… mas vou ter que destruir esse conto no meu comentário. Não vi nada que se salve aqui.

    Na verdade, o uso das onomatopeias ligadas ao jazz é a única coisa realmente criativa aqui. A ideia de transformar os sons dos instrumentos em lembranças ou metáforas foi um bom conceito. Pena que o autor exagerou tanto que perdeu o ritmo e virou meme.

    ***

    Pedradas:

    Este conto possui uma escrita empolada que se acha genial… mas só cansa. O autor tenta fazer um texto sofisticado, cheio de referências e reflexões internas, com um narrador que flutua entre a consciência e o julgamento divino. Só que o resultado é um blá blá blá cansativo, com frases enroladas que soam pretensiosas. A tentativa de fazer soar literário vira um exibicionismo vazio.

    A narrativa não avança, ela tropeça, gira, e volta pro mesmo lugar. A maior parte do conto é Alberto em um bar, ouvindo jazz e lembrando de quantas mulheres já comeu. É literalmente isso. O enredo empaca, preso no jazz + flashback + onomatopeias, e isso dura mais de 60% do conto. A promessa de que algo vai acontecer vai sendo adiada até o leitor não aguentar mais.

    A proposta do desafio foi ignorada completamente aqui, pois o conto não apresenta terror e nem humor. O terror só aparece nos últimos parágrafos, e mesmo assim é grotesco no pior sentido. O plot twist em que a esposa mata o marido traidor poderia até funcionar em outro tom, com outro clima, mas aqui ele é gratuito, exagerado, e inverossímil. O autor tenta emplacar um clímax de impacto, mas acaba parecendo que a cena foi reciclada de um conto ruim de vingança da Revista Contigo! Era para isso ser engraçado? Acompanhar um protagonista que só pensa em trair a esposa, e depois ver ela fazendo uma surpresa de aniversário bacana para ele, e ela descobrir que o marido é um lazarento… isso é engraçado? Destruir os sentimentos de uma pessoa, para mim, tem menos graça do que aquelas piadas de pancadaria do Tom e Jerry. Cara, esse desfecho é triste! Não é sátira, não é horror, é só algo de extremo mal gosto!

    ***

    Conclusão:

    Este conto tenta ser profundo, erótico, musical e existencialista, mas acaba sendo um conto sobre um cafajeste bêbado com delírios de grandeza, escrito por um autor que parece mais interessado em mostrar vocabulário do que contar uma história. A narrativa é arrastada, repetitiva, e o final é de um gosto duvidoso, como se a traição fosse motivo de piada, e o assassinato, um clímax digno de aplausos.

    • Leandro Vasconcelos
      30 de março de 2025
      Avatar de Leandro Vasconcelos

      Opa! Obrigado pela “pedrada” kkk… é bom tomar umas de vez em quando. Tentei pisar em terreno desconhecido, sair da zona de conforto: escrever algo diferente. Experimentar. Transportar o improviso do Jazz para a vida do personagem e para o texto. Alguns gostaram, outros não, e tudo bem. Vida que segue.

  3. Pedro Paulo
    29 de março de 2025
    Avatar de Pedro Paulo

    COMENTÁRIO: Enquanto lia este conto, comentavam sobre ele no grupo de Whatsapp. Mais especificamente, discutiam o recurso das onomatopeias. Adianto que o achei bem empregado e colaborador para uma identidade textual que é consistente até o fim. É um conto dialógico: o protagonista está em uma conversa introspectiva na qual, a recordar amores clandestinos, deseja um próximo, movido para dentro e para fora dessas experiências no ritmo do jazz que acompanha. Entretanto, um segundo narrador intermedia com ele, a princípio lamentei de tratar um erro de revisão, mas ao fim é revelado que seu anjo da guarda partilhava da narrativa, instigando Alberto ao melhor. Esse bom-humor canalha, meio bukowskiano, é enriquecido pelo recurso que enche a história de profanidade a partir das melodias, mas também consta, por exemplo, no diálogo meio confessionário entre motorista e passageiro. Ao final, o tragicômico se apresenta em mais uma aventura sexual narrada em uma sequência de frases curtas, em que, justo no dia que decide se definir, a ironia o coloca em uma armadilha na qual acaba se revelando, entregando também a própria vida. Um desfecho adequado, talvez até justo, ainda que o anjo possa discordar.

    • Leandro Vasconcelos
      30 de março de 2025
      Avatar de Leandro Vasconcelos

      Opa, muito obrigado pelo comentário e elogio! Captou bem uma referência, o Bukowski! hehehe… abraço!

  4. Luis Fernando Amancio
    28 de março de 2025
    Avatar de Luis Fernando Amancio

    Olá, Zolpidem,

    Preciso começar com uma confissão: não sei se seu texto é de humor, terror ou “terrir”. Pensei bastante a respeito e não cheguei a uma conclusão. A história possui uma narrativa bastante ácida, que se forma através do diálogo do protagonista com sua consciência (no fim, é seu anjo da guarda, o que dá no mesmo). E, já vou declarar aqui minha antipatia: você conseguiu arruinar o empadão para mim. Nunca mais vou conseguir comer um sem confrontar a definição “daqueles que enche os ares com a agradável fragrância de sovaco úmido”.

    Brincadeiras à parte, seu conto traz um ambiente noir. O jazz, as bebidas, a noite avançada e os casos amorosos. E o noir tem esse apego ao clichê, um gênero com seu cânone de lugares comuns que funcionam como pilares. Não é um problema recorrer a eles: complicado seria escrever sem reproduzi-los.

    O trecho das onomatopeias, com as melodias instrumentais lembrando frases ao protagonista, é criativo, embora canse o leitor em igual medida. É importante para entendermos o avanço da embriaguez do protagonista. Eu só o diminuiria um pouco.

    Por fim, talvez para se enquadrar como terror, há um  homicídio. Confesso que estava achando mais interessante esperar que um corno furioso estivesse à espreita. O fato de ser um jogo da esposa “peladinha” (é engraçado essa escolha de adjetivo, infantiliza um pouco a cena) que, surpresa com a confissão de mais uma traição, acaba com Alberto, é uma reviravolta. Mais ousada do que um marido zangado, porém menos coerente com o que a gente esperava da esposa anunciada pelo protagonista. Não sei se uma esposa assim tão liberal, adepta de bondage e açoites, teria uma reação tão passional ao saber que o marido anda ciscando em outros quintais.

    Em todo caso, é um conto bem construído. Parabéns e boa sorte no desafio!

    • Leandro Vasconcelos
      30 de março de 2025
      Avatar de Leandro Vasconcelos

      Opa! Muito obrigado pelo comentário! Ótimos pontos levantados. Quanto ao empadão, eu realmente detesto. Só me lembra coisa ruim hahaha… abraço!

  5. José Leonardo
    28 de março de 2025
    Avatar de José Leonardo

    Olá, Zolpidem.

    Tendo em vista as minhas limitações técnicas para apreciar melhor o seu conto e de modo a tentar esquentar meus comentários que acho um tanto insossos, decidi convocar, por meio de um ritual de fervura de miojo de tomate com leite coalhado e digitação de Zerinho-um no MS-DOS, a FRIACA® (Falsa Ruiva Inteligente Auxiliar para Comentários e Avaliações) para me ajudar nessa bela empreitada e proporcionar a melhor avaliação possível acerca do seu texto (dentro da minha perspectiva de leitor).

    FRIACA: Do que se trata o conto?

    R.: Um anjo da guarda relata a cena que será desenvolvida enquanto é interpelado pelo personagem que irá encená-la (na verdade, vivê-la), chamado Alberto, que está no dia do seu aniversário. No fim, uma alegoria para os ciclos aparentemente indestrutíveis do viver, ocasionados pela teimosia, estagnação no erro e atitudes repetitivas (ainda que envolvam arrependimentos).

    FRIACA: Como você vê a narração, o estilo, a estrutura, a técnica?

    R.: Muito boa a técnica utilizada aqui, Zolpidem (apesar de eu não admirar muito parágrafos tão sucintos). Primeiramente achei que se tratasse da interação entre o autor e o personagem que encenaria, mas ao longo do conto fui tendo outra perspectiva sobre esse misterioso interlocutor que tece conselhos ao Alberto até descobrir que, de fato, era um anjo da guarda. A cada instrumento tocado no Clube de Jazz Alberto vai rememorando seus Ricardão feelings e os sujeitos inerentes a cada pulada de cerca. No entanto, é Sofia que sempre permanece em seu coração, a despeito de suas traições. Mas Sofia, já cansada da situação, reage violentamente.

    Vejo como um conto onde pulsam inclinações audiovisuais, quase que uma sinestesia com o leitor. Está calcado nas sonoridades que despertam reações e lembranças em Alberto (e culpa, consequentemente), bem como nas passagens que nos parecem fotogramas de um negativo (do dia de um homem).

    FRIACA: E quanto à adequação ao tema, à criatividade e ao impacto?

    R.: Não vislumbro adequação a quaisquer dos temas (terror e comédia). Creio que o final da história me remete ao gênero dramático mais que ao de terror, o que é uma pena, pois eu gostei bastante da prosa, da forma como o enredo foi contado.

    FRIACA: Indo um pouco mais a fundo nesse particular e apesar do aspecto subjetivo do que a história pode causar no leitor, é um conto para dar risadas ou aterrorizar-se?

    R.: É um conto para refletir, não causa medo ou risos. É como se descambasse na tristeza do destino do protagonista e das consequências de não se tomar certas atitudes para cessar comportamentos/traições como os do protagonista.

    FRIACA: Qual sua posição final sobre esse conto?

    R.: Zolpidem, seu conto é do tipo que me atraiu mais pela forma, pela prosa, do que pelo conteúdo, ainda que seja um plot interessante, demasiado interessante. Se tivesse de atribuir nota e indicações, infelizmente deduziria a fuga ao tema, mas estaria concorrendo para Melhor Técnica.

    Parabéns pela estória e boa sorte neste desafio.

    • Leandro Vasconcelos
      30 de março de 2025
      Avatar de Leandro Vasconcelos

      Opa! Grato pela avaliação completa! Ótimos pontos levantados! Um abraço.

  6. danielreis1973
    27 de março de 2025
    Avatar de danielreis1973

    Comentário inicial (válido para todos os contos):
    Prezados participantes: este meu comentário NÃO É UMA CRITÍCA, É A MINHA IMPRESSÃO PESSOAL sobre o seu conto – e não é sobre você, como escritor ou ser humano!  Espero que os comentários possam ajudá-lo a aprimorar sua história ou sua escrita, num sentido mais amplo. Outra coisa é que não está sendo fácil é comparar os contos participantes, já que apesar do desafio estar  restrido a DOIS TEMAS (que inclusive tem fronteiras tênues, e às vezes se misturam entre si, em diferentes proporções), as diferenças dos gêneros literários escolhidos pelos participantes tornam muito difícil dar um valor absoluto entre os contos, quando colocados lado a lado. Então, o melhor humor não tem o mesmo efeito que o melhor terror, e um terror com elementos realistas pode ter um efeito mais impactante para mim que um horror com elementos de fantasia ou ficção científica – por isso, digo que é MINHA IMPRESSÃO, ok? As notas não representam “média para aprovação”, mas O EFEITO FINAL que me causaram.

    Dito isso, vamos ao:

    COMENTÁRIO ESPECIFICO:

    LOGLINE: sujeito cafajeste sai para comemorar seus 38 anos em um bar de jazz num encontro secreto que não se concretiza, volta pra casa e acaba como vítima, junto com sua mulher, de um marido traído em uma de suas aventuras amorosas.

    TEMA ESCOLHIDO: não ficou bem claro, já que tem elementos NOIR misturados  com algum humor e algum terror/suspense policial. Nisso, acho que pecou um bocado e, apesar de ser muito marcante, ficou devendo quanto à proposta do desafio.

    PREMISSA: uma aventura contumaz, pelo que se depreende, de um cafajeste que acaba finalmente sendo punido por um de seus atos, sob forma de uma noite de apreciação de jazz e de frustração amorosa, que culmina com a punição.

    TÉCNICA E ESTILO: aqui está o principal mérito, a meu ver, e o impacto desse conto, sob a forma da linguagem fragmentada, jazzy mesmo, que reproduz não só nas onomatopéias, mas nas construções frasais, os improvisos do jazz, tal como ele mesmo vivia sua vida improvisando. Destaque para os contrastes entre as frases curtas e longas, as pausas e quebras, a aspereza na embocadura de algumas frases, o erro como parte da vida, o improviso como forma de sobrevivência.

    EFEITO FINAL: apesar de em alguns momentos caótico, esse conto foi marcante pela estrutura narrativa. Faltou, a meu ver, aderência aos temas do desafio, o que não posso deixar de considerar na avaliação, até por justiça aos outros trabalhos apresentados aqui. E o final, revelando o anjo narrador finalizando em rimas, me pareceu pouco conectado com o resto. Mas, de toda forma, parabéns e boa sorte no desafio.

    • Leandro Vasconcelos
      30 de março de 2025
      Avatar de Leandro Vasconcelos

      Opa! Muito obrigado pela avaliação completa! E também pelos elogios. Abração!

  7. leandrobarreiros
    27 de março de 2025
    Avatar de leandrobarreiros

    Rolou uma discussão breve sobre o valor da técnica e do enredo na avaliação de uma história.

    Eu sou do grupo de que o que importa mesmo é a história. A técnica, na minha percepção de leitor, só faz sentido quando é usada para se contar uma boa história.

    Aqui senti um descompasso. Um excesso de técnica que se sobrepõe à narrativa. Há elementos interessantes, como o narrador-anjo-personagem. Mas a passagem no clube de jazz ficou… cansativa.

    Fico meio sem jeito de comentar e criticar aqui, porque nitidamente o autor tem qualidade técnica muito boa, então deixo apenas essas minhas impressões que, claro, só refletem o meu eu-leitor.

    • Leandro Vasconcelos
      30 de março de 2025
      Avatar de Leandro Vasconcelos

      Oi, Xará! Obrigado pelo comentário! Realmente a dualidade forma x conteúdo sempre será interessante. Neste trabalho, foquei na forma. Isso afastou alguns leitores, o que é plenamente compreensível. Abraço!

  8. Mauro Dillmann
    26 de março de 2025
    Avatar de Mauro Dillmann

    Inicialmente, parece uma ambientação de um outro tempo, primeiras décadas do século XX. Depois, surge celular, Uber.

    A criação constante de novos parágrafos comprometeu a leitura do texto. Existem ideias ali que, a meu ver, deveriam estar num mesmo parágrafo.

    Onomatopeias (até demais), um personagem machista.

    Palavras estranhas, tom hermético: notívaga , melífluas, alvissareiras.

    Uso de clichê: “dá de ombros”. Por favor, abandone de vez essa expressão repulsiva, a mais batida dos últimos tempos. Os chavões indicam falta de criatividade.

    O conto tem dinâmica. Bom de ler !

    Parabéns!

    • Leandro Vasconcelos
      30 de março de 2025
      Avatar de Leandro Vasconcelos

      Opa, obrigado pelo comentário! Curioso ver visões diferentes da minha. Para mim, pequenos parágrafos favorecem a leitura e dão ritmo. E era esse o intuito! Mas realmente exagerei nas onomatopeias.

  9. Amanda Gomez
    25 de março de 2025
    Avatar de Amanda Gomez

    Oi, bem?

    Um conto ousado. Digo, você precisa muito que o leitor embarque na acústica dele. As onomatopeias não estão aí à toa… Se essa conexão não acontece, você perde o leitor e ganha um crítico chato. Reli seu conto e acho que consegui, pelo menos, tentar me encaixar nele. A história é interessante, o personagem é bem construído, mas essas repetições dos sons realmente são irritantes. Mas… são necessárias pro autor mostrar seu ponto.

    Temos aqui um homem cheio de vícios. Aquele típico homem, viciado em pornografia, com síndrome precoce de meia-idade e doido no geral. Não é um homem interessante, bonito, não tem muitas qualidades — mas, de alguma forma, ele tem uma mulher pra amar e ser amado, e ainda assim se perde nos bicos e prazeres momentâneos. Ele morrer por isso é uma boa metáfora. Assim como um drogado ou qualquer outro dependente, ele morreu por ser um viciado.

    Não achei interessante que a mulher seja a assassina. Achei abrupto… meio forçado. Até então o conto era comédia… uma comédia suspeita, mas uma comédia. Quando quis colocar essa cena de horror no final, ficou destoante, muito embora eu tenha sentido um teor cômico colocado propositalmente nessa cena.

    Jazz é um conto interessante. Tem elementos bons. O alter ego ou o eu interior dele, falando a todo momento as verdades, as coisas como são, e ele ignorando por ser fraco.
    Apesar do texto não ter me cativado totalmente, tem seu valor.

    Parabéns pelo trabalho.
    Boa sorte no desafio.

    • Leandro Vasconcelos
      30 de março de 2025
      Avatar de Leandro Vasconcelos

      Opa, obrigado pelo comentário! Acho que você captou bem a ideia do conto, que era a transposição do improviso do jazz para vida do cara, igualmente improvisada (viciada). No mais, reconheço o final abruto. Era para causar mesmo rs… abraço!

  10. Priscila Pereira
    25 de março de 2025
    Avatar de Priscila Pereira

    Olá, Sr Autor! Tudo bem?

    Seu conto é bem interessante… No começo não dá pra saber com quem o protagonista está conversando, e do nada a festa de aniversário vira um bar de Jazz.

    O conto está muito bem escrito e tem ritmo, como o jazz. Achei demais as onomatopeias, talvez um pouco menos funcionaria melhor.

    Cara, que final foi aquele? Que mulher iria de uma noite de prazer pra um assassinato tão rápido? Seria a Sofia bipolar? Não havia outra saída? Achei abrupto e exagerado, assim como o jazz, não é? 😁

    O conto não é ruim, nem chato, como eu havia pensado na primeira leitura, mas só não faz o meu estilo.

    Parabéns pelo conto e boa sorte no desafio!

    Até mais!

    • Leandro Vasconcelos
      30 de março de 2025
      Avatar de Leandro Vasconcelos

      Oi, Priscila. Obrigado pelo comentário. Tentei realmente trazer a loucura do jazz para dentro do texto. Talvez a reação da personagem não tenha sido a melhor mesmo. Mas pense bem: como conciliar duas composições dissonantes? Uma tem que dar espaço! hehehe… valeu!

  11. claudiaangst
    25 de março de 2025
    Avatar de claudiaangst

    Para este desafio, utilizarei o sistema de avaliação TERRORIR:

    T(ítulo) — JAZZ — Combina tanto com comédia quanto com terror. Vou ler segundo a música. 🎵💀

    E(nquadramento ao tema) — Narrativa mescla humor ácido, suspense e terror.😬

    R(azão de gostar do conto) — O fluxo dinâmico das palavras e a sobreposição da realidade e memórias tornam a leitura instigante. 👍

    R(evisão) — Perdida entre tantas onomatopeias, não sou capaz de apontar falhas precisas de revisão. Dentro das falas, tudo é permitido, pois são escolhas feitas pelo personagem. 😉

    O(utras questões técnicas) — O uso constante de onomatopeia é um recurso que tanto pode agilizar a narrativa como enfadar o(a) leitor(a). Os parágrafos são curtíssimos, às vezes limitando-se a uma única frase.

    R(azão de desgostar do conto) — A estrutura do conto, que imita o ritmo do jazz, com improvisos e pausas dramáticas, pode se tornar um tanto cansativa para o(a) leitor(a). 😣

    I(ntesidade da narrativa) — Alberto tenta conciliar duas vidas praticamente opostas, e esse dilema tende a ser sua ruína. O dilema representa o ponto mais intenso da narrativa: uma noite de fetiches se transforma em um confronto violento. 😏🔪😈

    R(esumo da ópera) — O conto apresenta o estilo musical jazz como metáfora para a vida caótica (e pouco harmônica) de Alberto, culminando em uma tragédia.😈🔪☠️

    Parabéns pela sua brilhante participação no desafio e boa sorte!

    • Leandro Vasconcelos
      30 de março de 2025
      Avatar de Leandro Vasconcelos

      Oi, Cláudia. Obrigado pela avaliação completa, gostei bastante. E perdão se peguei pesado demais com o seu texto. Acho que exagerei. Abraço!

  12. jowilton
    24 de março de 2025
    Avatar de jowilton

    O conto narra a história de Alberto, um bon vivant, que é fissurado na noite, em bebidas, mulheres e jazz.

    A técnica é muito boa, vai ganhando e ritmo no decorrer da narrativa e evoluindo em fôlego assim como o jazz. Tem situações divertidas e a interferência do narrador de vez em quando, como se fosse um amigo dele, dão ao conto o teor de comédia. Bom uso de figuras de linguagem. Achei que o enredo se perdeu no final. A facada que a mulher dá em Alberto me soou um pouco forçada. Também achei um tanto longo demais, poderia ter terminado antes, já estava começando a achar o conto chatinho, assim como acho o jazz. Impacto de médio para bom.

    • Leandro Vasconcelos
      30 de março de 2025
      Avatar de Leandro Vasconcelos

      Opa, obrigado pelo comentário, amigo. Fico feliz com a avaliação, bem correta no meu entender. Abraço!

  13. andersondopradosilva
    23 de março de 2025
    Avatar de andersondopradosilva

    JAZZ é outro conto a se revelar único no contexto do desafio. Ocupou o topo da minha lista quase que o tempo todo, e só foi desbancado por O DILEMA DA ARANHA porque o segundo foi mais metafórico, politicamente engajado, crítico e conciso. Uma característica que ambos têm em comum é o investimento no primeiro parágrafo. O primeiro parágrafo é importante. É a ele que cabe a sedução, a conquista. Muitas vezes o primeiro parágrafo define o humor do leitor. JAZZ brilha com sua linguagem única. As onomatopeias são fenomenais. Frases curtas, versos e rimas não deixam por menos. A caracterização dos personagens e da vida noturna ficaram muito boas. A escolha do narrador foi certeira, assim como dos diálogos entre o protagonista e o narrador. Aliás, o único ponto do conto que pode soar confuso são esses diálogos, mas nada que uma leitura atenta e uma deliciosa releitura não resolvam. Se um texto não merece ser relido, então não merece nem sequer ser lido. Reler JAZZ é um prazer. Por fim, as metáforas inspiradas não passam despercebidas. Faturou a nota 4,8 e o segundo lugar na minha lista.

    • Leandro Vasconcelos
      30 de março de 2025
      Avatar de Leandro Vasconcelos

      Obrigado, meu caro! Fico muito feliz que tenha gostado. Abraço!

  14. Gustavo Araujo
    22 de março de 2025
    Avatar de Gustavo Araujo

    Gostei do conto, apesar de não enxergar nele nenhum dos temas propostos. E gostei porque é diferente, sai do lugar-comum, não se parece com nada com o que vemos por aqui, aquela escrita certinha, aquele jeito tradicional (eu mesmo sou prisioneiro disso). Ao contrário, Jazz brinca com os nossos sentidos por conta das onomatopeias, nos apresenta um sujeito ao mesmo tempo desprezível e que provoca pena, um macho-alfa em crise, um homem no rumo da derrota. E tudo isso descrito de um modo inovador. Os parágrafos de uma linha, as palavras separadas por pontos, tudo isso provoca uma avalanche de sensações e em momentos diversos é possível sentir o que Alberto sentia, essa exasperação, essa consciência de ser, na verdade, um fracasso. Não posso dizer que gostei do fim, porém. Protagonista morto, ainda mais num contexto como esse, me pareceu aquém da habilidade do autor. De todo modo é um conto que se destaca — e muito — pela criatividade. Não vai ganhar nota alta porque fugiu dos temas, mas de qualquer maneira, ganha a minha admiração pela habilidade. Parabéns.

    Nota: 3

    • Leandro Vasconcelos
      30 de março de 2025
      Avatar de Leandro Vasconcelos

      Obrigado, meu caro, pelos elogios! Realmente arrisquei muito quanto à adequação ao tema, tendo em vista o conceito volúvel de humor. Abraço!

  15. Marco Saraiva
    22 de março de 2025
    Avatar de Marco Saraiva

    É um conto com uma ideia interessante, essa a de o autor conversar com o próprio personagem, e o personagem saber que é escrito. Achei legal a sacada, adiciona bastante ao conto. A pegada poética é boa até certo ponto, mas em uma prosa ela cansa rápido. O conto não se decide se é prosa ou poesia e depois de um tempo todas as onomatopeias meio que são ignoradas pelo cérebro, junto com as palavras soltas. O texto começa uma prosa meio cômica para terminar um poema dramático. Acho que o conto está espalhado para todo lugar.
    Existem momentos muito bons. Eu ri quando descobri que era Sofia que o havia vendado (apesar de achar estranho que ele não tenha notado o braço da esposa na gravata que levou, ao invés do braço de um marmanjo). O conto tem algumas piadas muito legais mas, no geral, achei a leitura cansativa por não ser mais concisa, e por não saber que forma quer assumir.

    • Leandro Vasconcelos
      30 de março de 2025
      Avatar de Leandro Vasconcelos

      Opa! Obrigado pelo comentário. Realmente faz sentido tudo o que você disse. Só que o Jazz é assim mesmo, uma loucura, um improviso kkk… abraço!

  16. MARIANA CAROLO SENANDES
    18 de março de 2025
    Avatar de MARIANA CAROLO SENANDES

    Técnica: A escrita é boa, apesar de puxar demais a sardinha para uma prosa poética. Talvez o fato de eu ter desprezado o Alberto demais me fez pegar ranço do texto. Mas é bem ritmado, puxa realmente para um jazz, e é de fácil entendimento. 1,5/2

    Criatividade: Não vi comédia ou terror aqui. É um conto sobre um cara desprezível, que acredita ser algum deus do sexo e trai a mulher que não sei por qual razão ele insiste em manter. Cheio de auto indulgência e narcisismo. Se a ideia do conto é homenagear o Miles Davis ou outros caras do Jazz, não deu muito certo. Ele não cria nada de especial, só desculpas 0,5/2

    Impacto: realmente, esse conto me fez sentir raiva do Alberto. Logo, não posso dizer que não teve impacto. 1/1

    • Leandro Vasconcelos
      30 de março de 2025
      Avatar de Leandro Vasconcelos

      Opa! Obrigado pelo comentário. Que bom que o personagem impactou! Era esse o intuito kkk… a homenagem ao Miles Davis ficou na forma do texto mesmo.

  17. Kelly Hatanaka
    17 de março de 2025
    Avatar de Kelly Hatanaka

    Oi  Zolpidem.

    Antes, um aviso geral: li seu conto com toda a atenção e cuidado e meu comentário, abaixo, expõe minha opinião de leitora, com todas as falhas que tal opinião possa ter. Os quesitos que uso para a pontuação são: Tema, Escrita e Enredo, valendo 2 pontos cada e Impacto, valendo 4. Parabéns pela participação e boa sorte no desafio!

    Tema

    Puxa. Não achei o tema. Na minha opinião não é terror nem comédia.

    Escrita

    Uma escrita ousada. O narrador anjo que conta a história interagindo com o protagonista, a história que se desenrola através do jazz, as muitas onomatopeias. Muito criativo e interessante.

    Enredo

    O enredo brilha no final do conto. Até lá, o que aparece é a forma, a linguagem. O plot twist, de Sofia saindo de salvação para a perdição e a confusão bem plantada da surpresa de Sofia com a vingança de um marido traído elevaram o final do conto.

    Impacto

    É um conto interessante e ousado. Mas o começo e o meio, com sua longa relação com o jazz ficaram, para mim, um tanto cansativas. O final foi uma mudança de tom bem vinda. E o resultado final, um ótimo texto.

    • Leandro Vasconcelos
      30 de março de 2025
      Avatar de Leandro Vasconcelos

      Oi, Kelly! Obrigado pela avaliação e elogios! Gostei. Abraço!

  18. Givago Domingues Thimoti
    15 de março de 2025
    Avatar de Givago Domingues Thimoti

    Jazz (Zolpidem)

    Bom dia, boa tarde, boa noite! Como não tem comentários abertos, desejo que tenha sido um desafio proveitoso e que, ao final, você possa tirar ensinamentos e contribuições para a sua escrita. Quanto ao método, escolhi 4 critérios, que avaliei de 1 a 5 (com casas decimais). Além disso, para facilitar a conta, também avaliei a “adequação ao tema”; se for extremamente perceptível, a nota para o critério é 5. Caso contrário, 1 quando nada perceptível e 2,5 quando tiver pouco perceptível. A nota final será dada por média aritmética simples entre os 5. No mais, espero que a minha avaliação/ meu comentário contribua para você de alguma forma.

    Boa sorte no desafio!

    1 – ruim 😓 / 2- abaixo da média😬  / 3- regular,acima da média,   😉/ 4- bom 😇/ 5- excelente!🥰

    Critérios de avaliação:

    • Resumo: 2,5

    Jazz é um conto que nos apresenta Alberto e seu “anjo da guarda”, enquanto o homem perturbado mentalmente frequenta um clube de jazz e rememora seus affairs e seu relacionamento conturbado com sua esposa.

    Jazz é um conto de terror? Sinceramente, eu fiquei em dúvida. Num primeiro momento, eu considerei como um SUSPENSE PSICOLÓGICO. Por se tratar de um conto com algumas coisas abertas, dá para forçar um pouco a barra e imaginar que o anjo da guarda não é bem um anjo. Somado a isso, em alguns momentos, o conto incomoda o leitor, trazendo alguma angústia. E terror faz isso, de alguma forma. Perturba. 

    Como creio que faltou mais elementos de terror, eu dou  2,5.

    • Pontos positivos e negativos: 

    Positivo: Ousado! Muito ousado!

    Negativo: Baun, baun, baun, muita onomatopeia, Deus do Céu!

    • Correção gramatical – Texto bem (mau) revisado, com poucos (muitos) erros gramaticais: 5

    Irretocável. Creio que o conto está tão bem escrito, tanto gramaticalmente quanto em termos do lúdico, que se tiver algum deslize gramatical, eu acabei não percebendo.

    Muito bom!

    • Estilo de escrita – Avaliação do ritmo, precisão vocabular e eficácia do estilo narrativo. 4,5

    Esse conto tem um estilo bastante peculiar, o que o torna único. Ainda não li todos os contos, mas foi uma experiência diferente. Com certeza foi um dos contos mais diferentes que li em muito tempo. 

    É um estilo que combina com o estado mental do protagonista; fragmentado entre ele, seus desejos e suas culpas e esse anjo da guarda (se bem que eu não sei se classificaria esse personagem como um Anjo da Guarda, talvez um Deus do Furdunço do BK – amo essa música). É um estilo de escrita que (des)harmoniza quase perfeitamente com o Jazz.

    Escolha ousada, mas que deslizou um pouco na repetição das onomatopeias referentes às notas dos instrumentos. Afinal, acho que o leitor já tinha sacado o clube de jazz e o ambiente. E as onomatopeias tão repetidas acabaram por quebrar bastante o ritmo da leitura.

    Diminuir faria um bem danado. Se quiser, pode depois sugerir uma playlist de jazz, faria o efeito desejado.

    • Estrutura e coesão do conto – Organização do conto, fluidez entre as partes e clareza da construção narrativa. 4

    O conto segue uma narrativa linear.

    Desfecho muito confuso entretanto, que embora esteja condizente com o estado mental do personagem, mas atrapalhou a entender o que aconteceu do que qualquer outra coisa

    • Impacto pessoal – capacidade de envolver o leitor e gerar uma experiência memorável: 4,5 

    Eu genuinamente gostei bastante desse conto. Quando participamos de desafios do ECs, a expectativa de nós leitores/escritores é sempre ver pelo menos um desses contos no Desafio. Conto ousado, que tenta fugir do senso comum da literatura. 

    Enfim, o objetivo do conto me pareceu apostar num terror psicológico. Não sei se chegou ao terror, mas definitivamente, esse leitor se sentiu incomodado. 

    Parabéns pelo trabalho!

    Nota Final: 4,1

    • Leandro Vasconcelos
      30 de março de 2025
      Avatar de Leandro Vasconcelos

      Opa, muito obrigado pela avaliação completa e pelos elogios! Valeu mesmo! Fico feliz que tenha impactado. Boas observações também. Abraço!

    • Leandro Vasconcelos
      30 de março de 2025
      Avatar de Leandro Vasconcelos

      A propósito, gostei da ideia da playlist. Se eu colocasse uma do Miles Davis ia casar bem com o texto. Depois procure!

  19. Antonio Stegues Batista
    15 de março de 2025
    Avatar de Antonio Stegues Batista

    Jazz conta o ultimo dia de um playboy. Alberto sai do trabalho para a noite em busca de diversão, dialogando com seu anjo da guarda, que lhe dá conselhos. Ele é casado com Sofia e trai a esposa com outras mulheres. Numa boate, uma banda de jazz toca uma música e ele lembra de cada uma de  suas amantes. O final com Sofia matando Alberto, achei abrupto. Acho que na vida real, a mulher ficaria chocada com a confissão involuntária. Eles discutiriam e ela o abandonaria. Mas no conto, uma psicopatia que estava oculta dentro da mente de Sofia, se revela e tomada pelo ódio ela o mata. Isso no conto, na vida real creio que só uma discussão despertaria o ódio de Sofia.

    ENREDO – Bom

    ESCRITA/ FRASES – Boa escrita, frases bem construídas, interessantes metáforas e sentidos figurado.

    PERSONAGENS – Marcantes

    DIÁLOGOS- Bons diálogos

    AMBIENTAÇÃO- Correta

    IMPACTO – Fraco, ou seja, um tanto óbvio.

    • Leandro Vasconcelos
      30 de março de 2025
      Avatar de Leandro Vasconcelos

      Fala, Seu Antônio. Lembro de você no CLTS. Pois é, essa parte final fez algumas pessoas torcerem o nariz, mas era para ser absurdo mesmo. Afinal, o Jazz é absurdo. Obrigado pelo comentário! Abraço!

  20. Antonio Stegues Batista
    14 de março de 2025
    Avatar de Antonio Stegues Batista

    Jazz conta o ultimo dia de um playboy. Alberto sai do trabalho para a noite em busca de diversão, dialogando com seu anjo da guarda, que lhe dá conselhos. Ele é casado com Sofia e trai a esposa com outras mulheres. Numa boate, uma banda de jazz toca uma música e ele lembra de cada uma de  suas amantes. O final com Sofia matando Alberto, achei bem abrupto e inverossímil. Acho que na vida real, a mulher ficaria chocada com a confissão involuntária. Eles discutiriam e ela o abandonaria. Mas no conto, uma psicopatia que estava oculta dentro da mente de Sofia, se revela e tomada pelo ódio o mata. Isso no conto, na vida real creio que só uma discussão despertaria o ódio de Sofia.

    ENREDO – Bom

    ESCRITA/ FRASES – Boa escrita, frases bem construídas, interessantes metáforas e sentidos figurado.

    PERSONAGENS – Marcantes

    DIÁLOGOS – Bons diálogos.

  21. Luis Guilherme Banzi Florido
    13 de março de 2025
    Avatar de Luis Guilherme Banzi Florido

    Ola, amigo(a) entrecontista! Tudo bem por ai? Esse conto faz parte das minhas leituras obrigatórias.

    Resumo: a vida de um homem traidor compulsivo que vê no jazz o escape de suas escapadelas.

    Comentário geral: esse conto não parece se encaixar muito bem nesse desafio. Quero dizer, não achei que o conto seja de comédia, já que as situações não são engraçadas nem procuram causar o riso. Claro que o ritmo frenetico e as sacadas inteligentes do autor dão o tom da historia, mas nao consigo me convencer de que é uma comedia. E muito menos um terror, esse nem se fala. Está muito mais pra uma espécie de drama cotidiano, de um homem que não consegue ser descente. Dá um pouco de pena da esposa dele lendo o conto, o que me impediu de rir das desventuras. Não sei. Sinto que esse conto iria muito bem noutro tipo de desafio. O uso do ritmo é muito bem empregado aqui, funciona e parece que lemos com uma música tocando na cabeça. Mas no geral não me entreteve muito. Até o plot twist foi previsivel. Achei um pouco exagerado a mulher usar cloroformio pra surpreender ele, mas nao me enganou, eu logo imaginei que era ela. Tenho a impressao de que voce é um otimo escritor(a), mas que errou a mao aqui e acabou ficando muito fora dos temas propostos. E o conto meio que nao me encantou pq o protagonista é detestavel. Enfim, desculpe mas não gostei. Vale ressaltar que a escrita é de veterano, nao somente pela correção da linguagem e o uso das palavras, mas pela otima tecnica ao construir a narrativa ritmada.

    Sentimento final como leitor: não me conectei à história e ainda fiquei incomodado com a inadequação total ao tema.

    Recomendação do meu eu leitor: esse conto caberia muito bem em varios outros desafios.

    Conclusão: me senti ouvindo um belo jazz, mas num bar de pagode.

    • Leandro Vasconcelos
      30 de março de 2025
      Avatar de Leandro Vasconcelos

      Opa! Obrigado pelo comentário! Gostei da frase final. Humor é algo muito particular, mas acho que arrisquei nesse desafio, daí é justa a sua avalição. Abraço!

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Publicado às 9 de março de 2025 por em Liga 2025 - 1B, Liga 2025 - Rodada 1 e marcado .