EntreContos

Detox Literário.

Hereditário (Luís Fernando Amancio)

Cecília brinca com blocos de empilhar no tapete colorido de borracha. Na sua frente, a TV está ligada no jornal, o volume quase mudo. Ela não constrói a torre na ordem decrescente de tamanho. Os blocos se sustentam por um tempo, mas acabam despencando. Sem se abalar, Cecília começa novamente.

De repente, ela perde o interesse no brinquedo. Parte em direção aos meus tênis, no canto da sala. Empina o bumbum, com a fralda estufada de xixi, e sai engatinhando. Ligeira.

Eu bloqueio seu avanço.

– Não, Ceci, tá sujo. Sujo.

A menina me olha com a mão na boca. Balbucia algo, tentando repetir o que eu disse.

– Vem cá, vamos montar os bloquinhos?

Trago Cecília de volta para o tapete. Balanço o chocalho na direção dos blocos. Ela vai até eles. Mas logo vai mudar o foco novamente. E eu terei que interceptá-la.

Gosto de imaginar que sou seu guarda-costas. Um protetor, livrando a mocinha dos perigos que ela mesma provoca.

– Vamos trocar a fralda, nenê?

A casa é pequena. Sala, cozinha, banheiro e quarto. Cômodos apertados e com poucos móveis. Vou até o quarto. No caminho, vejo Vanessa se maquiando no banheiro. Enlaço-a por trás e beijo seu pescoço.

– Sai, Hugo, estou atrasada.

Busco a fralda nova, me sento no tapete e deito Cecília.

– Eita, e essa tonelada de xixi aqui?

Ela é linda. Lembra mais a mãe, claro. Em alguns ângulos, porém, vislumbro traços meus.

As batidas do sapato no piso anunciam que Vanessa terminou a maquiagem. Seu perfume vem em seguida.

– Vamos.

Moramos em um puxadinho na residência dos meus sogros. Estadia provisória, espero. Vanessa gosta de passar pela casa dos pais para chegar na rua. Eu a sigo, à contragosto. Seu Antônio está lendo um jornal. Interrompe a leitura para fazer um cafuné na neta. Balança a cabeça quando nossos olhares se cruzam. Dona Rute vem beijar a neta, que está no meu colo. Não me cumprimenta.

– Mãe, tô atrasada.

Quando Vanessa ficou grávida, meus sogros me culparam. Um “homem formado” de 24 anos arruinava o futuro da filha deles, de 18.

Abro o carro, é um Ford Fiesta vermelho. Alugado. Coloco Cecília na cadeirinha. Vanessa confere a maquiagem no espelho.

– Você tá linda, amor.

– Obrigada.

Vamos primeiro para a creche, onde Cecília fica risonha no colo da educadora. Depois, seguimos para o trabalho de Vanessa, uma concessionária de automóveis. Não ganho beijo de despedida.

Guardo a cadeirinha de bebê no porta-malas. Pego o celular, oito horas em ponto. Ninguém se atrasou. Ligo o aplicativo de motorista. Também preciso trabalhar.

***

Pouco antes de Cecília nascer, larguei um emprego que me pagava salário mínimo e tranquei a faculdade. Estava cursando o terceiro período de Educação Física. Ser motorista de aplicativo me dá uma renda melhor, além da flexibilidade de horários.

Posso buscar Cecília na creche e cuidar dela até Vanessa sair do trabalho. Tem também essa vantagem: a família toda possui motorista particular.

O problema são dias como hoje, quando não bato a meta financeira com as corridas. Por isso estou aqui, iniciando meu terceiro turno de trabalho.

Aceito uma corrida para o aeroporto. Distância longa e que me afasta do centro. Perfeito, assim evito o trânsito das 18 horas. O passageiro é um senhor com uma jaqueta velha e calça jeans surrada. Fica de cabeça baixa, olhando para os pés. Atitude suspeita. Tomara que não cause transtornos.

Vejo, num relance, seu rosto. E um choque percorre minha espinha. Sou invadido pela sensação de conhecê-lo. Seu nome no aplicativo, Paulo Costa, não me diz nada. Mas eu já vi esse homem.

Quando saímos da rua, o passageiro levanta o rosto. Se ele estava se escondendo de algo, ficou para trás. Posso observá-lo melhor. Estremeço ao volante.

É como ver a mim mesmo, só que 30 anos mais velho.

O mesmo nariz, olhos, queixo. Seus cabelos são grisalhos, ele possui rugas e acentuadas olheiras. Mas é uma semelhança assustadora. Sinto como se estivesse diante de um espelho com a deformação do tempo.

Tenso, avanço numa placa de “Pare”. Um carro buzina, peço desculpas ao passageiro. Ele não responde. Está mais desatento do que eu.

Sigo observando o homem pelo espelho retrovisor. Ele estala os dedos, mordisca o lábio.

Quando seguimos para a saída da cidade, o homem percebe a indiscrição dos meus olhares. Finalmente me nota.

Na posição em que está, atrás do banco ao meu lado, só consegue observar meu rosto de perfil. Ainda assim, é o suficiente.

Paulo busca o celular do bolso, imagino que ele queira conferir minha foto no aplicativo. E meu nome, talvez. Vejo sua expressão de assombro. Ele não me olha outra vez, abaixa a cabeça, pensativo.

– Pode parar aqui, por favor?

Sua voz tremula.

– Mas ainda falta muito para o aeroporto.

– Tudo bem. É aqui que eu quero descer.

Confiro ao redor. Não tem nada. Nenhuma casa, posto de gasolina… Estamos em um campo aberto, pasto para gado.

– Tudo bem.

Encosto o carro. Paulo se apressa em sair. Não me olha. Parece ter visto uma assombração.

Ele pula, desajeitado, o arame farpado da cerca. Desaparece no campo.

Sigo na estrada até encontrar uma área segura para encostar.

Então, é minha vez de pegar o celular.

– Oi, mãe, você não imagina quem acabou de fazer uma corrida comigo?

– Ué, pra você me ligar deve ser alguém importante. Algum ator famoso? Cantor?

– Não. Meu pai.

***

Fomos abandonados quando eu tinha dois anos. Não tenho memórias do meu pai. Anos depois, minha mãe se casou com outro homem. Eu ganhei um irmão e um padrasto. Nossa vida seguiu adiante.

Aquele encontro inusitado, porém, mexeu comigo. O maldito nunca nos procurou para saber como eu estava.

Continuo um tempo por ali, observando a estrada. Decido encerrar os trabalhos e ir para casa.

Quando viro a chave, o motor do carro geme antes de ganhar vida. Percebo, sem entender, que o som não vem dele. É algo mais grave, mais denso. Um rugido vigoroso, profundo, que parece vibrar dentro do meu peito. Minha respiração trava.

Olho pelo retrovisor e, no breu da estrada deserta, um vulto se move entre as sombras. É imenso. A escuridão parece se moldar ao seu redor, distorcendo a realidade. O carro vibra sob mim, como se a aproximação da criatura afetasse até o metal e os parafusos.

Minhas mãos estão trêmulas no volante. Preciso filmar isso, preciso provar que não estou louco. Quando puxo o celular, o som das garras arrastando no asfalto me faz desistir. Ele está vindo rápido. Rápido demais.

Meto o pé no acelerador. O Fiesta responde com um soluço lamentável. Maldito motor 1.0. O carro engasga antes de ganhar impulso, e o monstro se aproxima como um borrão de sombras e dentes. Pelo retrovisor, vejo melhor. Tem a forma de um cão, mas nenhum cachorro deveria ser daquele tamanho. A pele negra e lustrosa reflete os faróis de um jeito estranho, como se fosse feita de algo mais denso que carne.

A boca escancarada revela presas brilhantes. A língua pende para fora, grotesca, ensopada de saliva. O rabo enorme chicoteia o ar enquanto seus músculos um predador faminto. Eu sou sua presa.

Tô ferrado.

Um impacto brutal sacode o carro. A fera me alcançou. A traseira derrapa, a direção fica leve por um segundo e sou arremessado para a pista contrária. Seguro firme no volante, tentando estabilizar o carro antes de capotar. Não posso olhar para trás agora. Não quero olhar.

A perseguição continua. O motor finalmente responde, o carro ganha velocidade. O monstro ainda corre, ainda me segue, mas o rugido começa a ficar mais distante. Ele está desistindo? Cansado? Ou só esperando uma nova chance?

Não penso em voltar para casa pelo mesmo caminho. Nem morto. Faço um desvio sem olhar no retrovisor, sem me arriscar a ver aquele pesadelo outra vez. Meu único pensamento agora é escapar. E rezar para que aquela coisa nunca mais me encontre.

***

Chego em casa e Vanessa me entrega Cecília.

– Preciso tomar banho.

São 20h30. A bebê ainda ficará acordada por umas duas horas, até ceder ao sono. Sigo com ela para o quintal. O cachorro dos meus sogros late com agressividade. Ele força as correntes que o prendem. Está doido para se lançar sobre mim.

– Tá de mau humor, Hulk?

Diante do escândalo que o cão faz, é melhor sair dali. Sigo em direção à rua.

Pela janela, vejo minha sogra de pijamas, assistindo novela. Meu sogro provavelmente já foi dormir.

Vou até a esquina com minha filha no colo. A rua é tranquila, com residências e poucos estabelecimentos comerciais, todos fechados nesse horário. Mostro as estrelas e a lua para Cecília. A grande esfera de luz magnetiza o olhar da pequena.

O ar fresco da noite é agradável. Sinto-me, afinal, a salvo do perigo que passei. Meus batimentos cardíacos desaceleram e meus pensamentos vão se organizando. Será que aquela perseguição foi real?

Volto para casa. Vanessa já se banhou, é minha vez. Depois, monto um prato com a comida que encontro na geladeira e esquento no micro-ondas. Janto assistindo a uma partida de futebol.

Quando Cecília dorme, Vanessa vai para a cama. Deito ao lado da minha mulher, que mexe no celular. Penso em contar pra ela sobre o que aconteceu. Até agora não falei com ninguém sobre a situação que vivi.

Quando imagino as frases saindo da minha boca, parece ridículo. Ela vai achar que eu estou maluco.

E talvez esteja certa.

– O lenço umedecido está acabando. Pode comprar amanhã?

– Claro.

Vanessa se vira de lado. Seu corpo, exposto pela transparência da camisola, é uma bela imagem. Tenho vontade de acariciá-la, de abraçar suas curvas com meu corpo. Mas desisto. Ela está exausta. E eu também.

– Boa noite.

– Boa noite.

***

Venho almoçar em casa. Comer PF na rua está me custando o valor de algumas corridas. Frito um bife, esquento arroz e feijão. Devoro tudo com pressa. Outro dia ruim de trabalho.

Quando saio, vejo o homem do outro lado da rua. Ele se aproxima, hesitante.

– Preciso conversar com você.

– Tudo bem.

Vamos no meu carro até uma praça perto dali. Não trocamos palavras no caminho. Aponto o banco sob a sombra de uma árvore.

– Sabe quem eu sou?

– Sim, meu pai.

– É…

– E o que que você quer? Veio pedir desculpas pelo sumiço nos últimos 20 anos?

– Não, não é isso. É sobre aquela noite… Depois de me deixar na estrada, aconteceu alguma coisa com você?

– Do que está falando?

– Quero saber se você viu algum bicho grande por lá.

– O que você sabe sobre aquilo?

– Escuta, Hugo. Eu sei de algumas coisas… E é pior do que você imagina: “aquilo” que você viu era eu.

– Como assim?

– No seu lugar, eu também não acreditaria. Você deve estar procurando uma explicação para o que viu. Eu posso te ajudar. Nas noites de lua cheia, eu me transformo, viro um monstro. Por isso vou para lugares isolados. Tento evitar tragédias. Quando a transformação acontece, eu perco o controle. Mal lembro com clareza do que aconteceu. Daquele dia, guardei alguns flashes, incluindo a perseguição ao seu carro.

– Não é possível…

– Eu tinha 30 anos quando começou. No princípio, só vomitava, tinha diarreias, febre. Não percebi na época, mas as crises ocorriam nas noites de lua cheia. Depois de alguns meses, comecei a ter apagões. Acordava no dia seguinte, sem memória do que havia feito, com o corpo dolorido, cheio de cortes e hematomas. Então, passei a recordar de algumas coisas. De correr pelas sombras, saltar telhados e… atacar pessoas.

***

Parecia que meu pai estava completamente maluco. Só que o que ele dizia vinha ao encontro da minha alucinação.

Deixo meu pai em frente ao prédio em que ele mora. Volto a trabalhar, embora a voz dele continue ecoando na minha cabeça.

“Não há estudos sobre isso. Não podemos chegar em uma universidade, contar nossa história e pedir que pesquisem sobre nós. Imagina o pânico que isso geraria?”

“Mas, Hugo, eu não vim aqui para você se apiedar de mim. Eu preciso te alertar. Essa condição é genética. Meu pai também era assim. Antes dele, era minha avó que se transformava em loba. Nenhum deles viveu muito tempo. É possível que você seja como eu. Não é uma certeza. Os meus irmãos são normais, ao menos até onde eu sei. Talvez você tenha mais sorte do que eu.”

No fim da tarde, busco Cecília na creche. Vamos para um parquinho perto do trabalho da Vanessa. Empurro minha filha no balanço, e ela ri como se fosse sua primeira vez ali. Vê-la se divertindo geralmente me alegra, mas hoje há um buraco negro em meu peito. Será que estamos nós dois condenados a essa maldição?

***

Abro um jornal para encobrir meu rosto. Faço uma vigília em frente ao prédio em que meu pai mora. Quando o sol começa a descer, tingindo o céu com uma cor vermelha e suja, vejo ele saindo. A coluna arqueada e o rosto ossudo sugerem um envelhecimento acentuado nos últimos tempos.

Ele entra em um carro preto, e o som abafado do motor mal chega até mim. Espero um pouco, e então o sigo. Apago os faróis, como se, na escuridão, eu pudesse desaparecer.

Deixamos a cidade para trás, e a estrada vai se tornando cada vez mais sinuosa e esburacada. A poucos metros de distância, cada curva, cada sombra que se arrasta nas laterais da estrada me faz questionar se ele me viu. Não há como saber. Os poucos carros que ousam atravessar ali são apenas espectros na noite, assim como eu. Uma sombra que não quer ser notada.

Passam-se quase trinta minutos, e o carro com meu pai diminui a velocidade. Ele desce em um local isolado, uma área de mineração abandonada. O tipo de lugar que parece engolir o som, onde até o vento parece temer fazer barulho.

Talvez seja uma péssima ideia o que estou prestes a fazer.

Deixo o carro afastado. A terra é fina, o solo drenado por anos de escavações facilita a trilha. As árvores são escassas, a vegetação rasteira é quase inexistente. Só o som do vento agitando os galhos secos quebra o silêncio pesado ao redor.

Meu pai desce até uma cratera. Acende um cigarro com as mãos trêmulas. A noite começa a descer como uma cortina, e o ar frio se instala, pesado, em cada respiração.

De longe, atrás de uma pedra enorme, observo. Ele se deita no chão e começa a fumar cigarros, um após o outro. A falta de ação começa a me incomodar. Uma hipótese se forma na minha mente: e se tudo isso for uma mentira? E se o velho me levou a acreditar naquela história de monstro? Talvez ele esteja me manipulando para ver coisas que não estavam ali.

Então, a lua surge, gigante, rasgando o céu. Seu brilho cortante e frio é como uma lâmina. Percebo que meu pai se moveu. A minha respiração se acelera, um calafrio me balança. Olho com mais atenção e o vejo alguns metros à frente. E… não está certo.

Ele se curva, o corpo se contorcendo como se algo estivesse tentando sair de dentro dele. A pele se estica e, então, ouço o som de ossos se quebrando. Um grito — mais selvagem do que humano — escapa de sua boca, e o que antes era meu pai, agora não passa de uma monstruosidade. Suas roupas são rasgadas com a força da transformação, seu corpo se expande de maneira antinatural. Seus braços se cobrem de pelos, seu rosto ganha focinho e dentes afiados. Antes que eu consiga processar o que está acontecendo, ele se ergue sobre as patas traseiras, uivando. O som é ensurdecedor, o uivo rasga o ar, reverberando nas pedras, nas sombras, em mim.

O lobo se levanta e fareja o ar, como se o mundo ao redor estivesse cheio de ameaças invisíveis. Ele hesita por um momento, mas então, como um raio, começa a correr em minha direção. As patas batem com força no chão, o som é o de algo gigantesco, selvagem e irrefreável. Minha mente tenta processar, mas o medo me paralisou.

Quando ele passa por mim, posso sentir a pressão do vento provocada por sua corrida, e o cheiro de terra molhada e carne crua invade minhas narinas. Encolhido em posição fetal, estou totalmente entregue. Sinto a força de seu olhar sobre mim, mas ele não para. Hoje, sua presa não sou eu.

O pavor me aprisiona ali, no escuro, no silêncio ensurdecedor que se segue. Meus músculos não respondem.

Só consigo me mover quando as últimas batidas de suas patas ecoam na distância. Mas meu corpo, então, já está à beira de um colapso.

***

Tenho sofrido com pesadelos desde então. O roteiro não muda tanto. Em geral, estou em alguma situação cotidiana, dirigindo ou andando pela rua, quando percebo que meu corpo está coberto de pelos. É desagradável, acordo com o coração disparado, mas depois volto a dormir.

O sonho dessa noite, porém, foi mais perturbador. Nele, Vanessa veio até mim, perguntando por Cecília. Eu não sei onde ela está. Procuramos na casa, no quintal e até na rua. Nada de encontrar a menina. Então, eu olho para o telhado da casa e vejo um pequeno lobo sorrindo para mim.

Eu não conseguiria dormir depois desse pesadelo. Então, pego as chaves do carro na mesa da cozinha e aproveito para tomar dois dedos de café. Frio.

Nas ruas, o trânsito flui, poucos motoristas rodam nesse horário. Dá pra ganhar alguns trocados. Depois de deixar um passageiro na rodoviária, encosto o carro no meio-fio. Mal tenho tempo para desprender o cinto de segurança. O vômito vem em ondas que me estremecem. Um líquido escuro e grosso.

Quando acabo, vejo a lua sobre minha cabeça, redonda. Penso no meu pai contando como sua maldição começou. Diarreia, febre e… vômitos. Mas lembro do café. Pode ser culpa do café frio, penso, limpando a boca.

Tomara.

Sobre Fabio Baptista

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39 comentários em “Hereditário (Luís Fernando Amancio)

  1. Luis Fernando Amancio
    1 de abril de 2025
    Avatar de Luis Fernando Amancio

    Olá, José Leonardo,

    Agradeço a leitura e o atencioso comentário. Aliás, gratidão também à FRIACA, que te ajudou na tarefa. Fico feliz em saber que a leitura foi uma experiência agradável para você.

    Um abraço!

  2. Fabio D'Oliveira
    29 de março de 2025
    Avatar de Fabio D'Oliveira

    Buenas, Francis!

    É um bom conto. Equilibrado em todos os sentidos. Boa história, bons personagens, bom conflito, bom ápice, boa conclusão. A melhor parte do conto, pra mim, não foi nem a situação da maldição hereditária, mas o desenvolvimento da família de Hugo. Uma esposa apática, sogros ignorantes, filha bagunceira. Deixou a atmosfera do conto mais triste, melancólica, o que fortaleceu, e muito, o terror.

    Achei que terminou o conto no momento certo, também. No início dos sintomas da maldição. Essa finalização deixa a abertura para o leitor completar a história na cabeça. Um ótimo final aberto.

    Apesar disso tudo, o conto não entrega muitas novidades acerca da premissa, focando muito mais na vida do protagonista, na sua angústia, sem sair da previsibilidade da trama. Como disso, é um bom conto, mas não chega a brilhar.

    Abração!

    • Luis Fernando Amancio
      31 de março de 2025
      Avatar de Luis Fernando Amancio

      Olá, Fábio,

      Obrigado pela leitura e pelas ponderações. A construção de uma atmosfera bem construída foi importante, mas em desafios a gente precisa de outros elementos para o conto de fato “brilhar”.

      Um abraço!

  3. Bia Machado
    29 de março de 2025
    Avatar de Bia Machado

    Enredo/Plot: 1/1 – Um conto de lobisomem contemporâneo. E muito bom!

    Criatividade: 1/1 – Muito criativa a abordagem, deixando o conto com jeito de conto cotidiano e enfocando mais a parte humana da história do que a do “monstro”.

    Fluidez narrativa: 1/1 – Narrativa fluente, que fez com que eu lesse de uma vez só.

    Gramática: 1/1 – para mim não houve nada a ser destacado.

    Gosto/Emoção: 1/1 – Gostei bastante! Um dos que me fizeram ler sem a sensação de obrigatoriedade e que não notei quando o final chegou, porque estava muito mergulhada na história. E ainda deixar o final em aberto, porque era aquilo mesmo, o destino fatídico do personagem.

    • Luis Fernando Amancio
      31 de março de 2025
      Avatar de Luis Fernando Amancio

      Oi, Bia,

      Muito obrigado por sua leitura atenta e por seus comentários. Fico feliz que meu conto tenha lhe proporcionado uma boa experiência.

      Um abraço!

  4. Andre Brizola
    29 de março de 2025
    Avatar de Andre Brizola

    Olá, Francis!

    Um conto que vai pelo caminho do terror. Hugo, em uma narrativa em primeira pessoa, com um pouquinho de Lovecraft em sua forma de contar, descreve a forma como tomou conhecimento da maldição genética de sua família e que pode, ou não, chegar a ele em breve.

    O texto está bem escrito e conduzido. Parágrafos curtos, linguagem descomplicada e focada na descrição, tendo aqui e ali alguns poucos diálogos, sendo a maioria deles um tanto quanto dispensáveis, no meu entender, pois suas faltas não gerariam prejuízo para o desenvolvimento do enredo e o que tomam de “espaço” poderia ter sido utilizado num maior cuidado com a parte realmente importante da narrativa: o horror.

    Vou explicar melhor. Senti uma certa frieza no contar desse narrador em primeira pessoa. Hugo nos conta sua história e são em poucos momentos que tenho a sensação de que ele está realmente assustado. Lovecraft inseria milhares de adjetivos em seu texto como uma forma de descrever melhor essa sensação dos narradores e, mesmo que sua opção seja criticada por muitos, para nós, leitores, sempre ficava muito claro o nível de terror pelo qual aquele personagem passava. E acho que faltou isso aqui. Hugo me parece meio tranquilo demais. Foi perseguido por um monstro e logo está fazendo lista de compras. Não sei, acho que faltou algo no personagem, uma urgência, uma emoção mais aflorada.

    Entendo que o limite de palavras seja um dificultador, mas da forma como ficou, entendo que o terror tenha sido prejudicado. O tema está claro, mas poderia ter sido melhor trabalhado.

    Bom, é isso. Boa sorte no desafio.

    • Luis Fernando Amancio
      31 de março de 2025
      Avatar de Luis Fernando Amancio

      Olá, André,

      Obrigado pela leitura e pelos comentários. Uma pena o conto não ter entregado o que você gostaria, faltou um maior cuidado da minha parte em pensar no meu público leitor e no contexto de desafio. Aqui, se um conto não se destaca, fica jogado para escanteio.

      Os diálogos podem até ser desnecessários em questão de informação, mas cumprem uma função de “oxigenar” a narrativa. Dá mais fôlego do que ficar somente no relato.

      E sobre a questão dos adjetivos, entendo a crítica, mas era a intenção. A apatia do personagem era parte de sua personalidade e de sua situação. Ok, não funcionou com você (e com a maioria dos avaliadores), mas foi uma escolha.

      Entendo a alusão ao Lovecraft e seus adjetivos para dar mais medo, mas não é minha intenção escrever como um autor do início do século XX.

      Um abraço!

  5. Raphael S. Pedro
    28 de março de 2025
    Avatar de Raphael S. Pedro

    Sinto que faltou um “algo a mais” no conto, apesar da boa técnica (e aqui abro parênteses para parabenizar pela forma como a história foi escrita, passando o sentimento de que o personagem conseguiu realmente se comunicar com o leitor), acabou não indo além de uma história comum sobre lobisomens onde se perdeu muito tempo descrevendo o cotidiano do personagem dentro do limite de palavras.          No mais, parabéns!

    • Luis Fernando Amancio
      31 de março de 2025
      Avatar de Luis Fernando Amancio

      Oi, Raphael,

      Obrigado pela leitura e pelo comentário. De fato, me faltou uma maior atenção ao contexto de desafio, em que, além de bem escrito – obrigado pelos comentários sobre a “boa técnica” – o texto precisa cativar o leitor, se destacar dentre os outros.

      Um abraço!

  6. Thiago Lopes
    27 de março de 2025
    Avatar de Thiago Lopes

    Serei bem sincero e falarei meramente como leitor: se esse conto parasse até a parte em que o motorista reconhece o pai, eu iria gostar mais dele. A outra parte é bem concebida, mas perdeu um pouco da força descritiva e narrativa da primeira parte. 

    Mas o conto de agradou bastante.

    • Luis Fernando Amancio
      31 de março de 2025
      Avatar de Luis Fernando Amancio

      Olá, Thiago,

      Obrigado pelo comentário sincero. Como autor, também senti que o trecho até o protagonista reconhecer o pai tinha uma força e abria uma possibilidade de história diferente. Mas fui numa direção que se ajustava mais ao tema do desafio – terror.

      Um abraço!

  7. Leo Jardim
    27 de março de 2025
    Avatar de Leo Jardim

    📜 TRAMA (⭐⭐⭐▫▫): um Uber com uma vida comum encontra seu pai numa corrida e depois é perseguido por lobisomem, que era seu pai. A doença é hereditária então fica em aberto no fim se ela será um lobisomem também ou só deu mole com a comida.

    Gostei muito da história contada, parece um slice of live. Mas é também esse o problema: ficou um gostinho de “quero mais”. Tem muitos elementos na trama que estão ali, mas não são usados no desfecho, como os sogros, a esposa meio distante… ficou parecendo o ótimo início de uma história muito boa, mas pouco para um conto completo.

    📝 TÉCNICA (⭐⭐⭐⭐▫): texto muito gostoso e fácil de ler. As frases vão ser sucedendo e, quando vi, já tinha acabado. Gosto muito de textos assim: se não são tão rebuscados, mas fazem o mais importante: contam a história, e esse aqui o faz muito bem.

    ▪ O rabo enorme chicoteia o ar enquanto seus músculos um predador faminto (ficou faltando alguma palavra aqui)

    🎯 TEMA (⭐⭐): demorou a aparecer, mas a cena da perseguição o enquadrou no terror.

    💡 CRIATIVIDADE (⭐⭐▫): dentro da média do desafio.

    🎭 IMPACTO (⭐⭐⭐▫▫): comecei a ler esse conto e me ajeitei no sofá, me preparando para ser meu favorito. Gostei da narrativa e me identifiquei bastante com os personagens. A cena do lobisomem é muito boa, me causou bastante tensão. Mas o desfecho, que é onde mora o impacto, ficou devendo. Se tiver continuação, vou querer ler com certeza.

    • Luis Fernando Amancio
      31 de março de 2025
      Avatar de Luis Fernando Amancio

      Olá, Leonardo,

      Obrigado pela leitura e avaliação criteriosa. Entendo sua frustração com alguns elementos, como não utilizar os sogros e a esposa no desfecho e o final em aberto.

      A família e as relações frias entre eles fazem parte da ambientação. Estão ali para compor o clima da narrativa.

      Já o final em aberto é uma opção. Pra mim, nem todo conto precisa desse impacto final. Acho até limitante quando a gente condiciona o gênero conto a plot twist ou desfechos surpreendentes.

      Mas, sim, para o contexto de desafio, em que o texto precisa se destacar, e levando em conta o gosto do leitor do EC, foi uma escolha ruim.

      Um abraço!

  8. rubem cabral
    25 de março de 2025
    Avatar de rubem cabral

    Olá, Francis.

    Gostei muito do conto. A história até é simples, mas ao inserir elementos do mundo moderno e criar boa ambientação, fez o texto se destacar. Temos um motorista de Uber que vive num puxadinho dos sogros, uma esposa muito jovem e uma bebezinha.

    A chegada do pai criou bastante tensão, já esperava que o lobisomem fosse o pai, mas a conclusão do conto – embora não surpreenda – também não foi definitiva, o que foi muito bom.

    Bons diálogos, bons personagens e boa escrita. O “pacote” ficou muito bom!

    Boa sorte no desafio e abraços.

    • Luis Fernando Amancio
      31 de março de 2025
      Avatar de Luis Fernando Amancio

      Olá, Rubem,

      Muito obrigado pela leitura e pelo atencioso comentário.

      Um abraço!

  9. bdomanoski
    23 de março de 2025
    Avatar de bdomanoski

    Arrisco dizer que o autor desse conto não costuma consumir terror, nem produzir. O texto é Ok, mas como terror, não se destaca na intensidade nem nas reações e ações dos personagens. O que gostei mesmo foi do q vc incluiu sobre a vida em família, sobre o cara ser Uber, queria ver mais o dia a dia dele como Uber. Achei uma temática interessante, bem mais que ele ter um pai lobisomen e virar lobisomem. Toda essa parte fantástica acho q enfraqueceu um pouco a história.. óbvio, precisava entrar no tema, mas podia ter escolhido comédia.

    • Luis Fernando Amancio
      31 de março de 2025
      Avatar de Luis Fernando Amancio

      Oi, Bruna,

      Obrigado por sua leitura e comentário. Lamento o texto não ter entregado o que você esperava. Talvez nós tenhamos entendimentos diferentes sobre “terror”.

      Não acho que seja um gênero em que necessariamente precisamos focar em ações e reações intensas dos personagens. Pra mim, uma vida cotidiana condicionada ao trabalho, estar rodeado por gente que não gosta de você, é bem aterrorizante.

      É provável que quem esteja certa seja você, afinal meu conto fracassou nas avaliações.

      Um abraço!

  10. Kelly Hatanaka
    21 de março de 2025
    Avatar de Kelly Hatanaka

    Um homem descobre que pode ser um lobisomem. Achei interessante a ideia do terror relacionado à incerteza. E se ele for um lobisomem? E se sua filha for? Há uma atmosfera de medo que permeia o conto, muito bom.

    • Luis Fernando Amancio
      31 de março de 2025
      Avatar de Luis Fernando Amancio

      Oi, Kelly,

      Obrigado pela leitura, já que o conto nem estava entre os textos obrigatórias para você, e pelo comentário. Fico feliz de você ter notado a atmosfera de medo no conto. Pena que você não pode me dar uns pontinhos.

      Um abraço!

  11. Rodrigo Ortiz Vinholo
    20 de março de 2025
    Avatar de Rodrigo Ortiz Vinholo

    Boa história! É um terror relativamente leve, comparado com outros caminhos que o tema poderia levar, e é bem criativo em abordagem. Histórias de lobisomens com esses caminhos mundanos são interessantes e pouco exploradas. É até mais realista, de certo modo. Isso dito, o modo como ela não oferece grande resolução, o modo como o relato parece quase um episódio de uma história maior, enfraquece um pouco o caso, perde o impacto. Ainda assim, traz um desconforto, uma aflição que só a mistura do mundano, do sofrimento cotidiano, consegue dar, quando ligado ao sobrenatural. Boa técnica, bom ritmo e bom equilíbrio, no geral.

    • Luis Fernando Amancio
      31 de março de 2025
      Avatar de Luis Fernando Amancio

      Olá, Rodrigo,

      Obrigado pela leitura e pelo comentário. Fico feliz que tenha gostado da escolha criativa, tentei fazer uma espécie de “fantasia urbana de terror”.

      Entendo a frustração com o final em aberto. Para o contexto competitivo de desafio, foi de fato uma má escolha. Não tem impacto. Por outro lado, eu tenho certa resistência a pensar no gênero conto como uma narrativa que necessariamente precisa ter um desfecho surpreendente. Então, foi uma falha coerente com minhas convicções.

      Um abraço!

  12. Jorge Santos
    20 de março de 2025
    Avatar de Jorge Santos

    Olá fjw. Acabei de ler o seu conto, que narra a história de um “motorista de aplicativo”, aquilo que aqui em Portugal chamamos de TVDE (Transporte Individual e Remunerado de Passageiros em Veículos Descaracterizados a partir de Plataforma Eletrónica – sim, somos complicados…). Este motorista descobre que o pai é um lobisomem e que ele próprio pode ser. Fica por explicar como é que, de todos os clientes, ele transporta a pessoa que o tinha abandonado. Um texto não costuma sobreviver a este tipo de coincidências. Parece um recurso “deus-ex-machina”, o recurso dos escritores desesperados para resolver um problema na narrativa. Creio que deveria ter sido feito de outra forma, ainda mais quando o pai vai ter com ele a sua casa logo depois. De resto, a narrativa escorre com correção e ritmo, mas esperava algo mais desenvolvido. Há uma tensão bastante grande quando a menina desaparece. Essa tensão poderia ter sido aproveitada para tornar o texto bastante superior. No final, ficamos sem saber se o motorista é ou não lobisomem – e o terror resulta desta dúvida.

    • Luis Fernando Amancio
      31 de março de 2025
      Avatar de Luis Fernando Amancio

      Olá, Jorge,

      Obrigado pela leitura e pelo comentário. Lamento que o texto não tenha entregado o que você gostaria.

      Você considerou um recurso “deus ex-machina” o pai ser transportado pelo “TVDE” que era seu filho. Eu discordo. Nem toda cidade aqui no Brasil tem o porte de São Paulo, esse tipo de coincidência é possível. E sobre o pai encontrar a casa do filho, também não é tão difícil assim. Há até plataformas ilegais que, mediante pagamento, você descobre dados pessoas de quem quiser.

      Mas tudo bem, quando a gente não gosta de um texto, tende a encontrar defeitos. Falha minha, desconsiderei o contexto competitivo do desafio. Esses pontos elencados, por exemplo, só incomodaram a você até agora.

      Um abraço!

  13. paulo damin
    20 de março de 2025
    Avatar de paulo damin

    Interessante como tem contos sobre questões familiares nessa rodada. Suponho que seja porque a família pode ser um terror mesmo.

    Neste caso, a linha cruzada é entre mãe e filho. Os elementos significativos são o recheio da bolacha (o rosinha no centro do útero), a ligação que se corta (o cordão umbilical) e a busca desesperada pela reconexão (um lençol, uma corda no pescoço). Uma história sobre a dificuldade de se liberar da infância, num ciclo. Um complexo do qual o personagem tenta se livrar falando. O terror está aí, nessa coisa que não se resolve.

  14. paulo damin
    20 de março de 2025
    Avatar de paulo damin

    Na nossa sociedade, pai que abandona filho é considerado um monstro. Mas é ao mesmo tempo sedutor, quer dizer que é um cara independente. Fugir da família é isso: buscar a própria liberdade. Vem a imagem do lobo solitário, incompreendido. Só que continua sendo um monstro. Portanto, um lobisomem. Aí ele se aproxima do filho pra aconselhar, pra avisar que o jovem também pode vir a ser um monstro, que ele também corre o risco de que, nas luas cheias, quando o desejo ultrapassar as fronteiras de um casamento tradicional, surja a tentação de sair por aí atrás da própria liberdade – e isso, as consequências disso, farão dele um monstro.

    • Luis Fernando Amancio
      31 de março de 2025
      Avatar de Luis Fernando Amancio

      Oi, Paulo,

      Obrigado pela leitura e pela interpretação.

      Um abraço!

  15. Cyro Fernandes
    19 de março de 2025
    Avatar de Cyro Fernandes

    Conto bem criativo. Técnica e impacto bons.

    O autor obteve sucesso ao construir uma narrativa que prende o leitor e mantém um bom nível de terror.

    • Luis Fernando Amancio
      31 de março de 2025
      Avatar de Luis Fernando Amancio

      Oi, Cyro,

      Obrigado pela leitura e pelo comentário. Fico feliz que tenha gostado!

      Um abraço,

  16. Thiago Amaral
    19 de março de 2025
    Avatar de Thiago Amaral

    Um conto de terror leve. Algo que me chamou bastante a atenção foi a maneira com que o texto foi escrito, com frases curtas e precisas. Bem direto ao ponto. O protagonista me soou até detetive de história noir. Em alguma medida a economia de palavras é boa, mas perde-se a possibilidade de descrever algo de maneira mais poética. Escolha da autoria. O resultado é que o personagem soa um pouco frio talvez, ou cansado, ou indiferente. Não há muita emoção nos seus pensamentos, a não ser quando está em perigo e quando reconhece o pai.

    Por isso, talvez fosse melhor se a narração fosse em terceira pessoa. Não sei se há algum real motivo para escrever em primeira, e o estilo de linguagem faz com que ele se pareça destacado dos acontecimentos. Penso que talvez primeira pessoa sirva mais para mostrar as reflexões do personagem, mas aqui não há muitas. Ele é bem prático.

    Quanto aos acontecimentos, foi construída uma trama interessante, mas senti que o conto prometeu um pouco mais do que cumpriu. Gostei do início, com uma boa ambientação. Aqui, a precisão nas palavras funciona bem para termos uma ideia do mundo em que Hugo vive. Mesmo assim, senti que o final foi abrupto. Nada se resolveu.

    Outra coisa que me chamou a atenção foi o tratamento que a esposa dava ao protagonista. Fiquei pensando se tinha algo a mais, ou se era apenas rotina. Com a leitura finalizada, parece ser a segunda opção, já que nada surgiu. Mas achei um tanto de frieza demais para nada estar acontecendo. Aliás, praticamente ninguém gosta do Hugo kkk Os sogros tem uma justificativa, mas a mulher… que dó!

    O segundo ataque do lobisomen também causa estranhamento por ele ignorar Hugo. Tinha alguma presa melhor? Qual poderia ser? Soa mais que a autoria não conseguiu pensar em outra forma de poupar o personagem.

    Concluindo, foi um conto ok, com ótima ambientação e construção do mundo do personagem. O terror em si teve impacto menor, e eu diria que o conto está mediano por conta disso.

    • Luis Fernando Amancio
      31 de março de 2025
      Avatar de Luis Fernando Amancio

      Olá, Thiago,

      Obrigado pela leitura e pelo comentário. Você traz boas possibilidades interpretativas, fico feliz pela atenção com o texto.

      Respondendo alguma coisa, sim, a narração em primeira pessoa, pra mim, traz uma maior intimidade com o personagem. No caso, as descrições mais secas são mesmo para passar a ideia de uma pessoa cansada, “vivendo no automático”. O clima ruim em casa, a frieza da mulher, sobretudo, também é para construir um clima um pouco claustrofóbico.

      O final aberto não é um sucesso de audiência, mas foi minha escolha.

      Não era para ser um terror de “susto”, e sim uma espécie de “fantasia urbana de terror”.

      Estrategicamente, eu falhei um bocado.

      Um abraço!

  17. Fabiano Dexter
    18 de março de 2025
    Avatar de Fabiano Dexter

    Estou organizando os meus comentários conforme irei organizar as minhas notas, buscando levar para o autor a visão de um Leitor regular e assim tentar agregar algum valor. Assim a avaliação é dividida em História (O que achei da história como um todo, maior peso), Tema (o quanto o conto está aderente ao tema), Construção (Sou de exatas, então aqui vai a minha opinião geral sobre a leitura como um todo) e Impacto (o quanto o produto final me impactou)

    História (1,5)

    Aqui temos uma clássica história de lobisomem, bem escrita, mas, pelo meu ponto de vista, pouco profunda. A ideia é boa e o conto flui, mas parece faltar alguma coisa.

    O início descreve uma família como muitas, onde o jovem protagonista vive na casa dos sogros com a esposa e sua filha. Ele mostra através de ações o quanto ama a filha e a esposa e deixa claro que tem como sonho ser alguém para elas. Mas de alguma forma não me gerou empatia.

    O encontro com o pai no carro e a perseguição que se seguiu foram para mim o ponto alto, assim como o final. No mais o conto ficou muito lento e sem um choque maior necessário para um conto de terror.

    Tema (1,0)

    Não deixa de ser uma história de terror, mas um ritmo lento e sem um choque maior necessário para um conto desses.

    Construção (1,5)

    O conto apresenta uma boa construção, iniciando de forma lenta e crescendo aos poucos, mas o ponto alto ocorre no meio, com a perseguição ao carro, e não no final, que retoma de certa forma o ritmo do início do conto, mais lento.

    Os sinais da transformação que aparecem ao fim são extremamente previsíveis.

    Impacto (1,0)

    Infelizmente o impacto foi pouco. Um conto que parece escrito dentro de uma zona de conforto e que não traz nenhuma cena ou frase realmente memorável.

    • Luis Fernando Amancio
      31 de março de 2025
      Avatar de Luis Fernando Amancio

      Olá, Fabiano,

      Um dos aprendizados possíveis no EntreContos é descobrir que, por mais que você se esforce, vai encontrar leitores que não serão fisgados pelo seu estilo. É uma situação em que a entrega do autor e a expectativa do leitor caminham em planos opostos. E tudo bem.

      Obrigado pela leitura e pelo comentário.

      Um abraço!

  18. toniluismc
    17 de março de 2025
    Avatar de toniluismc

    Embora o conto tenha uma premissa relativamente comum no gênero de terror, o grande destaque está na execução técnica, que eleva o impacto emocional e cria uma experiência literária rica e envolvente. O cuidado com o desenvolvimento dos personagens, a tensão crescente, e as cenas intensas de terror contribuem para que o texto se sobressaia mesmo utilizando elementos familiares.

    Confesso que fiquei meio cético no início, mas depois até gostei do “clichê” lobisômico xD

    Parabéns pela construção!

    • Luis Fernando Amancio
      31 de março de 2025
      Avatar de Luis Fernando Amancio

      Olá, Toni,

      Obrigado pela leitura e pelo comentário. Fico feliz por ter feito você gostar do “clichê” lobisômico.

      Um abraço!

  19. Afonso Luiz Pereira
    14 de março de 2025
    Avatar de Afonso Luiz Pereira

    Oi, Francis James! Para início de análise, destaco dois aspectos interessantes do seu conto:

    O primeiro é a ótima imersão que você imprime na rotina do jovem casal, especialmente nas cenas do dia a dia de Hugo. Desde os pequenos gestos matinais até a forma como ele encara o trabalho como motorista de aplicativo, tudo é tão comum e fácil de se identificar que fiquei curioso para saber qual seria o elemento de terror inserido ali.

    O segundo aspecto é a ousadia de abordar um tema pra lá de batido no gênero: lobisomens. Criar algo original com essa criatura icônica, sem recorrer ao banho de sangue e cenas viscerais clássicas, é um desafio. No entanto, você conseguiu dar um novo enfoque, afastando-se do clichê de carnificina e explorando o drama pessoal de um homem comum (marido solícito, pai de uma menina fofa, motorista de Uber, alguém preso na normalidade crua da vida moderna). Aqui, o lobisomem não é o protagonista, mas sim o coadjuvante, uma sombra que paira sobre Hugo, algo que ele pode se tornar a qualquer momento. Achei essa abordagem bastante interessante.

    A tua escrita é fluida, envolvente e agradável, o que torna o conto muito bom de ler. Como mencionei, há uma ótima imersão na vida cotidiana, mas isso também traz algumas passagens que, na minha visão, poderiam ser melhor trabalhadas caso você decida revisitar e refinar o texto. Por exemplo, quando o pai de Hugo abandona o carro e foge mato adentro, Hugo fica parado, ruminando a ideia no meio da estrada. De repente, escurece e, logo em seguida, a perseguição do lobisomem começa. A transição da cena foi muito rápida, quase abrupta. Talvez um desenvolvimento maior da tensão antes do ataque ajudasse a fortalecer esse momento crucial da narrativa.

    No geral, gostei do conto, não pela figura do lobisomem, por que sobre esta já li uma infinidade de histórias, mas sim pela abordagem menos óbvia do tema. Um diferencial importante. Parabéns pelo texto!

    • Luis Fernando Amancio
      31 de março de 2025
      Avatar de Luis Fernando Amancio

      Olá, Afonso,

      Obrigado pela leitura e pelo comentário. Fico feliz em saber que a leitura foi uma experiência agradável para você. Sua sugestão foi interessante, refinar alguns pontos é sempre necessário.

      Um abraço,

  20. Leandro Vasconcelos
    13 de março de 2025
    Avatar de Leandro Vasconcelos

    Opa! Gostei deste conto! Uma narrativa ágil sobre um tema clássico de estórias de terror: lobisomens. Particularmente muito me atraiu essa versão “realismo fantástico”. O cara está na sua vidinha de brasileiro médio quando algo extraordinário irrompe, e ele logo descobre que tem a ver com sua hereditariedade. Essa progressão, do cotidiano medíocre para o fantástico, foi realmente bem construída e trouxe interesse imediato ao leitor, sobretudo por causa da mudança brusca de ares. Afinal, até a metade do texto, esperávamos que algo fosse ocorrer, talvez cômico, talvez trágico, talvez um drama relacionado à família, mas nada como o encontro na estrada.

    A partir daí, a narrativa seguiu boa, mas eu admito que esperava mais. O mistério e suspense diminuíram, e não houve mais mudanças bruscas. Tudo bem. A grande crise do roteiro já tinha passado. Mas, apenas uma sugestão, talvez fosse bom explorar o impacto dessa condição de lobisomem na vida do sujeito, quiçá gerando grandes transformações em sua vida. Sei lá, um susto nos crápulas da família da esposa hehehe… Enfim, de todo modo, também gostei do final aberto e misterioso.

    No mais, a forma utilizada é boa. A leitura é muito fluida. A linguagem é direta, informal, e casa bem com uma narração em primeira pessoa de um brasileiro do Século XXI. Algumas passagens soaram como clichês, (silêncio ensurdecedor, ar pesado etc.), mas tudo ok. Foi uma leitura muito aprazível.

    Uma pergunta: você, autor, é mineiro? Porque a ambientação me remeteu a Belo Horizonte. O cara mergulhando numa cratera de mineração e tomando a rodovia para o aeroporto me rendeu comparações à capital mineira. O sujeito ainda tem um cachorro chamado Hulk! Kkkkk… só para esclarecer, sou galo.

    É isto. Um abraço!

    • Luis Fernando Amancio
      31 de março de 2025
      Avatar de Luis Fernando Amancio

      Oi, Leandro,

      Obrigado pela leitura e pelo comentário. Fico feliz em saber que a leitura, no geral, foi agradável para você. E é bem interessante ver esses apontamentos feitos. De fato, dava para tomar outros rumos no enredo. Durante a escrita, foi o caminho que escolhi seguir, mas quem sabe o texto não reencarna numa nova versão?

      Esses clichês que você observou, de fato, foram um deslize. Costumo riscar alguns na revisão, esses vícios de linguagem que a gente comete. Mas alguns passaram.

      Caramba, então entreguei a minha localização? Moro em BH, você está certo.

      Um abraço!

  21. José Leonardo
    13 de março de 2025
    Avatar de José Leonardo

    Olá, Francis J. Wilkins.

    Tendo em vista as minhas limitações técnicas para apreciar melhor o seu conto e de modo a tentar esquentar meus comentários que acho um tanto insossos, decidi convocar, por meio de um ritual de fervura de miojo de tomate com leite coalhado e digitação de Zerinho-um no MS-DOS, a FRIACA® (Falsa Ruiva Inteligente Auxiliar para Comentários e Avaliações) para me ajudar nessa bela empreitada e proporcionar a melhor avaliação possível acerca do seu texto (dentro da minha perspectiva de leitor).

    FRIACA: Do que se trata o conto?

    R.: O tema da maldição hereditária, onde o filho teme se tornar um lobisomem tal qual seu pai (que retornou após muitos anos de abandono). Contudo, o tema que mais domina, a meu ver, é o das dificuldades cotidianas de se manter uma família, bem como de se conviver com pessoas que parecem permanentemente decepcionadas conosco. 

    Em suma, são duas maldições hereditárias: a sobrenatural (da fera assassina) e a comportamental/social (dificuldades cotidianas e pais que abandonam suas famílias).

    FRIACA: Como você vê a narração, o estilo, a estrutura, a técnica?

    R.: Francis, sua prosa é excelente. Os diálogos são muito bons e o ambiente de privações e sentimento de decepção familiar “grita” nas entrelinhas gerando um subtexto interessante e que dá a falsa aparência de não ter relação com o tema do horror sobrenatural, mas que com ele se enlaça de certo modo (se pensarmos nos desdobramentos posteriores do conto: a perseguição da fera e revelação de sua identidade).

    FRIACA: E quanto à adequação ao tema, à criatividade e ao impacto?

    R.: Adequa-se ao terror/horror pelo perigo iminente também, além das cenas lobisômicas. É o tipo de conto que prende nossa atenção pela forma como é narrado, de modo a proporcionar ao leitor alguma sinestesia ou impacto (colocar-se no lugar do protagonista narrador, por exemplo). A sutileza de sua rejeição perante a mulher e os pais dela é o elemento mais comovente do conto. 

    FRIACA: Indo um pouco mais a fundo nesse particular e apesar do aspecto subjetivo do que a história pode causar no leitor, é um conto para dar risadas ou aterrorizar-se?

    R.: É um conto mais para se angustiar do que se atemorizar, creio eu, posto que o elemento da angústia (por parte do leitor em face do protagonista e por parte deste em face de um porvir terrível que parece inevitável) segue em via dupla: a licantropia e a situação precária/dificultosa de seu dia-a-dia e familiar. Esse, sim, é seu terror.

    FRIACA: Qual sua posição final sobre esse conto, inclusive sobre a nota?

    R.: É um ótimo conto, Francis, valendo-me do conjunto de todos os elementos que descrevi acima (desenvolvimento do tema, subtexto, tensão familiar e sobrenatural, prosa beirando o impecável). Nota: 4,4.

    Parabéns pela estória e boa sorte neste desafio.

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Publicado às 9 de março de 2025 por em Liga 2025 - 1A, Liga 2025 - Rodada 1 e marcado .