EntreContos

Detox Literário.

Colecionadora de Migalhas (Antonio Luis Mendes)

Um mar de rostos ansiosos preenchia o auditório, suas vozes misturando-se num zumbido contínuo de murmúrios excitados. Flashes disparavam, iluminando brevemente o palco onde ele estava. César. O escritor do momento. Um mestre de cerimônias conduzindo sua plateia com a precisão de um hipnotizador.

— No fundo, todos nós escondemos monstros — disse, com um meio sorriso enigmático. A plateia reagiu com um burburinho de aprovação.

Serena, na primeira fila, segurava o livro contra o peito, absorvendo cada nuance dele. Não apenas as palavras, mas o modo como ele falava. A maneira como inclinava a cabeça ao ouvir uma pergunta, o jeito calculado de movimentar as mãos. Ele era magnético. E ela era a única que via além da superfície. Ele não sabia disso ainda, mas em breve saberia.

A entrevistadora lançou um desafio:

— Você escreve mulheres com uma precisão impressionante. Como consegue entender tão bem a mente feminina?

O sorriso de César se alargou. Ele adorava esse tipo de pergunta. Fez uma pausa, deixando o suspense pairar no ar, e então respondeu:

— Eu observo. Os gestos, os olhares… Uma conversa basta para eu compreender qualquer mulher.

O desafio foi lançado.

— Provaria isso agora? Descobrir o sonho de alguém?

Os olhos de César deslizaram pela plateia, um predador escolhendo a presa. Pararam em Serena.

— Você — disse, apontando para ela. — Qual é o seu maior sonho?

O ar ficou denso. O coração de Serena martelava, mas a mente trabalhava rápido. Ele a havia escolhido.

Serena umedeceu os lábios, segurou firme o microfone que lhe estenderam e forçou a voz a sair firme.

— Já estou realizando — respondeu. — Estar aqui. Vendo você. Falando com você.

Um brilho curioso nos olhos de César. Ele se inclinou para frente.

— Este momento é especial para mim. Muito especial. Mas eu sei que o melhor ainda está por vir.

César arqueou as sobrancelhas, surpreso. Intrigado. A plateia murmurava. Ele se recostou, relaxado. Havia algo ali.

— Para mim também.

E então, estendeu a mão. Serena sentiu um arrepio atravessar seu corpo quando os dedos dele tocaram os seus. O toque foi breve, mas preciso. Calculado. Um gesto que poderia parecer casual, mas que, para ela, foi uma confirmação.

A noite toda, Serena reviveu o momento. O peso da mão dele, o perfume amadeirado, a voz rouca. Não era um encontro casual. Era um jogo. E ela agora fazia parte.

Na fila de autógrafos, quando finalmente ficou frente a frente com ele novamente, Serena segurou o livro com as duas mãos, os olhos brilhando de expectativa.

— Eu faria qualquer coisa para ter mais uma conversa com você.

César sorriu de lado, movimentos lentos. Pegou a caneta, rabiscou o nome.

— Vou jantar no La Bella Vita esta noite. Se quiser aparecer… — A voz baixa, quase um sussurro.

As palavras foram ditas com a despreocupação de quem joga migalhas a um pombo. Mas Serena não era um pombo qualquer. Ela não apenas aceitava as migalhas. Para ela, aquilo não era um simples convite. Era uma senha. Uma promessa.

***

O La Bella Vita era um restaurante intimista. A música ambiente era discreta, um jazz suave que complementava o burburinho educado das conversas ao redor. Serena chegou cedo. Ocupou uma mesa estratégica, de onde podia observar a entrada. Quando César finalmente apareceu, elegante em um blazer casual, um arrepio percorreu sua espinha. Ele realmente viera. Era real.

Ele a viu, hesitou por uma fração de segundo — um tempo curto demais para qualquer um notar, mas não para ela. No instante seguinte, sorriu e caminhou até a mesa, sem pressa, como se o encontro fosse uma decisão espontânea e não algo cuidadosamente aguardado por ela durante horas.

— Você é pontual — ele comentou, sentando-se.

— Eu não queria perder a oportunidade.

César chamou o garçom. O pedido foi feito entre comentários triviais sobre vinhos e pratos. Serena decifrava cada gesto dele: a taça segurada pelo caule, o franzir da sobrancelha ao provar o vinho, os lábios se movendo. Um quebra-cabeça que só ela sabia montar.

— Você sempre faz isso? — ela perguntou, inclinando a cabeça. — Cria essa… conexão?

César riu, recostando-se, avaliando-a como um gato brincando com a presa.

— Eu só gosto de boas conversas.

Ela conteve um sorriso. Não era isso. Havia um jogo subentendido. Silêncios prolongados, dedos traçando círculos na borda da taça.

Serena espelhava os gestos dele, inconscientemente. Quando ele sorria, ela sorria. Sintonia. Tinham que estar.

— Você me observa muito — ele disse, semicerrando os olhos.

Ela piscou rápido. Tinha sido óbvia demais?

— Eu gosto de entender as pessoas — respondeu, sem hesitar. — E você… é fascinante.

César riu baixo, um som rouco que fez um arrepio subir pela nuca dela. O garçom apareceu com a conta, e ele deslizou o cartão de crédito sem olhar o valor. Um gesto simples, mas que Serena interpretou como uma confirmação de poder. De controle.

Ao se levantarem, ela esperou. Um convite velado. Um sinal.

— Foi interessante. Talvez a gente se veja por aí — ele disse, e saiu.

“Talvez a gente se veja por aí.” Um homem como ele não diria aquilo sem motivo. Ele queria que ela o encontrasse. Que ela continuasse o jogo.

E ela jogaria.

***

A primeira vez que a viu depois do jantar, na saída da academia, César não deu importância. Serena do outro lado da rua, encostada em um poste, celular na mão. Um aceno discreto quando seus olhos se cruzaram. Coincidência, pensou.

Depois, o café que ele frequentava às segundas. Ela a duas mesas, mexendo distraidamente na colher. Sorriso natural ao vê-lo. Dessa vez, um leve incômodo.

Em seguida, veio a livraria. César conversava com o gerente sobre o novo livro.

— Que coincidência! — exclamou Serena, olhos brilhantes.

Ele se virou, forçando um sorriso. Menos casual, mais… planejado.

— Parece que frequentamos os mesmos lugares — disse, medindo as palavras.

— Ou talvez seja o destino — ela respondeu, rindo baixo.

Ele ficou quieto.

Foi só quando ela começou a aparecer do lado de fora de sua academia em dias alternados que ele percebeu que algo estava errado. Certo dia, ao sair, viu Serena do outro lado da rua, olhando para ele com a expressão satisfeita de alguém que esperava exatamente por aquele momento. O desconforto se transformou em um frio na espinha.

No dia seguinte, ao abrir o Instagram, encontrou uma mensagem dela na caixa de entrada.

“Seu treino hoje foi intenso. Você parece muito focado quando está correndo na esteira. Acho admirável.”

Ele ficou imóvel, encarando as palavras por um longo tempo.

Como ela sabia? A academia tinha janelas de vidro fumê. Ele olhou ao redor do próprio apartamento, como se esperasse encontrá-la escondida em algum canto. Sentiu um gosto metálico na boca. Estava exagerando? Era apenas uma fã empolgada, certo?

A racionalização foi se tornando mais difícil nos dias seguintes. As mensagens se tornaram mais frequentes. Pequenos elogios, comentários enigmáticos. Ela falava sobre coisas que ele não se lembrava de ter contado a ninguém. Pequenos detalhes que só alguém muito atento notaria.

“Adoro a forma como você segura a caneta quando está assinando livros. Sempre com o polegar levemente inclinado. É como se estivesse assinando uma obra-prima.”

“Você franze a testa de um jeito sutil quando não gosta de alguma coisa. A maioria das pessoas não percebe, mas eu percebo.”

“Vi uma entrevista antiga sua e percebi que sua voz mudou um pouco ao longo dos anos. Mais grave agora. Você se ouve em gravações antigas?”

César passou a olhar por cima do ombro com mais frequência. A cada esquina, a cada restaurante, a cada evento. Era como se o mundo tivesse se tornado menor, os espaços mais claustrofóbicos. Em todos os lugares onde ia, Serena poderia estar. E, de alguma forma, ela sempre estava.

Mas o pior não era vê-la. O pior era o que ele sentia quando não a via. Uma sensação incômoda, uma dúvida constante. Estava realmente sozinho?

***

A noite começou como qualquer outra. Um jantar casual, vinho, conversas que César já estava acostumado a conduzir. Ele sabia exatamente o que dizer, quais histórias contar para manter a atenção fixa nele. O jogo da sedução era mecânico, repetitivo, mas sempre eficaz.

Desta vez, ele decidiu convidar Serena e ela absorvia cada palavra, cada pausa, como se estivesse decorando um roteiro. Seus olhos brilhavam de forma quase febril, e César percebeu, com um certo prazer, o efeito que tinha sobre ela. Não importava quantas vezes já tivesse passado por aquilo — a sensação de poder sempre o satisfazia.

O apartamento dele era um reflexo de sua personalidade: impecável, organizado, funcional. Paredes decoradas com prêmios e capas de seus próprios livros, como se fossem troféus de guerra. Quando Serena cruzou a porta, seu olhar deslizou por cada detalhe, mapeando o espaço com um fascínio reverente. Era ali que ele criava suas histórias. Era ali que ele existia de verdade.

— Você realmente gosta de se cercar de si mesmo — comentou ela, um meio sorriso nos lábios.

César riu, deslizando a mão pela lombada de um de seus livros expostos na prateleira.

— Alguém precisa me admirar constantemente.

Serena não riu. Apenas o observou.

O momento aconteceu de forma previsível. Um toque na cintura. Um olhar prolongado. O primeiro beijo veio com a suavidade calculada de César, movendo-se com a segurança de quem sabia exatamente o efeito que provocava. Mas havia algo na forma como Serena o beijava que o deixou inquieto.

Ela não estava apenas reagindo. Estava absorvendo.

Quando o empurrou contra a parede do corredor, seus dedos cravando-se na nuca dele, César ficou momentaneamente surpreso. Gostava de mulheres intensas, mas havia algo na maneira como ela o segurava, como se estivesse gravando cada detalhe daquela experiência em sua mente, que o fez hesitar por um segundo.

O segundo passou. Ele retomou o controle, conduzindo-a para o quarto com a naturalidade de sempre.

Para César, foi apenas mais uma noite. A mesma sequência de movimentos coreografados, os mesmos gestos, os mesmos sussurros que já havia repetido tantas vezes. Mas para Serena, aquilo era um rito de passagem. Uma cerimônia de ligação.

Ela o observou dormir, os traços do rosto suavizados pela inconsciência. Moveu-se lentamente, deslizando os dedos pelo peito dele com um toque delicado, quase religioso. Seu olhar continha uma mistura de posse e ternura, como se finalmente tivesse chegado a um destino que sempre soube que era inevitável.

Ele pertencia a ela agora.

Ao amanhecer, César despertou com a luz filtrada pelas cortinas e sentiu um peso ao seu lado. Virou-se e encontrou Serena acordada, olhando para ele com um sorriso tranquilo.

— Bom dia — disse ela, sem desviar o olhar.

César piscou algumas vezes, tentando ajustar-se à realidade. A intimidade do olhar dela incomodava. A maneira como Serena o fitava não era de uma amante satisfeita, mas de alguém que acabara de firmar um pacto.

Ele forçou um sorriso e passou a mão nos cabelos, sentindo um leve desconforto.

— Dormiu bem?

— Nunca me senti tão em casa — respondeu ela, deslizando os dedos pelo lençol como se estivesse acariciando algo precioso.

Algo se revirou no estômago dele.

Serena se inclinou e depositou um beijo lento em seu ombro antes de se levantar da cama. Pegou uma camisa dele que estava dobrada na poltrona, vestiu-a como se já fosse sua e saiu do quarto, murmurando algo sobre fazer café.

César permaneceu deitado por um instante, encarando o teto. Havia algo estranho na forma como ela agia. Um excesso de familiaridade. De certeza.

Balançou a cabeça, rindo de si mesmo. Bobagem. Era apenas o entusiasmo dela.

Ele só não sabia que, para Serena, aquilo não tinha sido apenas uma noite.

Tinha sido um começo.

***

Dias depois, lá estavam eles novamente em um grandioso evento de lançamento, como todos os de César. O salão iluminado, a fila de fãs segurando exemplares recém-adquiridos, os flashes capturando cada movimento dele. Serena observava da plateia, segurando seu livro contra o peito, o coração acelerado.

A cada nova obra, César sempre dizia que seus personagens eram baseados em observações do mundo real. Era o que o tornava um gênio. Ele via as pessoas além do que elas eram, além do que elas próprias podiam enxergar.

E, dessa vez, Serena sabia que ele havia visto ela.

Comprou o livro na entrada e ficou na fila do autógrafo, ansiosa para que ele lhe entregasse pessoalmente o que, para ela, seria a maior prova de conexão entre os dois. Quando finalmente chegou sua vez, César sorriu com a mesma expressão ensaiada de sempre e rabiscou seu nome na página de rosto.

— Aproveite a leitura — disse, deslizando o livro de volta para suas mãos sem olhá-la diretamente.

Serena saiu do salão e encontrou um café próximo. Seu corpo vibrava de antecipação. Escolheu um canto discreto, afastado do barulho, e abriu o livro.

As primeiras páginas passaram rápido. O protagonista era um escritor. Arrogante, brilhante, irresistível. César estava se descrevendo, e ela sorriu ao perceber. Era quase uma confissão.

Ela avançou um pouco mais. Então, encontrou ela.

Ou melhor, não ela, mas alguém como ela.

A personagem feminina da história. A fã devota. Alguém que se entregava completamente, que interpretava sinais como promessas. Serena não se incomodou com a representação. Sabia que César gostava de brincar com a realidade.

Mas então, conforme as páginas se acumulavam, a excitação deu lugar à dúvida. Algo estava errado.

Ela continuou lendo.

O chão pareceu ceder sob seus pés.

O sangue latejou em seus ouvidos.

O nome. A descrição. A dor.

A história de sua irmã.

Os detalhes estavam todos ali. A infância conturbada. O vício que a levou ao fundo do poço. O fim trágico, cruel, exposto para quem quisesse ler.

Seu estômago se revirou. O livro deslizou de suas mãos e caiu sobre a mesa com um baque seco.

Isso não estava acontecendo. Não podia estar acontecendo.

Ela leu e releu os parágrafos, buscando alguma diferença, alguma distorção que a convencesse de que não era real. Mas tudo estava lá, impresso e imortalizado para o deleite de leitores anônimos.

César sabia. Ele sabia o que aquela história significava para ela. O que ela havia confidenciado em um momento de vulnerabilidade, com lágrimas nos olhos e a voz embargada. E ele transformou aquilo em ficção.

Para vender.

Para entreter.

A visão se tornou turva.

As mãos dela tremiam ao pegar o livro novamente.

Os olhos voltaram à página, percorrendo as palavras como lâminas afiadas.

Ela precisava vê-lo.

Precisava falar com ele.

Agora.

***

No templo do ego de César, troféus de premiações literárias brilhavam sob a luz indireta, as estantes repletas de exemplares de suas próprias obras, as capas emolduradas como relíquias. O ambiente tinha um cheiro amadeirado, caro, sofisticado, mas para Serena, o aroma agora enjoava.

Ela estava ali há minutos, parada no centro da sala, o livro aberto em suas mãos, os olhos fixos nele.

César se recostou no sofá, despreocupado, um copo de uísque entre os dedos.

— Você está exagerando — disse, com um sorriso indulgente.

Serena piscou devagar, sentindo o estômago se revirar.

— Você usou a minha irmã. A minha história.

Ele girou o copo, observando o líquido dourado se mover lentamente.

— Todo escritor se inspira em algo. Você me contou a história dela, e eu sou um contador de histórias. O que esperava?

Serena apertou o livro contra o peito, como se aquilo pudesse conter o que borbulhava dentro dela.

— Eu esperava que você tivesse um mínimo de respeito.

César bufou, recostando-se ainda mais no sofá, os olhos carregados de tédio.

— Meu Deus, Serena. Você realmente acha que foi a única pessoa no mundo a passar por algo assim? Você se dá muito mais importância do que deveria.

O silêncio que se seguiu foi gélido.

Algo dentro dela se partiu.

O livro escorregou de suas mãos e caiu no chão com um baque surdo.

— Você… — A voz dela saiu baixa, quase um sussurro. — Você brincou comigo esse tempo todo, não foi?

César rolou os olhos.

— Brincar? Não seja ridícula. Você se ofereceu. Eu apenas aceitei.

Serena deu um passo à frente, o peito arfando.

— Você me fez acreditar que havia algo entre nós. Que eu significava alguma coisa para você.

Ele riu, um riso frio, impaciente.

— Você ouviu o que quis ouvir. Não posso ser responsável pelos delírios dos outros.

Foi nesse instante que Serena se moveu.

O tapa cortou o ar, estalando contra o rosto dele como um chicote. A cabeça de César virou de lado com o impacto, mas, para sua surpresa, ele riu.

— Você está mesmo surtando.

A frase foi como um fósforo lançado sobre gasolina.

Serena avançou.

César tentou segurá-la, mas ela se desvencilhou, empurrando-o contra a estante. O copo de uísque caiu, o líquido escorrendo pelo tapete.

— Você não tem ideia do que fez — sibilou ela.

César, já sem paciência, segurou seus pulsos com força, os olhos agora carregados de irritação.

— E você não tem ideia do quão patética está parecendo.

Serena se debateu, e no movimento desajeitado, César perdeu o equilíbrio. Seu corpo tombou para trás, os braços tentando se agarrar a algo, mas as prateleiras estavam repletas apenas de troféus afiados e robustos.

O tempo pareceu desacelerar quando seu corpo colidiu contra as estatuetas douradas. O barulho de metal perfurando carne ecoou pela sala.

Um som estranho saiu de sua garganta, um gorgolejo sufocado.

Serena ficou imóvel.

César piscou algumas vezes, seus olhos arregalados refletindo algo que ele nunca havia sentido antes: terror genuíno.

Ele tentou se mover, mas seus membros se tornaram fracos. Seu corpo deslizou para o chão, o sangue começando a se espalhar pelo carpete claro.

A sala mergulhou em um silêncio absoluto.

Serena olhou para ele. Olhou para a cena absurda diante de si.

E então, começou a rir.

Uma risada curta, trêmula, que logo se transformou em um som incontrolável, quase histérico.

No fim das contas, César finalmente se tornara parte de uma história digna de ser contada.

A dela.

Sobre Fabio Baptista

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39 comentários em “Colecionadora de Migalhas (Antonio Luis Mendes)

  1. Thales Soares
    29 de março de 2025
    Avatar de Thales Soares

    Considerações Gerais:

    Esse conto é um thriller psicológico interessante, com uma pegada atual (culto ao ego, manipulação emocional, fã obsessiva e escritor narcisista). A história é tensa, cheia de camadas, e prende o leitor até o final. A construção da Serena é muito bem feita: começa parecendo só uma fã apaixonada, e vira algo muito mais sinistro, como uma stalker. O César também é o típico babaca sedutor que acha que é o centro do universo, e que no fim vira vítima do próprio jogo.

    A escrita é bastante fluida e envolvente. Há uma boa dosagem da tensão, e o drama é elegante.

    O climax é bem amarrado, resultando num final satisfatório. A vingança não é só física, mas sim emocional, intelectual. Serena sai rindo, porque ela se torna a autora da “última história”.

    Os personagens são bem definidos e carismáticos. A Serena não é só uma maluca, e o César não é só um canalha. Os dois têm nuances. Isso é que torna as coisas interessantes aqui.

    ***

    Pedradas:

    O César é um pouco… previsível. Ele é tão babaca, tão narcisista, que em alguns momentos vira quase uma caricatura. Podia ter um momentinho de fraqueza ou humanidade só pra dar uma quebrada, e mostrar outra face dele.

    A revelação do livro podia vir mais rápido. A cena do café onde ela lê o livro e descobre que ele expôs a história da irmã é ótima, mas o suspense ali demora um pouquinho além da conta.

    “Ela continuou lendo.

    O chão pareceu ceder sob seus pés.

    O sangue latejou em seus ouvidos.

    O nome. A descrição. A dor.

    A história de sua irmã.”

    Esse excesso de linhas para escrever uma única ideia é o que me incomoda. Parece que o autor(a) está tentando fazer um drama exagerado. E aliás… outra coisa sobre essa cena… que irmã é essa, meu deus?! Em momento nenhum foi apresentada irmã alguma para o leitor, e de repente ela se torna um dos elementos chaves da história? Como assim?

    ***

    Conclusão:

    Esse conto começa com uma pegada meio Netflix, tipo o Bebê Rena. Serena vira uma stalker… mas aos poucos a história mostra que não é apenas isso, e que o conto possui uma identidade própria. A escrita é elegante, cheia de tensão, e personagens interessantes… mas em alguns momentos dá umas exageradas sem necessidade alguma, como naquelas partes em que uma frase é quebrada em diversas linhas. O final é apropriado, com uma virada dramática no estilo novela, com o César morrendo de uma forma divertida.

    • toniluismc
      30 de março de 2025
      Avatar de toniluismc

      Olá, Thales! muito obrigado pelo seu comentário detalhado e pelas observações tão ricas! Fico contente que você tenha apreciado o thriller psicológico, a tensão elegante e a construção dos personagens – é exatamente essa ambiguidade, onde Serena se transforma de fã apaixonada em uma stalker sinistra, e César, o narcisista sedutor, acaba vítima de seu próprio jogo, que eu quis explorar.

      Gostaria de esclarecer alguns pontos:

      Sobre o caráter dos personagens:

      Reconheço que César pode ter soado, em alguns momentos, previsível ou até caricatural. Minha intenção, contudo, foi justamente expor a face mais sombria do egocentrismo, que, para mim, é um retrato realista de certos traços humanos. A possibilidade de explorar um momento de fraqueza nele é uma sugestão válida e que certamente considerarei para aprofundar ainda mais a complexidade dele em futuras versões. Mas vale lembrar que, no universo que criei, a arrogância extrema de César é justamente o que o torna vulnerável, e essa fragilidade aparece de forma sutil, mesmo que nem sempre com a intensidade esperada.

      A revelação do livro e a cena do café:

      A crítica quanto à demora na revelação e ao excesso de fragmentação da narrativa nessa parte também é pertinente. Minha intenção era prolongar o suspense, mas entendo que a repetição de frases para transmitir a intensidade dos sentimentos pode ter soado exagerada. Quanto à história da irmã – essa era uma peça oculta da trama, que pretendia simbolizar os segredos dolorosos de Serena – a escolha de revelá-la tardiamente foi deliberada para provocar uma reviravolta. Reconheço que, se tivesse sido semeada de forma mais sutil no decorrer da narrativa, o impacto teria sido maior. É um ponto que certamente me faz repensar como distribuir melhor essas informações para evitar que pareçam surgir do nada.

      Final e impacto: Fico satisfeito que o final tenha sido considerado apropriado e que a virada dramática, com César morrendo de forma irônica, tenha agradado. Essa resolução, que mescla humor e tragédia, foi pensada para reforçar a ideia de que a vingança de Serena vai além do físico, atingindo o ego e a psique do escritor. Se, em alguns momentos, a narrativa pareceu “Netflix” ou inspirada em outros contos populares, é porque quis dialogar com um repertório cultural mais amplo, ressignificando esses elementos sob a minha própria perspectiva.

      Em resumo, agradeço muito pelas críticas construtivas. Elas me mostram onde posso aprimorar o equilíbrio e a coesão da narrativa sem sacrificar o estilo que me é tão característico. Continuarei explorando essas nuances para que, nas próximas obras, a tensão e a originalidade se mantenham sem excessos desnecessários.

      Abraços e obrigado pela contribuição!

  2. Pedro Paulo
    29 de março de 2025
    Avatar de Pedro Paulo

    COMENTÁRIO: O conto é muito bem escrito, com um equilíbrio perfeito entre os dois personagens apresentados, alternando entre os pontos de vista pelos quais acompanhamos a história e, por isso mesmo, a forma de narração e as descrições também mudam, trazendo das personalidades dos protagonistas para a própria estética do texto. Talento ou experiência, demonstra um excelente domínio da escrita literária. A construção do enredo também instiga, com uma tensão que cresce a cada vez que alternamos entre os personagens e ficamos nos questionando quem realmente está em perigo e o que, de fato, está ocorrendo. Ter essa dúvida contribuiu para o suspense de narrativa, deixando imprevisível o que ocorreria… e, talvez, por conta dessa expectativa eu achei o arremate aquém do conflito estabelecido, apesar de ser bastante sugestivo de despertar algo ainda mais perigoso na personagem, achei que poderia ter sido investido em algo mais catártico que tragasse o conto para o gênero de terror com o qual flerta, mas do qual eu não ache que aproveita todo o potencial de entregar algo mais aterrorizante. Não gosto de sugerir mudanças de trama, mas acredito que em certo ponto o leitor está convencido de que o sentimento de posse do personagem levará a algo drástico e violento (vide “Misery”, de King, ou o recente “Bebê Rena”), mas o atrito entre eles surge, na verdade, de ele se aproveitar dela. Não é inverossímil. Ele já estava situado como um homem de natureza predatória que está acostumado a usar as pessoas, então não foge do personagem agir dessa forma. Mas aquele momento em que ela o olha e o toma como pertencente a ela… dali, imaginei que esse senso de propriedade seria desafiado de alguma forma, motivo pelo qual achei o arremate menos impactante do que o conto me pareceu sugerir que seria. Ótimo conto, ainda assim.

    • toniluismc
      30 de março de 2025
      Avatar de toniluismc

      Olá, Pedro! obrigado pelo seu feedback tão detalhado!

      Fico contente que você tenha elogiado o equilíbrio entre os personagens e a alternância de pontos de vista – essa era uma escolha consciente para refletir as personalidades de César e Serena na própria estética do conto. Acredito que essa pluralidade enriquece a narrativa, e seu comentário confirma que essa estratégia foi bem recebida.

      Quanto ao arremate, entendo a sua crítica. A intenção foi justamente subverter a expectativa de um clímax violento e drástico, como os de “Misery” ou “Bebê Rena”. Em vez disso, optei por um final que enfatizasse a ambiguidade e a complexidade dos sentimentos de posse e manipulação, sem recorrer a uma explosão previsível de violência. Minha escolha de deixar o desfecho “menos impactante” faz parte de uma proposta de reflexão: o terror não está apenas na violência explícita, mas também na sutileza das relações e no desgaste emocional que elas provocam.

      A ideia de que o senso de propriedade de Serena poderia ser desafiado de forma mais catártica é uma sugestão válida e que certamente me faz repensar certas possibilidades. Contudo, minha intenção foi justamente manter essa tensão ambígua até o final, mostrando que, na vida real, nem tudo se resolve com um ato extremo e imediato – às vezes, a insanidade e a manipulação se manifestam de maneira insidiosa.

      Agradeço novamente por suas críticas construtivas. Comentários como o seu me ajudam a explorar novas abordagens sem abrir mão da minha intenção original, e espero poder surpreender ainda mais em futuras obras.

      Abraços!

  3. Luis Fernando Amancio
    28 de março de 2025
    Avatar de Luis Fernando Amancio

    Olá, Sibila Noire,

    Seu conto nos oferece algumas reviravoltas. No princípio, tendemos a achar que o escritor/ palestrante (César), por sua posição de poder, será um “predador”. Em seguida, a fã (Serena) se torna uma stalker e tememos que sua obsessão dará o tom do terror. Por fim, César se mostra mesmo um canalha, publica um livro expondo uma história íntima da fã (de sua irmã, pra ser mais preciso) e temos o desfecho com homicídio.

    No início, senti um tom meio de “hot” no seu conto. Na forma como ocorre o flerte entre os dois, nas descrições – cheiro “amadeirado” é coisa de romance hot, foi mal. Mas falta “calor” na sua escrita.

    O conto se desenvolve de forma adequada. Apesar de ter duas reviravoltas, pelo menos, acho que o tom empregado acaba não surpreendendo o leitor. É tudo muito óbvio, tudo descrito, sem margem para interpretações. Isso tira um pouco a força potencial do conto. A história da irmã, da qual só ficamos sabendo quando é publicada, também é um desperdício de impacto. Se a gente soubesse antes que havia troca de confidencialidades entre o casal, talvez um parágrafo dizendo que Serena se sentia tão bem com César que se sentia à vontade para recuperar histórias que ainda a machucavam, faria mais sentido a fúria assassina dos últimos parágrafos.

    Parabéns pelo conto e boa sorte no desafio!

    • toniluismc
      30 de março de 2025
      Avatar de toniluismc

      Olá, Luis!

      obrigado pelo seu comentário detalhado.Fico contente que você tenha notado as reviravoltas e o jogo de expectativas entre César e Serena – essa alternância de papéis é uma escolha deliberada. Quanto ao tom “hot” e à descrição “amadeirada”, esses elementos foram intencionais para construir uma atmosfera ambígua, mesclando o sedutor e o perturbador. Se para você faltou “calor”, é justamente para que a narrativa mantenha essa distância irônica, revelando aos poucos as verdadeiras intenções dos personagens.

      Sobre a previsibilidade das reviravoltas, minha proposta foi justamente subverter o que se espera de um predador e de uma stalker, transformando a relação em algo ainda mais trágico e ambíguo. A história da irmã – embora revelada de forma tardia – foi planejada para funcionar como um choque, um elemento que, se insinuado de maneira mais sutil no início, poderia ter intensificado o impacto. No entanto, a escolha de trazê-la apenas no momento da publicação do livro, para expor César como um canalha, foi feita para reforçar a crítica à exploração e à manipulação emocional.

      Reconheço que o final pode ter parecido “óbvio” para alguns, mas a intenção era justamente deixar claro, sem rodeios, a natureza corrosiva do ego e da ambição de César, e como essa dinâmica destrói a intimidade. Acredito que essa clareza faz parte do tom que optei – um tom que não deixa margem para muitas interpretações, mas que, ao mesmo tempo, reflete a realidade fria das relações de poder.

      Agradeço por apontar essas questões, e levo em conta suas sugestões para explorar de forma mais sutil (ou intensificar) os elementos que faltaram. Continuarei trabalhando para que minhas narrativas consigam surpreender ainda mais, sem sacrificar a intenção crítica e irônica que sempre busquei.

      Abraços e obrigado pela participação no desafio!

  4. danielreis1973
    27 de março de 2025
    Avatar de danielreis1973

    Comentário inicial (válido para todos os contos):
    Prezados participantes: este meu comentário NÃO É UMA CRITÍCA, É A MINHA IMPRESSÃO PESSOAL sobre o seu conto – e não é sobre você, como escritor ou ser humano!  Espero que os comentários possam ajudá-lo a aprimorar sua história ou sua escrita, num sentido mais amplo. Outra coisa é que não está sendo fácil é comparar os contos participantes, já que apesar do desafio estar  restrido a DOIS TEMAS (que inclusive tem fronteiras tênues, e às vezes se misturam entre si, em diferentes proporções), as diferenças dos gêneros literários escolhidos pelos participantes tornam muito difícil dar um valor absoluto entre os contos, quando colocados lado a lado. Então, o melhor humor não tem o mesmo efeito que o melhor terror, e um terror com elementos realistas pode ter um efeito mais impactante para mim que um horror com elementos de fantasia ou ficção científica – por isso, digo que é MINHA IMPRESSÃO, ok? As notas não representam “média para aprovação”, mas O EFEITO FINAL que me causaram.

    Dito isso, vamos ao:

    COMENTÁRIO ESPECIFICO:

    LOGLINE: Um jogo de sedução entre um palestrante cafajeste e uma fã obstinada que evolui para um ato vingativo e impulsivo dela.

    TEMA ESCOLHIDO: Hot+Policial. 0% humor, 0% terror. Infelizmente, não se encaixa no desafio.

    PREMISSA: Partindo da atração e aproximação entre um magnético palestrante/escritor e uma fã, da qual ele se aproveita para se “inspirar” nas histórias por ela contada, o conto conduz à óbvia “atração fatal” e ao desenlace ao estilo “Misery”.

    TÉCNICA E ESTILO: olha, quero muito elogiar a construção das cenas, das frases e dos personagens. Tudo muito certo, bem ao estilo 50 Tons no approach, mas… infelizmente, é um texto que parece já existir antes e ter sido aproveitado para ingressar no desafio, não criado a partir dele. Isso, com certeza, apagou muito o brilho e o mérito que com certeza a história poderia ter. E, sinceramente, a linguagem e os maneirismos dessa literatura hot são bem desinteressantes para mim.

    EFEITO FINAL: nada bom. Infelizmente, a escolha do texto fora dos parâmetros propostos invalida os méritos inegáveis da escrita.

    • toniluismc
      30 de março de 2025
      Avatar de toniluismc

      Olá, Daniel!

      Agradeço pelo seu feedback, mas preciso discordar de alguns pontos levantados.

      Primeiramente, a escolha do tema – um jogo de sedução entre um palestrante cafajeste e uma fã obstinada que evolui para um ato vingativo – foi uma decisão deliberada, não uma tentativa de imitar fórmulas já existentes. Minha intenção nunca foi criar um “texto hot-policial” convencional, mas explorar as nuances do poder, da manipulação e da ambiguidade emocional que permeiam essas relações. Se o conto não se encaixa exatamente nos rótulos de terror ou comédia propostos pelo desafio, é justamente para desafiar essas fronteiras e provocar uma reflexão que vai além do esperado.

      Quanto à premissa, a inspiração em obras como “Misery” serve apenas como um ponto de partida para um desfecho que, embora tenha surpreendido alguns, foi planejado para subverter as expectativas. A ideia de “atração fatal” e a reviravolta que revela a manipulação de César não foram escolhas acidentais – elas fazem parte da crítica à idolatria e à superficialidade que permeiam essas relações de poder.

      Em relação à técnica e estilo, agradeço pelo reconhecimento da construção das cenas e dos personagens. O que você classificou como “já existente” ou “desinteressante” na linguagem hot é justamente uma referência intertextual consciente, que dialoga com um repertório conhecido para criar um contraponto entre o esperado e o vivido pelos personagens. Se essa aproximação não agradou, lamento, mas acredito que ela contribui para a identidade do conto, ressignificando clichês de forma irônica.

      Por fim, a afirmação de que a escolha do texto fora dos parâmetros propostos “invalida os méritos inegáveis da escrita” ignora o fato de que a proposta do desafio era justamente explorar as fronteiras tênues entre gêneros. Meu conto se propôs a transgredir essas fronteiras, e, ao fazê-lo, trouxe à tona questões que considero relevantes, mesmo que não se encaixem perfeitamente em um rótulo único.

      Respeito sua opinião, mas defendo que minha intenção foi provocar uma experiência diferente, que desafia convenções e estimula o leitor a repensar temas familiares sob uma nova perspectiva.

      Obrigado por sua contribuição e pelo tempo dedicado à leitura. Abraço!

  5. Mauro Dillmann
    26 de março de 2025
    Avatar de Mauro Dillmann

    Um conto bem escrito.

    Narra as relações entre o escritor César e a fã apaixonada, Serena. Os personagens têm complexidade. Foi bem pensado.

    Me lembrou a série “Bebê Rena” e também todas as notícias que, há tempos, circulam sobre a obra de Ricardo Lísias.

    O conto muda de rota e a reta final, me parece, ficou desconectada do restante da história. A cena da possível morte foi tão inverossímil. Uma história sutil, boa de ler, mas sem horror e sem comédia.

    Parabéns!

    • toniluismc
      30 de março de 2025
      Avatar de toniluismc

      Olá, Mauro!

      obrigado pelo feedback e pelos elogios à escrita e à complexidade dos personagens. Fico contente que tenha notado o cuidado na construção da relação entre César e Serena e que as referências (como “Bebê Rena” e as notícias sobre Ricardo Lísias) tenham soado pertinentes.

      Quanto à reta final, preciso esclarecer que a mudança de rota foi uma escolha deliberada. A intenção era justamente desafiar as expectativas do leitor – não entregar um final previsível ou encaixado nos gêneros convencionais de terror ou comédia, mas sim deixar uma marca ambígua. A cena da possível morte, embora possa parecer inverossímil para alguns, foi pensada para refletir a própria natureza efêmera e desconexa das relações e da fama. Ao invés de buscar um clímax tradicional, optei por um desfecho sutil que convida à reflexão.

      Entendo que essa abordagem possa não agradar a todos, mas acredito que ela reforça a identidade do conto, que sempre teve a intenção de subverter rótulos e criar uma narrativa que se distancia dos clichês. Agradeço por reconhecer os méritos da história, mesmo que o final não tenha correspondido exatamente às expectativas de horror ou comédia.

      Obrigado novamente pelo seu comentário – ele é valioso para meu processo criativo.Abraços.

  6. Amanda Gomez
    25 de março de 2025
    Avatar de Amanda Gomez

    Oi, bem?

    Seu conto entretém. Começo falando isso porque os últimos que li foram bem difíceis de continuar, tanto pela escrita quanto pela história, então chegar num que fluiu muito bem, sem entraves, é muito satisfatório.

    Vamos a ele. O conto brinca com essa questão de perspectiva. Quando terminei de ler, não imaginava esse final quando começou. Acho difícil não fazer uma comparação com a série Bebê Rena, sobre a stalker perseguidora. Essa parte foi a que mais gostei no conto. Mas ela foi interrompida abruptamente — tanto que até voltei à leitura pra ver se tinha deixado passar alguma coisa. Num momento ele estava assustado com a perseguição, no outro estavam jantando… Fiquei sem saber como chegaram até ali.

    Depois disso, o conto ganhou esse ar de mistério do tipo “quem vai matar quem?”, porque claramente são dois personagens perturbados. Confesso que não gostei muito da resolução de tudo isso. Gerou algumas quebras de expectativa. A cena da morte dele é fraca… Achei um desperdício. É um desafio de terror, e acho que o autor ficou com receio de pôr isso no texto. Está suave… Eu até entendi como uma comédia em algumas partes do texto.

    A tensão no começo foi ótima. Os diálogos. Você escreve bem essas cenas mais “cinematográficas”, que dá pra imaginar direitinho. Mas, no quesito tema, achei que o conto deixou a desejar. Uma morte acidental? Do nada aparece uma história de uma irmã morta, que o leitor desconhecia. Aliás, nem sabemos essa história — ficou subentendida entre os personagens.

    Enfim, um texto com uma leitura fácil, mas que peca na execução, na minha opinião. No mais, tem elementos bem interessantes. Se focado neles, ficaria uma história bem mais redonda.

    Parabéns pela participação. Boa sorte no desafio

    • toniluismc
      30 de março de 2025
      Avatar de toniluismc

      Olá, Amanda!

      obrigado pelo feedback. Fico contente que tenha achado a leitura fluida e os diálogos cinematográficos, e que a parte inicial, repleta de tensão, tenha te envolvido.

      Gostaria de esclarecer alguns pontos em resposta:

      1. Sobre a transição abrupta e o final “suave”

      Minha intenção era justamente subverter expectativas. O salto de uma perseguição intensa para uma cena de jantar não foi um descuido, mas uma escolha deliberada para criar uma dualidade ambígua – onde o terror psicológico se mistura a um certo tom de dark romance e ironia. Se, para você, essa transição pareceu desconexa, é porque minha proposta era justamente desafiar a linearidade das expectativas e deixar o leitor questionando a própria natureza do relacionamento entre os personagens.

      2. Quanto à revelação da história da irmã

      A introdução tardia desse elemento foi pensada para servir como uma “arma de Tchekov”, que emergisse exatamente no momento em que o enredo precisasse de uma reviravolta. Ao invés de ser um detalhe solto, ele é subentendido como parte do passado trágico de Serena – um fardo que a assombra e que, em última análise, molda sua relação com César. Entendo que talvez não tenha sido explorado com a profundidade desejada para alguns leitores, mas foi uma escolha intencional para manter a ambiguidade e o mistério.

      3. Sobre a resolução e a morte de César

      A cena final, que você considerou fraca, foi uma tentativa de fechar o conto com ironia – uma morte “acidental” que, longe de ser um clímax tradicional de terror, reflete a banalidade trágica da vida e da manipulação. César não foi simplesmente uma vítima, mas o arquétipo do escritor narcisista que se autossabota, e esse final, por mais sutil que possa parecer, é uma crítica à superficialidade das relações e da própria idolatria. Se isso soou “suave”, é porque o conto se propõe a misturar o terror com pitadas de humor ácido e dark romance, sem recorrer a grandiosas explosões de violência.

      Em resumo, as escolhas estruturais e narrativas foram deliberadas para desafiar convenções e provocar reflexões – nem tudo precisa ser um terror explícito ou uma comédia exagerada; o objetivo foi explorar as nuances do suspense, da ambiguidade emocional e da crítica social. Agradeço pelo seu olhar atento e pelas sugestões, que, sem dúvida, me ajudarão a refinar minhas ideias sem abrir mão da originalidade que procuro transmitir.

      Abraços!

  7. Marco Saraiva
    24 de março de 2025
    Avatar de Marco Saraiva

    É uma história completa, escrita de uma forma bastante agradável, de leitura fácil. Enfatizo a parte de ser “completa” por que vejo muitos contos neste site que são apenas uma “parte de algo maior”. Muita gente aqui escreve conto que não é bem conto (eu mesmo já fui culpado disto muitas vezes). Mas aqui a história é autossuficiente, o que é sempre bom de ver.

    Porém, não é muito satisfatória. Achei a narrativa um pouco arrastada e previsível. O clímax – essa ideia de que alguém tropeça e morre – nunca me agradou muito. Não é culpa de ninguém, nada fica mesmo resolvido. César, como personagem, é um pouco mutável ao meu ver. Ele inicialmente me parece genuíno, e eu estava interessado em saber como ele lidaria com o comportamento obviamente stalker de Serena. Mas então ele resolve… trazer ela para a vida dele? Aceitar a mulher que está tão obcecada por ele que até o assustava? Estranho. Então subitamente ficamos sabendo da história da irmã de Serena, que apesar de nunca ter sido contada antes, é crucial na trama. A irmã dela só é citada quando necessária no enredo. Um fato assim tão importante, ao meu ver, deveria ter sido citado anteriormente, como uma espécie de arma de tchekov. Se estivesse lá, no cantinho da mente do leitor, na hora da revelação, o leitor soltaria uma expressão satisfatória e tudo faria sentido. Mas assim, como foi feito, pareceu aleatório demais.

    Enfim, é uma história que zela pela boa leitura e pela boa escrita, mas peca um pouco na estrutura e nas escolhas de enredo.

    • toniluismc
      30 de março de 2025
      Avatar de toniluismc

      Olá, Marco!

      obrigado pelo seu feedback. Fico contente que tenha reconhecido que o conto é autossuficiente e de boa leitura – esse era um dos meus objetivos. Entretanto, preciso apontar alguns aspectos que parecem ter sido mal interpretados.

      Sobre a narrativa ser “arrastada e previsível”, a intenção era criar uma progressão que, mesmo que suave, mantenha o leitor imerso no cotidiano de César e no desenvolvimento gradual de sua ambiguidade. O clímax com o tropeço e a morte não foi concebido para ser um final espetacular, mas sim uma reviravolta irônica que subverte a expectativa de uma resolução grandiosa. A ideia era justamente mostrar que nada se resolve de forma espetacular, refletindo a banalidade trágica da própria existência.

      Quanto a César ser “mutável” – é exatamente essa ambiguidade que queria explorar: a contradição entre sua imagem de escritor seguro e a facilidade com que se deixa envolver por uma fã tão obsessiva, demonstrando como o poder da idealização pode desestabilizar até os mais arrogantes. Essa mudança, longe de ser um erro, é uma crítica à fragilidade do ego e à superficialidade das relações de poder na cultura contemporânea.

      A introdução tardia da história da irmã de Serena foi uma escolha deliberada para intensificar o efeito surpresa – um recurso que, inspirado em Tchekov, buscava justamente deixar essa “arma” oculta até o momento exato para revirar o enredo. Se para você parece aleatório, é porque o que eu quis transmitir é que há sempre aspectos ocultos na história dos personagens, e essa revelação abrupta reflete a própria natureza fragmentada de suas vidas.

      Em resumo, aprecio o reconhecimento da boa leitura e escrita, mas defendo que as escolhas estruturais e de enredo foram feitas com a intenção de criar um clima sutil e irônico, que se afasta do convencional. A narrativa pode parecer previsível para quem espera resoluções espetaculares, mas o propósito foi justamente mostrar a incongruência da vida – onde nada se resolve como planejado, e até a tragédia é banal.

      Agradeço novamente pelo seu comentário e espero que, ao refletir sobre essas intenções, você possa compreender melhor as nuances que tentei imprimir no conto. Abraços.

      • Marco Saraiva
        30 de março de 2025
        Avatar de Marco Saraiva

        Olá!

        Desculpa se pareci um pouco direto demais no meu comentário. Estive relendo alguns dos meus comentários e, sinceramente, acho que fui raso demais em algumas das minhas avaliações. Vou tentar melhorar para os próximos desafios.

        Entendi os seus pontos! Apesar de discordar da maioria. Só que, ao meu ver, literatura tem muito disso: pouca regra, muito estilo. Ao meu ver, a história da irmã de Serena veio súbita demais, quase como um deus ex-machina. Foi o que eu senti quando li, mas não necessariamente é o certo ou errado. É o que eu chamo de “ver a mão do autor”. Senti como se você, como autor, precisasse de uma motivação extra ali e, por isso, contou a história da irmã de Serena. É mais ou menos aquela historinha das crianças brincando de polícia e ladrão:

        “Bang! Eu atirei primeiro, você perdeu!”
        “Não perdi não por que, na verdade, eu tinha um escudo o tempo todo!”, e o amiguinho fica pensando “mas de onde diabos veio esse escudo que eu não tinha ouvido falar antes?”

        Mas é o meu sentimento e o meu ponto de vista. Tem muita coisa que eu faço nos meus contos que a galera do EC odeia também, mas eu amo e continuo defendendo. Mas eu tenho que basear as minhas avaliações aqui em alguma coisa, e escolho avaliar baseado nas minhas definições de “boa técnica”.

        De qualquer forma, obrigado por ter respondido o meu comentário. Gosto de conversas assim, e gosto de entender melhor os outros autores!

  8. claudiaangst
    23 de março de 2025
    Avatar de claudiaangst

    Para este desafio, utilizarei o sistema de avaliação TERRORIR:

    T(ítulo) — COLECIONADORA DE MIGALHAS — Um texto do tipo autoajuda para mulheres que se contentam com pouco?

    E(nquadramento ao tema) — Há um toque leve de terror lá pelo final do conto, mas será o suficiente? 😧

    R(azão de gostar do conto) — O(A) autor(a) soube conduzir bem a narrativa mantendo o suspense da trama.

    R(evisão) — Recomendo uma releitura para sanar alguns lapsos:

    – finalmente/novamente > repetição muito próxima do sufixo -MENTE

    – Serena sabia que ele havia visto ela. > Serena sabia que ele a havia visto.

    – Então, encontrou ela. > Então a encontrou.

    O(utras questões técnicas) — Parágrafos curtos e diálogos inseridos na narrativa agilizam a leitura.

    R(azão de desgostar do conto) — Acredito que faltou profundidade aos personagens para que o(a) leitor(a) se familiarize com os seus dramas. Achei meio forçada a introdução do tema terror. 💥

    I(ntesidade da narrativa) — O final parece apresentar maior intensidade, na tentativa de criar um clima de terror. 🩸

    R(esumo da ópera) — Um conto rápido de ler, mas que me deixou confusa quanto ao aproveitamento do tema proposto pelo desafio.

    Parabéns pela sua brilhante participação no desafio e boa sorte!

    • toniluismc
      30 de março de 2025
      Avatar de toniluismc

      Olá, Claudia! obrigado pelo seu comentário detalhado. Gostaria de esclarecer alguns pontos e defender minhas escolhas narrativas em “Colecionadora de Migalhas”.

      **Título – “Um texto do tipo autoajuda para mulheres que se contentam com pouco?”**

      A intenção nunca foi transmitir uma mensagem de conformismo. O título é uma provocação, um convite à reflexão sobre como a sociedade impõe certos padrões e como, por vezes, aceitamos migalhas enquanto buscamos algo maior. Se o título pode remeter a esse sentimento, é justamente para criticar essa aceitação, não para endossá-la.

      **Enquadramento ao tema – “Há um toque leve de terror lá pelo final do conto, mas será o suficiente?”**

      Minha proposta foi justamente subverter as expectativas. A narrativa começa com uma tensão que se transforma num suspense sutil, para depois revelar um elemento de terror psicológico que, embora sutil, cumpre seu papel de instigar o leitor. O terror não é explícito; ele se constrói na ambiguidade e no confronto dos sentimentos internos dos personagens, algo que, para mim, vai além dos clichês do gênero.

      **Razão de gostar do conto – “O(a) autor(a) soube conduzir bem a narrativa mantendo o suspense da trama.”**

      Agradeço por reconhecer o ritmo e a condução da narrativa. O suspense foi uma escolha deliberada para manter o leitor envolvido e criar uma tensão crescente que, mesmo que não se consuma no tradicional clímax de terror, propicia uma reflexão sobre o poder das relações de poder e da idolatria.

      **Revisão – Sobre os lapsos técnicos**

      Sim, há alguns pontos específicos que podem ser melhor trabalhados, como as transições abruptas e algumas repetições. Porém, esses detalhes não foram os pontos centrais da mensagem que quis transmitir. Estou atento a essas críticas e as usarei para aprimorar a coesão sem perder a essência que pretendi construir.

      **Outras questões técnicas – “Parágrafos curtos e diálogos inseridos agilizam a leitura.”**

      Agradeço por reconhecer que a estrutura do texto facilita a leitura. Essa é uma escolha consciente para aproximar o leitor do ritmo pulsante da narrativa, algo essencial para a atmosfera que busquei criar.

      **Razão de desgostar do conto – “Falta de profundidade aos personagens e introdução forçada do tema terror.”**

      Aqui, defendo que a suposta “falta de profundidade” foi uma escolha intencional para manter o foco no suspense e na ambiguidade dos sentimentos. A ideia era justamente explorar a dualidade entre o que parece ser uma obsessão e o que se revela como uma relação de manipulação e exploração. Se você esperava uma obsessão psicopática total, a intenção era justamente subverter esse clichê, mostrando que o terror verdadeiro pode estar na normalidade aparente dos personagens e na ironia de suas ações.

      **Intensidade da narrativa – “O final parece apresentar maior intensidade, na tentativa de criar um clima de terror.”**

      Concordo que o final busca intensificar o clima, mas entendo que pode ter parecido forçado para alguns. Essa tensão era necessária para culminar a mensagem de que, às vezes, o verdadeiro terror está na banalidade das relações de poder e na forma como somos manipulados por aqueles que idolatramos.

      **Resumo da ópera – “Um conto rápido de ler, mas que me deixou confusa quanto ao aproveitamento do tema proposto pelo desafio.”**

      Minha proposta foi justamente provocar uma reflexão que foge do convencional. O conto é uma tentativa de mesclar suspense, terror psicológico e uma crítica social sobre a idolatria e o conformismo. Se alguns elementos pareceram deslocados, é porque a intenção foi justamente subverter expectativas e desafiar fórmulas pré-estabelecidas.

      Em resumo, “Colecionadora de Migalhas” foi pensado para ser provocativo e instigar o leitor a repensar a natureza dos relacionamentos e do poder. A crítica sobre a imaturidade ou o uso de clichês ignora a intenção deliberada de ressignificar esses elementos e criar uma narrativa que dialogue com o repertório literário de forma irônica e consciente.

      Agradeço pela participação no desafio e pelas críticas, que, mesmo duras, me motivam a buscar constantemente uma evolução na minha escrita. Espero que, com futuras revisões, consiga transmitir ainda melhor a complexidade e a sutileza que sempre quis explorar.

      Abraços!

  9. Gustavo Araujo
    23 de março de 2025
    Avatar de Gustavo Araujo

    Achei o conto regular. No início me entusiasmei. Fã stalker não é algo exatamente novo, mas sempre rende boas histórias, como o “Louca Obsessão” do Stephen King, depois transformado num filme muito bom com a Cathy Bates. Achei, na verdade, que este conto seguiria por esse caminho, até pela insistência em dizer que Serena tinha um plano, algo na manga… Achei realmente que ela era uma psicopata de carteirinha e fiquei esperando esse desenvolvimento. O plot twist veio tanto pela frustração dessa expectativa — Serena era só uma fã mais dedicada, digamos assim, longe de ser possessiva — como pela revelação de que César é que a manipulava em busca de matéria prima para seus livros.

    Isso realmente me frustrou porque a atmosfera de terror psicológico que se insinuava acabou engolida por um caso de indignação artificial, culminando numa cena apressada em que o escritor morre por ter o corpo trespassado por um troféu, algo totalmente anticlimático…

    Algumas coisas me incomodaram no texto, como o uso, por duas vezes, de “amadeirado”, expressão que merecia estar no conto “colecionando clichês” (talvez esteja, ainda não li), ou a menção ao “barulho de metal perfurando carne”… Mas, no fundo, o que me incomodou foi o aborto de uma ideia muito boa — a perseguição com traços de psicopatia — e sua substituição por uma trama de “roubo de ideias e de intimidade”, em todo caso, pouco inspirada.

    Por favor, caro autor, não tome minhas observações como algo crítico demais. Você escreve muito bem, tem boas sacadas e possui uma mente criativa. Minha sugestão é que dê vazão às ideias menos convencionais, que inove, que fuja dos lugares comuns. Potencial para isso não parece te faltar.

    Nota: 3,0

    • toniluismc
      30 de março de 2025
      Avatar de toniluismc

      Olá, Gustavo!

      Agradeço pelo seu tempo e pelos comentários, mas preciso esclarecer alguns pontos que, a meu ver, foram interpretados de forma equivocada. Minha intenção com o conto era justamente subverter as expectativas tradicionais. Quando você aponta que esperava ver uma obsessão psicopata em Serena – algo à la “Louca Obsessão” – é justamente porque o que eu quis transmitir foi uma mensagem diferente: o verdadeiro terror, para mim, estava na ambiguidade de poder entre César e Serena, na manipulação sutil e na fragilidade do ego.

      O fato de César manipular a situação, usando a história dolorosa de Serena para promover seu próprio trabalho, foi uma escolha deliberada. Esse twist não é para ser visto como um enredo batido, mas como uma crítica à idolatria e à superficialidade das relações de poder na cultura contemporânea.

      Ao transformar o conto num dark romance/thriller, eu quis evidenciar que, muitas vezes, o terror não está na ação violenta em si, mas na indiferença e no desprezo que as pessoas têm umas pelas outras – algo que, no caso, se concretiza na ironia trágica do escritor.Quanto às referências que você considerou clichês, acredito que elas fazem parte do repertório intertextual que constrói a atmosfera do conto. Ao invés de sinalizar imaturidade, essas referências servem para ancorar a narrativa num universo compartilhado por diversos leitores, reforçando a ideia de que, muitas vezes, os maiores medos e obsessões já foram explorados, mas aqui são ressignificados de maneira irônica.

      Em resumo, o que você interpretou como um “desfecho anticlimático” na verdade é a conclusão que eu pretendia: um fim que, longe de ser previsível, revela o quão banal e insidiosa pode ser a manipulação dos sentimentos e a superficialidade dos relacionamentos. O conto não busca simplesmente chocar com violência ou horror explícito – ele convida a refletir sobre as contradições do desejo e da idolatria.

      Agradeço novamente pelo seu comentário, mas reitero que a mensagem que tentei transmitir está em ressignificar o terror psicológico e o dark romance através de uma ironia sutil, algo que, infelizmente, não foi captado pelos escritores da série A do EntreContos.

      Abraços.

  10. andersondopradosilva
    23 de março de 2025
    Avatar de andersondopradosilva

    COLECIONADORA DE MIGALHAS é um texto imaturo. Talvez essa imaturidade venha do autor. Falo de imaturidade literária. Alguém que tem muito ainda para ler e para escrever. Alguém que tem muito para aprender. E se aprende justamente lendo e escrevendo, além de recebendo críticas. O texto contém uma infinidade de lugares comuns literários. É o conto mais repleto desses lugares comuns do desafio. Lugares comuns literários são palavras, expressões e construções que, de tão usados ao longo da história da literatura, soam repetitivos, batidos, evidenciadores de falta de criatividade. Cabe ao autor buscar alternativas, novas palavras, novas expressões, novas construções para evitar o uso dos lugares comuns literários. Vamos a eles: meio sorriso, suspense pairar no ar, umedeceu os lábios, arqueou as sobrancelhas, sorriu de lado, arrepio percorreu sua espinha, hesitou por uma fração de segundo, franzir da sobrancelha, semicerrando os olhos, sem hesitar, riu baixo, medindo as palavras, rindo baixo, frio na espinha, gosto metálico na boca, olhar por cima do ombro, olhos brilhavam de forma quase febril, fascínio reverente, meio sorriso nos lábios, baque seco, sorriso indulgente, silêncio […] gélido, baque surdo, riso frio, silêncio absoluto. COLECIONADORA DE MIGALHAS faturou a nota 2 e o décimo sexto lugar em minha lista.

    • toniluismc
      30 de março de 2025
      Avatar de toniluismc

      Olá, Anderson!

      Agradeço seu comentário, mas preciso discordar de vários pontos que você levantou. Fica claro que seu olhar se fixou em “lugares comuns” e clichês que, na verdade, são referências deliberadas à tradição literária – algo que muitos leitores percebem e apreciam. Enquanto você insiste em rotular o conto de “imaturo” e superficial, diversos outros leitores encontraram riqueza intertextual e nuances que demonstram sensibilidade e conhecimento.

      Além disso, suas críticas quanto às falhas de escrita, atribuídas a uma revisão “inadequada”, ignoram o fato de que a minha trajetória como escritor se constrói justamente através do constante aperfeiçoamento – e não que essas “falhas” refletem falta de experiência. Não se trata de descuido, mas de escolhas estilísticas que visam criar uma voz própria, mesmo que isso signifique empregar certos arquetipos literários que você, infelizmente, reduziu a meros clichês.

      Quanto ao enredo, a sua crítica demonstra uma visão excessivamente técnica, que se prende a detalhes isolados sem captar a intenção global da narrativa. Se a história pretendia evocar uma tensão que se transforma em ironia e reviravolta – sim, até num final inesperado – isso é parte do jogo literário. Se você não se deixou envolver por essa estratégia, lamento, mas isso reflete mais a sua limitação para apreciar nuances do que qualquer falha real na obra.

      Em resumo, sua avaliação parece mais focada em apontar supostas “fragilidades” técnicas do que em compreender o que o conto tenta fazer – explorar referências e provocar reflexão, mesmo que de forma irônica e ambígua usando “clichês literários”.

      Agradeço seu tempo, mas acredito que uma leitura mais atenta e aberta às intenções intertextuais revelaria uma profundidade que, pelo visto, você não se dispôs a enxergar.

  11. jowilton
    19 de março de 2025
    Avatar de jowilton

    O conto narra a história de Serena uma grande fã de um escritor. Ela acaba se envolvendo amorosamente com seu ídolo, findando num trágico fim.

    A narrativa é boa, a condução é lenta e vamos nos envolvendo devagar na história de Serena. O clima de suspense também é bom. No entanto, não considerei como um conto de terror, o que vai fazer com que perda pontos, já que terror era um dos temas do desafio.

    No meio da história imaginei que a idolatria de Serena pelo escritor pudesse se tornar uma obsessão e ela virar uma perseguidora, alguma coisa como Bebê Rena e daí aparecer algumas cenas mais apropriadas para o terror.

    Achei o conto médio, no geral, com um impacto também médio.

    Boa sorte no desafio

    • toniluismc
      30 de março de 2025
      Avatar de toniluismc

      Olá, Jowilton! muito obrigado pelo feedback e pelos comentários detalhados! Fico contente que tenha apreciado a condução lenta da narrativa, o clima de suspense e a forma como o conto nos envolve na história de Serena. De fato, minha intenção foi misturar elementos de terror com um toque de dark romance e suspense, mas reconheço que, para alguns leitores, o resultado acabou se alinhando mais com um thriller psicológico do que com um terror propriamente dito.Sua sugestão de explorar a evolução da idolatria de Serena para uma obsessão que a transforme numa perseguidora – algo como Bebê Rena – é extremamente válida e certamente me inspira a repensar certas escolhas narrativas. Acredito que esse desenvolvimento poderia ter intensificado o aspecto de terror que o desafio pedia.Agradeço imensamente por sua avaliação honesta, que ressalta pontos fortes e também aponta onde posso aprimorar. Continuarei trabalhando para equilibrar melhor os elementos e entregar um final que realmente se destaque no gênero terror. Obrigado e boa sorte no próximo desafio também!

  12. Givago Domingues Thimoti
    18 de março de 2025
    Avatar de Givago Domingues Thimoti

    Colecionadora de Migalhas (Sibila Noire)

    Bom dia, boa tarde, boa noite! Como não tem comentários abertos, desejo que tenha sido um desafio proveitoso e que, ao final, você possa tirar ensinamentos e contribuições para a sua escrita. Quanto ao método, escolhi 4 critérios, que avaliei de 1 a 5 (com casas decimais). Além disso, para facilitar a conta, também avaliei a “adequação ao tema”; se for extremamente perceptível, a nota para o critério é 5. Caso contrário, 1 quando nada perceptível e 2,5 quando tiver pouco perceptível. A nota final será dada por média aritmética simples entre os 5. No mais, espero que a minha avaliação/ meu comentário contribua para você de alguma forma.

    Boa sorte no desafio!

    1 – ruim 😓 / 2- abaixo da média😬  / 3- regular,acima da média,   😉/ 4- bom 😇/ 5- excelente!🥰

    Critérios de avaliação:

    • Resumo: 

    Colecionadora de Migalhas é um conto que nos apresenta a história de César e Serena. Ele é um escritor influente, reconhecido pela sociedade. Ela, por outro lado, uma fã. Eles se envolvem; ela o persegue (stalker) enquanto ele se aproveita de uma história que ela contou num estado de vulnerabilidade.

    Esse conto está totalmente fora do tema; passa longe da comédia assim como o do terror. Nota 1!

    • Pontos positivos e negativos:

    Positivo: É um conto com um bom ritmo. Os personagens também são bem humanos; não são nem idealizados demais nem demonizados. Aposta ousada (e que talvez tenha sido um tiro pela culatra, mas que bom que foi tentado)

    Negativo: achei uma narrativa batida, que se vale de alguns clichês conhecidos, sem desenvolvê-los bem. A escrita é bem simplória também. 

    • Correção gramatical – Texto bem (mau) revisado, com poucos (muitos) erros gramaticais = 2

    Esse foi um texto que observei muitos erros gramaticais, que seriam corrigidos numa revisão um pouquinho mais apurada.

    Problemas Gramaticais e Sintáticos

    Erro: “Os passos ecoavam na escada, ele subia lentamente.”

    Explicação: Há uma fusão inadequada de duas orações independentes com uma vírgula, o que causa um erro chamado vírgula entre orações coordenadas sem conjunção (ou vírgula splice).

    Correção: “Os passos ecoavam na escada. Ele subia lentamente.” ou “Os passos ecoavam na escada, enquanto ele subia lentamente.”

    Pontuação Inadequada

    Erro: “O homem parou no topo da escada e olhou para trás, mas não havia ninguém, apenas sombras e silêncio, seguiu em frente.”

    Explicação: O trecho “seguiu em frente” está isolado de forma errada, necessitando de um ponto final ou outra reestruturação.

    Correção: “O homem parou no topo da escada e olhou para trás, mas não havia ninguém, apenas sombras e silêncio. Seguiu em frente.”

    Coesão e Fluidez

    Erro: “O vento uivava. O silêncio dentro da casa era pesado. Ele sentia um arrepio na espinha. Caminhou devagar pelo corredor. Cada passo ecoava alto.”

    Explicação: O uso excessivo de frases curtas pode prejudicar a fluidez da leitura.

    Correção: “O vento uivava lá fora, enquanto o silêncio dentro da casa era pesado. Um arrepio percorreu sua espinha ao caminhar devagar pelo corredor, seus passos ecoando alto.”

    Repetições e Redundâncias

    Erro: “A porta estava entreaberta e aberta o suficiente para que ele visse o que havia dentro.”

    Explicação: “Entreaberta” já indica que a porta está parcialmente aberta, tornando “aberta o suficiente” redundante.

    Correção: “A porta estava entreaberta, permitindo que ele visse o que havia dentro.”

    Escolha de Palavras e Precisão da Linguagem

    Erro: “Ele olhou para o corredor escuro, seus olhos procurando por algo que talvez estivesse ali, mas que talvez não estivesse.”

    Explicação: A repetição de “talvez” e a estrutura enfraquecem o impacto da frase.

    Correção: “Ele olhou para o corredor escuro, tentando enxergar algo que pudesse estar ali — ou apenas fruto de sua imaginação.”

    • Estilo de escrita – Avaliação do ritmo, precisão vocabular e eficácia do estilo narrativo. = 2,5

    Como eu disse anteriormente, o ritmo do conto é bom. Instiga o leitor, mesmo com os problemas de fluidez. 

    Sem querer ser muito repetitivo, os erros que encontrei de escrita prejudicaram aqui também, empobrecendo um pouco o conto. Escrita é prática, leitura e persistência. Incentivo você a continuar nesse caminho.

    • Estrutura e coesão do conto – Organização do conto, fluidez entre as partes e clareza da construção narrativa. 3

    Bom, eu diria que esse é o grande ponto positivo da história. É uma história não linear. Pelo menos, não em seu todo. Ali, em meio ao desenvolvimento, temos um retorno no tempo. Essas histórias são bem difíceis de escrever e isso demonstra uma certa ousadia do escritor/da escritora. 

    Ainda assim, tem aspectos a melhorar: por exemplo, acho que a digressão que mostra o envolvimento entre o escritor e sua fã deslocado demais. Quero dizer, no trecho anterior você nos mostra que ele está até incomodado com a perseguição dela. Depois você mostra que já teve o encontro. Fica confuso. Estraga a história? Não, mas definitivamente mancha e causa um estranhamento indesejado ao leitor. Vale sempre ter em mente que o leitor não detem o mesmo conhecimento da história quanto você, enquanto autor/autora. Então, por mais que pareça que está claro, pode não estar.

    Acho que essa história poderia ser retrabalhada, evitando alguns clichês e tentando focar mais no aspecto psicológico do encontro. Talvez transformando o encontro entre Serena e César num encontro sobrenatural, pelo menos da visão de um deles.

    • Impacto pessoal – capacidade de envolver o leitor e gerar uma experiência memorável = 1

    Infelizmente, o impacto foi baixíssimo. O que mais me incomodou no conto foi realmente a narrativa. Primeiramente, como já disse anteriormente, não tem um traçozinho sequer de terror ou de comédia. No máximo, um drama com pitadas de true crime. E aquela frase “terror genuíno”, estampado no olhar do César sobrou demais. Quase como se tentasse implacar o tema ali na frase.

    Além disso, é uma história recheada de alguns clichês; escritor sedutor, que usa da história contada por uma fã para se promover (e não querendo ser advogado do diabo, mas, se ele realmente usou apenas a história da irmã, não tem nada de errado nisso, de fato. Morreu pelo plot kkkkkk), fã stalker “apaixonada”, envolvimento entre os dois… Enfim, bem clichê.

    A escrita também não contribui; recheada de erros, construções estranhas… No mais, é simples, básica e eficiente. Passa a mensagem, nos conta a narrativa e só.

    Nota final: 1,9

    • toniluismc
      30 de março de 2025
      Avatar de toniluismc

      Olá, Givago! muito obrigado pelo seu feedback detalhado e pela clareza nas notas e nos pontos apontados. Fico grato por você ter dedicado tanto tempo para analisar “Colecionadora de Migalhas” de forma tão minuciosa. Gostaria de responder aos seus comentários, um por um:

      Tema (Nota 1): Entendo sua crítica de que o conto não se encaixa bem no gênero proposto – nem terror nem comédia – e, na verdade, se distancia do tema central. Minha intenção era abordar uma história de obsessão e manipulação com um toque de ironia, mas reconheço que, no processo, acabei me afastando do que seria esperado para um conto de terror ou comédia. Vou repensar a proposta para que a intenção fique mais clara desde o início.

      Escrita (Nota 2): Agradeço por apontar os erros gramaticais e de pontuação. De fato, a revisão poderia ter sido mais cuidadosa para evitar problemas como o “vírgula splice”, as pontuações inadequadas e repetições que prejudicam a fluidez. Comentários como o seu são extremamente úteis para que eu revise e refine o texto, buscando manter o ritmo sem sacrificar a clareza e a elegância.

      Enredo (Nota 3): Você observou com clareza os saltos narrativos, especialmente a transição confusa entre a ideia de “compreender qualquer mulher” e “descobrir o sonho de alguém”. Realmente, esses momentos causam um descompasso e afetam a continuidade da narrativa. Além disso, a introdução tardia da história da irmã – que poderia ter sido semeada desde o início – acabou por enfraquecer a tensão construída. Concordo que o encontro entre Serena e César precisaria de uma preparação melhor para que o desfecho não parecesse forçado. Vou trabalhar na estrutura do enredo para garantir que as reviravoltas e o clímax estejam mais alinhados e coerentes.

      Impacto (Nota 1): Lamento que o impacto final tenha sido baixo para você. A intenção era criar um conto que deixasse o leitor inquieto e reflexivo, mas entendo que o desfecho não atingiu o nível de terror ou surpresa que se esperava. A crítica de que o final não entrega o “terror genuíno” e se assemelha a fórmulas já batidas é válida, e certamente irei repensar como encerrar a narrativa de forma mais marcante e impactante.

      Considerações Finais: Agradeço profundamente pela avaliação e pelos comentários construtivos. Cada observação me ajuda a identificar pontos a aprimorar, desde a coesão entre os trechos até a necessidade de um desfecho que realmente mantenha a tensão que foi construída ao longo do conto. Espero que, em futuras revisões ou novos contos, eu possa surpreender de forma mais consistente, alinhando a intenção com o resultado final e evitando os clichês que você apontou.

      Muito obrigado novamente pelo seu tempo e pela análise tão detalhada. Seus comentários serão essenciais para meu aprimoramento!Abraços e até a próxima.

  13. leandrobarreiros
    18 de março de 2025
    Avatar de leandrobarreiros

    Tive a impressão que o autor ensaia um suspense interessante, mas por falta de revisão (não gramatical, mas da história mesmo) acabou deslizando e perdendo coesão não só entre os capítulos, mas também em pequenos trechos.

    Por exemplo:
    “— Eu observo. Os gestos, os olhares… Uma conversa basta para eu compreender qualquer mulher.

    O desafio foi lançado.

    — Provaria isso agora? Descobrir o sonho de alguém?”

    Achei o salto aqui meio estranho. De compreender qualquer mulher para descobrir o sonho de alguém? E isso não levou a lugar nenhum. Ele simplesmente perguntou à mulher qual era o sonho dela… ela não exatamente descobriu, certo?

    “As palavras foram ditas com a despreocupação de quem joga migalhas a um pombo. Mas Serena não era um pombo qualquer. Ela não apenas aceitava as migalhas. Para ela, aquilo não era um simples convite. Era uma senha. Uma promessa.”

    De novo aqui, achei a mudança de uma frase para outra um pouco esquisita. Ao dizer que ela “não apenas aceitava migalhas”, imaginei que a metáfora com pombos continuaria… mas não.

    Meu maior problema foi o salto da perseguição, tensão para… o autor dormir com ela? E depois o lance todo da irmã, nunca mencionado antes…. sei lá. Acho que faltou coesão e, pela falta de coesão, acabou deslizando fora dos temas do desafio.

    Enfim, autor(a). Acho que você manda bem na construção de suspense, mas teria escrito uma história melhor se tivesse aparado as arestas do conto.

    • toniluismc
      30 de março de 2025
      Avatar de toniluismc

      Olá, Leandro! muito obrigado pelo seu feedback detalhado. Fico grato por você ter lido o conto com tanto cuidado e por apontar esses pontos específicos. Realmente, percebo que em alguns trechos houve saltos abruptos – como o da transição entre “compreender qualquer mulher” e “descobrir o sonho de alguém” – que podem prejudicar a coesão da narrativa. A metáfora com pombos também parece ter sido interrompida sem uma continuidade fluida, o que afeta a imersão do leitor.Sua crítica sobre o salto da tensão, da perseguição para a cena íntima e, depois, a introdução repentina da história da irmã, é extremamente válida. Reconheço que esses momentos poderiam ter sido trabalhados com mais cuidado, aparando as “arestas” da narrativa para manter uma coesão que acompanhasse melhor o tema proposto.Agradeço sinceramente por apontar essas questões. Comentários como o seu me ajudam a repensar as transições e a estrutura do conto para que, em revisões futuras, a história se apresente de forma mais fluida e consistente, sem desviar dos temas centrais. Muito obrigado e espero poder surpreender você positivamente nas próximas obras!

  14. Kelly Hatanaka
    17 de março de 2025
    Avatar de Kelly Hatanaka

    Oi Sibila.

    Antes, um aviso geral: li seu conto com toda a atenção e cuidado e meu comentário, abaixo, expõe minha opinião de leitora, com todas as falhas que tal opinião possa ter. Os quesitos que uso para a pontuação são: Tema, Escrita e Enredo, valendo 2 pontos cada e Impacto, valendo 4. Parabéns pela participação e boa sorte no desafio!

    Tema

    Acho que a intenção era ser um terror psicológico, mas faltou terror. Há uma tensão constante durante a narrativa, um clima de mistério, porém, me pareceu muito mais um conto de suspense do que de terror.

    Escrita

    Uma escrita correta, bem revisada. Há alguns clichês, mas nada que me incomode. O problema dos clichês é seu uso inconsciente. Como diz um querido professor de teatro: “evite acidentes: faça tudo de propósito”. Os clichês aqui poderiam enriquecer a narrativa, se fossem usados apenas por Cesar.

    Enredo

    Uma fã emocionada persegue um escritor apaixonado por si mesmo. O escritor vai ficando tenso com as demonstrações de desequilíbrio da fã, mas, mesmo assim, usa uma história pessoal dela em seu novo livro. Quando ela o confronta, eles brigam, na confusão, ele cai sobre um troféu e morre.

    É uma boa história, mas algumas coisas parecem surgir do nada. A história da irmã, por exemplo. Teria sido interessante se uma ponta dessa história surgisse antes, uma insinuação, uma recordação, algo que mostrasse como essa história era dolorida, importante e íntima para Serena.

    Outra coisa que ficou meio solta é o crescente medo que Cesar tem de Serena. Ele vai ficando inquieto e tenso. Mas, mesmo assim, não pensa duas vezes antes de expor a história dela. O medo evaporou? Talvez fizesse sentido ele não sentir medo dela e ridicularizar sua obsessão. Afinal, ele se acha mesmo a última bolacha do pacote. Nós, leitores, porém, perceberíamos a situação perigosa, à la Bebê Rena ou Você.

    Enfim, pitacos de uma leitora que gostou da história.

    Impacto

    Uma boa história, uma leitura agradável. Ler este conto é acompanhar o fluxo de poder entre dois personagens iludidos e desequilibrados. Tudo pode acontecer e o final, embora não seja surpreendente, fecha bem o conto.

    Gostei!

    • toniluismc
      30 de março de 2025
      Avatar de toniluismc

      Olá, Kelly! Muito obrigado por ter lido o conto com tanta atenção e por compartilhar uma avaliação tão detalhada e sincera. Fico feliz em saber que você apreciou a escrita e que a narrativa, apesar de alguns pontos que merecem ajustes, conseguiu te envolver e transmitir a tensão entre os personagens.Sobre o tema, compreendo sua observação de que a intenção era criar um terror psicológico, mas que o conto acabou se inclinando mais para o suspense. É um ponto interessante, e vou refletir em como posso intensificar os elementos de terror para evitar que a atmosfera fique mais “leve” do que o desejado.Em relação à escrita, agradeço o elogio à correção e ao ritmo. Os clichês, de fato, foram empregados de forma inconsciente em alguns momentos; seu comentário me fez pensar em como posso usá-los de maneira mais proposital para enriquecer a narrativa, sem que soem como acidentes.Quanto ao enredo, entendi sua crítica sobre a história da irmã e o crescente medo de César. Concordo que uma introdução mais sutil desses elementos – que ajude a construir a dor e a importância dessa história para Serena, assim como intensifique a tensão sobre o que ele sente – teria criado uma continuidade mais forte e, consequentemente, um final mais consistente.No impacto, é bom saber que a leitura foi agradável e que o fluxo de poder entre os personagens te envolveu. A sugestão de que o final poderia ter sido mais surpreendente para fechar de maneira mais intensa o conto é muito válida e será levada em consideração para futuras revisões.Agradeço imensamente pelo seu feedback, que me fornece pistas valiosas sobre como aprimorar meus próximos trabalhos. Comentários como o seu são fundamentais para que eu continue evoluindo e experimentando novas abordagens sem perder a identidade. Obrigado e até a próxima!

  15. José Leonardo
    17 de março de 2025
    Avatar de José Leonardo

    Olá, Sibila Noire.

    Tendo em vista as minhas limitações técnicas para apreciar melhor o seu conto e de modo a tentar esquentar meus comentários que acho um tanto insossos, decidi convocar, por meio de um ritual de fervura de miojo de tomate com leite coalhado e digitação de Zerinho-um no MS-DOS, a FRIACA® (Falsa Ruiva Inteligente Auxiliar para Comentários e Avaliações) para me ajudar nessa bela empreitada e proporcionar a melhor avaliação possível acerca do seu texto (dentro da minha perspectiva de leitor).

    FRIACA: Do que se trata o conto?

    R.: César, um escritor gabola e bem sucedido, conhece uma de suas maiores fãs, que se chama Serena. Ela é meticulosa e conhece todos os detalhes de seu ídolo. Contudo, O que parecia ser o início de uma relação pontuada pela sensualidade termina de forma (mais ou menos) inesperada e trágica. E com uma risada de triunfo.

    FRIACA: Como você vê a narração, o estilo, a estrutura, a técnica?

    R.: Escrita impecável, Sibila. Faz-me pensar num(a) escritor(a) de mão cheia para descrições e enredos envolvendo relacionamentos. Sua história me lembrou do filme As Palavras (um dos papéis é interpretado pela ganhadora do Oscar de Melhor Atriz deste ano), um filme que tem seus méritos mas é mediano. Seu conto, pelo contrário, não me parece nada mediano, Sibila.

    FRIACA: E quanto à adequação ao tema, à criatividade e ao impacto?

    R.: Uma leve adequação ao terror se dá pelo desfecho da história (e pela forma como a construção das personagens afluiu para a cena final). Bem que eu desconfiava de Serena… Ela dava mostras de ter alguma migalha de psicopatia. Detalhista ao máximo, quis estar todo o tempo com uma lupa sobre a vida de César, sujeito que já não era uma flor de pessoa. 

    FRIACA: Indo um pouco mais a fundo nesse particular e apesar do aspecto subjetivo do que a história pode causar no leitor, é um conto para dar risadas ou aterrorizar-se?

    R.: É um conto sobre inveja, sobre obsessão, sobre quebra de expectativas. Não causará sentimento de terror ou similar, pois creio não ter sido a intenção do(a) autor(a). O que não tira os méritos do conto. 

    FRIACA: Qual sua posição final sobre esse conto?

    R.: Eu gostei, Sibila, embora não tenha encontrado muito de um dos temas do desafio EC aqui. É daquele tipo de texto que nos dá satisfação em ler.

    Parabéns pela estória e boa sorte neste desafio.

    • toniluismc
      30 de março de 2025
      Avatar de toniluismc

      Olá, José ou devo dizer FRIACA?!

      Muito obrigado por sua análise detalhada e pelo feedback tão construtivo. Fico feliz que tenha apreciado a clareza da narrativa, a escrita firme e a forma como conduzi a história de César e Serena – confesso que me inspirei bastante em obras que misturam o dark romance com elementos de suspense. Reconheço que a intenção inicial era criar uma tensão ambígua, mesclando terror psicológico, thriller e uma pitada de sensualidade. Entretanto, compreendo perfeitamente sua crítica sobre o desfecho: após construir uma expectativa intensa (e, de fato, desconcertante) sobre uma possível obsessão assassina ou um desfecho arrebatador, o final acaba se revelando de forma mais “leve”, como se o conflito se dissolvesse abruptamente num simples ato final, que não entrega o terror prometido.Suas palavras sobre a quebra de expectativas são extremamente valiosas para mim, pois me fazem refletir sobre como aprimorar a fusão desses gêneros e tornar o desfecho tão impactante quanto o restante da narrativa. Agradeço imensamente por apontar tanto os pontos positivos quanto as áreas que necessitam de revisão, e certamente usarei esse feedback para evoluir ainda mais na minha escrita.Muito obrigado por participar dessa “fervura de miojo” literária e por ajudar a iluminar os caminhos para meus próximos textos. Espero continuar surpreendendo – de forma mais coerente e impactante – nos próximos desafios. Abraços e até a próxima!

  16. Mariana
    15 de março de 2025
    Avatar de Mariana

    Técnica: muito bem escrito. A técnica é firme e fluída, bastante segura. É válido apontar que o texto aponta a direção no início e segue reto, como uma flecha. 2/2

    Criatividade: Eu não vi terror, nem comédia. Achei que ia ser uma história de stalker (tema que acho assustador), mas acabou se revelando um thriller com pitadas sensuais, estilo Instinto Selvagem. O escritor é um narcisista farsante, a Serena não é nada serena e é uma personagem que chega a dar pena. De repente, transformar essa história nela enlouquecendo após esse assassinato. 0,8/2

    Impacto: foi uma leitura divertida, entretém. No entanto, não será um texto que eu vou ficar me lembrando. 0,6/1

    • toniluismc
      30 de março de 2025
      Avatar de toniluismc

      Olá, Mariana!

      Muito obrigado por dedicar seu tempo à leitura e por fornecer uma avaliação tão detalhada. Fico feliz que tenha apreciado a técnica – de fato, busquei uma escrita firme e fluída, com uma direção bem definida logo no início, como você bem apontou.Quanto à criatividade, entendo sua crítica. Minha intenção era mesclar elementos de terror psicológico e pitadas de thriller sensual, mas percebo que o resultado acabou se distanciando do que eu imaginava. Lamento que a história não tenha conseguido transmitir aquele clima de stalker que eu pretendia e que Serena não tenha atingido a ambiguidade desejada, chegando a parecer uma personagem simplista. Sua sugestão de transformar a narrativa com um desfecho ainda mais perturbador após o assassinato é muito válida e me fará repensar essa parte para futuras revisões.No que se refere ao impacto, fico contente que o conto tenha entretido, mas entendo que, para você, não foi memorável o suficiente. Essas críticas são extremamente valiosas, pois me ajudam a identificar pontos a melhorar para que a experiência de leitura seja mais marcante.Agradeço de coração pelo feedback construtivo e espero poder surpreender você em meus próximos trabalhos!Abraços.

  17. Priscila Pereira
    13 de março de 2025
    Avatar de Priscila Pereira

    Olá, Sr Autor! Tudo bem?

    Interessante seu conto. Com certeza não é comédia, e pra mim, não é terror também. Talvez um leve suspense. Não irei tirar pontos por isso, de qualquer forma.

    Eu notei o que pra mim é um erro de narrativa. Quando tudo leva a crer que Serena é uma stalker, e o escritor começa a se sentir incomodado com a perseguição, aí do mais absoluto nada ele convida ela pra um jantar e, absurdo dos absurdos!, dorme com ela, tipo, dorme mesmo… E eu o tempo todo imaginando que ela ia cortar o pescoço dele a qualquer momento! Que anticlímax foi quando ela não era assassina, só uma bobona mesmo… Depois disso o conto desandou e o final ficou extremamente forçado pq precisava acontecer alguma coisa pra terminar o conto. Aí o escritor babaca era só um escritor babaca mesmo e a mocinha era só bobona mesmo e ops.. ele morreu, pronto, fim.

    Desculpe o mau humor, não gosto de comentar assim, e imagino que vá receber outros comentários não tão bons e realmente sinto muito, mas isso me incomodou bastante.

    De qualquer forma a escrita é competente e correta, a ambientação boa, te faltou “apenas” criatividade pra fugir dos clichês. Espero que continue escrevendo, quero ler mais contos seus.

    Parabéns pelo conto e boa sorte no desafio!

    Até mais!

    • toniluismc
      30 de março de 2025
      Avatar de toniluismc

      Olá, Priscila!

      Muito obrigado pelo seu feedback sincero e detalhado. Fico feliz que você tenha reconhecido a qualidade da escrita, a ambientação e os personagens. Minha intenção, de fato, era criar um terror psicológico com traços de dark romance e thriller, buscando uma fusão que, infelizmente, não se traduziu conforme o esperado para muitos leitores.Entendo perfeitamente sua crítica sobre o anticlímax. No desenrolar da trama, a reviravolta – em que o escritor acaba cedendo à sedução de Serena e, posteriormente, morre de forma abrupta – acabou destoando do clima tenso e perturbador que eu procurava construir. Essa escolha, que pretendia misturar horror, romance sombrio e thriller, acabou deixando a sensação de que os elementos não se encaixaram de maneira coesa, frustrando a expectativa de um desfecho verdadeiramente impactante.Agradeço por apontar esses pontos, pois comentários como o seu são fundamentais para que eu possa repensar certas escolhas narrativas e encontrar formas mais eficazes de mesclar esses gêneros sem perder a força que o terror psicológico exige. Continuarei me esforçando para refinar essa fusão e surpreender os leitores de maneira mais satisfatória.Muito obrigado por dedicar seu tempo para compartilhar sua visão. Espero contar com seu olhar crítico em minhas próximas obras! Abraços.

  18. Antonio Stegues Batista
    12 de março de 2025
    Avatar de Antonio Stegues Batista

    Escritor famoso se torna amante de uma fã. Ela conta para ele, a trágica história da irmã, que ele transforma no seu próximo livro. Ela fica irritada, eles discutem e o escritor acaba tendo um acidente e morre.

    No começo da narrativa, tive a impressão que Serena seria uma fã psicopata, mas não, era uma mulher normal, apaixonada pelo ídolo, iludida pelos encantos Cesar, que queria apenas se divertir com ele. Pensei também, que Serena seria uma vampira, já que ela estava sugando (sentido figurado) Cesar. Há um suspense muito bem elaborado. Mas o fim quebra todas as expectativas. O conto se parece com tantos outros, A Secretária Que Se Apaixona Pelo CEO, A Empregada Que se Apaixona Pelo Patrão, etc, contos que proliferam o Wattpad.  Ou seja, não trás nada de novo, nada original. É uma pena porque está muito bem escrito.

    Enredo – Fraco

    Escrita/Frases – Excelente escrita, ótimas frases, narrativa excelente

    Personagens – Marcantes, ótimos.

    Diálogos – Bons

    Ambientação – Boa

    Impacto – Fraco

    • toniluismc
      30 de março de 2025
      Avatar de toniluismc

      Olá, Antonio! Muito obrigado pelo feedback detalhado. Fico feliz que tenha apreciado a escrita, as frases, os personagens e os diálogos – são aspectos que me orgulho muito de ter desenvolvido. Quanto ao enredo, entendo sua crítica: a expectativa de algo mais original se formou logo no início, e o desfecho acabou por remeter a fórmulas já vistas, como as histórias de amores proibidos do Wattpad. A ideia de uma fã apaixonada que se transforma em musa trágica foi justamente uma tentativa de explorar o suspense e a tensão psicológica, mas reconheço que o final pode ter quebrado a expectativa de inovação. Agradeço por apontar esses pontos, pois críticas construtivas como a sua são essenciais para que eu possa aprimorar minhas próximas obras, buscando sempre surpresas que se destaquem ainda mais. Obrigado por ler e compartilhar sua visão!

  19. Luis Guilherme Banzi Florido
    12 de março de 2025
    Avatar de Luis Guilherme Banzi Florido

    Ola, amigo(a) entrecontista! Tudo bem por ai? Esse conto faz parte das minhas leituras obrigatórias.

    Resumo: mulher obcecada por escritor egocentrico começa uma relação que só existe na cabeça dela, enquanto ela a usa e conta sua historia. No fim, ele morre e ela ri.

    Comentário geral: esse conto me causou sensaçoes mistas. Uma mistura de admiração e um pouco de frustração. Vou explicar por partes. Pra começar, a ideia da historia me lembrou muito “Misery”, do King. Acredito que voce tenha se inspirado nela, ou que pelo menos goste dela (como todo o resto do mundo gosta, alias hahaha). Mas isso nao é uma critica, só um comentario aleatorio. Eu gostei muito da sua escrita. Segura, bem conduzida, bom fluxo, bons personagens (excelete construção), bons dialogos. Voce me parece um(a) veterano(a) do EC. Eu gostei muito do desenrolar da historia, me deixou envolvido e curioso. No começo, parece que ele vai ser uma vitima dela que é maluca, mas voce habilmente entrega uma especie de reviravolta quando percebemos que é ele quem é o psicopata. E é aqui que acho que voce desperdiçou um grande potencial, e é daqui que vem a frustração de que falei. O problema, pra mim, é que depois desse apice sensacional, quando ela le o livro na cafeteria, achei que o conto decai muito, e tem um desfecho que me frustrou. Poxa, é um conto de terror, e acho que ali era o momento do apice de terror. Mas não, temos uma cena anti climatica do cara caindo sem querer em cima de um trofeu e morrendo, sem graça. Entendo a simbologia dele sendo morto pelo proprio trofeu, a metafora funciona. Mas dai ela ri e acaba. E eu fiquei com uma sensação meio amarga na boca, de que podia ter lido algo incrivel mas que nao chegou la. Resumindo, o conto tem duas partes muito distintas: começo e meio excelentes, otima construção de personagens, otimo climax, mas um desfecho bem fraquinho que nao entrega o terror que o conto construiu ate entao. Uma pena. Ainda assim, um trabalho muito consistente de alguem que domina a escrita.

    Sentimento final como leitor: misto de admiração e frustração.

    Recomendação do meu eu leitor: acho que esse conto ganharia muito com um desfecho mais impactante, com mais terror.

    Conclusão: comprei uma pipoca e fui ver um terrorzinho legal de obsessão na TV. Tava vidrado na tela, louco pra ver a loucura explodir no final, mas acabei me frustrando e, quando o filme acabou, já coloquei outro na sequencia.

    • toniluismc
      30 de março de 2025
      Avatar de toniluismc

      Olá, Luis! Muito obrigado por dedicar seu tempo à leitura e por escrever um comentário tão detalhado e construtivo. Fico realmente grato pelo reconhecimento dos pontos fortes – a escrita, a condução do ritmo, a construção dos personagens e o desenvolvimento inicial surpreendente, que de fato foi inspirado em obras como “Misery”. Sobre o desfecho, entendo perfeitamente sua frustração. Minha intenção era justamente provocar uma reviravolta inesperada e simbólica, mas reconheço que, para alguns leitores, o final pode parecer anticlimático, especialmente depois de um clímax tão impactante. A ideia era que o troféu, como símbolo do ego e da própria loucura do herói, culminasse a história de uma forma irônica e, talvez, até cruel – mas concordo que poderia ter sido trabalhada de modo a intensificar ainda mais o terror final. Sua crítica é valiosíssima e me faz refletir sobre como ajustar esses momentos para que o desfecho alcance o nível de tensão que o início e o meio criaram. Agradeço novamente por suas observações e pela sugestão de um final mais impactante. Comentários assim ajudam imensamente a aprimorar meu trabalho. Abraços e obrigado por compartilhar sua visão!

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Publicado às 9 de março de 2025 por em Liga 2025 - 1B, Liga 2025 - Rodada 1 e marcado .