EntreContos

Detox Literário.

A Verdade dos Vermes (Thiago Amaral)

Viu a faca ensanguentada e o corpo aberto no chão. Por um momento, pareceu real – mas era apenas uma fantasia que tivera aos nove anos, enterrada no fundo de sua mente. Apesar da água quente caindo, sentiu o corpo gelar sob o chuveiro.

Pedro enxugava as pernas após o banho. Por que essa memória havia aparecido num momento tão incomum?

Talvez por culpa de Regina, sua esposa, que recentemente se viciou em True Crime. Sua mente não gostava do vácuo e sempre procurava novas manias para preencher os intervalos entre atividades. Recentemente, sempre de fones, ela se perdia em casos de mortes misteriosas, distúrbios mentais e crueldades incompreensíveis. Brincava em como o bebê nasceria psicopata, passando a mão na barriga.

Pedro também havia consumido True Crime em seu passado. Quando criança, leu um livro sobre assassinos seriais que seus pais lhe deram. A leitura, como tantas outras, aguçou sua curiosidade insaciável . Quando viu a capa do livro, repleta de faces maldosas, pensou em como os vilões das histórias de super-heróis sempre chamam mais atenção. Não poderiam os criminosos da vida real ser igualmente interessantes?

Após a leitura, concluiu que sim. Devorou, quase sem piscar, as histórias de Ed Gein, Ted Bundy, Jeffrey Dahmer e outros. Seu fascínio por assassinos não se limitava ao livro – jogos de videogame e filmes também alimentavam seu sombrio interesse. Mas, como sempre acontecia, logo seu interesse se desviou para outros caminhos, e aquilo foi deixado para trás.

Olhou para seu reflexo enquanto lembrava-se. A mania durou apenas um mês, ou até menos. Na época, em sua cabeça infantil, não parecia tão estranho, mas agora aquele interesse mostrava-se para ele uma sombra, forçando-o a ver outro lado de si. Era uma mancha na mente ordenada que acreditava ter, dançando como uma stripper que, apesar do desconforto causado, o atraía irresistivelmente, revelando, pouco a pouco, os detalhes do maior segredo que carregava, até de si mesmo.

Quando tinha nove anos, enquanto lia sobre assassinos seriais, Pedro fantasiava sobre as histórias. Se via cometendo atos parecidos no condomínio onde morava, pensando na reação de seus vizinhos, nos corpos sendo encontrados, na cobertura da mídia, a polícia investigando a cena do crime e se perguntando quem poderia ter feito aquilo.

Não eram pensamentos muito complexos, pois sua noção de como a sociedade funcionava e de como reagiria era limitada. No entanto, ele sentia estranho prazer ao imaginar as sensações de horror das pessoas, enquanto ele, único conhecedor da verdade, apenas observava; o único com o poder de romper a estabilidade das vidas simples e felizes ao seu redor. Empolgado, escreveu sobre isso num caderno, mas o perdeu tempos depois.

Agora que era mais velho, compreendia melhor esses desejos e outras inclinações instintivas, como a atração dos assassinos por lâminas. Uma faca de cozinha, por exemplo, trazia intimidade ao ato, como se tocasse o interior da vítima no momento do golpe. Armas brancas fazem mais sentido, talvez até por questão de elegância. Contudo, talvez houvesse outros objetos, ainda mais interessantes, que pudessem revelar algo diferente.

Nunca havia falado sobre isso com ninguém, e não sabia se era por medo ou se porque ninguém compreenderia desejos tão perturbadores, que só havia encontrado em entrevistas com homicidas perigosos.

Saiu do banheiro terminando de enxugar as orelhas, e decidiu compartilhar a lembrança com Regina. Conversavam sobre tudo, afinal.

A mulher franziu a testa.

– Nossa… que estranho. Você não se lembrava de nada? Isso é meio assustador, Pedro.

Não era a reação que ele esperava. Lembrou-se de quando contou que, após uma briga, já havia pensado em se jogar na frente de um carro, e ela sorriu, balançando a cabeça. Agora, porém, sua fantasia parecia tocar uma nota desafinada para os ouvidos de alguém normal. Apesar disso, os afazeres do dia tomaram prioridade, e o assunto foi deixado para trás.

Mesmo assim, dois dias depois, Pedro tomava água quando a fragilidade do copo chamou sua atenção. Pensamentos sobre como seria fácil quebrá-lo com as mãos, assim como imagens do vidro cravado entre seus dedos, invadiram sua mente. Depositou o copo na mesa e passou as mãos pelo rosto, respirando fundo. Regina perguntou se estava tudo bem, e ele respondeu que sim.

Uma semana depois, passeavam pelo centro da cidade à procura de um berço para o quarto do bebê, quando passaram pela frente de uma loja de ferramentas. Uma machadinha na prateleira chamou a atenção de Pedro, que imaginou o objeto sendo cravado no peito de um homem, o impacto surdo e imediato. Pensou em todas as partes do corpo onde poderia usá-la. Lembrou-se de como sempre gostara de segurar ferramentas, sentir seu peso, como se levasse o próprio perigo nas mãos.

Depois disso, não conseguia deixar de pensar em como tudo o conectava a tragédias, violência e sofrimento. O rosto de todos que via nas ruas carregava tristeza, como se inconscientemente soubessem que eram carne esperando pelo abate. Ele, ao menos, sabia da podridão onde se encontrava, o que não era nenhum consolo.

Passaram também na frente de um açougue, onde os animais pendurados em ganchos eram tratados com naturalidade. Lembrou do filme O Massacre da Serra-Elétrica, no qual uma garota é pendurada para sangrar até a morte. Por que humanos, que se acham a espécie superior, não mereceriam receber o mesmo tratamento? O azulejo branco-avermelhado da loja era tanto repulsivo quanto fascinante.

Finalmente entraram na loja de móveis infantis, cheia de tons suaves de azul e rosa. Sua mente, porém, já estava corrompida: os rostos felizes dos animaizinhos e astros antropomorfizados pareciam vazias demais, como se ignorassem a inevitável destruição de todas as coisas.

Encontraram o berço exatamente como desejavam: espaçoso e delicado. Regina olhou para o esposo, o brilho de entusiasmo iluminando seu rosto. Pedro sorriu em resposta, mas, quando ela se virou novamente, ele encarou aquelas barras e lembrou-se das penitenciárias, pensou em Auschwitz, imaginou quanto tempo um bebê demoraria para morrer ali dentro se alguém colocasse algo sobre o móvel, impedindo-o de sair.

Sentiu a mandíbula apertar e o corpo tenso. Por isso, apressou-se a pagar e ir embora. Regina o observava com atenção, mas nada disse. À noite, ao invés de escrever, Pedro encarou a tela do notebook. Não queria transcrever as ideias horríveis que o tomaram durante o dia.

Na manhã seguinte, Pedro passou a procurar por textos na internet que o ensinassem a acalmar as vozes e imagens mentais que o ensandeciam. Tentou algumas técnicas de mindfulness, mas o próprio ato de fechar os olhos parecia convidar os pensamentos, que riam de suas tentativas patéticas. Gargalhadas ecoavam e demônios se materializavam para provocá-lo.

Na terça-feira, Pedro corrigia as redações de seus alunos em folhas impressas. Após o fim das leituras preliminares, notou que havia desenhado nas margens dos papéis, algo que havia escapado de sua consciência. Eram lâminas de barbear pingando sangue. Virando as folhas uma a uma, percebeu que havia enchido todas as páginas com criaturas cheias de dentes, crânios putrefatos e corpos carbonizados.

Na sexta, durante o jantar, Regina lhe contava sobre o último caso que ouviu no podcast. Um garoto havia sido torturado pelo padrasto e morreu a caminho do hospital. Regina, animada, detalhava como os investigadores analisaram cada marca e gota de sangue para apurar o que havia ocorrido. Pedro explodiu em risadas, criticando a inteligência do torturador, que havia sido descoberto de maneira tão fácil. Um assassino inteligente planejaria tudo e jamais seria pego. Regina parou, ficou séria e concordou, monossilábica. A mudança fez Pedro desviar o olhar e, tentando se recompor, comentou rapidamente o texto de um aluno.

Quando Outubro chegou, não conseguia mais escrever, como se suas reservas de energia estivessem exauridas. À noite, tinha pesadelos recorrentes, nos quais era um ditador experimentando métodos de tortura, um cientista da dor: enfiava seringas nos ouvidos das vítimas e, com um machado, as desmembrava com golpes imprecisos, como se esmagasse carne crua. Ao mesmo tempo, mulheres usando coroas de espinhos se arrastavam até ele e abraçavam suas pernas, em súplicas.

Nos intervalos entre um pesadelo e outro, lembrava-se de uma história da época do maternal que sua mãe lhe contava. Pedro havia começado a aparecer em casa com diversas manchas de um roxo bastante vívido pelo corpo. Descobriram que havia um garoto em sua turma que gostava de correr atrás dele e de mordê-lo no intervalo das aulas. Inconformada, a mãe foi à diretoria do colégio, mas não houve reação. Nem mesmo a psicóloga da escola, afirmando que o agressor era um “líder natural”, se moveu para ajudar. Em uma noite, então, a mãe puxou o filho para perto de si e, olhando diretamente em seus olhos, o instruiu a espancar o outro garoto se fosse preciso, mas que se defendesse e impedisse os próximos abusos. Após isso, os roxos deixaram de aparecer.

Pedro tinha uma vaga lembrança de estar cercado por vasto grupo de crianças, todas rindo dele, enquanto o “líder natural” o empurrava e mordia. O peso da gravidade o prendia ao chão. Lágrimas queriam escorrer, mas ele as segurou, temendo que as zombarias se intensificassem. Tinha a impressão de que, após as instruções da mãe, de fato bateu no menino – e se sentiu diferente depois de fazer isso. Como se finalmente pudesse alcançar o que desejava. No entanto, esse fora o único episódio de violência em sua vida.

Lembrava-se também de que, na mesma época, os filmes de terror nas prateleiras das locadoras o fascinavam, embora nunca pedisse para alugá-los. Olhava de canto para os pais enquanto pegava as capas e as examinava em detalhes, principalmente as imagens grotescas.

Contudo, nenhuma dessas memórias trazia respostas. Aqueles mesmos acontecimentos se repetiam com milhares de outras crianças, mas nenhuma delas se sentia tão quebrada por dentro quanto ele naquele momento.

Em suas conversas cotidianas, Regina comentou, olhando para seu rosto:

– Caramba, Pedro, você está com olheiras! O que está acontecendo? É por causa dos alunos?

Pedro passou a mão no rosto, sentindo o peso das pálpebras.

– Sim, é… estou pensando em tudo, no bebê, nas contas, no futuro. Os alunos não ajudam, também. Não aparecem ou ficam adiando as aulas. Talvez eu não devesse ter me demitido.

– Você sabe que pode contar comigo, né. Eu consigo segurar a barra se você não conseguir. Vamos focar na menina, e depois vemos o que fazer com o resto, tá bom? Vai dar certo.

Quando ela o abraçou, ele continuou parado, seu olhar perdido no horizonte, sem saber o que pensar de seu futuro.

Ao longo da semana, esperava os alunos entrarem na chamada, torcendo para que cancelassem de última hora, enquanto encarava o próprio rosto, cada vez mais barbudo, na tela do notebook. Via olhos que pareciam capazes de estrangular seus alunos se estivessem na sua frente. Por sorte, conseguia disfarçar seu silencioso desespero.

Às vezes, encarava o corpo redondo da mulher, enquanto andava distraída pela casa. Ela parava e olhava para a própria barriga e fazia carinho nela, com um pequeno sorriso entre os lábios. Pedro não conseguia acreditar que alguém pudesse se enganar tanto. Pensava naquela criaturinha em meio a vísceras, carne vermelha nojenta e pulsante, sugando as energias vitais da mulher, para depois nascer gritando e ordenando cada vez mais. A natureza, em sua visão, não era bela; era uma monstruosidade.

Certa madrugada, enquanto a mulher dormia, Pedro ouviu barulho de latas de lixo do lado de fora do prédio. Foi até a janela, e viu um cachorro revirando os latões do condomínio. Abriu a caixa de ferramentas que comprara há não muito tempo, pegou um martelo, e desceu até o térreo. Mais um ser abandonado, inconsciente da própria miserabilidade. O que estava prestes a fazer não era crueldade, mas misericórdia.

O animal nem fez barulho. Era velho e fraco, talvez desejasse o próprio fim. Pedro olhou para a cabeça aberta e viu o retrato da verdadeira natureza. Quando se olha fundo, nada é bonito como nos fazem acreditar. Logo, os vermes chegariam. Esses, sim, conheciam a vida como ela é.

Voltou para casa, o corpo vibrando. Um ato simples, mas tão prazeroso. Deveria ter aberto aquela fenda na cabeça com as mãos, ou com os dentes. Queria ver como era um crânio de cachorro, descobrir as coisas que a sociedade tenta esconder. Talvez na próxima vez.

Três dias depois, a cabeça arrebentada ainda estava presente: no prato de comida, no azulejo do banheiro, no quarto escuro de madrugada.

No dia seguinte, durante o pré-natal de sua filha, o médico anunciou que o bebê nasceria muito em breve. Os olhos de Regina brilharam, e o casal se abraçou. Pedro olhou para o ultrassom e, mais uma vez, o cão o encarava. Se imaginou carregando o bebê com as mesmas mãos que haviam segurado aquele martelo.

Uma semana depois, sua filha se contorceu para fora do ventre da mãe. Pedro foi autorizado a assistir ao parto de dentro da sala. Só viu sangue, dor, e o choro do bebê. Quando tudo acabou, Regina sorria. Ele conseguiu sorrir de volta, mas era um sorriso vazio. Há muito tempo queria ser pai, mas agora não conseguia ver além de um animalzinho frágil, e não sentia mais nada.

Abraçou as duas e começou a soluçar, um caldo amargo subindo pela garganta.

O primeiro dia com Rebecca foi confuso. A bebê se agitava, com os olhos fechados e gritando constantemente. Regina ninava a garota com desânimo, enquanto Pedro observava as duas. Para ele, era como se estivesse olhando estranhos pela janela de uma casa. Quando chegou seu turno, os braços tremiam tanto que Regina lhe perguntou se estava bem.

Duas semanas depois, a menina os punia num ritmo constante de gritos. Pedro não dormia há dias. Seus olhos ardiam, suas olheiras haviam se alargado. Moscas dançavam e cadáveres surgiam no canto de seus olhos. Em dado momento, percebeu que havia ficado uma hora parado em frente à despensa, onde guardava sua caixa de ferramentas, sem saber como havia chegado ali.

Um mês após o nascimento, em um raro intervalo no qual Regina ninava a filha no sofá, Pedro conseguiu sentar-se na cama e fechar os olhos. As vozes em sua mente começaram a repetir a mesma frase, com uma insistência insuportável: Está na hora. Você sabe o que precisa fazer. Quando ele abriu os olhos, já estava a caminho da despensa.

Abriu a porta, que gemeu. A caixa de ferramentas estava à sua espera, como se soubesse o que iria acontecer. Passou os dedos por ela, sentindo o metal gelado. Ficou em dúvida entre a chave inglesa e o martelo, mas fechou a mão no cabo amadeirado do último.

Ao voltar à sala, encarava as duas com olhar temeroso. Tremia ligeiramente.

Regina o olhou, a testa franzida.

– Pedro? O que está fazendo…? – a voz falhou quando percebeu o que acontecia. Abraçou a filha um pouco mais forte, tentando evitar que ele percebesse.

Se não fosse pela respiração ofegante e o leve tremor, o homem poderia ser confundido com uma estátua. Rígido, parecia contemplar o que estava prestes a fazer. Regina tentou falar novamente.

– Pedro, podemos conversar…

– Não dá mais. Desculpe, não dá mais. – Lágrimas escorriam, enquanto um sorriso triste surgia em seus lábios, como uma despedida.

Ergueu o martelo. Regina gritou, fechando os olhos e se encolhendo junto com o bebê, que começou a chorar.

O primeiro golpe foi com toda a força que ele tinha, seguido de um estalo seco, como se o espaço ao redor se partisse. Pedro caiu de joelhos, e logo deu a segunda martelada.

Regina arregalou os olhos, vendo o buraco na cabeça de seu marido jorrar, tingindo seu cabelo de castanho escuro. O grito rasgou sua garganta antes que pudesse contê-lo, espalhando-se pelo ar, que agora cheirava a ferro e carne. O homem, com metade do seu rosto coberta de sangue, olhava para o horizonte, como se visse formas que os outros não podiam enxergar. Executava um ritual que agora seria realizado até o fim. Deu a terceira martelada.

– Pedro, pelo amor de Deus! – a voz saiu estrangulada.

Rebecca urrava, enquanto o coração de Regina acelerava. Era difícil respirar. A camiseta de Pedro estava completamente ensanguentada, assim como o chão da sala. A visão de Regina começou a se turvar. Algo que parecia uma bolha rosa escorria do buraco na cabeça. Regina tentava abraçar a filha, mas seus braços estavam cada vez mais fracos, enquanto os gritos se distanciavam. Ouviu a quarta martelada e, então, mais nada.

Quando bateram na porta, já não podia mais responder.

***

Abelhas disputavam entrar nos lírios-do-vale, enquanto o vento balançava seus caules. As janelas do instituto refletiam a luz do sol, aquecendo o rosto de Pedro. Ele respirou fundo e sorriu de leve. Seus companheiros se arrastavam por ali, os passos erráticos, perdidos em pensamentos que pareciam consumir suas mentes. Entendia perfeitamente como se sentiam, mas o tormento deles não o tocava.

Vez ou outra, dores de cabeça perfurantes o visitavam, mas as vozes haviam passado quase que por completo. Após lhe entregar os comprimidos, o médico lhe garantiu que logo removeria as bandagens.

Regina o visitava, mas nunca conseguia manter o olhar. Pelo menos ele se sentia capaz de conversar sobre assuntos comuns, o que já era um progresso. No entanto, sempre que perguntava da filha, a mulher se contorcia ligeiramente. Cogitou se alguma vez chegaria a conhecer Rebecca. Era uma possibilidade distante, mas ainda assim uma possibilidade.

De tempos em tempos contemplava as vestes brancas e pensava como seriam belas se estivessem manchadas de vermelho. Contudo, naquela névoa induzida, geralmente tinha pensamentos bobos, desimportantes, às vezes sem nexo algum.

Enquanto andava pelo instituto, seu corpo trôpego e letárgico, ainda não se sentia dono de si. Considerava melhor assim.

Seria mais um dia bom, numa terra calma e pacífica.

Sobre Fabio Baptista

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23 comentários em “A Verdade dos Vermes (Thiago Amaral)

  1. Thales Soares
    29 de março de 2025
    Avatar de Thales Soares

    Considerações Gerais:

    O autor aqui tentou construir uma espiral de loucura, mostrando Pedro pouco a pouco ficando mais insano, mas de forma um pouco descompassada, pois o ritmo narrativo acaba atrapalhando um pouco, e no final há um desfecho totalmente descabido e que deu uma amargada num conto que estava caminhando até que bem, apesar de alguns tropeços.

    O conto tenta seguir por um caminho de realismo psicológico. O Pedro é um cara normal, que vai sendo corroído por traumas mal resolvidos, pressão de ser pai, falta de sono, memórias da infância e o peso da própria mente. O conto te deixa desconfortável, e isso é ótimo devido à sua proposta. Mas faltou administrar melhor essas questões da insanidade crescente do protagonista… o cara só pensa em maldade o tempo inteiro, não havendo momentos de calmaria para dar um contraste entre o seu lado bom e o seu lado mal, fazendo com que o leitor não pensar que ele está ficando louco aos poucos, mas sim que já nasceu louco, o que não era o objetivo do autor.

    O desfecho é satisfatório, mas com algumas ressalvas. Pedro vira um zumbi sedado, Regina sobrevive, a filha também, mas tudo fica quebrado. E essa sensação de “fim aberto deprimente” combina com o tom do conto.

    ***

    Pedradas:

    Alguns momentos que poderiam ser um pouco mais enxutos, tipo as cenas onde os pensamentos se repetem muito. Talvez cortar umas repetições deixasse tudo ainda mais tenso, sem perder profundidade.

    A esposa podia ser mais explorada. A Regina aparece bastante, mas meio que só como coadjuvante que reage ao Pedro… pra quem joga video game, é como se ela não fosse uma pessoa, mas sim um NPC. Ter um pouquinho mais de presença dela, talvez algum momento em que ela perceba mais claramente o estado dele, daria mais drama e sentido pro desfecho.

    A martelada do final é estranha. Todo mundo que lê pensa que ele ia matar a família… mas ai o autor faz um plot twist e mostra que Pedro deu uma martelada na própria cabeça, como se ele fosse aquelas personagens malucos de desenho animado, no estilo Looney Tunes. O problema é que as descrições aqui ficaram MUITO confusas… foi necessário eu ler mais de uma vez para compreender, e apesar de eu ter entendido as intenções do autor, não compreendi a intenção de Pedro.

    ***

    Conclusão:

    Um bom conto, com uma pegada de horror psicológico densa, com descida lenta pra insanidade, mas que dá alguns tropeços no meio do caminho, e culmina num final descabido e confuso. Mas a ideia é interessante. É do tipo de história que não precisa de monstros para assombrar, porque o monstro é a própria mente.

  2. Pedro Paulo
    29 de março de 2025
    Avatar de Pedro Paulo

    COMENTÁRIO: Espiral à violência, mas nisso de rodar me pareceu que se girava em torno do mesmo lugar. O texto é escrito de maneira competente, sabendo equilibrar o desequilíbrio interno do personagem com a própria perda de contato com a realidade do mundo exterior. Então é a dissociação do protagonista o movimento que acompanhamos ao longo da leitura e, embora a descrição dos episódios seja bem feita e a progressão de sua loucura homicida seja sentida, em certo ponto comecei a achar repetitivo, com o texto avançando sempre entre menções à sua esposa e ao trabalho pressionadas pelos vislumbres de morte e sangue. Próximo ao final, a catarse da imolação, entregue com a mesma escrita bem elaborada, não produziu o impacto esperado. Nesse sentido, o epílogo enriqueceu o texto, transportando o personagem a um contexto no qual a sua sede por violência é atenuada, mas sem relevar o horror do que o levou até ali. Um bom conto de terror psicológico, ainda que eu tenha achado que bateu demais na mesma tecla.

  3. Luis Fernando Amancio
    28 de março de 2025
    Avatar de Luis Fernando Amancio

    Olá, Vicente Arcanjo,

    Gosto de começar a avaliação de um conto de terror refletindo: a história dá medo? No seu caso, a resposta é fácil. Dá medo, e não é pouco. A história gira em torno do enlouquecimento do protagonista, o que, por ser bem mais concreto do que um vampiro, monstro, ou algo assim, é bem assustador. Pedro, através do estímulo indireto da esposa, que ouve podcasts de True Crime, vai desenvolvendo uma obsessão pelo tema. Começa a fantasiar com assassinatos, espancamentos e dilacerações, em uma crescente que termina por dominá-lo.

    O conto é bem escrito. Sua linguagem é adequada e bem coerente com a ambientação da obra. Como eu disse, a loucura é um tema bastante sensível, e seu texto vai construindo de forma assertiva a decadência de Pedro.

    Mas nem tudo vai bem. Sinto que seu conto poderia ter um desenvolvimento mais gradual. Talvez ter uma introdução  de “ambiente normal”, demorar um pouco antes do protagonista desenvolver a mania com crime. Acaba sendo um conto monotemático, não dá tempo do leitor se afeiçoar pela família antes da situação estar deteriorada. Eu daria, por exemplo, mais ênfase nos eventos transformadores pelos quais Pedro passa, como a briga na pré-escola e o assassinato do cachorro.

    Achei estranho o protagonista ganhar um livro sobre serial killers dos pais na infância. Escolha bastante questionável, convenhamos.

    E penso que é importante a reflexão sobre o consumo de True Crimes como entretenimento. Não é uma coisa saudável essa banalização da brutalidade. Criou-se uma glamourização de assassinatos, reais ou ficcionais, que me parece um tanto perigoso. No seu conto, a esposa lida bem com o conteúdo desses podcasts, mas com o marido a coisa acaba migrando para um rumo complicado. Parabéns por tocar num assunto relevante.

    Boa sorte no desafio e parabéns pelo conto.

  4. danielreis1973
    27 de março de 2025
    Avatar de danielreis1973

    Comentário inicial (válido para todos os contos):
    Prezados participantes: este meu comentário NÃO É UMA CRITÍCA, É A MINHA IMPRESSÃO PESSOAL sobre o seu conto – e não é sobre você, como escritor ou ser humano!  Espero que os comentários possam ajudá-lo a aprimorar sua história ou sua escrita, num sentido mais amplo. Outra coisa é que não está sendo fácil é comparar os contos participantes, já que apesar do desafio estar  restrido a DOIS TEMAS (que inclusive tem fronteiras tênues, e às vezes se misturam entre si, em diferentes proporções), as diferenças dos gêneros literários escolhidos pelos participantes tornam muito difícil dar um valor absoluto entre os contos, quando colocados lado a lado. Então, o melhor humor não tem o mesmo efeito que o melhor terror, e um terror com elementos realistas pode ter um efeito mais impactante para mim que um horror com elementos de fantasia ou ficção científica – por isso, digo que é MINHA IMPRESSÃO, ok? As notas não representam “média para aprovação”, mas O EFEITO FINAL que me causaram.

    Dito isso, vamos ao:

    COMENTÁRIO ESPECIFICO:

    LOGLINE: marido que aos poucos vai deixando aflorar sua psicopatia, enquanto a mulher é fã de true crime.

    TEMA ESCOLHIDO: terror (100% psicológico)

    PREMISSA: o mal está inscrustrado no protagonista, aflorando após anos de inatividade – o conto parte de um universo rea, cotidiano, para tratar de um condição psicológica intuída como “sobrenatural” – o que tem muita proximidade com O Iluminado, de Stephen King, ainda que aqui não haja a explicação definitiva sobre de onde vem o impulso, ou que ele seja realmente sobrenatural.

    TÉCNICA E ESTILO: escrita muito coerente e clara, demonstrando alto nível de domínio narrativo, sem tentativas injustificadas de “brilhar”, somente a intenção clara de contar uma boa história. Creio que o clímax está bem definido e descrito, com um final (epílogo) que explica o fim que teve o protagonista, sem explicitar as razão pelo qual tudo aquilo aconteceu.

    EFEITO FINAL: uma história muito bem contada, ainda que não tenha me impressionado pela originalidade ou por plot twists, seguindo um caminha linear até o final definido pelo autor. 

  5. Amanda Gomez
    27 de março de 2025
    Avatar de Amanda Gomez

    Oi, bem?

    Achei seu conto com uma ótima construção de personagens e de ambientação… A gente vai, aos poucos, conhecendo a mente dele. Na verdade, vamos conhecendo essa mente doentia junto com ele. Você conseguiu medir bem essas expectativas… passo a passo, carregados de tensão… A gente teme pela esposa, pela filha.

    Admiro sempre quando o autor consegue dar essa importância aos personagens — é comum, em contos de terror, as pessoas estarem ali apenas… pra morrer. Aqui não é o caso.

    O final me surpreendeu. Já estava pronta pra cena grotesca do cara matando a própria família, mas não… Ele fez mal a si mesmo. Isso mostra o tamanho do desespero dele, de como deve ser horrível estar aprisionado em uma mente junto com a sua pior versão.

    Adendo: a cena dele matando o cachorro… bem pesada também.

    É um ótimo conto de terror. O final ficou mais brando… mais triste… mas muito verossímil.

    Parabéns pelo trabalho. Boa sorte no desafio!

  6. Mauro Dillmann
    26 de março de 2025
    Avatar de Mauro Dillmann

    O conto inicialmente fica no lugar comum: a relação sonho-realidade.

    Relata a vida de um casal. O homem com desejos sanguinários, desejo de tortura e morte.

    Não consegui formular a imagem de alguém se martelando. Mas, tudo bem.

    A narrativa em terceira pessoa, com pouca inserção de discurso direto, deixou o texto um tanto cansativo. Por exemplo, na seguinte passagem: “Regina perguntou se estava tudo bem, e ele respondeu que sim”.

    De qualquer forma, um bom conto.

    Parabéns!

  7. Gustavo Araujo
    24 de março de 2025
    Avatar de Gustavo Araujo

    Excelente conto. A insanidade crescente por meio das vozes na cabeça até a completa loucura foi muito bem construída. É uma história verossímil, possível até. O homem comum que se transforma num monstro. Há algo de “O Iluminado” aí, não só pela perda dos freios morais, mas tbm pelas imagens que se formam na cabeça do protagonista e vão lhe roubando qualquer valor moral, pondo em xeque a própria família. No fim, tanto no livro do SK como aqui, Pedro, assim como Jack, sucumbe vítima de si próprio.

    Não creio que o conto perca por ter-se baseado na obra citada. O próprio SK incentivou seus leitores a produzir novas versões de seus clássicos, criando novas possibilidades, novos finais, novas motivações. E você, caro autor, foi muito feliz nesse propósito. Eu realmente fique desconfortável ao ler o seu conto (e isso é um elogio), fiquei com medo pelo bebê, pela mãe, pelo martelo. Enfim, o conto mexeu comigo e isso, em termos de terror, é bem difícil.

    Parabéns pela obra. É minha favorita no grupo.

    Nota: 5,0

  8. Priscila Pereira
    24 de março de 2025
    Avatar de Priscila Pereira

    Olá, Sr Autor! Tudo bem?

    Nossa… Isso que eu chamo de conto de terror!

    Eu gosto muito da área psicológica e psiquiátrica… das doenças e fragilidades da mente humana, então curti muito o seu conto.

    Você retratou muito bem o processo de degeneração da mente do Pedro, e embora algumas coisas tenham ficado demais, tipo o menino ganhar um livro de assassinos seriais dos pais!, e a Regina fazendo menção ao filho poder nascer psicopata (muito estranho isso!!!!), no geral foi um desenrolar bem bacana de tensão, suspense, terror e no final, um pouco de horror.

    A cena final do protagonista em um hospital psiquiátrico, ainda tendo os mesmos desejos mas controlado por medicamentos e entendendo tudo e achando melhor, mais seguro assim, foi muito boa, mas acho que uma pessoa no estado dele nunca teria essa consciência.

    Gostei muito que você não tenha apelado (para impressionar os leitores) e feito o prota matar a filha, pra mim teria sido péssimo!

    Enfim, gostei bastante!

    Parabéns pelo conto e boa sorte no desafio!

    Até mais!

  9. claudiaangst
    23 de março de 2025
    Avatar de claudiaangst

    Para este desafio, utilizarei o sistema de avaliação TERRORIR:

    T(ítulo) — A VERDADE DOS VERMES — Associo vermes sempre a uma doença parasitológica ou àqueles bichinhos nojentos que se nutrem de cadáveres. Acredito que aqui seja a segunda opção, ou seja, deve ser um conto de terror.

    E(nquadramento ao tema) — Sim, é um conto de terror. Nada de risos aqui. 😱

    R(azão de gostar do conto) — Bom ritmo de narração, tom de suspense prende a atenção. Final impactante.

    R(evisão) — Apenas algumas falhas fáceis de resolver:

    – repetição muito próxima da palavra “interesse”

    – enquanto lembrava-se > enquanto se lembrava

    – repetição muito próxima da palavra “ninguém”

    – Quando Outubro > Quando outubro

    O(utras questões técnicas) — A linguagem empregada é simples, clara. A narrativa apresenta ação e observação, mantém o tom de suspense. Considero a última parte um adendo desnecessário. O desfecho ficaria ainda mais impactante se terminasse em “Quando bateram na porta, já não podia mais responder.” Mas é apenas minha opinião, pode desconsiderar sem dó.

    R(azão de desgostar do conto) — Não poupou o doguinho. Além disso achei bem estranho os pais darem de presente um livro sobre serial killers para um garoto de 9 anos. 🔪 🩸

    I(ntesidade da narrativa) — Alta voltagem. Massacre de doguinho, marteladas na própria cabeça, um show de horrores. Terror intenso.

    R(esumo da ópera) — Conto difícil de ler por ser realmente uma narrativa cheia de eventos terrificantes. 😱

    Parabéns pela sua brilhante participação no desafio e boa sorte!

  10. Marco Saraiva
    23 de março de 2025
    Avatar de Marco Saraiva

    É um conto interessante especialmente pela reviravolta. A tensão inteira é construída ao redor da possibilidade de Pedro matar a filhinha ainda bebê. Na verdade, a tensão começa antes, na possibilidade de ele matar a esposa grávida. Mas o conto vai se prolongando e culmina em uma reviravolta onde ele tenta matar a si mesmo, não podendo mais lidar com a própria insanidade.

    A imagética do conto tem momentos muito bons. Destaque para o sonho de Pedro sobre ele ser um imperador, e o momento onde ele enxerga a própria filha como um parasita, e reflete sobre a natureza humana. O conto se resolve bem, tem um final justo. No geral, foi satisfatório.

    O problema aqui, para mim, foi a longa transformação de Pedro, o ritmo arrastado da leitura, vez após vez mostrando cada mínimo detalhe do seu processo, repetindo pensamentos ruins, momentos de loucura, etc. A maior parte do conto é apenas esta descrição terrivelmente lenta de Pedro descendo ao inferno da própria mente, então a leitura tornou-se bastante cansativa para mim. Não ajuda que a técnica é um pouco burocrática, com parágrafos às vezes beirando o jornalístico, sem muito sentimento ou emoção. É claro que o texto tem os seus momentos de luz, como citei acima, mas no geral achei uma leitura um pouco sem sal.

    Para ser sincero, quando ele deu a martelada na própria cabeça, por mais que estivesse quase dormindo, acabei arregalando os olhos e o conto me pegou novamente. E fui assim até o final, o coração palpitando de novo. Mas isso aconteceu muito no final do conto.

  11. José Leonardo
    23 de março de 2025
    Avatar de José Leonardo

    Olá, Vicente Arcanjo.

    Tendo em vista as minhas limitações técnicas para apreciar melhor o seu conto e de modo a tentar esquentar meus comentários que acho um tanto insossos, decidi convocar, por meio de um ritual de fervura de miojo de tomate com leite coalhado e digitação de Zerinho-um no MS-DOS, a FRIACA® (Falsa Ruiva Inteligente Auxiliar para Comentários e Avaliações) para me ajudar nessa bela empreitada e proporcionar a melhor avaliação possível acerca do seu texto (dentro da minha perspectiva de leitor).

    FRIACA: Do que se trata o conto?

    R.: O tema da psicopatia e do impulso ao suicídio, dos terrores reais (somáticos/naturais/sociais, melhor dizendo), bem como do vazio e da apatia que eles ocasionam. Um conto que implicitamente nos mostra a importância de tratamento médico e do CVV para as vidas das pessoas, posto que nos mostra o que acontece quando uma pessoa se recusa a se ajudar e tenta apagar seus incêndios anteriores apenas retendo ações.

    FRIACA: Como você vê a narração, o estilo, a estrutura, a técnica?

    R.: Quando um texto começa com frases que pretendem dar impacto, mas retratando sonhos e recordações, Vicente, confesso que meu engajamento na leitura diminui (foi o que aconteceu, por exemplo, com o conto “A Bordo”, deste mesmo grupo). Apesar disso, o desenvolvimento de sua prosa permite reforçar no leitor (por assim dizer) que, em que pese o interesse da esposa por casos reais de crimes, o próprio Pedro consumia leituras do tipo desde a infância (com aquele filtro infantil, onírico, cujo olhar é modificado conforme a personalidade é formada e os anos passam). Há alguns flashbacks da infância e adolescência de Pedro.

    Pedro parece em conflito constante entre seu “modo adulto de agir” e ações instintivas que lhe querem levar de roldão (e estão aflorando de lembranças – e das sensações de leituras de true crime do passado). Nesse sentido, creio que o(a) autor(a) obteve êxito, pois a todo momento algum fato ou olhar de Pedro remete a possibilidades mescladas com impulsos assassinos/atos cruéis. Mesmo assim, é o Pedro professor, Pedro pai de bebê e Pedro marido que prevalecem (digamos que seu superego, até certa altura do texto, vence o jogo contra seus instintos – mas na prorrogação. Os derrotados, porém, sempre deixam marcas meio que para pontuar: “Estivemos aqui”). A obsessão de momento de Regina também não ajuda. Mas Pedro resiste.

    Só que os impulsos vão ficando mais forte e, tal qual uma enchente na barragem, força os alicerces até transbordarem. O nascimento da filha (que embora previsto, acrescenta a inquietação natural de bebê ao momentum de vicissitudes de Pedro) potencializa, deixa iminente esse transbordamento.

    FRIACA: E quanto à adequação ao tema, à criatividade e ao impacto?

    R.: Adequado ao terror que surge de fissuras psicológicas do ser. Vemos uma pessoa esgotada cujas lembranças, somadas aos interesses de uma cônjuge que lhe fazer revisitar sensações da infância/adolescência, dão o start para acabar com tudo.

    FRIACA: Indo um pouco mais a fundo nesse particular e apesar do aspecto subjetivo do que a história pode causar no leitor, é um conto para dar risadas ou aterrorizar-se?

    R.: Há elementos suficientes para causar aflição e desconfiança no leitor. Não foi o meu caso, porém. 

    FRIACA: Qual sua posição final sobre esse conto?

    R.: É uma jornada da perda gradual do autocontrole, Vicente. De modo geral, gostei do seu texto. O próprio título inculca no leitor que os grandes terrores não são somente sobrenaturais.

    Parabéns pela estória e boa sorte neste desafio.

  12. andersondopradosilva
    23 de março de 2025
    Avatar de andersondopradosilva

    A VERDADE DOS VERMES despende muito em uma longuíssima introdução para justificar as ações futuras do personagem. Os fatos não acontecem em uma sucessão lógica e encadeada de eventos até o desfecho, ao contrário, os fatos são contados. As ações demoram a acontecer. O personagem se torna um fantoche na mão do narrador, sem ações próprias. O texto também é um pouco ambíguo, porque faz parecer que o protagonista morreu quando, na verdade, permanece vivo. O desfecho vem destacado do resto do conto, separado por três asteriscos, recurso que revela uma inabilidade de construir, com palavras, o salto temporal e espacial que a conclusão do enredo exigia. A VERDADE DOS VERMES faturou nota 3 e a décima primeira posição na lista.

  13. José Leonardo
    22 de março de 2025
    Avatar de José Leonardo

    Olá, Vicente Arcanjo.

    Tendo em vista as minhas limitações técnicas para apreciar melhor o seu conto e de modo a tentar esquentar meus comentários que acho um tanto insossos, decidi convocar, por meio de um ritual de fervura de miojo de tomate com leite coalhado e digitação de Zerinho-um no MS-DOS, a FRIACA® (Falsa Ruiva Inteligente Auxiliar para Comentários e Avaliações) para me ajudar nessa bela empreitada e proporcionar a melhor avaliação possível acerca do seu texto (dentro da minha perspectiva de leitor).

    FRIACA: Do que se trata o conto?

    R.: O tema da psicopatia e do impulso ao suicídio, dos terrores reais (somáticos/naturais/sociais, melhor dizendo), bem como do vazio e da apatia que eles ocasionam. Um conto que implicitamente nos mostra a importância de tratamento médico e do CVV para as vidas das pessoas, posto que nos mostra o que acontece quando uma pessoa se recusa a se ajudar e tenta apagar seus incêndios anteriores apenas retendo ações.

    FRIACA: Como você vê a narração, o estilo, a estrutura, a técnica?

    R.: Quando um texto começa com frases que pretendem dar impacto, mas retratando sonhos e recordações, Vicente, confesso que meu engajamento na leitura diminui (foi o que aconteceu, por exemplo, com o conto “A Bordo”, deste mesmo grupo). Apesar disso, o desenvolvimento de sua prosa permite reforçar no leitor (por assim dizer) que, em que pese o interesse da esposa por casos reais de crimes, o próprio Pedro consumia leituras do tipo desde a infância (com aquele filtro infantil, onírico, cujo olhar é modificado conforme a personalidade é formada e os anos passam). Há alguns flashbacks da infância e adolescência de Pedro.

    Pedro parece em conflito constante entre seu “modo adulto de agir” e ações instintivas que lhe querem levar de roldão (e estão aflorando de lembranças – e das sensações de leituras de true crime do passado). Nesse sentido, creio que o(a) autor(a) obteve êxito, pois a todo momento algum fato ou olhar de Pedro remete a possibilidades mescladas com impulsos assassinos/atos cruéis. Mesmo assim, é o Pedro professor, Pedro pai de bebê e Pedro marido que prevalecem (digamos que seu superego, até certa altura do texto, vence o jogo contra seus instintos – mas na prorrogação. Os derrotados, porém, sempre deixam marcas meio que para pontuar: “Estivemos aqui”). A obsessão de momento de Regina também não ajuda. Mas Pedro resiste.

    Só que os impulsos vão ficando mais forte e, tal qual uma enchente na barragem, força os alicerces até transbordarem. O nascimento da filha (que embora previsto, acrescenta a inquietação natural de bebê ao momentum de vicissitudes de Pedro) potencializa, deixa iminente esse transbordamento.

    FRIACA: E quanto à adequação ao tema, à criatividade e ao impacto?

    R.: Adequado ao terror que surge de fissuras psicológicas do ser. Vemos uma pessoa esgotada cujas lembranças, somadas aos interesses de uma cônjuge que lhe fazer revisitar sensações da infância/adolescência, dão o start para acabar com tudo.

    FRIACA: Indo um pouco mais a fundo nesse particular e apesar do aspecto subjetivo do que a história pode causar no leitor, é um conto para dar risadas ou aterrorizar-se?

    R.: Há elementos suficientes para causar aflição e desconfiança no leitor. Não foi o meu caso, porém. 

    FRIACA: Qual sua posição final sobre esse conto?

    R.: É uma jornada da perda gradual do autocontrole, Vicente. De modo geral, gostei do seu texto. O próprio título inculca no leitor que os grandes terrores não são somente sobrenaturais.

    Parabéns pela estória e boa sorte neste desafio.

  14. paulo damin
    20 de março de 2025
    Avatar de paulo damin

    É bom o recorrido psicológico do rapaz que vai pirando. Tem uns símbolos pontuais: o nome Pedro, de imperador; o nome Regina, de rainha (Rebeca é aquele instrumento estridente, que nem bebê chorão); tem o martelo, que é a obsessão do cara e também a troço que ele usa pra tentar se matar; tem o cachorro, que é o homem e ao mesmo tempo o bicho. Portanto é um conto que permite uma leitura mais ampla.

  15. Givago Domingues Thimoti
    18 de março de 2025
    Avatar de Givago Domingues Thimoti

    A Verdade dos Vermes — (Vicente Arcanjo)

    Bom dia, boa tarde, boa noite! Como não tem comentários abertos, desejo que tenha sido um desafio proveitoso e que, ao final, você possa tirar ensinamentos e contribuições para a sua escrita. Quanto ao método, escolhi 4 critérios, que avaliei de 1 a 5 (com casas decimais). Além disso, para facilitar a conta, também avaliei a “adequação ao tema”; se for extremamente perceptível, a nota para o critério é 5. Caso contrário, 1 quando nada perceptível e 2,5 quando tiver pouco perceptível. A nota final será dada por média aritmética simples entre os 5. No mais, espero que a minha avaliação/ meu comentário contribua para você de alguma forma.

    Boa sorte no desafio!

    1 – ruim 😓 / 2- abaixo da média😬  / 3- regular,acima da média,   😉/ 4- bom 😇/ 5- excelente!🥰

    Critérios de avaliação:

    • Resumo:

    A Verdade dos Vermes nos apresenta um suspense (desculpa, não percebi o gênero terror, logo nota 1) psicológico. Creio que para um terror psicológico, faltou desenvolver melhor algum elemento típico do terror, por exemplo, algo que deturpa a realidade, que faz o leitor pensar “hum, o que será que está acontecendo? Dá para confiar nesse protagonista?”

    Enfim, o conto aborda a derrocada de um protagonista, ele sucumbindo aos impulsos assassinos enquanto ele inicia a formação de uma família. 

    • Pontos positivos e negativos: 

    Positivo:

    Negativo:

    • Correção gramatical – Texto bem (mau) revisado, com poucos (muitos) erros gramaticais. 4,5

    Uma linguagem bem executada do ponto de vista gramatical. Creio que os únicos deslizes que percebi ao longo do texto foram algumas repetições de palavras e o queísmo (excesso do uso do que ao longo do texto).

    • Estilo de escrita – Avaliação do ritmo, precisão vocabular e eficácia do estilo narrativo. 2,5

    Achei uma escrita muito arrastada, focada bastante na descrição. Claro, as descrições foram capazes de trazer um certo desconforto, por serem visuais. Ainda assim, como disse, parece que o conto não evolui, ficando apenas nessas descrições.

    Então, seguindo, é uma escrita simples, que tem lampejos de algo diferente, mas que não vinga e, portanto, não empolga.

    Enfim, acho que esse conto pede uma linguagem mais enxuta, contudo, mais bem trabalhada por assim dizer, (leia-se lúdica).

    • Estrutura e coesão do conto – Organização do conto, fluidez entre as partes e clareza da construção narrativa. 4

    O conto possui uma estrutura linear, desenvolvendo-se no esquema tradicional de início, meio e fim. Até mesmo pelo enfoque na descrição, o leitor não tem grandes dificuldades para acompanhar a história. 

    Infelizmente, o grande desfecho destoa, ao meu ver, ficando bem mais confuso do que era esperado, ainda mais considerando todo o desenrolar do conto. 

    • Impacto pessoal – capacidade de envolver o leitor e gerar uma experiência memorável. 1

    Bom, eu não gostei desse conto. Achei ele um tanto demorado demais, muito focado na descrição de como o protagonista foi se transformando num pessoal cruel, com requintes de prazer sádico. A história em si, por outro lado, pouco se desenvolve. E nessa de pouco se desenvolver e focar no gore, não explora outros elementos de horror para além do visual.

    Nota final: 2,6 😑

  16. Kelly Hatanaka
    17 de março de 2025
    Avatar de Kelly Hatanaka

    Oi Vicente.

    Antes, um aviso geral: li seu conto com toda a atenção e cuidado e meu comentário, abaixo, expõe minha opinião de leitora, com todas as falhas que tal opinião possa ter. Os quesitos que uso para a pontuação são: Tema, Escrita e Enredo, valendo 2 pontos cada e Impacto, valendo 4. Parabéns pela participação e boa sorte no desafio!

    Tema

    O conto está dentro do tema terror.

    Escrita

    Uma escrita correta. A tensão é criada com bastante competência. É possível sentir o drama do personagem ao ir saindo da curiosidade e inquietação sobre seus pensamentos intrusivos até o completo desespero que o levou a atentar contra a própria integridade física.

    Enredo

    Um homem, prestes a ser pai, lembra-se de seus pensamentos e fantasias sádicos. Não há aqui muita explicação sobre as razões disso acontecer. Talvez tenha sido o interesse recente de sua mulher por história de true crime. À medida que o parto se aproxima os pensamentos vão se tornando mais intensos até que, por fim, o bebê nasce e tudo piora. O homem, então, abre a própria cabeça a marteladas para se livrar de seus pensamentos e preservar a mulher e filha.

    Impacto

    Uma história razoavelmente impactante. Mérito da tensão crescente e bem construída. Achei interessante como, mesmo não havendo indicações dos motivos de Pedro, ainda assim, foi possível criar uma conexão com o personagem. Pessoalmente, gostaria de ter tido uma visão melhor das razões dessa mente assassina ter despertado assim de repente. Mas, de qualquer forma, foi uma boa história.

  17. leandrobarreiros
    13 de março de 2025
    Avatar de leandrobarreiros

    Alguns aspectos bastante positivos e negativos nesse conto.

    Começando pela parte que não gostei: acho que houve preocupação excessiva do autor em demonstrar a degeneração de Pedro em sua caminhada â loucura. Isso ficou um pouco repetitivo, especialmente porque há a impressão de que o narrador está a todo momento perguntando ao leitor se ele percebeu que Pedro é ou tem potencial para ser um sociopata, ou psicopata.

    A repetição fica um pouco cansativa e começa a soar artificial pela quantidade de demonstração próximas umas as outras. A degeneração acontece rápido demais, ou é informada rápida demais
    “Uma semana depois, passeavam pelo centro da cidade à procura de um berço para o quarto do bebê, quando passaram pela frente de uma loja de ferramentas. Uma machadinha na prateleira chamou a atenção de Pedro, que imaginou o objeto sendo cravado no peito de um homem, o impacto surdo e imediato. Pensou em todas as partes do corpo onde poderia usá-la. Lembrou-se de como sempre gostara de segurar ferramentas, sentir seu peso, como se levasse o próprio perigo nas mãos.

    Depois disso, não conseguia deixar de pensar em como tudo o conectava a tragédias, violência e sofrimento. O rosto de todos que via nas ruas carregava tristeza, como se inconscientemente soubessem que eram carne esperando pelo abate. Ele, ao menos, sabia da podridão onde se encontrava, o que não era nenhum consolo.

    Passaram também na frente de um açougue, onde os animais pendurados em ganchos eram tratados com naturalidade. Lembrou do filme O Massacre da Serra-Elétrica, no qual uma garota é pendurada para sangrar até a morte. Por que humanos, que se acham a espécie superior, não mereceriam receber o mesmo tratamento? O azulejo branco-avermelhado da loja era tanto repulsivo quanto fascinante.

    Finalmente entraram na loja de móveis infantis, cheia de tons suaves de azul e rosa. Sua mente, porém, já estava corrompida: os rostos felizes dos animaizinhos e astros antropomorfizados pareciam vazias demais, como se ignorassem a inevitável destruição de todas as coisas.

    Encontraram o berço exatamente como desejavam: espaçoso e delicado. Regina olhou para o esposo, o brilho de entusiasmo iluminando seu rosto. Pedro sorriu em resposta, mas, quando ela se virou novamente, ele encarou aquelas barras e lembrou-se das penitenciárias, pensou em Auschwitz, imaginou quanto tempo um bebê demoraria para morrer ali dentro se alguém colocasse algo sobre o móvel, impedindo-o de sair.

    Sentiu a mandíbula apertar e o corpo tenso. Por isso, apressou-se a pagar e ir embora. Regina o observava com atenção, mas nada disse. À noite, ao invés de escrever, Pedro encarou a tela do notebook. Não queria transcrever as ideias horríveis que o tomaram durante o dia.”

    Aqui por exemplo temos uma queda em todos os parágrafos. Fica muito rápido e, de certo modo, deixa as coisas um pouco anti climáticas, que é o contrário do que, acredito, o autor quer fazer (tentando aumentar a tensão).

    Há ainda uma certa distância do narrador sobre os acontecimentos, o que acaba passando uma atmosfera de muito “contar” e pouco “mostrar”, creio, novamente, que isso se da pela sequência continua de degeneração ininterrupta, quase sempre na representação do pensamento e não de ação.

    Sobre o que me chamou atenção positivamente no texto: o autor sabe o que quer fazer, onde quer chegar e não se desvia do caminho. Ele está tentando oferecer “red hearings” para pegar o leitor desprevenido com a martelada na cabeça, uma cena bem forte e pouco esperada.

    As últimas passagens, de fato, são as minhas preferidas do conto. Tanto a marretada quanto à consequência. Elas saem do lugar comum, são bem construídas, impactantes e marcam depois da leitura. Me pergunto se o autor acabou dedicando mais tempo a elas do que ao restante do texto.

  18. Fabiano Dexter
    12 de março de 2025
    Avatar de Fabiano Dexter

    Estou organizando os meus comentários conforme irei organizar as minhas notas, buscando levar para o autor a visão de um Leitor regular e assim tentar agregar algum valor. Assim a avaliação é dividida em História (O que achei da história como um todo, maior peso), Tema (o quanto o conto está aderente ao tema), Construção (Sou de exatas, então aqui vai a minha opinião geral sobre a leitura como um todo) e Impacto (o quanto o produto final me impactou)

    Como também estou disputando a Série B, o comentário é apenas um exercício, já que não irá gerar nota para o Conto em questão. Mas ainda assim estou utilizando o mesmo modelo para todos os comentários.

    História

    Achei a ideia interessante, mas para mim ficou um pouco confusa. A narração em primeira pessoa foi muito boa e conseguimos entender e sentir o que o protagonista está sentindo, seu desespero e, aos poucos, como vai se perdendo.

    Ainda assim o conto não chegou a me pegar completamente, não sei se por ser um pouco mais longo ou pela construção de uma conclusão que não chegava. Foi positivo o tempo mais longo para mostrar que houve uma derrocada, e não foi apenas um surto pontual, que levou a sanidade do protagonista, mas acabou ficando um pouco arrastado.

    O final foi interessante por ter saído um pouco do obvio, mas talvez a parte final do hospital não fosse necessária, encerrando a história ainda dentro da casa, deixando o leitor concluir por si só o que havia acontecido.

    Tema

    É uma história de terror psicológico, mas que não meu pegou muito. Mas não deixou de cumprir o atender o critério.

    Construção

    O conto está bem escrito, com boas descrições, mas fiquei com a impressão de que faltou liga, faltou uma maior conexão entre as partes, entre as boas cenas.

    A passagem de tempo foi muito bem-feita e deixa clara que a história se passa durante um período de alguns meses, mas acabou ficando um pouco corrida, sem grandes evoluções na história. Talvez lapsos maiores de tempo mais detalhados, como foi o ataque ao cachorro, daria um peso maior ao que estava acontecendo com o protagonista.

    Impacto

    O impacto teria sido maior se o final fosse antecipado. A parte do hospital, depois dos asteriscos, tirou um pouco do peso que a cena anterior havia trazido ao conto, aliviando a dor.

    Acabando antes, o conto acabaria como uma martelada.

    Parabéns pelo conto!

  19. Luis Guilherme Banzi Florido
    11 de março de 2025
    Avatar de Luis Guilherme Banzi Florido

    Ola, amigo(a) entrecontista! Tudo bem por ai? Esse conto faz parte das minhas leituras obrigatórias.

    Resumo: homem começa a surtar e deixar seus instintos reprimidos de psicopata/serial killer escaparem ao controle.

    Comentário geral: esse conto me parece não atingir o potencial que ele tinha. Vou falar de todo coração e com todo o desejo de ajudar, afinal esse tipo de história é o que mais gosto de ler e de escrever. Ultimamente, tenho escrito muito sobre degradação psicologica aqui no Ec, e tenho alguns contos que sao bem na pegada dele, como Felidae e toc toc… mas nao vim falar de mim, só to divagando. Acho que o problema aqui é que a degradação psicologica não acontece de forma tão gradual quanto deveria. Queria dizer, o conto ja começa com o cara meio surtado, e é bem repentino, nao da tempo do leitor (pelo menos eu) se localizar e perceber o cara indo de alguem normal pra um monstro, sabe? Acho que esse conto careceu de uma introdução melhor elaborada, onde voce entendesse melhor a mente do cara antes dela degringolar, nao sei. Dali pra frente, praticamente todos os paragrafos são ele imaginando algo terrivel. Não tem intervalos de respiro pra vc se colocar no lugar dele e perceber a situação piorando pra ele e pra familia. E achei o final batsante confuso, na parte das marteladas. Tive que ler e reler varias vezes pra entender em quem ele bateu. Minha conclusao é que ele dá 2 marteladas em si mesmo e 2 na esposa. Mas isso é estranho. Se a intenção dele era mata-la e depois se matar, era melhor ter batido nela primeiro. E de todo modo, me parece repentino que ele tenha decidido se matar, ja que ele nao tinha demonstrado nenhum instinto suicida antes. Eu fiquei com a impressao de que voce quis surpreender, nos fazendo nos preocupar com a criança quando no fim ele ia atacar a si mesmo, mas isso parece repetino e mal preparado, sabe? Você foi muito bem em criar esse clima de tensão com o nascimento do bebe, o que é um ponto muito positivo, merito total. Por isso que falei que esse conto nao atinge o potencial, pq achei q vc manda muito bem na criação de atmosfera e suspense, nos faz temer pelo bebê, mas no fim nao entrega algo à altura. Acei que se voce travalhasse de forma mais gradual, dando mais espaço de respiro pro leitor, e concluísse melhor utilizando o crime de medo pelo bebê, seria ainda melhor o conto. Note que é um conto já muito bom, e é por isso que eu posso ter soado meio rigoroso no meu comentario. Entenda que eu só apontei tudo isso pq percebi muito potencial em você e esse tipo de história eu realmente adoro. Achei bom como está, mas sinto que com um pouco mais de polimento ficaria ótimo.

    Sentimento final como leitor: senti que o conto tem potencial para mais, mas não chega lá.

    Recomendação do meu eu leitor: já falei muito ali em cima, então não vou me alongar aqui. Cuidado com o ritmo do conto, que já começa muito acelerado e não dá tempo de respiro ao leitor, e talvez um final mais elaborado e mais impactante.

    Conclusão: fiquei sabendo de um maluco que deu marretadas na propria cabeça e depois na esposa. Um psicopata meio estranho, que não sabe muito bem o que tá fazendo nem por que. Isso me deixou meio confuso e sentindo que algo está mal contado.

  20. MARIANA CAROLO SENANDES
    11 de março de 2025
    Avatar de MARIANA CAROLO SENANDES

    Técnica: O autor tinha uma ideia e defendeu ela até o final. É uma característica interessante e admiro isso. No entanto, algumas frases me soaram confusas, tive de reler a parte da stripper para entender o significado. Porém, nem tudo está perdido. Algumas passagens são muito boas, como a do assassinato do cachorro. Aquela crueza poderia ter ditado todo o ritmo do texto. 1,2/2

    Criatividade: Acredito que o autor quis escrever algo na pegada do filme “Henry: retrato de um assassino”. No entanto, acabou mais parecido com a série “Dahmer”. Isso pelo fato de que vivemos uma explosão de true crime, a narrativa padrão acaba ficando bem marcada no imaginário e é difícil de fugir dela. Uma ideia que me passou por todo o conto – ao invés de um adulto tendo essas ideias e lampejos, focar a narrativa em uma criança assim. Daria um bom conto. 1,2/2

    Impacto: Foi um bom conto sobre true crime, mas nada muito inovador. 0,5/1

  21. Rangel
    11 de março de 2025
    Avatar de Rangel

    Vicente, boa tarde!

    Achei seu conto muito bem revisado, com excelente progressão da história.

    A narrativa também prende pela revelação progressiva dos desejos escondidos do assassinato até o clímax. A imagem da streaper serve bem para ilustrar o quanto a mente desse professor está perturbada. De fato, você foi desnudando a cabeça dele até o fim.

    O ritmo do conto também está excelente. A construção das frases e dos parágrafos são adequadas e apresentam clareza da informação a ser passada.

    A reviravolta no final funciona e convence. Embora, não se é de fato uma reviravolta.

    No final, gostei da sua escrita, do seu ritmo. A história ficou bem interessante.

  22. Antonio Stegues Batista
    11 de março de 2025
    Avatar de Antonio Stegues Batista

    Algumas pessoas gostam de filmes de Terror porque sabem que aquilo é ficção, não é real, porque tem uma história envolvida, um enredo.  Outros, como Regina, gostam de documentários sobre crimes reais, gostam de assistir o trabalho da polícia coletando provas para descobrir o criminoso. Pedro já nasceu psicopata. A doença permaneceu adormecida dentro dele (óbvio) até a fase adulta. A psicopatia despertou após o casamento, não pelo matrimônio, mas pela idade e a razão completa. Durante muito tempo as fantasias de crimes e atrocidades, passou por sua mente, ele imaginando como seria se as realizasse, até que um dia ele matou um cachorro a marteladas e gostou. Pensou em praticar as mesmas maldades dos filmes sangrentos, assassinos perseguindo pessoas e antes que as ideias saíssem de seu controle, resolveu acabar com a vida. Mas não morreu, passou os restos de seus dias num manicômio.

    Enredo – Bom

    Escrita/Frases – A narrativa é meio arrastada, algumas repetições desnecessárias e divagações que só servem para dar extensão ao texto. Mas é um bom conto de Terror.

    Personagens – Corretos, marcantes

    Ambientação – Dispersa

    Impacto – Médio

  23. jowilton
    9 de março de 2025
    Avatar de jowilton

    Bom conto. O texto narra a história de Pedro, que se descobre com pensamentos psicóticos, onde torturava e matava animais e pessoas. Por conta disso, antes que pudesse ferir a mulher ou a filha recém-nascida e ele se auto flagela na cabeça usando um martelo.

    A narrativa é boa, o conto foi bem conduzido. O começo é meio arrastado, no entanto, foi pegando ritmo no decorrer da história. Achei que há muita repetição do nome Pedro, o que me incomodou um pouco. Pedro é uma personagem bem desenvolvido, consegui ter uma certa aproximação dele. Acho que o uso da primeira pessoa talvez fosse melhor, daria um envolvimento mais forte com a personagem. Também achei interessante as duas reviravoltas ocorridas. Tudo indicava que ele mataria a mulher e a filha e não que tentasse se matar, e a outra é de ele ter sobrevivido.

    Boa sorte no desafio

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Publicado às 9 de março de 2025 por em Liga 2025 - 1B, Liga 2025 - Rodada 1 e marcado .