EntreContos

Detox Literário.

A Pele Suave de Suas Paredes (Antonio Stegues Batista)

Tudo começou com sons confusos e vultos brancos, flutuando num cinza pálido. Eu não sabia se estava acordado ou sonhando. Ouvia vozes que me contavam coisas que eu pouco entendia. Me vi caminhando por ruas largas que se tornaram estreitos becos, cheios de ratos nas latas de lixo. A névoa surgiu entre prédios escuros. Gárgulas nas beiradas com seu grito mudo. Uma luz atinge meus olhos. Eletroencefalograma, diz alguém do outro lado de uma vala de águas escuras. Algo tenebroso singrou a superfície.

 Como uma picada de abelha, uma agulha furou meu braço. Vi Edgar Alan Poe cambaleando pela praça. Ele acabara de sair de um boteco. Lembrei que preciso escrever um conto.

Despertei com fragmentos de pensamentos bailando em minha mente. Devo ter dormido um bom tempo.

— O senhor sofreu um acidente — disse o homem de branco, de pé ao meu lado — Ficou duas semanas em coma. Teve uma concussão na cabeça, mas sem gravidade. Faremos alguns testes e se tudo continuar bem, ganhará alta ainda esta semana.

— Como está se sentindo? — perguntou Virgínia.

É ela! A traidora.

Naqueles dias, nas férias em Paris, nosso sonho. Um sonho romântico, terno, cheio de beijos e abraços. Fotos, sorrisos para a eternidade. Um sonho que acabou, insano.  A traição rasgando a razão, abalando os sentimentos. O sonho desfez-se como nuvens ao vento. Veio a tempestade das emoções doloridas. Num fiapo de lembrança, me vi, transtornado, atravessando a rua sem olhar para os lados.

Descobri tua verdadeira face. Com certeza és adoradora de Lilith E a serpente é teu colar. Entre sombras andarei. Como alma perdida. Perdendo a vida na estrada escura. Morrerei na primeira noite. Daquela noite, sob as rodas de um caminhão. Serei carregado para a morgue. Depois ao  caixão. Ao velório. E ali, no leito fúnebre, por entre as pálpebras, visualizarei tua figura nefasta. Do caixão observarei teu rosto fingindo tristeza. Teus vis sentimentos

Arrepio-me do pérfido toque, dos teus dedos peçonhentos em meu lívido rosto pétreo. Me levarão para o subterrâneo do Campo Santo. Sentirei asco pelo teu pranto final. E a terra me cobrirá. Implacável. Cairei nas profundezas abissais, do mundo das trevas. Meu corpo se desfazendo com o tempo. E o trabalho alegre das larvas, limparão meu crânio. Como espirito, alma penada, me debruçarei sobre a lápide para te observar, quando vieres, com teu choro fingido, visitar o meu túmulo. Sorrirás por dentro, como uma hiena asquerosa. Senhora da peste. Falsidade é o teu nome. Filtrando-se pela terra, pousará em minha face, uma gota de orvalho, uma gota d’água composta por resíduos radioativos. Gerada por forças ocultas, penetrará em meus restos mortais. Reativará meus neurônios. Refazendo os nervos, repondo a carne. E o sangue a fluir no milagre da magia telúrica. A ressurreição do morto. O morto-vivo que se levantará. Coberto por musgos sulfurosos, roupas velhas e bolorentas. Com uma ideia germinando, nos novos  neurônios de sulfureto de chumbo.

A vingança desperta e dará ânimo. Me levantarei da tumba…

— Fique deitado — recomendou o homem de jaleco branco.

— Como está se sentindo? — repetiu Virginia.

— Tive um sonho horrível — respondi, fechando os olhos para não a ver.

Me separei dela, a traidora. Me mudei. Comprei uma casa estilo vitoriano. Me apaixonei por ela, a casa. Coloquei uma cama pra dormir, um lampião, enquanto providenciava energia elétrica. Água já tinha. Precisava comprar um poste novo pra colocar o medidor de energia. Me apaixonei pela casa e ela me recebeu com carinho. Um casarão antigo com oito cômodos. Não precisava tantos, mas a casa me seduziu Eu havia tomado banho, ficara só de cueca e recostara-me na cama para escrever o conto, quando notei uma mancha na parede do outro lado do aposento. A dona do imóvel havia mandado fazer uma faxina no imóvel para vendê-lo e aquela mancha, possivelmente, não pode ser lavada. Levantei-me e fui olhar de perto. A pintura era original na cor amarelo ocre, num tom escuro e aveludado. Passei a mão pela parede para sentir a textura e tive a impressão de ter ouvido um suspiro ecoando pela casa. A mancha, do tamanho de uma moeda de 1 cruzeiro, parecia ser mofo incrustado no reboco.

No dia seguinte, comprei o fogão e a mesa.

Ao chegar no casarão tomei banho, coloquei uma bermuda, acendi o lampião porque já era noite, quando olhei por acaso a mancha na parede, descobri que estava um pouco maior e agora tinha um furinho no centro. Achei que algum bicho estava fazendo um ninho ali e pensei em comprar um inseticida.

 Na manhã seguinte, logo que acordei, notei que a mancha estava diferente. Tinha o formato e o aspecto de uma vulva! Toquei com a ponta do dedo indicador para sentir a textura e tive a impressão de ouvir um gemido em algum lugar da casa. Sentei-me na cama, peguei o caderno pra escrever o conto, mas não consegui me concentrar. Havia algo mais estranho na parede. Aproximei-me, percebendo o contorno de um corpo feminino, rosto, tronco, braços e pernas em baixo- relevo, e a vulva úmida e pulsante. Constatei que a casa queria transar comigo, e eu já sentia o membro duro. Não resisti, transei com a parede num ritmo feroz e selvagem, até perder a consciência.

Acordei deitado no chão. Na parede não havia nada, estava lisa, normal, não havia mais nada além do reboco e a pintura cor-de-carne.

O homem de branco examinava uma fita de papel.

— O encefalograma não detectou nada de anormal. Não há nenhum dano neurológico.

— Tenho tido pesadelos.

— Vou mandar a enfermeira aplicar clonazepam para o senhor dormir tranquilo.

Sequestrei o amante de Virginia, amarrei-o pelo pescoço numa trave do teto.

— Teve um sono tranquilo? Fodeu a mulher do próximo? Gostou? Pois agora você vai enfrentar o teu acusador, juiz e carrasco.

O cara apavorou-se, e até urinou nas calças. Queria falar, mas não podia só  conseguia emitir sons guturais. Comecei a suspendê-lo. Ele se contorcia, mas isso só piorava a sua situação, Icei-o a uma altura suficiente para enforcá-lo e dei um nó na corda, atada na grade de ferro da janela. Comecei a ouvir ruídos estranhos, pensei que era o amante, mas não, os sons partiam das paredes, da casa. Murmúrios de regozijo. Esperei a morte do amante de Virginia, mas a casa tinha outros planos. O corpo dele começou a balançar, no princípio lentamente,  e aos poucos ganhou velocidade, girando ao redor da sala.

Fiquei observando os olhos brilhantes do sujeito, vivos, arregalados, a expressão angustiada. As pernas giravam num diâmetro mais largo do que a cabeça, os braços rijos, espichados ao longo do corpo, imobilizados pela fita adesiva. A pressão da corda no pescoço deveria destruir os tecidos, no entanto, continuava incólume naquele giro contínuo. A velocidade foi aumentando ao ponto em que eu via apenas o vulto. De repente ele sumiu. Permaneceu apenas a corda, balançando levemente atada na trave. Entrei no banheiro, tirei a roupa e tomei um banho frio. Minha cabeça doía.

Sentado na cama, eu observava as sombras além da ilha de luz do lampião. Algumas sobressaíam corcundas, outras com garras, a vezes uns olhos vermelhos. A casa as expulsava para me proteger. Faltava castigar  Virginia. Executar minha vingança. A convidei para me visitar, conversar sobre o divórcio.

— Como está quente aqui! — reclamou e foi abrir as janelas, mas não conseguiu. Despiu a blusa, correu para o banheiro, abriu a torneira e molhou-se, molhou o rosto, braços e colo. Andou de um lado para o outro a procura da saída. Só tinha a porta e ela foi lacrada pela casa. Uma névoa esverdeada a envolveu. Havia germens e vírus na nuvem. Micróbios, ela os sentia nas mãos, nos braços, eles entravam pelos poros, pelo corpo inteiro.  A pele começou a ficar vermelha e a coçar. A coceira era tanta que Virginia coçou violentamente com as unhas até  braços e pernas ficarem em carne viva. Ela urrou de dor. Rodopiou numa dança louca. Apoiou-se na mesa. Sentia que seu corpo estava sendo consumido pelos germens vírus e bactérias. As carnes se tornaram flácidas, depois escorreram dos ossos como uma pasta gelatinosa. Suas pernas descarnadas não suportaram mais sem tendões e músculos, se dobraram e se desconjuntaram. Os dedos sem carnes e nervos não conseguiram se segurar na beira da mesa, se partiram nas juntas e caíram quicando pelo chão.  Seus últimos pensamentos foram como um fiapo de fumaça que se desfaz no ar. Sua última visão foi a mulher saindo da parede com os lábios escarlates e os olhos como duas estrelas flamejantes brilhando no miasma negro em que ela, por fim, mergulhou.

— Tive outro pesadelo.

— Isso passa. Vamos fazer mais alguns testes — disse o médico — Se tudo correr bem, nós vamos lhe dar alta ainda essa semana.

Virginia colocou a mão descarnada sobre meu ombro. Sorriu com as órbitas vazias e um fingido sentimento de carinho.

— Tchau! Outra hora venho te visitar.

Ela se levantou da cadeira e saiu. Através da vidraça da porta vi o amante dela a esperando no corredor. Os dois foram embora abraçados.

Ergui a mão direita para secar uma lágrima nos olhos, mas descobri que tinha apenas um toco de braço. Eles amputaram meu braço direito e as duas pernas abaixo do joelho.

— Estou sentindo a minha mão.

— Impressão sua. É a síndrome da mão fantasma. Procure descansar — recomendou o médico, antes de ir embora, balançando o rabo peludo.

Saiu ele, entrou a enfermeira, a mulher da parede, com uma seringa na mão e um sorriso lascivo no rosto..

Sobre Fabio Baptista

Avatar de Desconhecido

21 comentários em “A Pele Suave de Suas Paredes (Antonio Stegues Batista)

  1. Priscila Pereira
    31 de março de 2025
    Avatar de Priscila Pereira

    Seu Antônio, que conto foi esse???

    Confesso que li a maior parte do conto com essa cara 🤨

    Muita doideira! Não entendi direito a mistura de realidade com ilusão e não sei se o protagonista pode ser considerado confiável, provavelmente não, né 😄

    Depois me explica direitinho o que aconteceu, tá bom?

    De qualquer forma é um conto muito criativo! Parabéns por continuar na A 😘

  2. Bia Machado
    29 de março de 2025
    Avatar de Bia Machado

    Enredo/Plot: 1/1 – Um homem atormentado dá fim à mulher amada e ao amante dela por influência de uma casa maligna. Mas tudo eram vozes em sua cabeça? Achei a forma de conduzir essa história boa. Nas três primeiras vezes em que tentei ler não estava concentrada e parei antes da compra da casa. Mas dessa vez, a história fluiu.

    Criatividade: 1/1 – Uma história criativa, principalmente no que se refere à parte da casa.

    Fluidez narrativa: 1/1 – Eu gostei da narração, achei bem segura e deixou bem clara a sequência da história, ao mesmo tempo em que me deixou dúvida a respeito de tudo ter sido alucinação, ou se de repente as ações foram sendo contadas em forma não linear.Gramática: 0,8/1 – Algumas coisinhas passaram na revisão.

    Gosto/Emoção: 0,8/1 – Eu gostei da história, mas acho que o início e o final não me animaram tanto quanto o desenvolvimento da parte central, onde se concentrou a ação. E está tudo bem, mas preciso levar em conta que tentei por três vezes ler o conto e não consegui passar do início.

  3. Fabio D'Oliveira
    29 de março de 2025
    Avatar de Fabio D'Oliveira

    Buenas, Armando!

    Eu gosto desse tipo de conto. Ele é propositalmente confuso. O objetivo da leitura não é entender a história. É senti-la. Fazendo isso, conseguimos extrair algo da narrativa apresentada, pois existe abertura para diversas interpretações.

    Se formos analisar o conto de forma literal, antes da morte de Virginia, a trama tinha certa solidez. A casa estranhamente viva, o protagonista vingativo, a morte bizarra do amante da ex-esposa. Porém, não encontrei o ponto de ligação entre os acontecimentos e o hospital nas duas leituras que fiz, o que me leva a crer que essa confusão foi proposital. A menção do eletroencefalograma e das amputações dos membros me fazem ter uma segunda interpretação. O protagonista foi vítima de algum acidente. E acompanhamos suas alucinações. Para finalizar, brinquei um pouco e tive uma última interpretação da situação, usando de simbolismo que encontrei no decorrer da leitura. A casa representa o isolamento do protagonista, sua depressão por ter sido trocado e perdido a esposa — e sua chance de constituir uma família —, além de representar uma zona de segurança, por protegê-lo contra as sombras da noite. As mortes acontecem de duas formas peculiares, enforcamento e gás, dois métodos de suicídio. Ao matar seus demônios internos, ele tenta se libertar da dor e do ódio que sente. E o hospital pode ser uma grande alegoria de que o protagonista permanece ferido, não apenas desamparado — sem os membros —, mas também sem sua sanidade.

    Como disse, gosto desse tipo de conto por permitir que eu faça parte da história. Infelizmente, acho que maioria não vai encarar dessa forma. Contos complexos, que exigem mais do leitor, acabam tendo um público específico. E esse público não se concentra aqui.

  4. Andre Brizola
    29 de março de 2025
    Avatar de Andre Brizola

    Olá, Armando!

    Um conto que busca o terror através das descrições e figuras de linguagem, tentando encontrar no leitor um pareamento de sensações que faça sentido. É uma forma difícil de trabalhar o enredo, sobretudo porque nem todo leitor vai encontrar o terror no mesmo grupo de palavras, mas é uma forma válida de se contar uma história.

    Acredito que o que pode ser chamado de terror aqui se encontra no ambiente hospitalar. Quem já esteve ligado de forma mais íntima a ele sabe o quão aterrorizante é a UTI ou um quarto qualquer pós-coma. Os remédios são pesados, e sua mente não te dá confiança. O enredo desse conto mescla devaneios de uma mente medicada com a experiência de quase morte do protagonista, gerando lembranças que podem ser, ou não, reais.

    Por mais interessante que seja, o conto apresenta diversos problemas estruturais e estilísticos que tornam a leitura bastante dificultosa. Por exemplo, passamos por trechos de linguagem mais complexa, numa espécie de cântico ou maldição (arrepio-me do pérfido toque, dos teus dedos peçonhentos em meu lívido rosto pétreo), para outros de linguagem coloquial e simples (não resisti, transei com a parede). Essa falta de consistência não ficou legal. Há também uma série de problemas de pontuação que indicam falta de revisão, montando aí um agrupamento de dificuldades para o leitor.

    Mas acho que o problema principal do texto é a falta do terror. Vê-se que a intenção é que o conto seja encaixado dentro do gênero, tem características para tal, mas o terror é muito tênue, pois é por demais frio. É tudo mostrado de forma muito fria, de modo que não se forma conexão com o que está ocorrendo. Acho que grande parte disso é resultado do que está entre “naqueles dias…” e “…me levantarei da tumba”, que me parecem trechos que destoam do resto do conto e “esfriam” o enredo.

    Enfim, é isso. Boa sorte no desafio.

  5. Raphael S. Pedro
    28 de março de 2025
    Avatar de Raphael S. Pedro

    Honestamente não consegui captar com clareza a intenção do conto, se um momento pós-morte ou só devaneios de um inválido após um terrível acidente.

    Com relação à casa achei que esta poderia ser mais explorada, digo isso já que imaginei que seria o ponto principal do conto.

             Ponto positivo para a utilização de vocabulário vasto e expressões bem pensadas, principalmente no que se refere aos trechos sobre a viagem/traição.         

    Parabéns!

  6. Thiago Lopes
    27 de março de 2025
    Avatar de Thiago Lopes

    A ideia é bem original, e o final é bom, abre para interpretações, deixa o texto aberto. O que mais gostei foi da  criação de um ambiente, o maior responsável por gerar terror na sua história, não só o ambiente das “alucinações” (com aspas) do protagonista, mas também a ideia de um cenário no hospital, dando um tom macabro. A imobilidade ao final é bem simbólica, porque realmente a narração passa uma sensação de desconforto, angústia, passividade e imobilidade. 

    Isso que chamei de delírio é a melhor parte do conto, melhor que as cenas do hospital, pois os flashes com comentários do médico, a cena hospitalar, as conversas do paciente, tudo isso ficou meio artificial, parecendo-se aos hospitais de telenovelas ou séries. 

    A ideia de flashes e a confusão entre mundo interno e mundo externo, além de interessante, foi muito bem realizada. 

  7. Leo Jardim
    27 de março de 2025
    Avatar de Leo Jardim

    📜 TRAMA (⭐⭐▫▫▫): caraca, pelo que entendi, um homem alucinava depois de um acidente. Foram várias cenas grotescas intercaladas com momentos no hospital. Entendi que o homem sofreu uma traição da esposa ou namorada e sofreu algum tipo de acidente. Depois disso, começou a ter pesadelos revivendo, de forma mais terrível, os momentos ruins que ele teve. No fim, ele mistura os pesadelos com a “realidade” no hospital. Achei aberto demais o final, apesar de gostar da proposta.

    📝 TÉCNICA (⭐⭐▫▫▫): os problemas de revisão atrapalham bastante a leitura do conto que já é difícil pela proposta.

    ▪ Uma luz atinge meus olhos (variação do tempo verbal)

    ▪ Pontuação no diálogo (auto-jabá 😀): http://www.recantodasletras.com.br/artigos/5330279

    ▪ de Lilith E a serpente é teu cola (esse maiusculo ficou estranho)

    ▪ Teus vis sentimentos ponto

    ▪ Não precisava tantos, mas a casa me seduziu ponto Eu havia tomado banho

    ▪ não pode ser lavada (pôde)

    🎯 TEMA (⭐⭐): se enquadra num conto de terror.

    💡 CRIATIVIDADE (⭐⭐▫): achei dento da média do desafio.

    🎭 IMPACTO (⭐⭐▫▫▫): o final aberto, sem saber bem o que era real e o que era alucinação me deixou bastante frustrado. Também não peguei a relação da casa com a história toda. Acho que é um conto que poderia ser muito bom, mas que faltou um desfecho amarrando as pontas e deixando as coisas mais claras.

  8. bdomanoski
    23 de março de 2025
    Avatar de bdomanoski

    E… cade a continuação do conto? Bemmm… foi o que pensei quando “terminou”. Creio que o último parágrafo tenha sido feito para dar a explicação do que ocorrera nos parágrafos anteriores. Gostei bastante do monólogo do cidadão traído, quando ele fantasiava morrer e ver a ex no seu enterro e tudo mais. Ficou bem forte e pesado. Saquei a ideia plot de fazer um conto de terror onde uma casa seria “assombrada” e viva. Nao brilhou meus olhos , mas gostei da finalização, quando descobrimos que a casa se trata de personificação da enfermeira, alguém que o nosso protagonista parece desejar (devido a cena caliente) – e talvez isso tenha ocorrido na situação dele com a enfermeira no mundo real – e temer ao mesmo tempo, devido a descrição final dela com a seringa e o sorriso. Achei bem bacana a cena caliente com a casa. Suspeito que houve aí uma tentativa de fazer comédia: e o monólogo inicial pareceu bem forçado inclusive tentando emplacar uma comédia escrachada. Mas no geral, ficou pouco cômico. Achei simplória a vingança contra a mulher. Num mundo com tantos femninicídios pelo mesmo motivo, a cena acabou soando batida e pouco surpreendente. Não sei. Seu conto não me fez sorrir, nem rir. Fiquei mais tentando não perder o fio da meada enquanto o lia. Um homem tendo alucinações após ser atropelado, devido a uma desilução amorosa. Enfim, teve cenas criativas, como as da casa, mas não teve ritmo crescente de tensão, nem de ação. A construção dos personagens não foi muito aprofundada, de forma que não houve como empatizar ou se envolver muito.

  9. Jorge Santos
    20 de março de 2025
    Avatar de Jorge Santos

    Olá autor. Gostei do seu conto, que me fez lembrar algo que, se calhar, nenhum dos outros comentadores vai indicar. Há alguns anos, escrevi Mesmo que a morte nos separe, um livro com prefácio de Paula Giannini. O início era a história do sonho de um homem em coma, numa realidade distorcida. O meu tio teu o livro e ligou-me a perguntar onde tinha tirado a ideia, porque ele tinha estado em coma e tinha tido sonhos semelhantes. Há um certo paralelismo com este seu conto, que oscila entre a realidade e o sonho de um homem que acordou do coma depois de um acidente. A forma como está escrito é elegante, com mudanças súbitas de ritmo que prendem o leitor. Creio estar na medida certa e descreve a desorientação do homem, as paranóias e a tensão que sente. Creio também ser um dos melhores contos que li neste desafio, se bem que, para ser considerado na categoria de terror, pudesse ter ido ainda mais longe.

  10. paulo damin
    20 de março de 2025
    Avatar de paulo damin

    O título é um bom verso, tem uma atmosfera romântica, decadentista, uma linguagem meio século XIX, assim como partes do texto, ali no meio. Jogar com isso, com aquela literatura do Álvares de Azevedo e do Poe, parece ter sido a ideia aqui. O tema da loucura como terror, no caso, é clássico, assim como o desespero por uma mulher que não nos quer. Então é um conto sobre literatura, sobre um leitor, sobre os efeitos atrativos que a literatura tem sobre uma pessoa, que se coloca como paciente, amputada, incapaz de compor um texto (ou de pegar uma mulher).

  11. Kelly Hatanaka
    20 de março de 2025
    Avatar de Kelly Hatanaka

    Um conto muito bem pensado e bem desenvolvido. Começa com uma alucinação/sonho durante um coma e todo o resto parece possível e, ao mesmo tempo, impossível. A sucessão de ilusões são fantasias de vingança ou, simplesmente, a mente tentando se manter integra após um acidente de consequências devastadoras. Excelente!

  12. Cyro Fernandes
    18 de março de 2025
    Avatar de Cyro Fernandes

    Conto bem escrito misturando acidente e pesadelos, com um pegada de metalinguagem.

    O final com as amputações, o médico lupino e enfermeira lasciva, tem um bom impacto.

  13. rubem cabral
    17 de março de 2025
    Avatar de rubem cabral

    Olá, Armando.

    Um bom conto! As descrições são muito vivas e há certo clima gótico, como nos contos de Poe, e um tanto de erotismo, feito Clive Barker, por exemplo.

    A sensação de sonho/presadelo permeia a maior parte do texto e há um bom plot twist ao descobrirmos a verdadeira condição do narrador após o acidente.

    O conto precisa de um pouco de revisão: varia o tempo verbal sem justificativas, às vezes. E tem algumas falhas de pontuação. O bom vocabulário, contudo, deixa tudo muito rico, o que é sempre positivo.

    Parabéns e boa sorte no desafio.

  14. Fabiano Dexter
    14 de março de 2025
    Avatar de Fabiano Dexter

    Estou organizando os meus comentários conforme irei organizar as minhas notas, buscando levar para o autor a visão de um Leitor regular e assim tentar agregar algum valor. Assim a avaliação é dividida em História (O que achei da história como um todo, maior peso), Tema (o quanto o conto está aderente ao tema), Construção (Sou de exatas, então aqui vai a minha opinião geral sobre a leitura como um todo) e Impacto (o quanto o produto final me impactou)

    História (1,5)

    Uma história de Terror que se passa quase que exclusivamente dentro da cabeça do protagonista, hospitalizado após um acidente, que segundo ele foi um atropelamento, mas dado seu estado mental não podemos ter certeza. Inclusive acredito se pouco provável que tenha acontecido em Paris, durante suas férias, como citado.

    E o que temos aqui são diversos minicontos, pequenas histórias insólitas, que tem como ponto central o protagonista, Virgínia e seu amante, além de uma casa de oito cômodos. E essas histórias são separadas por pequenos lampejos de lucidez do protagonista, hospitalizado.

    Cada uma dessas pequenas histórias é única, diferente e muito criativa, levando o leitor a aguardar qual a surpresa que o aguarda na próxima.

    Uma história muito diferente e, pelo menos para mim, agradável de ler.

    Tema (1,0)

    Vim procurando uma comédia, muito pelo nome citado do autor, e acabei caindo em algo que me lembrou um pouco com o terror de Poe, citado no texto. Talvez por isso mesmo, não sei.

    De qualquer fora, o texto se enquadra no tema muito pelo Terror que se passa dentro da cabeça do protagonista e pelo final, curto, porém impactante.

    Construção (1,5)

    A construção do conto é complexa e muito bem-feita, com uma linguagem difícil de se acompanhar de forma proposital e que agrega muito ao conto. A leitura se faz de forma rápida e quando menos se espera o conto acaba, tão abruptamente quando inicia, para mim um ponto positivo.

    Percebi duas passagens que, para mim, não estão corretas:

    “Daquela noite, sob as rodas de um caminhão.” – Acho que o autor queria dizer “Naquela noite…”

    “germens vírus e bactérias” – Aqui acho que seria “germes, vírus e bactérias”

    Impacto (1,0)

    Um conto diferente e criativo que saiu um pouco da bolha do terror/humor e se arriscou. Eu gostei bastante. Parabéns!

  15. José Leonardo
    13 de março de 2025
    Avatar de José Leonardo

    Olá, Armando Barraca.

    Tendo em vista as minhas limitações técnicas para apreciar melhor o seu conto e de modo a tentar esquentar meus comentários que acho um tanto insossos, decidi convocar, por meio de um ritual de fervura de miojo de tomate com leite coalhado e digitação de Zerinho-um no MS-DOS, a FRIACA® (Falsa Ruiva Inteligente Auxiliar para Comentários e Avaliações) para me ajudar nessa bela empreitada e proporcionar a melhor avaliação possível acerca do seu texto (dentro da minha perspectiva de leitor).

    FRIACA: Do que se trata o conto?

    R.: Reforça para mim que nossas casas (os lares de forma geral) são de uma esquisitice silenciosa. Soma-se a isso um protagonista estranho (ou meio influenciável por coisas estranhas), que mesmo num leito de hospital (estranho) tem vislumbres ou simples sonhos de vingança.

    FRIACA: Como você vê a narração, o estilo, a estrutura, a técnica?

    R.: Tive alguma dificuldade para separar a ação da narrativa das digressões/sonhos/desejos vingativos do protagonista, tendo em vista as interposições de cenas. Ainda assim, os devaneios ocasionados pelo remédio e a descrição do relacionamento do protagonista com sua casa me deram uma ótima impressão sobre o seu conto. Teria sido real ou apenas um quadro fruto de um sonho febril na cama de um hospital? 

    A raiva contra sua opressora – a esposa – creio que consta justificada (justa, de algum modo) na história.

    Notei também vírgulas a mais (há casos em que a pausa nas orações acaba separando o sujeito do verbo) e um ponto final faltando, mas no frigir dos ovos isso não afeta o resultado. 

    FRIACA: E quanto à adequação ao tema, à criatividade e ao impacto?

    R.: Adequado (pois vou me prender ao relacionamento lúbrico do protagonista com a casa). Como disse anteriormente, residências parecem coisas mortas que nunca paramos para pensar se também não serão estranhas, e utilizar esse mote para um conto de terror é sensacional. O final me deixou dúvidas se tudo era real ou produto do torpor dos remédios, mas o rabo peludo e o sorriso esquisito da enfermeira…

    FRIACA: Indo um pouco mais a fundo nesse particular e apesar do aspecto subjetivo do que a história pode causar no leitor, é um conto para dar risadas ou aterrorizar-se?

    R.: Sendo por motivo material ou sobrenatural, creio que o(a) autor(a) se esmerou em tentar transparecer ao leitor a tensão das situações narradas (ou desejadas pelo protagonista). Se a traição fosse o causador da situação do protagonista, desviar nosso olhar para uma casa com vontade própria, lasciva, constituiu-se num bom recurso de enredo.

    FRIACA: Qual sua posição final sobre esse conto, inclusive sobre a nota?

    R.: Impressionou-me a interação do protagonista com sua casa (me trouxe algumas memórias de contos do Clive Barker, acho que dos três primeiros Livros de Sangue), ainda que tenha ficado em dúvida quanto ao final. Nota: 3,8.

    Parabéns pela estória e boa sorte neste desafio.

  16. Rodrigo Ortiz Vinholo
    12 de março de 2025
    Avatar de Rodrigo Ortiz Vinholo

    Tenho sentimentos mistos sobre este aqui. Por um lado, eu gosto muito de alguns trechos, e algumas imagens são bizarras e até assustadoras no melhor sentido das palavras. Por outro, o estilo de devaneio do personagem/narrador cansa em certos pontos, com trechos que me parecem demasiadamente longos e até um pouco distrativos. Por fim, gosto da história que vai se formando por trás das ilusões do personagem, e o modo como isso se amarra com os detalhes finais, e acho que isso funciona. Recomendaria alguns cuidados com revisão, em especial nos trechos mais longos.

  17. toniluismc
    12 de março de 2025
    Avatar de toniluismc

    O conto é bem escrito e consegue criar uma atmosfera de terror genuíno. Os pontos fortes são as descrições, o ritmo acelerado a o twist final surpreendente.

    Como sugestão, a transição entre o pesadelo e a realidade poderia ser mais sutil.

    Parabéns pelo texto!

  18. Leandro Vasconcelos
    11 de março de 2025
    Avatar de Leandro Vasconcelos

    Opa! Muito legal este conto! Mais um que leio no concurso que mistura os dois conceitos de humor e terror, combinação essa que gera bons frutos, este incluso. Temos aqui um homem delirante, que acaba de sair do coma. Ao longo do texto, descobrimos o porquê de suas alucinações: ele fora traído. Seus pesadelos são uma miscelânea de sentimentos reprimidos, que variam da sede de vingança ao desejo sexual.

    Agradou-me muito a descrição das cenas durante esses pesadelos, bem cômicas, mas num estilo peculiar, que vem sem alarde. Ora, durante a leitura, estamos bem querendo entender o mistério, e, repentinamente, vemo-nos em meio a uma transa com uma parede em forma de vulva! Dei boas risadas disso. Outro ponto hilário foi o do amante rodopiando no teto como um ventilador até sumir.

    No tocante ao terror, este veio na forma da cena da mulher se desfazendo – uma descrição visceral, muito boa. Também achei trágico e assustador o final, em que o traído se vê absolutamente mutilado e, pior, humilhado pela esposa ou namorada.

    A estrutura do enredo é marcante, transitando entre o alucinógeno e o real, de forma que suas fronteiras se tornam acinzentadas e, até o desfecho, não sabemos ao certo o que é o quê. As revelações vêm de forma orgânica e são perturbadoras. Paulatinamente, reconhecemos o que atingiu o protagonista e acabamos por filar-nos às suas pretensões homicidas. No entanto, para desespero do público, ele se vê inapto, inerme, incapaz de reagir. Ao cabo, só resta a companhia da enfermeira, fetiche dos sonhos do personagem que também nos é revelado. As camadas dos devaneios são retiradas. Entendemos e solidarizamo-nos com sua penúria.

    Algumas construções frasais e figuras de linguagem são belas e muito contribuem para a atmosfera tragicômica do conto. Às vezes, a narrativa se torna um tanto lírica, poética. Mui bela.

    Sob o aspecto da crítica construtiva, creio que uma boa revisão seria útil para eliminar alguns erros materiais, acentuação, pontuação etc. – um tanto recorrentes.

    No registro formal, não se deve jamais iniciar uma oração com um pronome oblíquo átono. Mas, claro, estamos falando de uma narrativa em primeira pessoa, em que o protagonista empresta sua pessoalidade à descrição dos fatos, talvez por meio da linguagem coloquial. Ou seja, é um recurso válido. No entanto, isso se contrapõe aos termos rebuscados e ao lirismo da narrativa. Convinha, portanto, usar da norma culta.

    Algumas pontas soltas: em certos momentos, a narrativa caminha no terreno metalinguístico. O protagonista parece se confundir com o autor do conto. Interessante, mas não vi contribuição para o enredo de forma geral. Sobre a alegoria da casa dos sonhos, entendi que se tornou uma espécie de fantasia da mente do protagonista, uma válvula de escape. No entanto, parece ter um significado outro, que não identifiquei.

    Bom, em resumo, um ótimo conto! Agradou-me muito a leitura. Parabéns ao autor!

  19. Afonso Luiz Pereira
    11 de março de 2025
    Avatar de Afonso Luiz Pereira

    Este conto tem, a princípio, uma proposta clara: satirizar, com bom humor, a rotina de um casamento desgastado, sob o ponto de vista de uma esposa entediada com um marido egoísta e filhos que pouco lhe dão atenção. Janete, uma mulher de quase cinquenta anos, encontra refúgio na literatura de qualidade duvidosa e, ao se juntar a um grupo de WhatsApp com gostos literários picantes, passa a ter uma nova fonte de escapismo.

    O texto, a meu ver, começa como uma comédia de costumes bem construída, com diálogos ágeis e uma crítica mordaz ao papel da mulher em um casamento onde o romantismo morreu há tempos. Aí, temos a transição para o elemento sobrenatural: o grupo de senhoras decide participar de um ritual para invocar um vampiro, algo bem inesperado, mas mantém o tom satírico. No entanto, é aqui que o conto sofre uma leve mudança de foco: dá a impressão que a autora ficou mais preocupada, ou tentada pela ousadia, de agregar os dois temas comédia e terror.

    Claro, o vampiro invocado, longe da figura sedutora e dominante comum à fantasia romântica, surge como uma criatura patética e desajustada, o que reforça o tom de deboche, e isso tem o seu valor, sim.

    Em suma, o conto começa como uma sátira social bem delineada e evolui para um terrir que pode dividir opiniões, ou não. A mudança de tom é brusca, mas não chega a comprometer a experiência literária, apenas altera a direção da crítica.

    Por outro lado, Janete e as senhoras se transformam e partem para uma nova existência como vampiras, adicionando um quê de empoderamento sombrio à história. A sátira inicial se dilui um pouco nesse final, mas o recado é claro para os maridos egoístas que só pensam em futebol: se liga, fica atento, porque no meio do caminho tinha um vampiro, tinha um vampiro no meio do caminho… e lá vai a tua vidinha boa pras cucuias. Entretenimento literário de qualidade, gostei!

  20. Afonso Luiz Pereira
    11 de março de 2025
    Avatar de Afonso Luiz Pereira

    Oi Armando (Barraca), este aqui conto exigiu um pouquinho de atenção de minha parte, pois o enredo é um vai e vem entre realidade limitada, delírio, pesadelo, e tudo de maneira fragmentada. O autor, ao que parece, gera confusão propositada ao contar a história de um escritor traído pela mulher amada e que, possivelmente, entrou em um surto esquizofrênico, ou está entupido de remédios, ou está vivendo delírios induzidos por um coma, fica aí as possibilidades. A sequência dos eventos é instável, como se estivéssemos presos dentro da mente confusa do personagem, o que reforça a sensação de angústia e desorientação.

    A história parece se desenrolar em camadas de percepção, alternando entre o que pode ser real e o que pode ser um delírio. Há sonhos ou delírios em que a casa onde ele morava tem personalidade própria, viva, que aparentemente transa com ele e depois o envolve em sua vingança. Algo bem surreal.

    Um ponto curioso é o pensamento do escritor num trecho em que ele amaldiçoa a mulher traidora, com referências diretas a Edgar Allan Poe e uma linguagem rebuscada, gótica, que fica limita a uns poucos parágrafos.

    Mesmo considerando o autor entrar no personagem, observei trechos que tornam a leitura um pouco confusa, não por complexidade narrativa, mas por falta de transições mais suaves entre os diferentes estados mentais do protagonista. Pequenos ajustes ajudariam a manter a imersão sem prejudicar o tom surreal.

    Algumas frases poderiam ser mais bem lapidadas. Por exemplo, há repetição desnecessária na frase: “A dona do imóvel havia mandado fazer uma faxina no imóvel para vendê-lo”. Substituir a segunda ocorrência de “imóvel” por “casa” tornaria a leitura mais fluida.

    Encontrei pequenos problemas de pontuação, como pontos finais inexistentes no meio das frases, que poderiam ser corrigidos em uma revisão final.

    No mais, é um texto curioso, bem surreal, confuso em alguns momentos por conta da estratégia do autor em limitar bem a visão do protagonista acamado, machucado, surtado, e psicologicamente fragilizado por uma traição. Gostei da proposta do autor. Sorte no certame meu caro.

  21. Thiago Amaral
    11 de março de 2025
    Avatar de Thiago Amaral

    Gostei muito do conto!

    O início foi interessante com sua pegada surrealista, mas ainda não havia animado tanto. Foi só nos exagerados desabafos em relação a Virgínia que o conto começa a brilhar. O modo exagerado com que ele se expressa é tão extremo que me fez dar bastante risada.

    Sua obsessão pela casa, e a punição do “amante” também foram bizarramente boas (O negócio da vulva na parede tenho a impressão de já ter visto antes, mas mesmo assim ficou bom).

    Mais tarde, percebemos nas entrelinhas que Virgínia não é sua amante, tendo eles uma relação menos importante do que ele imagina. O toque sutil como isso é mostrado fica como outro mérito da história.

    E, finalmente, o fim, com os membros amputados, traz o terror, trágico e pesado. Não sabemos se isso realmente está acontecendo, mas mesmo assim a imagem é incômoda.

    Como pontos negativos, diria que há alguns deslizes de revisão, como a repetição da palavra “imóvel” e outros detalhes. Mas nada que tire o brilho do texto.

    De todos os que li até agora, foi o meu favorito!! (já li 3)

    Parabéns e boa sorte no desafio!

E Então? O que achou?

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Publicado às 9 de março de 2025 por em Liga 2025 - 1A, Liga 2025 - Rodada 1 e marcado .