Sonhos (Kelly Hatanaka)
Acordou com os sons da floresta e o ruído da fogueira ainda em seus ouvidos. Sonho estranho. Ele era um guerreiro medieval, havia seres mágicos em guerra. Tinha um dragão? Doideira.
Levantou-se, tomou café, foi trabalhar. Faria Lima. Voltou para casa, jantou, dormiu. E sonhou.
Acordou com sons de zumbidos e roncos de máquinas ainda em seus ouvidos. Sonho estranho. Ele vestia um colete estofado. Ia a um lugar cinzento, cheio de torres altas de vidro. Tinha uma carroça que andava sem cavalos? Bruxaria.
Levantou-se, apagou a fogueira, acordou seu dragão. Era hora da batalha.
67 comentários em “Sonhos (Kelly Hatanaka)”
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EntreContos 
Olá, tudo bem?
Acho bem interessante histórias no melhor estilo “Inception”. Tem conto de Phillip K. Dick chamado “Peça de exposição” sobre um homem vivendo em dois mundo diferentes e chega uma hora onde não sabemos qual versão sua é “real” e a “alternativa”. Gosto de histórias com essa pegada.
Boa sorte no desafio.
COMENTÁRIO: Um texto espelhado que revela uma técnica afiada e uma premissa mais complexa do que faz considerar o sonho. Elogio a técnica porque senti esmero no espelhamento do primeiro com o terceiro parágrafo, similares nas construções frasais até a última palavra de cada um, solitária em cada parágrafo. Do lado do conteúdo, admiro a sugestão de que duas expressões da mesma pessoa coexistem em universos separados ou, talvez, o convite à participação do leitor para determinar qual mundo é mais atraente para o seu gosto, fazendo do micro interativo. É uma abordagem criativa do formato proposto pelo certame, parabéns.
Impressão minha ou o personagem sonhou consigo? Também notei um “quê” de Dom Quixote na história. No fim, mais um com sua luta diária.
Olá, Sandman!
Mais um conto sobre trabalho rs. Mas esse aborda de uma maneira diferente. Parece que são dois personagens distintos: o funcionário da Faria Lima e o guerreiro da floresta, ambos com suas funções e atuações. Achei interessante ver esse paralelo e o quão diferente são as realidades, mesmo que falando sobre trabalho. Que doideira. Parabéns pelo conto. Boa sorte no desafio.
Caro mortal,
conto sobre trabalho?
Bem, vocês humanos vivem sob o julgo do tempo e, a julgar pela hora, a leitura teve que ser rápida.
Entendo.
Sandman
Olá, Sandman!
Um conto que alterna realidade e realidade, sem saber qual delas é a certa, ou errada, e se existe isso, de fato. Essa alternância, bem-feita, devo dizer, dá margem para uma comparação interessante: a batalha é a Faria Lima do mundo fantástico? Combater, e eventualmente matar, inimigos seria equivalente a fazer a gestão de uma carteira de ativos (imagino que na Faria Lima isso seja, mais ou menos, uma espécie de guerra…).
O personagem que vive essa alternância, aparentemente, o faz com absoluta desenvoltura, sem questionar, ou saber, a vida dupla que leva entre seus dias, como se o sonho fosse a chave para entrar no mundo alternativo. E não sabemos qual é esse mundo alternativo, pois ele parece estar confortável em ambos.
O texto foi construído de maneira inteligente. Exige um pouco do leitor, que precisa buscar nos parágrafos as comparações e semelhanças dessa alternância, o que faz com o que o ritmo seja menos ágil do que um micro conto costumaria ser. Mas o leitor é compensado com um texto elegante, ainda que utilize termos mais corriqueiros e coloquiais.
É isso, boa sorte no desafio!
Meu caro Sandman,
Como leitor, agradeço por compartilhar conosco seu texto. Participar de um desafio exige coragem, expor-se de forma cega ao julgamento dos pares. Mas você não precisa temer nada. Seu microconto é criativo e bem construído. O formato espelhado é interessante, bem como a brincadeira sobre o que seria “doideira”: o mundo fantástico de batalhas e seres mágicos ou a realidade cinzenta e tecnológica das grandes cidades?
Utilizou bem o limite de palavras e soube construir uma narrativa. Parabéns e boa sorte no desafio!
Com risco de um trocadilho: fabuloso!
Brincadeiras à parte, gosto muito de brincadeiras com sonhos, e ainda que a incerteza do sonho e do sonhador seja um tema antigo (“o sábio sonhava que era uma borboleta ou a borboleta sonhava que era um sábio?”), a execução simples, sem rodeios e com um nível de conexão fácil para os leitores atende muito bem. Gostei muito!
SONHOS (SANDMAN)
Bom dia, boa tarde, boa noite autor(a)! Espero que esteja bem! Meus critérios de avaliação foram escolhidos baseando-se em conceitos que encontrei sobre o gênero microconto na internet. São eles: utilização do espaço permitido, subtexto, impacto, escrita. Nesse desafio em específico, não soltarei minhas notas no comentário. E, por fim, mas não menos importante, gostaria que você tivesse em mente que microcontos são difíceis de escrever e difíceis de avaliar; logo, não leve tanto para o lado pessoal se o meu comentário não estiver bom o suficiente, por qualquer motivo que seja. Garanto que li com o cuidado e a atenção que seu conto merece, dando o meu melhor para tanto contribuir com a minha opinião quanto para avaliar de uma forma justa você e os demais colegas.
É isso! Chega de enrolação e vamos para o meu comentário:
Ø Breve resumo:
Um homem pula de sonho em sonho, vivendo múltiplas realidade a cada dia.
Ø Utilização do espaço permitido:
Bem utilizado! Irretocável.
Ø Subtexto:
Huuum, que narrativa interessante. A cada vez que dorme, o personagem sonha. Quando acorda, ele está num novo universo. Pelo que percebi, ele está preso em dois universos por assim dizer; um numa moderna Faria Lima, no outro, numa fantasiosa Idade Medieval, com dragões, castelos e tudo o mais que tivermos vontade de sonhar.
O subtexto está aí. Nada garante que ele não sonhe outras fantasias. Nada garante que não seja uma realidade a cada dia. A narrativa dialoga com o pseudônimo (Sandman, o personagem do Neil Gaiman, Perpétuo responsável pelo Mundo dos Sonhos), com o título (sonhos), com a imagem (filtro dos sonhos).
Ao fim, a narrativa convida o leitor para participar dessa viagem.
Ø Escrita:
A escrita é bem trabalhada, mas não por completa. As repetições, por mais que sejam perigosas dentro do contexto do microconto, funcionam muito bem dentro dessa narrativa. Tem até um quê de poesia interessante; ressaltam o ciclo repetitivo (acordar, viver, dormir, sonhar, acordar) que o autor (e todos nós) vive(mos). Disso eu gostei.
Do que não gostei. Acho que, por se tratar de um micro recheado de fantasia, sonhos, penso que faltou brincar um pouco mais com lúdico das palavras. Entendo que era desafiador; afinal, são 99 palavras… Contudo, algumas histórias clamam por esse desafio. Enfim, penso que o sonho da Faria Lima, por vezes, prejudicou a escrita do restante impregnando o restante do conto com um ritmo direto demais.
Resumindo, escrita boa, mas que podia ser excelente.
Ø Impacto:
Alto
Gosto de microcontos assim. Que façam o leitor parar, pensar e refletir sobre o que está lendo. Não precisa necessariamente causar uma reflexão social ou existencialista. Nem mesmo nos compadecer com a narrativa que acabamos de ler. Fazer a gente imaginar já é uma boa.
No final, mesmo que eu gostaria de ter lido uma escrita mais fantasiosa, mais lúdica, me acabei pegando afeiçoado a esse micro. Pelo trabalho completo e bem realizado, creio que estará no meu TOP 15.
Parabéns pelo trabalho e Boa sorte no Desafio!
Acredito que para funcionar bem um microconto precisa de camadas diferentes. Para além da história literal que é contada pelas palavras, é preciso haver tramas subjacentes, dilemas e dramas escondidos nas entrelinhas, algo que se revele somente ao fim da leitura, ou até mesmo em uma segunda ou terceira leitura.
Aqui as tramas se completam. O(A) autor(a) utiliza muito bem o dilema sobre sonho e realidade de forma a compor um todo. Claro que de início somos levados a pensar que real é o mundo do farialimer e que sonho é o universo do dragão. Mas, logo podemos ficar em dúvida se não se trata justamente do contrário. A literatura permite isso, ao contrário da vida real. Se bem que abundam as teorias sobre a nossa realidade ser um sonho e que estamos na verdade em outro lugar, num estado letárgico, no melhor estilo Matrix.
Independentemente disso, penso que o texto foi bem construído. É simples, mas funciona. Não há arroubos retóricos nem subtramas escamoteadas, até mesmo porque não cabem na proposta. Senti falta, porém, de uma pitada de poesia, mas aí é o meu eu-egoísta falando. O texto está muito bom e, tenho certeza, será bem lembrado no nosso certame favorito.
Bom dia/boa tarde/boa noite e um bom ano pra nós, amigo entrecontista. Bora começar um novo ano arrasando na escrita! Parabéns pela participação nesse primeiro desafio no ano,! Pra mim, escrever micro conto é um macro desafio kkkkkk. Bora pra sua avaliação, mas, por favor, não leve minhas palavras a sério demais, afinal, micro conto é algo muito fora da curva e é difícil até analisar. Pra ajudar, criei um micro sistema que espero que ajude a ser justo com todos os amigos. Bora lá!
Micro resumo: homem vive duas vidas: uma moder, uma medieval. Qual a verdadeira? Qual é o sonho?
Microsensações: um conto bem interessante, na medida em que nos deixa na duvida sobre qual é a realidade e qual é o sonho? O caráter cíclico da descrição nos deixa com essa duvida, muito bem construida em tão pouco espaço. Ou será que os dois são reais? Ou os dois são sonhos, e nossa realidade é apenas uma ilusão, um sonho dentro de um sonho? A ideia do conto é legal pq deixa todas essas possibilidades em aberto. Eu, particularmente, preferia lutar com dragoes todo dia do que trabalhar na faria lima kkkkkkkk
Impacto:
Micro
Médio –> um co nto bem interessante que tem seu impacto no carater ciclico, que nos deixa na duvida sobre realidade e sonho. Foi uma leitura divertida.
Macro
Uso das pouquíssimas palavras permitidas: muito bom. Com pouco espaço à disposição, voce foi muito feliz em criar esse paradoxo entre sonho e realidade que mencionei acima.
Conclusão de um leitor micro-capacitado a opinar sobre micro contos: sonhei que estava lendo um micro conto sobre um cara com uma britadeira lutando contra um dragão. Acordei, e agora o dragão estava lendo um conto sobre um leitor do entrecontos lutando contra uma britadeira. Eita, me perdi todo! Gostei.
Parabéns e boa sorte no desafio!
Não deixe os canceladores do Twitter verem o seu pseudônimo… porque hoje em dia a palavra Sandman parece estar completamente atrelada à Neil Gaiman.
Mas enfim, sobre o conto… ele é bem divertido. Coloquei na minha lista de favoritos.
O protagonista parece ter duas vidas… uma cotidiana e realista, e outra fantástica e cheia de magia. Ele alterna de uma para a outra toda vez que dorme, e os resquícios entre uma vida e outra aparecem nos seus sonhos. Um conceito interessante, mas… como exatamente isso funciona? O protagonista tem sempre o mesmo sonho? Ou são dois personagens distintos? Mas essa conexão ocorreu uma única vez, ou ela ocorre com frequência? Acho que no fundo fiquei um pouco perdido em minha leitura… e por mais que eu relesse, não consegui compreender ao certo esse laço estranho que une o mundo medieval ao real.
Mesmo assim, gostei do conto. Boa sorte no desafio.
Caro mortal.
Agradeço pelo seu comentário.
Sobre Neil Gaiman, por mais que me agradem a série e a HQ, acho por bem lembrar que eu sou parte das mitologias nórdica e alemã e que histórias de meus feitos vêm sendo contadas muito antes do sr. Gaiman pensar em nascer.
Sandman
Olá, Sandman, que conto gostoso você me traz! Curti muito os sonhos a mistura entre a dura realidade da vida diurna e a doce realidade da noite que traz os sonhos. Sim, os sonhos que levam à luta. Há que se estar preparado para a batalha. Tudo muito bem escrito. Tudo muito bem encadeado. Tudo muito legal. Parabéns.
Plot: Um homem que não sabe se a vida real é aquela em que acordou naquele dia, no presente, ou se é a vida que vive no sonho. Ou será o contrário?
Desenvolvimento: O conto funcionou bem comigo, pra mim parece que não precisa de qualquer complemento. É isso que está aí e na hora lembrei do Raul, da música “O conto do sábio chinês”: https://www.letras.mus.br/raul-seixas/132926/. Mas cá entre nós, gostei mais do seu nesse momento (que o Raulzito não me ouça agora). Deu até um medo agora: socorro, será que tudo isso aqui é um sonho? o.O
Destaque: Para a estrutura da narrativa, estabelecendo os dois sonhos como antíteses um do outro. Esse jogo de palavras: “Tinha um dragão? Doideira.”, “Tinha uma carroça que andava sem cavalos? Bruxaria.”
Impressões da leitura: Eu gostei bastante, por tudo o que já expus nos itens anteriores. Já entendi e gostei de primeira. Parabéns!
Mais um conto que aponta prum lado… e vai direto pro outro. No caso, estava esperando um RPG ou coisa parecida, e foi pro lado do real. Tentando ver o mágico no convencional, por analogia, acho que somente não deixou claro quem era o dragão. Seria uma companheira? Não ficou claro para mim.
Caro mortal,
Às vezes, um dragão é apenas um dragão. Como neste caso, por exemplo.
Quanto a apontar para um lado e ir para outro, normal em microcontos. Em um desafio de micros, seria bem estranho se tivesse poucos plotuístes.
Sandman
“Temos todos duas vidas, uma a que sonhamos, a outra, a que vivemos” como diria o poeta, combina bem com o texto. Boa narrativa.
Cyro Fernandes
cyroef@gmail.com
“Temos todos duas vidas, uma a que sonhamos, a outra, a que vivemos” como diria o poeta, combina bem com o texto. Boa narrativa.
Cyro Fernandes
cyroef@gmail.com
Oi, bem?
Seu conto é muito bom. Essa ideia de “ouroboros”, sempre em continuidade, nos deixa sem saber o que de fato é real ou sonho.
Traz questionamentos bem interessantes. Num paralelo entre essas duas realidades, qual realmente é a batalha mais dura? E como a realidade de um pode ser absurda para o outro.
Também acho que há uma crítica social bem presente. Como a vida, muitas vezes regida por uma rotina desgastante e sofrida, pode fazer com que pensemos que cada dia seja uma batalha árdua. E é só nos sonhos, sejam eles acordados ou dormindo, que conseguimos encontrar alguma fuga.
É um conto com muitas camadas, muito criativo e certeiro nas cenas criadas. Achei curioso como, dentro da perspectiva do personagem, a nossa vida real parecia bem mais surreal… mais fria, algo tão “nada a ver” que só poderia ser explicado como bruxaria, como algo mágico. E do outro uma simples… doideira.
Parabéns! Acredito que você terá um bom desempenho nesse desafio.
Boa sorte!
O que é sonho? E o que é o real? O conto traz um jogo interessante.
Bem escrito. Tudo se passa no passado. Só não entendi a opção pelas interrogações. Na minha leitura, funcionaria melhor se as frases fossem afirmativas.
Parabéns!
Ora, caro mortal, as interrogações significam perguntas, o que mais poderiam ser? As frases não poderiam ser afirmativas pois o personagem estava se perguntando sobre coisas que lembrava mal.
Sandman
Caro Mauro.
Respondendo ao seu comentário no grupo, sobre o conto estar em terceira pessoa e a interrogação ser parte dos pensamentos do personagem, isto se chama discurso indireto livre.
Veja aqui: https://www.normaculta.com.br/discurso-indireto-livre/
Sandman
Sandman e seus portais oníricos.
Metáforas bem elaboradas para mergulharmos na rotina e rezar para, no outro lado da margem – qual é a verdadeira?- sairmos vivos.
Boa sorte!
Rogério Germani
Olá, Entrecontista,
Muito inteligente, hein. Esse modo randômico, alternado… sonhar, acordar, sonhar de novo… o que é o sonho, o que é a realidade?
Além disso, pode-se se partir para o entendimento de que essas vidas sejam metáforas para a rotina desse homem.
Parabéns, foi uma ótima ideia. e foi bem executada.
Obrigada pelo texto.
📜 Conteúdo (⭐⭐▫): pode ser interpretado que ao sonhar, é como viver outra vida. E o autor brinca com essa troca de sonhos. É um tema que sempre me pega.
📝 Técnica (⭐⭐▫): boa, conduz bem
💡 Criatividade (⭐⭐⭐): achei criativa a ideia de um guerreiro de fantasia medieval sonhando com um mundo da Faria Lima. Acho até muito mais difícil pra ele entender nosso mundo que nós o dele
🎭 Impacto (⭐⭐▫): não é um grande impacto, mas é divertido.
Olá, Sandman! Tudo bem?
Que conto legal! Gostei muito! Com certeza estará na minha lista!
Eu já pensei muito sobre sonhos, sobre e se essa realidade for um sonho e eu acordar? Gosto muito do filme A origem e lá fala sobre como o tempo é diferente nos sonhos, e viver uma vida inteira dentro de sonho deve ser muito legal! Mas… Tô devaneando muito aqui 😅
Seu conto é bem diferente da maioria, e só por isso já ganha muito na criatividade. Cada palavra serve pra formar uma imagem clara na mente do leitor!
Ótimo conto!
Parabéns e boa sorte no desafio!
Até mais!
Achei muito intrigante o paralelo de realidades feito no conto, deixando a interpretação bem vasta. Diferente da maioria dos comentários que vi anteriormente, que falam sobre uma relação entre sonho e realidade, a minha impressão foi de sonhos, dentro de sonhos e mais outros sonhos… Quem garante que o protagonista realmente acordou? É uma experiência que tenho com frequência e que logo me veio à mente quando o li.
Enfim, achei ótima a construção e a criatividade. Parabéns! Boa sorte!
Chamo de “técnica” a facilidade com que o autor carrega o leitor pela narrativa, e/ou transmite subtexto, e/ou faz (bom) uso de figuras de linguagem que tornam a leitura agradável.
Chamo de “interesse” o quanto o texto me fisgou enquanto leitor, o quanto de impacto senti pela leitura.
Chamo de “objetivo do autor” um palpite do que o autor queria com o texto. É mais um esforço criativo e uma tentativa de fazer leituras mais enquanto escritor do que leitor.
Não lembro qual foi o filósofo que inverteu a perspectiva do senso comum que temos do sonho como consequência do nosso dia, no sentido de que talvez nosso dia (E nosso humor) sejam mais afetados pelos nossos sonhos. A história me lembrou um pouco disso.
Técnica: Muito boa. Não apenas encontrou a cadência certa e boas palavras para transmitir a ideia criativa, como construiu um paralelismo nas estruturas do cotidiano e do fantástico. Assim, estruturalmente temos equivalências entre “doideira x bruxaria”, “tomar café x apagar a fogueira”, “ruídos da floresta x ronco das máquinas”.
Eu chamaria a técnica de perfeita se o autor tivesse tido um pouco mais de atenção para deixar as duas estruturas ainda mais similares. Especialmente nas frases soltas. Sobrou um faria lima ali sem equivalência no mundo fantástico, por exemplo.
Interesse: Alto. Tema interessante e bem trabalhado, leitura dinâmica, texto criativo. Me fez voltar algumas vezes para brincar de comparar as estruturas.
Objetivo do autor: Causar surpresa com a revelação do sonho do cotidiano, gerando a ideia de sonho x sonho, representada também pelo paralelismo estrutural.
Ótimo trabalho.
Gostei da maneira de como o sonho e realidade andaram juntos. Ainda mais por ter trazido um elemento tangivel como a Faria Lima.
Sera que o sonho era o Dragão ou os predios cinzentos?
Adorei o conto!
O tema dos sonhos é sempre algo que me fascina. É um terreno muito abrangente para ser explorado, mas sempre com o cuidado de fugir de alguns clichês. Acho que o conto cumpre bem esse papel, trazendo muitas ideias em uma narrativa fluida e, mesmo com a limitação de palavras, sem parecer apressada. Além de tudo, bem escrito. Parabéns!
Olá, Sandman
Adorei seu microconto. Muito criativo, bem desenvolvido.
Só como sugestão (adoro sugerir), colocaria dois pontos ou vírgula entre estranho e a descrição do sonho. Assim como está, quando a gente lê pela primeira vez, surge certa dúvida se aquilo é do sonho ou uma descrição do momento em que ele acorda. Acho que esse tipo de ajudinha para o leitor não faz mal a ninguém. Ou, melhor, coloque o momento em que ele acorda no presente e deixa o sonho no passado. O fim tb ficaria mais interessante: Levanta, apaga a fogueira, acorda seu dragão. Hora da batalha.
Parabéns pelo texto.
Gostei bastante da ideia do conto e sua execução, trabalhando com a ideia de sonho/realidade em duas perspectivas, de modo a deixar aberto quem sonha e quem está vivendo a realidade.
Soube usar bem as palavras e sair do lugar comum.
Olá, Sandman! Tudo bem?
Contexto pessoal:
Eu tenho uma relação muito estranha com meus sonhos. Sempre volto a lugares desconhecidos e às vezes sei que estou em um lugar que já estive, mas em um ambiente que ainda não conhecia. Acho bizarro e às vezes tenho medo. Mas me ajudou na conexão com o seu personagem. Acho que a realidade ali é o que ele vive na Faria Lima, infelizmente. Um cavalheiro medieval, bruxo ou dono de um dragão teria que ter muita criatividade para criar carros, asfaltos, prédios…
Analisando o conto:
Achei bem arriscado. A troca de ambientes me confundiu um pouco na primeira leitura, mas na segunda leitura confirmei o que havia entendido de primeira. O conto não é impactante, mas é capaz de provocar uma reflexão se levarmos em consideração que nossos sonhos podem se um reflexo nos nossos desejos. E a Faria Lima e todo o contexto que temos sobre se viver e trabalhar em SP refletem isso.
Conclusões:
É o primeiro conto que leio. Temo que ele não seja lembrado, porque as histórias que nos geram algum sentimento como raiva, tristeza ou compaixão costumam ganhar o nosso pódio. Mas vai entrar na minha lista de possíveis contos indicados.
Desejo um bom desafio!
Cara mortal,
sobre o que é ou não a realidade, pode parecer claro para os que habitam o seu mundo. Porém, em outros mundos, como por exemplo o Reino de Lethrem, há velhas lendas sobre o terrível mundo sem magia. Dizem que são histórias para assustar as crianças malcriadas. Mas eu, Sandman, conheço todos os mundos e, vez ou outra, levo alguns para conhecer as altas torres de concreto e vidro.
Sandman
Nota: perdao pela falta de acentos no texto, estou escrevendo em teclado gringo =)
Hah! Muito legal! Gostei de como o conto brinca com o conceito filosofico de Chuang Tzu: se em um sonho voce eh uma borboleta, o que voce eh, afinal? Uma borboleta que sonhou uma vida humana, ou um humano que sonhou uma vida de borboleta?
Gostei da simetria do conto, das palavras, e do tom da narrativa que muda dependendo da realidade em que se pensa viver. E, eh claro, por ter fantasia… e dragoes! Um dos melhores do desafio!
Talvez tenha sido o melhor uso do formato microconto que vi até agora. Porque é isso mesmo: jogou a reflexão e saiu correndo. E não precisava de mais nada para dar o recado.
Aqui temos a clássica história de Chuang Tzu recontada: o mestre acorda de um vívido sonho onde era uma borboleta. Assustado, afirma não saber mais se ele sonhou que era uma borboleta ou se é uma borboleta que agora sonha ser homem.
Quem garante que eu não acorde logo logo como uma lombriga gigante que sonhou ter sido homem por 34 anos?
Assim como fazemos na vida real, o personagem descarta ambos os sonhos como bobagem. Somos muito acostumados com as regras da suposta realidade onde vivemos…
Conto redondinho, bem pensado e executado. Parabéns.
E aí, Sandman?
Temos um Izekai entre nós??? Loucura pura.
Acordou com os sons da floresta e o ruído da fogueira ainda em seus ouvidos. Sonho estranho. Ele era um guerreiro medieval, havia seres mágicos em guerra. Tinha um dragão? Doideira.
Aqui o texto não entregou tanto, mas deu a deixa.
Levantou-se, tomou café, foi trabalhar. Faria Lima. Voltou para casa, jantou, dormiu. E sonhou.
Só não entendi o “Faria Lima”. Estou tentando absorver isso ainda.
Acordou com sons de zumbidos e roncos de máquinas ainda em seus ouvidos. Sonho estranho. Ele vestia um colete estofado. Ia a um lugar cinzento, cheio de torres altas de vidro. Tinha uma carroça que andava sem cavalos? Bruxaria.
Neste ponto o conto encontra seu climax! Eu que sou Otaku e tenho este gênero como preferência amei.
Levantou-se, apagou a fogueira, acordou seu dragão. Era hora da batalha.
Putz, final foda! Parabéns e boa sorte!
Caro mortal,
Obrigado por sua leitura. Fico feliz que tenha gostado. E,se me colocar em primeiro lugar na sua lista, lhe concederei cem anos de sonhos felizes.
Quanto a Faria Lima percebo que não é paulista. Explico, então. Faria Lima é a região de São Paulo em que se concentram grandes empresas e seus trabalhadores… sui generis. Pessoas que usam coletes puffer, andam de patinete motorizado, falam que a festa foi top e dirigem jipes Renegate. Caso vá um dia a São Paulo, evite.
Sandman
olá, muito interessante a ideia de confundir o que é realidade do que é sonho. Particularmente, me amarro na ideia de sonhos lúcidos e shifting, mas nunca consegui ter essa experiência. É uma frustração que tenho na vida. A descrição dos ambientes é impecável, mesmo na austeridade do limite de palavras. fazer isso requer um autor magistral.
boa sorte!
Realmente gostei da ideia do conto, de brincar com o que é sonho e o que é realidade. Na minha leitura, gostei da opção de que ele é um guerreiro sonhando com uma terra estranha e um tanto árida. Ao mesmo tempo, o texto também é sobre a rotina e o quanto seguimos um padrão em nossas vidas sem pensarmos sobre possibilidades do além.
O conto é bem escrito e redondinho, não é simplesmente uma história em aberto por causa do limite de palavras. A imagem tem relação e o pseudônimo também, é o que chamamos de harmonia. Parabéns pelo bom conto e boa sorte.
Como todos falaram, parece mesmo um sonho dentro de um sonho, o que me fez lembrar de uma canção da Nação Zumbi que se chama Um Sonho e tem uma estrofe assim:
“Um sonho dentro de um sonho
E eu ainda nem sei se acordei
Desse sonho quero imagem e som
Pra saber o que foi que aconteceu”
O conto nos faz viajar, pensar no que aconteceu. Dando uma forçada na lógica, pode ser que sonhar com algo do “passado” seria o mais comum, então quem sonhou foi o cara que trabalhava na Faria Lima.
No entanto, também pode ser algo de outro universo, um universo paralelo, já que no universo que vivemos dragões nunca existiram. Enfim, como disse anteriormente, a gente viaja. Bom conto.
Boa sorte no desafio.
Ideia interessante. Quem é o sonho e quem é o “original”? Aliás, quem disse que existe um “original”. Quem disse que nós não somos todos sonhos de alguém?
Não há uma grande reviravolta, ou uma grande punchline. Mas há um questionamento filosófico que, estranhamente, persiste…
Parabéns pela participação e boa sorte.
Kelly
A inversão presente no conto é interessante, levando à dúvida de qual é a realidade e quais são as imagens oníricas. Afinal, por vezes enfrentar dragões é um pesadelo muito mais tranquilo que viver no meio corporativo.
Boa sorte!
A inversão presente no conto é interessante, deixando a dúvida de qual é o verdadeiro momento onírico. Enfrentar dragões, afinal, por vezes é um pesadelo muito mais tranquilo que o mundo corporativo.
Boa sorte!
Gostei da construção em forma de loop. A gente fica sem saber o que é sonho e o que é realidade.
Então podemos dizer que temos muito potencial para a história oculta, muitas possibilidades. Então talvez possibilidades demais, deixando o leitor um pouco confuso, precisando reler várias vezes.
Em termos gerais um bom uso da linguagem e do ritmo, pra mim faltou um pouco de tensão, mas o resultado é bom. Parabéns.
Olá, Sandman.
Seu conto mais me pareceu um tipo de distanciamento (ou alienação, se preferir) do personagem perante dois universos que se mesclam em sonho e realidade, posto que o protagonista não parece reagir positivamente (com algum tipo de emoção) a nenhum deles. Como se ambos, na verdade, fizessem parte de uma coisa só (dois aspectos de algo real – simbolicamente ou não).
Na verdade, esse aspecto foi o que mais gostei. É como a massa de pão entre dois cilindros, restando saber qual comprime mais (por mais estranho que pareça, a fantasia do sonho às vezes pode ser mais excruciante que a realidade crua… mas isso é outra história).
No mais, parabéns pelo texto e boa sorte no desafio.
A justaposição de sonhos tão distintos é um ponto de partida interessante, explorando a dualidade da experiência humana. Pode-se dizer que a repetição da estrutura dos sonhos cria um ritmo hipnótico e envolvente, porém há uma falta de aprofundamento, já que por mais que haja limitação do formato aqui, praticamente não existe um conflito nesse texto e nem exploração da personagem, então tá mais pra uma breve descrição do que uma narrativa. No entanto, a premissa do conto é interessante.
Apreciei a proposta da sua história, embora ela não me pareça completamente original. Já devo ter visto algo do tipo antes. Ficou muito bem feito. É como se o personagem fosse na verdade duas pessoas distintas. Ou que ele não soubesse mais o que é real e o que é sonho. Ah, reconheci o seu pseudônimo daquela série – talvez tenha algum ser mitológico c esse nome também, mas foi da série mesmo. “colete estofado” me perdi um pouco nessa parte, tipo, na primeira leitura. As descrições da cidade não ficaram óbvias de maneira instantanea. Mas enfim, gostei bastante. Não achei necessário uma explicação final. O que ficou em aberto foi satisfatório.
Cara mortal,
obrigado pela sua leitura.
Sobre o colete estofado, procure no google por “estilo faria limer” ou “colete puffer”.
Sandman
adorei o conto. bem escrito. instigante. se não fosse pela “Faria Lima”, não teria ideia de qual era a realidade. parabéns Sandman, um dos melhores que li hoje.
Noventa e cinco palavras!
O autor usou bem os limites e, ainda assim, conseguiu fazer uma mescla de ficção e fantasia bastante intrigantes. Deixa no leitor um estranhamento, como a perguntar quem estava no sonho de quem e, principalmente, que conexão seria essa de vida real com sonhos, será que ela existe mesmo? O que é real? O que é sonho?
Bom entretenimento! Parabéns!
O conto aborda o mundo dos sonhos, o mundo paralelo onírico da fantasia medieval e a conexão com o mundo atual, real através do sono e dos sonhos. Os dois personagens vivenciam a realidade de seus mundos através da conexão biológica no estado de repouso dos sentidos. O lapso de tempo é curto demais para que eles tenham lembranças duradouras. Conto bem escrito e bem pensado, não deixando pontas soltas.
Este conto brinca com a linha tênue entre sonho e realidade, criando um efeito de espelhamento bem interessante: a alternância entre os dois mundos, o medieval fantástico e o cotidiano contemporâneo. Do ponto de vista do leitor, você não sabe qual é a realidade de fato, mas temos de supor que o homem contemporâneo é que sonha com o mundo medieval. Esta é a lógica, certo? Mas a repetição das rotinas e a transição final para o dragão e a batalha fecham o ciclo, sugerindo que ambos os mundos coexistem ou se influenciam mutuamente. E aí? Não sabemos. Então é a dúvida, a ambiguidade, no final que dá chame à narrativa. Além do insólito do diminuto enredo, o texto está bem escrito. Gostei.
Um sonho dentro de um sonho, não sabemos quem é a personagem que sonha, quem a sonhada, esse é o mérito do micro. Li três vezes e ainda assim saio do seu micro sem uma solução para o enigma que ele propõe. Se foi essa sua intenção, parabéns! Gostei da experiência. Me deixou reflexiva. Boa sorte!🍀
A realidade pode ser tão fantástica e estranha quanto o sonho. A minha impressão é que ele está preso nesse mundo e transitar em outros mundos quando sonha. Mas não creio que sejam sonhos lúcidos. Essa construção em ciclos que você apresenta, essa alternância de cenários, cria um contraste provocador e vai além. É um conto engenhoso e que me faz pensar sobre a natureza do real. O que é real e o que é sonho? Lembrou A dream within a dream. Se a vida é um sonho dentro de um sonho, talvez ela seja um conjunto de camadas de percepção de espaço e tempo onde a realidade nunca é maleável. Nesse microconto, os limites entre sonho e realidade se desfazem, mas a vida é um fluxo contínuo e a personagem, ao despertar, através da vivência do sonho, percebe novas camadas. Isso é estranho, mas fantástico.
Sonhos transita entre o onírico e a fantasia. O protagonista ora figura num universo, ora noutro. Não há certeza quanto à qual seria a realidade do protagonista, mas se pode afirmar que há certeza quanto à sua condição de sonhador. Uma das realidades em que vive é sonhada. Mas também é possível pensar que sua condição é de perene transição entre as duas realidades, transitando permanentemente entre elas.
A escrita é competente, correta, cativante. Sugestão? Apenas uma: dê preferência ao “pra” (em lugar do “para”), sempre que quiser imprimir um tom mais informal ao texto; seu texto tem tom informal, então combina mais com o “pra”.
Quanto ao conteúdo, talvez eu pudesse esperar mais, mas vou me contentar com a crítica implícita à estrutura social e econômica contida na descrição da cidade de São Paulo e na sugestão de que o sonho e a fantasia funcionam como uma espécie de convite à fuga ou resposta à necessidade de fuga.
Achei um microconto extremamente interessante, com uma narrativa coesa e com um linguajar que flerta com a crônica.
É uma brincadeira boa com conceitos de anacronismo. Achei bem justo e ótima primeira leitura.
O que é sonho e o que é realidade? Até que ponto o elemento onírico pode apresentar verossimilhança? Até que ponto a realidade parece uma fantasia, uma distopia?
O conto aproveitou bem o limite restrito de palavras e abordou dois planos: sonho e realidade. No entanto, deixa para o(a) leitor(a) interpretar o que é real e o que é fantasia gerada durante um sonho.
Texto bem escrito, sem aparentes falhas de revisão. Linguagem clara e coloquial, capaz de atingir grande número de leitores(as).
Desfecho impactante, teor misterioso que instiga a curiosidade: doideira ou bruxaria?
Parabéns pela participação e boa sorte no desafio.
O onírico e a Faria Lima. O conto reflete o modo como vivemos sobrevivemos ao mundo real. Apesar da alternância entre consciência e inconsciência, prevalece a luta.
Interessante jogo de trabalhar essa relação dupla das personagens, como se o primeiro fosse uma reencarnação do segundo e o segundo um visionário do primeiro. Ou talvez a ligação entre eles seja de outra ordem… A velocidade que o desafio exige (99 palavras) foi bem explorada, com frases diretas, curtas, mas sem perder a ambientação e o movimento. A virada do texto fica no meio e é bem explorada.
Na minha opnião, o resultado final é um pouco aberto demais, aquela vitória por nocaute (para usar a imagem do Cortázar) quase não é sentida, nem mesmo me senti vencido. Mas não vejo a necessidade imperiosa de se obter fórmulas, parece-me criativo.
quem sou eu quando acordo para a realidade? quem eu sempre sonhei? como enfrentar os dragões que a vida coloca no meu caminho? acordando o meu próprio dragão? Daí me vem à cabeça o ditado: quem mexe com fogo pode se queimar. mas, se o sonho vale mesmo a pena, então também vale a pena colocar a mão no fogo por ele. O que ficou em brasas a gente cuida depois da batalha.
Achei interessante a associação com Dom Quixote, creio eu. Cada um com seu dragão diário. O contraste entre sonho e realidade também é bem inserido.
Este conto aborda uma temática muito interessante. Os sonhos. Na história temos dois personagens em que um é o sonho do outro, embora, no final, não sabemos se o guerreiro que acorda e teve um sonho estranho, não é o sonho do personagem que sonha com o guerreiro. O que é realidade e o que é sonho? Ambos podem ser as duas coisas. Este conto dava para extrapolar para uma história maior. Muito bem executado.
É interessante essa mistura de sonho e realidade, deixando o leitor tentar decifrar o que é um e o que é o outro. Um bom uso de metáforas – lugar cinzento, cheio de torres altas de vidro, como na Faria Lima; a carroça sem cavalo, que é o carro – mas principalmente os zumbis que seriam os colegas de trabalho. O conto deixa coisa para os leitores descobrirem, espaço para diferentes interpretações o que é sempre legal.
É interessante essa mistura de sonho e realidade, deixando o leitor tentar decifrar o que é um e o que é o outro. Um bom uso de metáforas – lugar cinzento, cheio de torres altas de vidro, como na Faria Lima; a carroça sem cavalo, que é o carro – mas principalmente os zumbis que seriam os colegas de trabalho. O conto deixa coisa para os leitores descobrirem, espaço para diferentes interpretações o que é sempre legal.
Gostei. A técnica usada do sonho que não se acaba é interessante e a contraposição entre o homem da cidade e o guerreiro da terra mágica, pelo menos pra mim, soa como uma boa crítica. O que não somos senão guerreiros de galerias matando um dragão por dia? O sonho que vira outro sonho também remete a questões como: a vida seria um sonho dentro de um sonho? Estamos sonhando acordados? Nossa vida é o sonho de outrem?