EntreContos

Detox Literário.

… O coração não sente (Amanda Gomez)

Mexia no celular preguiçosamente, enquanto esperava o atendimento. Olhou para a rua e o viu. O emaranhado de pelos parecia incapaz de proteger o corpo magro, que tremia. Mas foram os olhos, fundos e úmidos, que a arrancaram do conforto do tédio e da apatia.

Imediatamente, raiva, tristeza e indignação transbordaram.

Que tipo de monstro foi capaz de negligenciar uma criatura tão inocente?

O incômodo era sufocante, impossível permanecer ali sem fazer nada. Levantou, caminhou até a cadeira mais afastada, longe da porta e da visão que a perturbava. Sentou-se. Voltou a rolar o feed.

Sentia-se melhor; logo esqueceria.

58 comentários em “… O coração não sente (Amanda Gomez)

  1. Guaxinim melancólico
    2 de fevereiro de 2025
    Avatar de Guaxinim melancólico

    Cruel, mas muito recorrente. Mesmo tendo um coração para se sentir mal com a desgraça alheia, não se tem solidariedade suficiente para mudar o que vê. Mais fácil é mudar de lugar .

    Um conto que mexeu com a minha consciência, eu, que muitas vezes tenho o impulso de recolher animais de rua mas lembro que por vários fatores pessoais, isso seria impossível. Sigo caminhando com uma certa angústia.

  2. Renato Silva
    1 de fevereiro de 2025
    Avatar de Renato Silva

    Olá, tudo bem?

    Muito bom seu microconto. A cena é bem construída, com boa escolha de palavras e traz uma crítica social bem relevante, expondo um pouco da hipocrisia da nossa sociedade. Parabéns e boa sorte.

  3. Pedro Paulo
    1 de fevereiro de 2025
    Avatar de Pedro Paulo

    COMENTÁRIO: Com quanto sofrimento alheio nos deparamos todos os dias extraindo daí, passando, sim, pelo desconforto, um sentimento de segurança? “Ainda bem que não sou eu!” Ou, então, alguns se sentem mais confiantes das próprias escolhas, bem confortáveis em apontar que a ruína de uma pessoa é clara consequência de suas ações. “Eu fiz as escolhas certas e estou onde estou!” Ou o mal-estar choca. “Como é possível alguém passar por isso? Ninguém vai fazer nada?” Este último sentimento toma a personagem, tirando-a de sua posição, igualmente prosaica e cotidiana da atualidade, de distração pela tela para comoção com a realidade. A descrição da mudança de sentimentos que lhe ocorre nos faz ter empatia e curiosidade pelo que ela vai fazer. O micro encerra de uma forma amarga. Fez o que fazemos todos, mas de uma maneira mais descarada que apenas talvez o fato de estar só e nos ser apresentada pela sinceridade da literatura permitem. O conto nos diz que a ignorância é uma benção, ainda que autoproduzida. Afinal, todo minuto que passamos nos dedicando a outra coisa que não a extensão da igualdade aos mais vulneráveis é apenas uma forma mais passiva de estar no lugar da protagonista. O que o coração não vê…

  4. jowilton
    1 de fevereiro de 2025
    Avatar de jowilton

    O conto narra a história de uma pessoa que enquanto espera um atendimento avista um animal em más condições e acaba se afastando de onde estava para não ver mais.

    É uma boa crítica, é inesperado a reação no final, dando uma boa reviravolta. A técnica é boa, o impacto de médio pra alto.

    Boa sorte no desafio

  5. Victor Viegas
    1 de fevereiro de 2025
    Avatar de Victor Viegas

    Olá!

    Este conto se resume bastante naquele ditado popular: “o que os olhos não veem, o coração não sente”. Em poucas palavras, você propôs uma reflexão eficaz sobre como nos comportamos na sociedade. Embora possamos ficar indignados com alguma situação, não fazemos muito para mudar isso. Além disso, também somos fixados no mundo virtual. Foi uma ótima leitura. Parabéns! Boa sorte no concurso.

  6. Andre Brizola
    1 de fevereiro de 2025
    Avatar de Andre Brizola

    Olá, (In)conformada!

    Um conto que resume bem a situação atual em que o apoio às causas se resume às mudanças de fotos no facebook e outras redes sociais, pois na vida real, a hipocrisia e a cegueira seletiva ainda imperam. A crítica é válida.

    O texto está adequado e consegue fugir do coloquial, aliando uma boa seleção de termos e construções frasais com um ritmo de passo mais lento, mas que combina com a intenção de criticar, e não meramente entreter. O dedo na ferida não pode ser rápido, ele tem que ficar lá até arder.

    Mas, é preciso chamar a atenção para uma particularidade. O que, imagino, é parte da hipocrisia. Se não for, é uma feliz coincidência. Pela frase “emaranhado de pelos parecia incapaz de proteger o corpo magro” deduzo que o texto se refira a um cachorro, ou a outro animal de estimação que o leitor simpatize de forma mais eficaz. Mas, por que não uma criança de rua, pedindo, num farol, ou numa calçada? O impacto não seria maior?

    Acho que não seria, e aí entra essa segunda parte da hipocrisia.

    A sensibilidade hoje está alterada, muitos se sentem mais tocados pelo o que acontece com os pobres animaizinhos do que pelos nossos semelhantes e, se a opção do autor foi demonstrar isso, então estamos diante de algo genial. Se não foi, então estamos diante de algo de imensa sorte. E ambas opções merecem ser premiadas. Achei muito bom mesmo.

    É isso, boa sorte no desafio!

  7. Thales Soares
    31 de janeiro de 2025
    Avatar de Thales Soares

    Um conto que retrata a hipocrisia moderna. Uma pessoa está aguardando ser atendida numa fila, aí ela vê um cachorrinho abandonado, e sente raiva e mais um turbilhão de emoções… mas nada faz. Apenas desvia o olhar.

    Achei meio mais ou menos. Está super bem escrito, e a situação apresentada até é interessante. No entanto, senti que faltou um pouco mais de criatividade.

    O título da obra para se referir ao ditado “O que os olhos não veem, o coração não sente”, mas sem o início da frase, para não dar um spoiler do final. Achei legal isso.

    Tenho certeza que muitas pessoas irão adorar esse conto. Boa sorte no desafio!

  8. Gustavo Araujo
    31 de janeiro de 2025
    Avatar de Gustavo Araujo

    Acredito que para funcionar bem um microconto precisa de camadas diferentes. Para além da história literal que é contada pelas palavras, é preciso haver tramas subjacentes, dilemas e dramas escondidos nas entrelinhas, algo que se revele somente ao fim da leitura, ou até mesmo em uma segunda ou terceira leitura.

    Este conto é pleno desses aspectos. Não que exija reiteradas releituras, não que possua um sentido oculto… É que ele brinca com nossos sentidos e com os nossos preconceitos mais arraigados. Esfrega na nossa cara a covardia que cultivamos dia após dia. É um gato mas poderia ser uma pessoa, um sem-teto, um mendigo. Às vezes, ou melhor, na maioria das vezes é mais fácil, mais reconfortante ignorar, tê-los como invisíveis.

    Dá um dinheiro, tio? Tenho não, amiguinho. Acontece todos os dias. Morremos de pena, mas sabemos que dali a cinco minutos esqueceremos a cena, o pedido, a condição de miséria. Nos afogaremos em justificativas pré-fabricadas atinentes a meritocracia e esforço próprio. E sem a necessidade de olhar o feed.

    Enfim, este é um conto nos faz refletir de verdade, já que é verdadeiramente engajado e não tem receio de estabelecer uma posição. Ao expor nossa cegueira auto-imposta, revela o que temos de mais vergonhoso. Não é sobre o gato. É sobre nós.

  9. Luis Fernando Amancio
    31 de janeiro de 2025
    Avatar de Luis Fernando Amancio

    Olá, (In)Conformada,

    Como leitor, agradeço por compartilhar conosco seu texto. Participar de um desafio exige coragem, expor-se de forma cega ao julgamento dos pares. Seu pseudônimo faz uma dobradinha com o conteúdo do texto. Muitas vezes a gente vê a utilização parênteses para dar um duplo sentido desnecessário em títulos, no seu caso vale a brincadeira.

    Mas não estamos avaliando pseudônimos aqui. Seu texto desenvolve uma narrativa sobre a revolta que se torna rapidamente apatia. A sensibilidade pela causa animal que é ignorada conforme a conveniência. É o que diz aquela velha charge: faz sentido amarmos cachorrinhos e comermos bezerros?

    Percebe-se claramente o desenvolvimento de uma narrativa dentro do limite de palavras. E o questionamento, “Que tipo de monstro foi capaz de negligenciar uma criatura tão inocente? ” é respondido com a conclusão do texto: os monstros que ficam rolando preguiçosamente o feed no celular.

    Parabéns pela participação e boa sorte no desafio!

  10. Amanda Gomez
    30 de janeiro de 2025
    Avatar de Amanda Gomez

    Oi, bem?

    Você foi muito perspicaz nesse conto, autor. De alguma forma, sabia que todo mundo se veria sentado nessa cadeira.

    Gostei de como pensou nos detalhes. A imagem e a história são uma coisa só, complementando-se mutuamente. Não tem como não sentir o desconforto de ter vivido algo parecido. Como crítica social, você foi certeira.

    Não acho que o autor tenha tentado confundir intencionalmente o leitor sobre o que a moça viu — isso está claro. Mas, ainda que ficasse para a imaginação, não importaria, porque o foco não é o que se vê, e sim como reagimos.

    Quantas vezes já fechamos os olhos? Incontáveis. Algumas cenas se apagam rápido, outras ficam lá no fundo da mente, como uma dorzinha incômoda. Mas nunca forte o suficiente para nos fazer agir.

    É um ótimo trabalho. Parabéns e boa sorte no desafio!

  11. Rodrigo Ortiz Vinholo
    29 de janeiro de 2025
    Avatar de Rodrigo Ortiz Vinholo

    Eu gosto! A revolta seguida da completa apatia me lembra de piadas (com crítica, claro!) de Buster Keaton e Charlie Chaplin, entre outros clássicos como os Irmãos Marx. Não pela palhaçada, mas pelo modo como o microconto coloca a montagem e a execução próximos, dando a pancada da crítica enquanto não tem medo de apontar um dedo para o leitor. Bom!

  12. Luis Guilherme Banzi Florido
    29 de janeiro de 2025
    Avatar de Luis Guilherme Banzi Florido

    Bom dia/boa tarde/boa noite e um bom ano pra nós, amigo entrecontista. Bora começar um novo ano arrasando na escrita! Parabéns pela participação nesse primeiro desafio no ano,! Pra mim, escrever micro conto é um macro desafio kkkkkk. Bora pra sua avaliação, mas, por favor, não leve minhas palavras a sério demais, afinal, micro conto é algo muito fora da curva e é difícil até analisar. Pra ajudar, criei um micro sistema que espero que ajude a ser justo com todos os amigos. Bora lá!

    Micro resumo: mulher demonstra a hipocrisia do mundo moderno: se eu nao ver, nao é problema meu, meu papel eu ja fiz, que era achar absurdo.

    Microsensações: esse conto funciona onde muitos outros nesse desafio tentaram e falharam: ele tem uma mensagem/critica social sobre a sociedade contemporanea mas entrega essa mensagem bem embalada no enredo eficaz, que tem ate um certo plot twist. Voce nos conduz com esperteza a pensar que a mulher vai socorrer o bicho, o que seria a coisa certa mas do ponto de vista literario seria uma historia sem graça kkkkkk, e do nada vai la e pimba: a mulher é só uma hipocrita que prefere nao ver a realidade, assim ela nao existe. O que os olhos nao vem o coraçao nao sente, ne? Dai o titulo, inteligente. E o pseudonimo tambem ajuda a contar a historia e dá uma cutucada na mulher. Assim ,titulo e pseudonimo tambem participam do enredo, mas voce só sabe disso no final, gosto quando isso acontece.

    Impacto:

    Micro

    Médio –> o desfecho é sutil e surpreendente, mas a mensagem em si nao chega a ser chocante. É surpreendente, mas nao me deixou tao impactado ao ponto de ser colocado em “macro”.

    Macro

    Uso das pouquíssimas palavras permitidas: eficaz. Tudo que precisa ser dito está ali, nao falta nada, nao sobre nada.

    Conclusão de um leitor micro-capacitado a opinar sobre micro contos: tava tomando um cafezin maroto: um médio com pão na chapa (pra entrar no clima da conversa do grupo do whats de hoje), quando de repente vi uma mulher inconformada com um bichinho sofrendo na rua. Ela se levantou, e meu coração se encheu de alegria ao vê-la tão determinada. Ela foi pro fundo do café e esqueceu logo. Me inconformei com a cena! Que absurdo! Não me contive, precisava fazer algo: postei um textão no meu twitter, falei mesmo! Meu cafezinho chegou, tava uma delicia. Logo esqueci.

    Parabéns e boa sorte no desafio!

  13. Sabrina Dalbelo
    29 de janeiro de 2025
    Avatar de Sabrina Dalbelo

    Olá, Entrecontista,

    Um belo jeito de descrever alguém que se compadece, sofre com a dor do outro, fica até triste,… mas não dá a mínima.

    “Melhor eu sair dessa linha de visão, que daí esqueço”, o famoso “deixa que eu deixo” e ninguém faz nada.

    O ponto alto do micro é que tu fez com que a gente perdesse tempo pensando o que a pessoa via, um cachorrinho, um mendigo, uma criança de rua, enfim, quando isso menos importava. O que importa no micro é que a pessoa não está interessada em se envolver verdadeiramente.

    O modo com que ela abandona a visão, voltando para o mundo vazio do aparelho celular, foi muito bem sacado.

    Adorei “conforto do tédio e da apatia”.

    Obrigada pelo texto.

  14. Givago Domingues Thimoti
    28 de janeiro de 2025
    Avatar de Givago Domingues Thimoti

    … O coração não sente – ((In)conformada

    Bom dia, boa tarde, boa noite autor(a)! Espero que esteja bem! Meus critérios de avaliação foram escolhidos baseando-se em conceitos que encontrei sobre o gênero microconto na internet. São eles: utilização do espaço permitido, subtexto, impacto, escrita. Nesse desafio em específico, não soltarei minhas notas no comentário. E, por fim, mas não menos importante, gostaria que você tivesse em mente que microcontos são difíceis de escrever e difíceis de avaliar; logo, não leve tanto para o lado pessoal se o meu comentário não estiver bom o suficiente, por qualquer motivo que seja. Garanto que li com o cuidado e a atenção que seu conto merece, dando o meu melhor para tanto contribuir com a minha opinião quanto para avaliar de uma forma justa você e os demais colegas.

    É isso! Chega de enrolação e vamos para o meu comentário:

    Ø  Breve resumo:

    O que os olhos não vêem, o coração não sente. Diante de um problema crônico da sociedade, talvez o mais ideal seja distrair-se com o celular. Que bom que tirei os olhos das redes sociais e li esse microconto. Potente.

    Ø  Utilização do espaço permitido:

    Irretocável. Um ou outro pode argumentar que sobrou palavras ali e acolá. Eu também, inclusive. Mas, às vezes, o quadradinho tem que dar espaço para o ludismo da literatura.

    Ø  Subtexto:

    A narrativa é simples. Por sua vez, a mensagem é poderosa e relativamente complexa. Bom, vamos pontuar o que consegui extrair desse microconto:

    Primeiramente, a típica contradição humana; afinal, é a contradição, a inconsistência e a imperfeição que torna a humanidade humana. A personagem se vê sensibilizada diante da situação do animal (aqui, eu vou até além; pode ser bem um cachorro de rua, mas eu pensei logo numa pessoa em situação de rua, mais especificamente um homem. Talvez, contudo, um homem não despertaria tamanha sensibilidade). Aqui, surgem duas possibilidades para ela; fazer algo a respeito ou ignorar. Ela escolhe a segunda; levanta-se do lugar no qual está sentada e dá as costas ao problema.

    Essa é uma segunda mensagem poderosa; a dificuldade de lidarmos com aquilo que nos incomoda. Levantar-se não é o suficiente para ela; ela precisa se inebriar com o feed das redes sociais. Não só ela se incomoda com a situação, mas ela se incomoda com o desconforto que causa nela. E não saber lidar com isso. Ou, pior ainda, saber lidar, mas não querer/optar por lidar de alguma forma. É preferível, portanto, se anestesiar com as mais variadas mídias sociais (afinal, estão aí para isso), abraçar a paz que a ignorância e a alienação nos permite alcançar.

    O problema está ali ainda. Mas tudo bem, logo logo ela esquecerá. Que não esqueçamos, contudo.

    O poder da mensagem é palpável.

    Parabéns por cada palavra dita e não dita!

    Ø  Escrita:

    Muito boa também. Cada palavra bem pensada e colocada.

    Ø  Impacto:

    Eu queria ter escrito esse conto. Acho que esse é o elogio máximo.

    A verdade é que eu adorei esse conto. Poderosíssima a mensagem crítica. Esse microconto me lembrou uma poesia do Drummond, guardada às devidas proporções. Talvez funcione como uma continuação. A premissa é a mesma; a personagem se vê diante de uma cena horrenda; uma fera que mexe nos lixos, sombria… Posteriormente, ele percebe: é um homem, tal qual como ele.

    Aqui, a mistura de crítica social, pegada existencialista/filosófica com um retrato do cotidiano, que muito bem eu-leitor, você, autor/autora, e qualquer indivíduo que leia esse texto pode ter vivenciado, funciona harmonicamente. Tudo fluiu perfeitamente.

    Parabéns pelo trabalho! Vou guardar esse micro com carinho! Boa sorte no Desafio!

    • ((In)conformada)
      28 de janeiro de 2025
      Avatar de ((In)conformada)

      O comentário perfeito existe e está no meu conto. Muito obrigada! Você o descreveu tão perfeitamente que poderia ser seu. Vou guardá-lo com carinho e, para mim, o desafio já valeu. Pela sensibilidade e gentileza, obrigada!

  15. Fernando Cyrino
    28 de janeiro de 2025
    Avatar de Fernando Cyrino

    Pois é, (In)conformada, a dura realidade gritando aflita à nossa volta e a gente acaba fazendo com que a indignação se torne só um sentimento que chega intenso, gera uma série de sensações e, com a mesma rapidez que chegou vai embora, deixando-nos na zona de conforto… Mudando de lugar e rolando o feed. Dá o que pensar a sua história. Gostei da forma como a trouxe para mim. Parabéns.

  16. Bia Machado
    28 de janeiro de 2025
    Avatar de Bia Machado

    Plot: Mulher se incomoda com a realidade que vê, por isso resolve sentar em outro lugar e se distrair com o feed.

    Desenvolvimento: Início confuso, a princípio a criatura parece um animalzinho, inclusive o trecho “O emaranhado de pelos parecia incapaz de proteger…” parece se adequar mais a um cachorrinho… Sinceramente, parece que o autor/autora tentou lançar uma dúvida no leitor, mas acho que não precisava disso. O restante do texto foi adequado do ponto de vista narrativo, mas quando ela pergunta “Que tipo de monstro foi capaz de negligenciar uma criatura tão inocente?”, ela mesma não fez isso? E o que vem narrado depois complementa, fazendo com que fique fácil chamar essa daí de “sem noção”, no mínimo.

    Talvez o trecho “Sentia-se melhor; logo esqueceria.” desse um efeito melhor se em vez disso, estivesse “Sentia-se melhor”. Em pouco tempo, nem se lembrava mais.” Mas só uma sugestão. Talvez não coubesse no limite de palavras…

    Destaque: A ação contida no penúltimo parágrafo deu o tom do descaso total da personagem pela “criatura tão inocente”…

    Impressões da leitura: Foi uma leitura bacana, eu gostei de refletir sobre a situação, algo bem comum no nosso cotidiano, infelizmente. São muitos animais abandonados. E pessoas também, ainda mais depois da pandemia… Triste realidade dessa nossa sociedade…

  17. danielreis1973
    27 de janeiro de 2025
    Avatar de danielreis1973

    Outro conto com cachorrinho – que foi justamente o ponto que acho que poderia ter sido mais dissimulado, pois aparece muito no começo do conto. Ou mesmo se deixasse na dúvida qual seria o ser abandonado – um mendigo, um bebê, etc. – poderia ter mais impacto. Mas é bem construído, e no todo o resultado foi bom.

  18. Leo Jardim
    27 de janeiro de 2025
    Avatar de Leo Jardim

    📜 Conteúdo (⭐⭐▫): pessoa observa na rua um animal abandonado (ou mesmo uma criança?) e fica incomodado com a situação, até muda de posição, num ponto em que aquilo volta a ficar invisível, remetendo ao nome do conto. Infelizmente assim é a vida nas cidades: somos meio que obrigados a ignorar os “invisíveis” pois não temos como ajudar a todos.

    📝 Técnica (⭐⭐▫): boa, conduziu bem o microconto

    💡 Criatividade (⭐⭐▫): dentro da média do desafio

    🎭 Impacto (⭐⭐⭐): o impacto do conto está em nos enxergarmos na mesma situação. O personagem pergunta que monstro abandonaria aquela criatura, mas ele mesmo faz isso quando opta por simplesmente não ver e voltar à rede social. E muitos de nós já fizemos algo parecido antes. Gostei bastante.

  19. leandrobarreiros
    26 de janeiro de 2025
    Avatar de leandrobarreiros

    Chamo de “técnica” a facilidade com que o autor carrega o leitor pela narrativa, e/ou transmite subtexto, e/ou faz (bom) uso de figuras de linguagem que tornam a leitura agradável.

    Chamo de “interesse” o quanto o texto me fisgou enquanto leitor, o quanto de impacto senti pela leitura.

    Chamo de “objetivo do autor” um palpite do que o autor queria com o texto. É mais um esforço criativo e uma tentativa de fazer leituras mais enquanto escritor do que leitor.

    Eu sei que a ideia do autor provavelmente foi de causar o choque e fazer uma crítica a nossa relação desconectada com o real e amparada no virtual, mas achei o conto engraçado. Um engraçado bom. Me lembrou uma historinha do Garfield em que ele vê o Odie congelando do lado de fora da janela e, dizendo que é incapaz de vê-lo sofrer tanto, decide fazer alguma coisa. Ele fecha a cortina.

    Técnica: Alta. A história segue um bom ritmo, sem pausas exageradas ou desnecessárias, conduzindo o leitor à mensagem final. Se eu tivesse que forçar a barra para apontar algo que talvez valesse uma reconsideração, seria as hipérboles da parte em itálico. Talvez ali tenha ficado um pouco forçado demais. Mas, de novo, estou exagerando.

    Interesse: Alto. Especialmente pós leitura. Ri. Vasculhei a internet em busca da historinha. Interesse é interesse então o parâmetro é positivo.

    Objetivo do autor: Fazer uma crítica ao modo de ser contemporâneo, fissurado pelo virtual e distante do real, subvertendo expectativas ao fim da história.

  20. cyro fernandes
    26 de janeiro de 2025
    Avatar de cyro fernandes

    Muito bom o conto que retrata os revoltados de plantão que acabam se alienando na multiplicidade das telas d mundo contempôraneo.

    A boa intenção sem gerar uma ação correspondente pouco acrescenta à sociedade.

    Cyro Fernandes

    cyroef@gmail.com

  21. Marcelo
    26 de janeiro de 2025
    Avatar de Marcelo

    Bem escrito e com mudança de direção no final. A apatia na qual nos apoiamos a fim de justificar nossa alienação.

    Parabéns!

  22. Mauro Dillmann
    25 de janeiro de 2025
    Avatar de Mauro Dillmann

    Um conto interessante pelo tema e pela abordagem.

    Quem será a criativa avistada? Um ser humano ou um animal?

    Tem uma crítica: o que não se vê não se sente. Às vezes, tapar os olhos para a miséria alheia traz conforto.

    A linguagem do conto, no entanto, tem suas fragilidades. Muitos adjetivos: os olhos são ‘fundos’ e ‘úmidos’; havia ‘tédio’ e ‘apatia’; as sensações eram raiva, tristeza e indignação. Fecha muito e deixa pouco espaço para o leitor. Mas tudo bem!

    Parabéns!

    Hoje, 25.01.25, estacionei e olhei para o lado. Uma pessoa em situação de rua dormia debaixo de uma árvore. Um calorão de 30 graus em Pelotas-RS. Uma mulher o observava. Ele acordou. Ela deu água e uma camiseta limpa. Ele tentou abraça-la e reclamou de dor de dente. Ela deu remédio para dor. Essa cena foi chocante para mim. Bonita a atitude daquela mulher. Me fez pensar. Vejo tanta gente cuidando de cachorrinhos de rua, vejo pouca gente cuidando de pessoas em situação de rua. Seu conto me fez lembrar essa experiência vivida por mim hoje.

  23. Rogério Germani
    25 de janeiro de 2025
    Avatar de Rogério Germani

    Onde todos somos monstros ou anjos- depende do ângulo- o esquecimento é o limite das sombras. Para ambos.

    Boa sorte!

    Rogério Germani

  24. Kelly Hatanaka
    25 de janeiro de 2025
    Avatar de Kelly Hatanaka

    Um conto crítico e implacável.

    Que tipo de monstro faz isso? Todos nós. Ou alguém aqui nunca desviou o olhar de algo triste?

    E, o que nos traz alívio? O esquecimento. A distração.

    Gostei da maneira como, despretensiosamente, o autor enfiou o dedo na ferida. E em apenas 99 palavras.

    Muito bom!

    Parabéns pela participação e boa sorte.

    Kelly

  25. André Lima
    24 de janeiro de 2025
    Avatar de André Lima

    Há ótima técnica aqui, o(a) autor(a) sabe construir frases bem elaboradas. Mas sinto o texto “reto” demais, faltando uma poética que poderia ajudar a construir toda a atmosfera do conto, que se trata também de sentimentos importantes como “abandono”, “descaso”, “hipocrisia”, entre outros.

    A conclusão cai no lugar comum, não há novidade e fica a sensação de que já lemos muitas coisas com esse tipo de abordagem.

    É uma boa escrita, uma boa execução, mas que falta algo mais elaborado poeticamente e numa conclusão que não me convenceu.

    Sinto que o autor tem capacidade para mais.

  26. Thata Pereira
    23 de janeiro de 2025
    Avatar de Thata Pereira

    Olá, (In)conformada.

    Contexto pessoal

    Nossa, você atingiu em cheio o meu coração. Eu tento ajudar o máximo de pessoas que posso (foco em ajudar crianças e idosos, meu namorado os animais), então quando não consigo por algum motivo, me sinto fazendo como essa moça ou moço fez. E mesmo sabendo que naquele momento não posso, isso me perturba e me faz sentir como se ignorasse o problema. Por isso seu conto mexeu muito comigo.

    Análise do conto

    Direto, certeiro, bem escrito. Começo, meio e fim. A inserção do feed sendo rolado torna tudo ainda mais pesado e real.

    Conclusão

    Com certeza vai entrar na minha possível lista de indicações e espero que permaneça.

    Desejo um bom desafio!

  27. Roberta Andrade
    23 de janeiro de 2025
    Avatar de Roberta Andrade

    Senti vergonha na primeira vez que li este conto. Vira e mexe, tenho essa mesma atitude. Depois de ler novamente e refletir, pensei no quão enraizado esse comportamento está na nossa sociedade. O exemplo mais explícito, para mim, são os painéis na linha vermelha (separam uma via expressa do complexo da maré, no Rio de Janeiro), que supostamente são para a segurança, mas são estrategicamente pintados para esconder as mazelas da cidade “maravilhosa”. Na verdade apenas escondem o que o descaso com o próximo.

    Gostei muito da reflexão e de como o texto foi construído. Parabéns!

  28. Fabiano Dexter
    22 de janeiro de 2025
    Avatar de Fabiano Dexter

    Gostei da abordagem que foi dada a uma cena rotineira e um final bem inesperado, justamente por ser o mais “real” que pude imaginar.

    Utilização do Microconto para não apenas contar uma breve história, mas nos fazer pensar nele depois de ler. (Especialmente eu, que leio a maioria das coisas aqui no celular)

  29. toniluismc
    22 de janeiro de 2025
    Avatar de toniluismc

    Como já diziam: “o pior cego é aquele que não quer ver”. Interessante a sua abordagem do confronto entre a indiferença e a empatia.

    A crise de consciência da protagonista foi tão breve que eu mesmo não consegui captar de primeira. Acho que fiquei tão apático quanto ela, mas creio que isso não foi culpa da autora, já que fez um belo trabalho com essa crítica social bem construída.

    No frigir dos ovos, também fiquei indignado. Se era esse o objetivo, foi cumprido. Parabéns!

  30. Juliano Gadêlha
    22 de janeiro de 2025
    Avatar de Juliano Gadêlha

    Forte, real e atual. Achava que o conto estava caminhando para um final previsível, mas fui pego de surpresa. Muito bem realizado, parabéns!

  31. Diego Gama
    22 de janeiro de 2025
    Avatar de Diego Gama

    Gostei bastante! O plot final é muito a reliadade do dia a dia. É dificil o conformismo da situação humana atual e o conto mostrou bastante isso! Bem escrito e historia amarrada. boa sorte!

  32. Felipe Lomar
    22 de janeiro de 2025
    Avatar de Felipe Lomar

    um texto que deixa o leitor puto. É muito bem pensado o desfecho, um cinismo cortante. Infelizmente, mais comum do que se parece. O efeito foi muito bem construído.

    boa sorte!

  33. Priscila Pereira
    21 de janeiro de 2025
    Avatar de Priscila Pereira

    Olá, (In)conformada! Tudo bem?

    A imagem (que é linda!) e o título se complementam perfeitamente! O que os olhos não vêem o coração não sente! E combinou muito bem com o conto!

    A melhor coisa desse conto é que todo mundo vai se identificar, infelizmente…

    Quem nunca fez isso, ou algo parecido? Quem nunca quis aliviar o desconforto de uma imagem ou situação horrível em que achamos que não podemos fazer nada, rolando o feed e deixando que os sentimentos fossem anestesiados?

    O conto é bem forte, extremamente atual, uma poderosa crítica social! Muito bom!

    Está muito bem escrito, dá pra notar que você teve muito cuidado com a escolha de cada palavra.

    Gostei muito 🥰

    Parabéns e boa sorte!

    Até mais!

  34. Nilo
    21 de janeiro de 2025
    Avatar de Nilo

    Gostei bastante do tema e da escrita. Também achei que sem a ultima frase ficaria melhor. Parabéns, boa sorte no desafio

  35. claudiaangst
    21 de janeiro de 2025
    Avatar de claudiaangst

    O conto em tão poucas palavras serve de protesto, mas também engana o(a) leitor(a) que espera um desfecho diferente daquele apresentado.

    A indignação da protagonista dura pouco, o tempo necessário de procurar outra imagem no feed. Como o título sugere: o que os olhos não veem, o coração não sente. Ela preferiu ignorar a triste realidade e se alienar no mundo maravilhoso das redes sociais.

    Não encontrei falhas de revisão. A linguagem empregada é clara, bem cuidada e sem repetições desnecessárias. Bom aproveitamento do espaço oferecido para trazer uma narrativa impactante.

    Parabéns pela participação e boa sorte no desafio.

  36. fcaleffibarbetta
    21 de janeiro de 2025
    Avatar de fcaleffibarbetta

    Olá, (in)conformada

    Seu micro é muito bom. Bem desenvolvido, boa escolha das palavras, nos colocou na situação da personagem, com pena do cão.

    Apesar de ser um tema recorrente, ser comum criticarmos as pessoas por ficarem no feed e não se importarem com o que acontece em volta, eu não imaginava aquele fim. Pensei que o cão poderia ser uma pessoa. Muito bom.

    O desfecho é ótimo. Só fiquei um pouco decepcionada quando depois da propaganda aqui na página veio a frase final. Eu estava mais feliz com o fim em ” Voltou a rolar o feed”, pois é mais forte. O restante é uma explicação desnecessária.

    Outra coisa que me incomodou foi o “conforto do tédio e da apatia”, achei estranha a escolha da falavra conforto. Por mais que digamos sair da zona de conforto com frequência, como sendo sair do seu normal, conforto quer dizer bem-estar, satisfação, prazer.

    Parabéns!!!

  37. Marco
    21 de janeiro de 2025
    Avatar de Marco

    Nota: perdao pela falta de acentos no texto, estou escrevendo em teclado gringo =)

    Engracado, quando fui enviar um conto para este desafio, cheguei a escrever um texto que abordava um tema parecido: a apatia das pessoas no dia de hoje quanto aos problemas reais do mundo, mergulhadas nos seus celulares e redes sociais, sendo programadas como escravos pelas grandes corporacoes de tecnologia, etc. Este conto aborda muito bem isso: a indignação natural de um ser humano diante de uma situação como esta, mas a imediata fuga aos pastos mais tranquilos das redes sociais.

    Excelente frase:“Mas foram os olhos, fundos e úmidos, que a arrancaram do conforto do tédio e da apatia”. Resume bem o conto: esta apatia e o tedio “confortaveis” que acabamos nos extendendo ao rolar os feeds das redes no celular.

    Tenho uma nota para fazer sobre este texto. Para quem me conhece, ou conhece os meus comentarios aqui no EC, deve saber que nao curto muito as famigeradas “listas”. Na frase abaixo, vejo uma lista de emocoes:

    “Imediatamente, raiva, tristeza e indignação transbordaram.”

    Quando leio listas assim, nenhuma das emocoes me parece importante. Quando diluidas em uma lista, todas elas perdem a forca. Sem falar que “raiva” e “indignação” sao sinonimos.Ao meu ver, a frase ficaria muito mais poderosa se colocasse uma das emocoes em primeiro lugar: “Sentiu imediatamente a sua raiva transbordar”.

    Ainda nesta frase, e seguindo tambem a ideia minimalista desse desafio, eu acho que a frase inteira podia ser descartada aqui. O trecho seguinte a frase eh justamente o pensamento da personagem:

    “Que tipo de monstro foi capaz de negligenciar uma criatura tão inocente?”

    Este pensamento ja deixa claro a raiva da personagem, sem necessidade de expressar claramente ao leitor que sim, ela estava sentindo raiva.

    Enfim… opinioes de estilo, eu acho. No ultimo desafio tentei evitar colocar este tipo de comentario nos contos pois nao sei se eles tem real valor para o autor, mas senti falta deles, entao voltei a opinar sobre o assunto.

    Abraco!

  38. Juliana Calafange
    20 de janeiro de 2025
    Avatar de Juliana Calafange

    Excelente conto. Linguagem precisa, concisão e ritmo impecáveis. Mas, olha, se terminasse em “Voltou a rolar o feed” seria muito mais impactante. Parabéns!

  39. José Leonardo
    20 de janeiro de 2025
    Avatar de José Leonardo

    Olá, (In)conformada.

    É um bom texto, no qual vemos que a indignação sem atos é vazia e, portanto, nada. Está bem escrito e as quebras dos parágrafos ajudam a inculcar no leitor um crescendo que irá culminar no plot da história. No entanto, parece-me que se fosse mais condensada (“Menos palavras ainda? Já são poucas”, sim) geraria um impacto maior, pelo menos para mim. No entanto (2), não posso dar pitaco com uma sugestão que eu teria dificuldade de adotar.

    Seu tema não é original, mas foi sabiamente executado.

    Parabéns pelo microconto e boa sorte neste desafio.

  40. Mariana
    20 de janeiro de 2025
    Avatar de Mariana

    Esse conto é um fragmento da mentalidade atual, na qual as pessoas observam e julgam os outros, mas não se dão conta de suas atitudes ou falta delas. Só faltou a selfie com o bichinho, para enfeitar o próprio feed e ter a sensação de ser uma boa pessoa. A escrita é competente e segura e o texto não fica em aberto, há um começo e final para a ação. Parabéns pelo bom conto.

  41. Vítor de Lerbo
    20 de janeiro de 2025
    Avatar de Vítor de Lerbo

    Um raro caso em que as reticências foram bem utilizadas. O título aliado à imagem nos levam ao pensamento da pessoa que escreveu o conto.

    O texto está muito bem escrito e aborda uma temática muito atual, de forma crítica e inteligente. Uma prova de que uma protagonista “fraca”, com escolha ativa da apatia, é capaz de estrelar um conto forte.

    Boa sorte!

  42. Thiago Amaral Oliveira
    19 de janeiro de 2025
    Avatar de Thiago Amaral Oliveira

    Bom conto, escrita não deixa nada a desejar.

    Aquele tipo de conto que nos faz refletir e tentar avaliar se temos nos comportado da melhor maneira hahhaha

    Ótimo como microconto, por mostrar uma cena bastante pontual e comum. Sempre bom encararmos a realidade de nosso comportamento: às vezes, basta deixar de olhar para que o problema suma do nosso universo (mental).

    Concordo com alguém que disse que o conto tem impacto médio. Acredito que seja por vermos bastante essa crítica por aí. Mesmo assim, acho bastante válido.

    Parabéns pela participação.

  43. Elisa Ribeiro
    19 de janeiro de 2025
    Avatar de Elisa Ribeiro

    ótimo! O autor inverteu a expectativa com maestria. Triste (auto) retrato do mundo contemporâneo. Parabéns!

  44. bdomanoski
    19 de janeiro de 2025
    Avatar de bdomanoski

    Existe um tipo de conto o qual eu não gosto de ler, e é quando tem algum animal sofrendo maus tratos ou algo similar. Pra mim, esses contos deviam vir com aviso de “Cuidado, palavras fortes” ou algo assim. Não significa que não escolheria seu conto dentre meus favoritos, porque acho muito válida sua crítica social. Obviamente me vi um pouco no seu personagem, porque as vzs queremos ajudar, mas sentimos a impossibilidade e a culpa. Busco às vezes doar pra ONGs animais. Algo tem que ser feito. De resto é um conto que transmite uma cena, que diz muito mais do que apenas uma cena. Ela possui uma camada de crítica e apelo. Por esse motivo, achei muito válido e favoritável.

  45. Sílvio Vinhal
    19 de janeiro de 2025
    Avatar de Sílvio Vinhal

    Noventa e nove palavras cravadas!

    Quem é o monstro? Difícil aceitar que somos o monstro. O conto consegue nos fazer refletir, sentir e nos surpreende com certa ironia, ao final, com um desfecho inesperado e nada “fofo”.

    Ultimamente estamos assim, passamos a vida real como se fosse um post num feed…

    Senti falta de alguma pontuação, mas não comprometeu em nada o resultado.

    Parabéns pela escrita e pelo bom exercício da literatura!

  46. Sílvio Vinhal
    19 de janeiro de 2025
    Avatar de Sílvio Vinhal

    99 palavras cravadas!

    Quem é o monstro? Difícil aceitar que somos o monstro. \\\\\\o conyo consegue nos fazer refletir, sentir, e nos surpreende com certa ironia, ao final, com um desfecho inesperado e nada “fofo”.

    Ultimamente estamos assim, passamos a vida real como se fosse um post num feed…

    Senti falta de alguma pontuação, mas não comprometeu em nada o resultado.

    Parabéns pela escrita e pelo bom exercício da literatura!

  47. geraldo trombin
    19 de janeiro de 2025
    Avatar de geraldo trombin

    A apatia sempre acaba vencendo a empatia. Retrato triste da realidade dos dias de hoje. Ideia e textos bem alinhados. Parabéns!

  48. andersondopradosilva
    19 de janeiro de 2025
    Avatar de andersondopradosilva

    … O coração não sente não é uma história de solidariedade e redenção, mas o autor foi competente em fazer crer que seria. Daí ter sido muito bom ser surpreendido. O conto é sobre corrupção, sobre sujidade, sobre alheamento. O celular, suas redes sociais e seus feeds desempenha o papel de representar o alheamento emocional, enquanto a mudança de assento representa o alheamento físico.

    Quanto à técnica e ao conteúdo, nenhum reparo.

  49. Raphael S. Pedro
    19 de janeiro de 2025
    Avatar de Raphael S. Pedro

    Transmite aquilo que a sociedade vem se tornando. O final, duro, foi inesperado e necessário. Que nos sirva de lição, inclusive.

  50. Sidney Muniz
    19 de janeiro de 2025
    Avatar de Sidney Muniz

    Então, depois de por motivos pessoais não ter conseguido comentar os contos do último EntreContos cá estou eu.

    Bem, primeiramente me desculpem pela falta.

    Agora vamos lá!

    Mexia no celular preguiçosamente, enquanto esperava o atendimento.

    Qualquer semelhança com a realidade pode ser uma mera coincidência. Um conto com um cão, não temos esse afeto com gatos, isso é fato, e também é outro erro nosso. Anorkinda que me apoie, pois sei do apreço dela.

    Olhou para a rua e o viu. O emaranhado de pelos parecia incapaz de proteger o corpo magro, que tremia. Mas foram os olhos, fundos e úmidos, que a arrancaram do conforto do tédio e da apatia.

    Gostei da escrita e da oportunidade de sentir essa coisa estranha em ler isso. Poderia ser um mendigo e antes que a maioria fizesse algo, sim, iria julgar, iria buscar entender, mesmo que nesse meio tempo a pobre pessoa ou criatura estariam morrendo de fome.

    Imediatamente, raiva, tristeza e indignação transbordaram.

    Como disser: Julgar é fácil!

    Que tipo de monstro foi capaz de negligenciar uma criatura tão inocente?

    Aí mora a verdade por trás dos muros de nossa consciência. Somos nós os responsáveis por tudo, em cada ato ou na falta de agir.

    O incômodo era sufocante, impossível permanecer ali sem fazer nada.

    Seja ironia, sarcasmo ou mera previsibilidade, somos assim, há um bloqueio, ficamos paralisados em algumas situações.

    Levantou, caminhou até a cadeira mais afastada, longe da porta e da visão que a perturbava. Sentou-se. Voltou a rolar o feed.

    Enfim, o gran finale, tão letal como uma flecha no peito. É mais fácil se esquivar do que lidar com a velocidade da flecha, com a mira perfeita, com o envolver-se na situação e colocar-se a prova.

    O conto tem uma abordagem muito boa, eu gostei, gostei de sentir o vies, gostei do plot, gostei da incerteza de o que acontecerá com o animal e de como fica fácil olhar de longe, e mais fácil ainda olhar de perto e não fazer nada.

    É um conto que tem um trunfo nas mãos, ele não entrega, ele doa verdades e recolhe outras verdades de nós. Fala sobre os tempos atuais, sobre o momento que vivemos, sobre quem somos agora e o que fazemos para sermos diferentes.

    É um conto que conta uma história de compaixão.

    Eu curti com paixão!

    Que sejamos melhores do que somos!

  51. Marcelo
    19 de janeiro de 2025
    Avatar de Marcelo

    O texto faz uma reflexão sobre o comportamento do homem contemporâneo. A nossa robotização alienada. Talvez, como descrito no texto, talvez ainda nos reste uma fresta de humanidade.

  52. Antonio Stegues Batista
    19 de janeiro de 2025
    Avatar de Antonio Stegues Batista

    O conto aborda a empatia e ao mesmo tempo, a rejeição de tal sentimento. A personagem, na sala de espera, vê, na calçada, um cãozinho abandonado, magro, tremendo de frio e como todo ser humano sensível, sente dó do bichinho, mas logo anula os sentimentos, indo sentar-se em outro lugar longe da visão da rua. Talvez ela pudesse resgatá-lo, mas nesse caso perderia a consulta. Deixou que outros se preocupasse com o animal. O interessante é a pessoa sentir raiva, tristeza, indignação e no momento seguinte, voltar a total apatia, refugiando-se na ilusão das redes sociais. A escrita é boa. A narrativa é concisa, vai direto ao ponto, sem subterfúgios expos os fatos e isso é bom. Pra mim, o impacto da história foi regular.

  53. Afonso Luiz Pereira
    19 de janeiro de 2025
    Avatar de Afonso Luiz Pereira

    Esse miniconto é um retrato pungente da apatia moderna. Gostei muito de como a construção da narrativa nos faz refletir as contradições internas da personagem: primeiro, o impacto emocional frente à cena; depois, a escolha consciente de se afastar e ignorar. O detalhe do movimento para longe da porta é especialmente simbólico, quase como um gesto de fuga da própria consciência. A crítica à indiferença diante do sofrimento alheio está muito bem trabalhada, sem falar no apego exagerado (vício midiático) e real do uso do celular nos dias de hoje. Muito bom. Gostei.

  54. Evelyn Postali
    19 de janeiro de 2025
    Avatar de Evelyn Postali

    Caramba… Como é fácil ignorar o sofrimento dos outros (homens ou animais). Basta afastar o olhar, ficar à distância, silenciar o coração. Basta fechar nossos olhos para o que nos incomoda. Essa escolha é a escolha mais fácil, a menos dolorida, talvez. Aliviar nossas tristezas, nossas indignações, apenas nos afastando e não resolvendo o que nos incomoda é a ação mais evidente nesse mundo contemporâneo. Eu sei que não temos como curar todas as dores do mundo… E esse texto me incomoda exatamente por isso. Ele me faz pensar sobre essa apatia, sobre como reagimos frente à fragilidade e sofrimento alheio, em como somos impotentes, ou como escolhemos o caminho do não-sofrer.

  55. JP Felix da Costa
    19 de janeiro de 2025
    Avatar de JP Felix da Costa

    Este conto dá-nos uma bofetada psicoóloga, porque nos dá todas as indicações que vai seguir um rumo feliz, mas inverte a marcha no final. Retrata uma realidade que sempre existiu. A indignação pelo comportamento alheio correspondido com comportamento idêntico. A gratificação de ficar indignado, mas nada fazer para reverter o que indigna. Dá muito que pensar…

  56. antoniosodre
    19 de janeiro de 2025
    Avatar de Antonio Sodre

    Muito interessante pois trabalha com um tema contemporâneo muito relevante que é como nossas mídias e celulares tornam nossos sentimentos efêmeros, na velocidade do nosso feed. Uma excelente sacada como crítica social.

  57. Nelson
    19 de janeiro de 2025
    Avatar de Nelson

    Gostei. O tema remete a um grande problema contemporâneo, que é a desumanização das pessoas por meio da troca dos sentimentos reais por emulações digitais, coisas que mexem com o nosso cérebro e nos deixam parecendo zumbis sedentos por uma nova rodada de estímulos. Bem escrito, com uma boa ideia para um microconto.

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Informação

Publicado às 19 de janeiro de 2025 por em Microcontos 2025 e marcado .