EntreContos

Detox Literário.

As Portas da Decepção (Thiago Amaral)

Em uma noite qualquer, numa casa de inspiração europeia no meio do Rio Grande do Sul, uma porta apareceu no porão de Eduardo e Vanessa Garcia, onde antes havia apenas quinquilharias abandonadas. Esse fato causaria espanto, rebuliço e investigação em qualquer moradia comum.

O problema, entretanto, era que o casal não estava se falando no momento.

Apesar disso, Eduardo achou melhor pausar o silêncio e chamar Vanessa para discutirem a bizarra novidade.

– Que que é isso? – ela perguntou.

– Eu é que lhe pergunto.

– Como é que eu vou saber?

– Você que é a louca que vem comprar coisas pra nossa casa do nada.

– E eu comprei uma porta e instalei no porão enquanto você não olhava?

– Não me surpreendo com nada, vindo de você.

– Faz tempo que não faço loucurinhas, não bebo, não fumo. Além disso, uma porta aqui seria inútil. Pra quê? A gente nunca vem pro porão, não precisa resgatar nada que joga por aqui…

– Você é contra a inutilidade, agora? Que interessante, já escreveu algum post sobre isso nas suas redes sociais?

– Se chama alienação voluntária, no meu caso. Melhor que a vida proporcionada por você.

Eduardo soltou um “pff”, virando o rosto. Era sua melhor resposta diante das ingratidões de Vanessa. Ela ignorou, continuando:

– E aí, vamos abrir essa coisa ou não?

– Abrir é o de menos! Obviamente não tem nada atrás dessa porta! Você ouviu alguém destruindo a parede?

– Você não ficou nem curioso pra abrir?

– Posso abrir, ué!

– Então vai!

– Sim, senhora! Vou correndo atender a mais uma demanda desnecessária. – ironizou, sem se mexer. Vanessa cruzou os braços.

– Você não acha muito estranho ter uma porta do nada no nosso porão, sem ninguém ter mandado instalar? Sendo que nem visitas a gente tem recebido ultimamente? Não quer investigar isso?

– Claro que sim! Só de tentar imaginar como essa coisa apareceu aqui já me sinto esquisito – fez uma pausa, pensativo. – Pode ser que nós estejamos ficando loucos e esquecemos que ela tava aqui o tempo todo, por nunca olharmos pra cá.

– A gente não vem muito pro porão, mas isso é ridículo. Bom, já passou da hora da janta e nós deveríamos comer. Depois você resolve esse problema pra gente.

– Isso nem é problema! É só uma porta!

Tarde demais, os degraus já reclamavam sob os pés de Vanessa. Para não parecer que acatava à ideia, Eduardo esperou alguns momentos e também subiu.

Ambos comeram quietos, sem olhar um para o outro. Dentro de suas mentes, no entanto, jazia a imagem da porta.

Enquanto mastigavam suas comidas, a dela excessivamente temperada e a dele insuportavelmente sem sal, tentavam determinar em pensamentos como uma porta teria se materializado naquela casa. A resposta só poderia ser uma: o parceiro estava mentindo.

Será que Eduardo planejava abrir a parede e criar um quarto secreto onde despejaria suas frustrações sexuais após as crescentes recusas de Vanessa? Então por que teria decidido indagá-la sobre a porta naquele momento? Ela sem dúvida ainda demoraria meses até precisar descer ao porão por algum motivo aleatório. Além disso, ele provavelmente não saberia como contratar alguém para realizar o serviço.

Ou então Vanessa guardaria um armário secreto por meio do qual preenchia o vazio crescente entre os dois? Seus grupos online sempre foram um refúgio, e ela andava entediada demais ultimamente. No entanto, parecia muito esforço para alguém que mal tinha ânimo para sair da cama.

Não, provavelmente não havia sido nenhum deles. Mas o mistério precisava ser resolvido e era desconcertante terem que pensar em tudo sozinhos. “Será que vou ter que fazer isso eu mesmo?”, pensaram quase que simultanemante.

Cada um lavou sua própria louça de forma barulhenta, em protesto simbólico. “Nem oferece lavar tudo, egoísta”.

Após os rituais de higiene, se aprontaram para dormir, torcendo que a ausência de “boa noite” sensibilizasse o parceiro. Contudo, nenhuma reação. “Orgulho impossível”, pensaram virando para seus lados da cama.

Durante a madrugada, outro tipo de passagem se abriu e viram caminhos que há muito percorreram. Ambos tiveram sonhos semelhantes, ecoando memórias longínquas.

Eduardo sonhou com os primeiros dias de relacionamento, quando se encontrou com Vanessa em diferentes restaurantes e passearam por Curitiba, sempre com tanto a dizer um para o outro. As conversas eram fascinantes; tinham tanto em comum, e ao mesmo tempo eram interessantemente diferentes. Uma combinação perfeita. Seus corpos se encontravam e se enchiam de carinho sem fricção, num movimento natural.

Vanessa, por sua vez, sonhou com a primeira viagem que fizeram juntos, para Minas, onde tudo havia fluído tão bem. Apesar dos medos, apesar dos problemas que geralmente surgem ao se aprofundar a intimidade de um casal, eles se fortaleceram ainda mais, e ele a pediu em namoro num trem, um pouco antes de se despedirem novamente, por algum tempo…

Aquela paz, no entanto, foi dizimada pelo alarme do celular. Apesar de gostosa no começo, aquela música havia se corroído em suas mentes e agora era odiada pelos dois. Só não mudavam de toque por saberem que qualquer um seria inevitavelmente estragado pelo tempo.

Vestiram suas roupas e avançaram trôpegos à rotina. Já não mais se lembravam de seus sonhos.

A caminho do trabalho, Eduardo desejava que um carro atravessasse o sinal vermelho e destroçasse seu veículo. Via Vanessa no hospital com os olhos explodindo em lágrimas e se arrependendo de cada injúria, cada grito. Era muito comum quando estavam brigados.

No entanto, tudo infelizmente correu como o esperado. Ele no escritório monótono, ela se arrastando para cumprir as horas do trabalho remoto. De tempos em tempos, a porta surgia em suas consciências, seguida de pensamentos irritados de como o outro deveria ter dado mais importância para aquela situação bizarra.

De tardezinha, quando Eduardo chegou, desceram novamente ao porão.

– Você ficou o dia inteiro em casa e nem veio aqui olhar a porta?

– Você não quis abrir ontem, por que eu tenho que fazer?

– Você não achava importante abrí-la? Então por que não fez isso?

Foram interrompidos por estampidos, que fizeram ambos saltarem e quase se abraçarem.

As batidas pouco a pouco subiam em intensidade. Algo forte e poderoso desejava sair.

– É óbvio que não tem nada do outro lado da porta, né? – Perguntou Vanessa, sorrindo triunfante.

– Você prefere tirar sarro numa situação dessas?

Junto das batidas, ouviam-se inúmeros gritos, em vozes variadas. Soavam como discussões abafadas, que faziam sentido para os habitantes da porta, talvez numa linguagem primitiva, mas eram ininteligíveis daquele lado do porão. Eduardo e Vanessa agora também gritavam, para que pudessem se ouvir em meio à cacofonia.

– A casa tá caindo e você tá mais preocupada em ter razão!

– Você quer resolver o problema? Aleluia, fique à vontade!

Eduardo se aproximou da porta, aos berros:

– Que tal se eu abrir e mandar eles calarem a boca?

Diante da pergunta, se fez repentino silêncio na sala. Vanessa hesitou por um momento, agora também se aproximando. Quem quer que estivesse do outro lado agora parecia esperar, atento. O ar do porão havia ficado mais denso.

– Eles ficaram quietos… mas eu tenho a obrigação viril de abrir mesmo assim, não é mesmo?

– Isso seria a coisa mais idiota que você poderia fazer, com certeza! – Disse Vanessa, com sorriso incrédulo.

– Mas seria bastante corajoso, não é? Você reclama que eu deveria ser mais corajoso, e não inteligente. Então perfeito!

– Meu deus, você não pode estar falando sério… é uma criança, mesmo! Um imbecil! – O encarou por alguns segundos. – Você não tem coragem nem de recusar dinheiro ao flanelinha, e vai fazer isso? Até parece! – E riu.

Eduardo segurou a maçaneta como se cumprimentasse a porta, que finalmente foi aberta. Ambos olharam para dentro e suas faces encolerizadas se desmancharam enquanto os olhos se arregalavam.

A passagem era mais escura que qualquer escuridão que já tivessem visto, mais silenciosa e selvagem que uma floresta à noite. Entrar ali seria como se jogar de um abismo, se nulificando.

Vanessa se recompôs, ainda sentindo um calor percorrer seu corpo.

– E então, não vai?

– Você está vendo aquilo? – Eduardo sentia o estômago se apertar, muito comum quando brigavam. Uma energia incontrolável subia por seu corpo, mas ele conseguia apenas balançar a cabeça em desaprovação, enquanto sua mandíbula se apertava.

– Que foi? Você não ia me mostrar algo? Vai! Resolve nosso problema! Você nunca faz nada!

– Cale a boca!

A energia se tornou intensa demais e Eduardo empurrou Vanessa. Mostrando os dentes, a esposa socou o peito de Eduardo com a maior força que encontrou. Tentou desferir mais golpes, mas o marido segurou seus pulsos. Os dois se debateram, numa dança tão caótica quanto os sons que saíram da porta momentos antes.

– Para com isso, desgraçada! Você nem tem força pra me machucar! – Falando com dificuldade em meio àquele esforço, Eduardo segurava com força os braços da esposa, que se debatia cheia de raiva. Percebeu que estava rindo num misto de ódio e satisfação.

Vanessa conseguiu soltar um dos braços e o socou na barriga. O homem se encolheu num gemido, em parte por dor, em parte por reflexo, surpreso pelo golpe.

Eduardo a encarou por um segundo. A pior pessoa que já conhecera. Com um movimento rápido, a empurrou pela passagem e fechou a porta.

Silêncio novamente.

Por vários minutos, Eduardo encarou a porta. Vários filmes passaram sobre seus olhos. Se viu reagindo às agressões de Vanessa, sentindo uma força nos braços que não se recordava ter. Também relembrou todos os momentos em que foi chamado de covarde por ela, pensando se ela não teria razão no fim das contas. Uma nuvem sombria passou por seu peito.

Rapidamente, no entanto, sua mente passou a lhe lembrar de todos os momentos de abuso físico e psicológico que passara por culpa da parceira. Sentiu o poder voltando às mãos.

Apagou a luz do porão e subiu as escadas.

*******

Na manhã seguinte, acordando antes do horário habitual, desceu novamente.

Os filmes negativos em sua mente haviam se dissipado após o sono, e o mundo parecia mais calmo e compassivo. Agora, se lembrava da esposa realizando tarefas simples do dia a dia. A maneira delicada com que se dedicava aos afazeres. Seu amor por árvores e seu riso ao assistir séries. Era tudo tão bonito.

Com olhos cerrados e a boca contraída, estendeu a mão e abriu a porta mais uma vez.

Vanessa caiu à sua frente, os olhos arregalados, sua mente um saco repleto de cacos de vidro. De volta à luz, seus pensamentos aos poucos voltavam a fazer sentido.

– Meu deus, o que aconteceu, eu não me lembro…?

– Me desculpe, me desculpe, me desculpe…

Eduardo abraçou sua esposa, as lágrimas jorrando, o peito finalmente leve.

Vanessa o abraçou de volta. Abandonaram seus trabalhos por um dia, sem darem satisfação a ninguém. Passaram cada minuto juntos, sentindo um magnetismo doce que os fazia sorrir enquanto se olhavam. Entre beijos, prometeram não mais visitar o porão.

E, assim como o dia, a noite foi ótima. Dormiram sentindo os corpos pesados se acalmarem enquanto suas mentes se entregavam ao descanso.

No entanto, na manhã seguinte, o celular tocou mais uma vez. Era aquela música que conheciam tão bem.

Eduardo levantou-se apesar das súplicas do corpo. Vanessa amaldiçoou o dia e estremeceu ao pensar que os próximos seriam exatamente iguais.

– Ah não, eu não queria…

– Não queria, mas temos que…

– Não me lembre…

– Você reclama demais…

– E você, de menos.

A porta continuou no porão dos Garcia. No entanto, ambos já não se lembravam que algum dia isso fora uma novidade.

Sobre Fabio Baptista

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26 comentários em “As Portas da Decepção (Thiago Amaral)

  1. Victor Viegas
    14 de dezembro de 2024
    Avatar de Victor Viegas

    Olá, Lara!

    Gostei do seu conto. Você demonstra bastante habilidade em transmitir a relações complexas de um relacionamento por meio de diálogos. Passa as questões dos conflitos emocionais e psicológicos. A narrativa consegue prender a atenção do narrador, principalmente depois da misteriosa inserção da porta, que pode ser um catalisador para tensões e reflexões entre o casal. Quando Eduardo e Vanessa discutem sobre a origem da porta, a ironia nos diálogos expressa claramente a distância emocional entre eles e como está balança da relação deles. As descrições foram muito ricas e palpáveis, como no momento que ele a chama de “a louca que vem comprar coisas pra nossa casa do nada”. Indica muito claramente as suas frustrações. Parabéns à autora! 

    Além dos diálogos, também destaco a construção dos pensamentos internos dos personagens As reflexões de Eduardo e Vanessa sobre o que a porta representa para eles — seja um sinal de loucura, uma tentativa de escapar da relação ou um reflexo das frustrações pessoais de cada um — passam uma ideia bastante introspectiva. O mistério da porta, que a princípio parece ser o foco da história, acaba se tornando uma metáfora para as complexidades emocionais e os vazios enfrentados no relacionamento, que nem os próprios personagens conseguem compreender de uma forma completa. Peço desculpas pelo tamanho do comentário. De modo geral, você escreve bem. Gostaria muito de ler outros textos seus. Desejo tudo de bom e boa sorte no concurso!

    • Thiago Amaral Oliveira
      18 de dezembro de 2024
      Avatar de Thiago Amaral Oliveira

      Obrigado pelo comentário, Victor. Que bom que gostou!

      É isso mesmo, a intenção era usar a porta como metáfora. Fico feliz que tenha entendido.

      Não se reprima, escreva quanto quiser, que eu vou gostar de ler. Qualquer feedback é bem-vindo.

      Se quier, tem mais textos meus aqui no site!

      Até mais.

  2. Pedro Paulo
    14 de dezembro de 2024
    Avatar de Pedro Paulo

    COMENTÁRIO: Aqui a porta, simbólica ou não, refere-se mais à última fuga de um casamento degradante do que a uma porta física, ganhando cada vez mais espaço entre marido e esposa que desaprenderam a se amar. A autoria demonstrou bastante domínio da narrativa ao se utilizar de duas estratégias para caracterizar o relacionamento e associá-lo à porta: o diálogo, demonstrando a profundidade da discórdia dos dois, e uma leitura da consciência de cada um, mostrando como, apesar de distantes em suas vidas e em seu afeto, ainda dividem os mesmos pensamentos, agora unificados pelo mistério da porta. Embora as estratégias tenham sido bem utilizadas, gostaria de ter conhecido os personagens para além de seus ressentimentos um com o outro. Só conseguimos acessá-los por esse sentimento de repúdio e, assim, os personagens não ganham nenhum desenvolvimento para além do que tem atribuído pelo cônjuge, o que também faz do conto algo repetitivo. Mesmo assim, há catarse, a autoria fez a escolha ousada e madura de omitir a natureza da porta, deixando o relacionamento de seus protagonistas no centro da narrativa, mas sem perder de vista a abordagem temática.

  3. leandrobarreiros
    14 de dezembro de 2024
    Avatar de leandrobarreiros

    Sigo acreditando que cada um era a porta da decepção pro outro.

    Achei o conto interessante e relacionável, na medida em que mesmo quem nunca teve um relacionamento assim conhece alguém que teve ou já viu a dinâmica em alguma mídia. O conto está leve, provavelmente por conta dos diálogos, que são no geral realista e dinâmicos.

    Obviamente que uma porta saindo do nada causaria um grande reboliço em realidade, mas o autor faz uso do absurdo justamente para representar o absurdo da situação, e do relacionamento.

    Gostei bastante do conto. O autor me conduziu com bastante facilidade por cada parágrafo. A curiosidade não foi tanto com a porta, mas com onde que essa interação entre o casal iria acabar. Acho, aliás, que não precisamos de mais informação sobre a porta mesmo, ainda que gostaria que tivesse sido explorado melhor o que houve com Vanessa quando foi jogada. Interpretei essa ação de Eduardo como uma metáfora pra violência física, dado como ele a jogou e o sentimento de culpa posterior.

    Enfim, um bom conto.

  4. Fabiano Dexter
    12 de dezembro de 2024
    Avatar de Fabiano Dexter

    Achei o conto bem escrito, uma história interessante, mas achei os diálogos um pouco arrastados (ainda que verossímeis, que fique claro). Como ponto positivo, conseguiu deixar claro a todo momento quem estava falando o que sem os inúmeros “disse fulano” “respondeu ciclano”. (algo que ainda não consigo fazer, diga-se de passagem)

    O foco da história é o relacionamento do casal, tendo a aparição da Porta como um recurso, um ponto inusitado, o que funciona bem. A porta é o gatilho para uma crise, que poderia ser outro, mas suficiente para que caiba no tema do desafio.

    O momento da briga no porão é muito bom, mas o desenrolar da história daqui me decepcionou um pouco. Esperava alguma entidade maligna tomando o corpo de um deles, algo saindo da porta.

    O final acabou sendo um pouco decepcionante, parece que ficou faltando algo. A ideia da porta trouxe um que de fantasia para a história, criando uma expectativa que não se concretizou.

  5. Felipe Lomar
    12 de dezembro de 2024
    Avatar de Felipe Lomar

    olá

    o texto tem alguns problemas, ao meu ver. A história é meio sem pé nem cabeça, a não ser que seja extremamente alegórica, com um sentido oculto tão sutil que chega a ser indecifrável. A ideia era representar a reconciliação do casal com memórias afetivas? É um relacionamento bastante Violento e abusivo que foi reconciliado por uma porta mágica. Esse enredo não caiu bem pra mim. Parece uma relativização dessas coisas. O último diálogo é confuso e eu acho que não acrescenta muito.

    boa sorte.

  6. Fabio Baptista
    11 de dezembro de 2024
    Avatar de Fabio Baptista

    Mais um plot de porta que surge do nada aqui no desafio. Dessa vez, no porão de um casal que já está empurrando o relacionamento com a barriga.

    Há uma desconfiança mútua sobre quem colocou a porta ali e tudo acaba virando motivo para as picuinhas do casal. Aliás, talvez essa crítica seja injusta, porque provavelmente foi esse o propósito do autor, mas… que casal chato, meu Deus do céu! Pior que tem gente que vive assim, vai entender…. de todo modo, aqui no conto eu acabei me desfocando pensando “que mina chata, pqp… que cara bunda mole, pqp…”

    Enfim…

    Quando começa a “ação” e Vanessa fica trancada e o casal ameaça uma reconcialiação o conto melhora e tem seu auge quando as coisas voltam ao normal, trazendo um belo toque da amarga realidade dos relacionamentos.

    Mas foi pouco para me fazer gostar mais do conto. No final, o mistério que realmente intriga é como Eduardo aguenta essa Vanessa.

    MÉDIO

  7. claudiaangst
    10 de dezembro de 2024
    Avatar de claudiaangst

    Olá, autor(a), tudo bem?

    Neste desafio, usarei o sistema ◊ TÁ DITO ◊ para avaliação de cada conto.

    ◊ Título = AS PORTAS DA DECEPÇÃO – Soube que houve uma certa polêmica em relação a esse título. Talvez a colocação de crase ficaria interessante, mas a decepção seria a mesma, não?

    ◊ Adequação ao Tema = Tema proposto abordado com sucesso: a porta do porão é o destaque na trama.

    ◊ Desenvolvimento = O conto desenrola-se (não é rocambolesco, acredito) por meio de diálogo e narração simples, de forma linear. Segue um script bem marcado: começo-meio-fim.

    ◊ Índice de Coerência = Dentro do universo criado, não houve nada que soasse incoerente nas ações e falas dos personagens.

    ◊ Técnica e Revisão = A linguagem empregada é simples, tanto nas descrições como nos diálogos. O(A) autor(a) poderia ousar um pouco mais e dar vazão a novas escolhas quanto ao vocabulário e combinação de palavras e imagens.
    Falhas quanto ao quesito revisão:
    . – ironizou, > . – Ironizou, (como pôs ponto antes do travessão, o verbo deve vir em maiúscula)
    […] acatava à ideia > […] acatava a ideia
    […] simultanemante > […] simultaneamente
    […] monótono/remoto > rima acidental?
    abrí-la > abri-la
    Meu deus > Meu Deus
    […] mais escura que qualquer escuridão > […] comparação estranha e redundante
    […] o estômago se apertar, muito comum quando brigavam > […] o estômago se apertar, algo muito comum quando brigavam
    […] filmes passaram sobre seus olhos > […] filmes passaram ante seus olhos
    Rapidamente/mente > rima acidental?
    […] assistir séries > […] assistir a séries

    ◊ O que ficou = Uma estranheza quanto ao final: o que aconteceu afinal? Ele empurrava porão abaixo a mulher, ela se fragmentava e voltava renovada? E aí vinha a monotonia de novo e tudo recomeçava? Ficou a vontade de descobrir a intenção do(a) autor(a)

    Parabéns pela participação e boa sorte!

  8. Jorge Santos
    9 de dezembro de 2024
    Avatar de Jorge Santos

    Olá Lara. Creio ter percebido o seu texto, no qual um casal em crise descobre uma porta no porão. Ele, que se descreve como sendo vítima de violência doméstica, acaba por atirar a mulher pela porta. No final, está tudo bem entre eles. Peço desculpa por não ter percebido o sentido do texto, mas achei-o francamente confuso. As ideias têm de ser minimamente claras. A caracterização das personagens tem de ser igualmente clara – dizer a meio do texto que ele é vítima reduz o impacto. Deveria ter sido mostrado. O leitor não pode ficar com dúvidas, a menos que deixar o leitor em dúvida fosse o objetivo do texto, o que não me pareceu.

  9. Priscila Pereira
    9 de dezembro de 2024
    Avatar de Priscila Pereira

    Olá, Autor! Tudo bem?

    Não sei o que achar desse conto…

    Por um lado achei estranho, não gostei dos personagens, achei os dois mimados e infantis, achei o conto sem lógica e com o potencial que havia na porta e no que existia no outro lado, desperdiçado.

    Por outro lado, achei que se a porta for uma metáfora do relacionamento deles, como um símbolo da decepção (o título sugere que tem mais de uma porta, ou faltou uma crase ali o que mudaria o sentido, ou acrescentaria mais uma camada de entendimento), e todo o conto foi de certa forma metafórico, (nesse caso faltou um melhor traquejo do autor para deixar tudo mais claro) aí então tudo se tornaria mais interessante para mim.

    De qualquer forma faltou um pouco de clareza e/ou intensidade no conto. O tom insólito deixou até que diferente dos outros, o que é muito bom, mas eu gostaria de saber mais do que tinha atrás da porta, mesmo (até mais) se for metafórica.

    Parabéns pela participação e boa sorte no desafio!

    Até mais!

  10. Mauro Dillmann
    8 de dezembro de 2024
    Avatar de Mauro Dillmann

    Começa com uma discussão de um casal, provavelmente jovem, de classe média alta e um tanto fútil. Afinal, quem tem porão em casa? O próprio narrador, ao trazer suposições e questionamentos, os faz de forma simples, simplória.

    Surge uma porta no porão e o jovem casal resiste em abri-la. Depois, surgem vozes. Desrespeitosos um com o outro, insistem. A trama segue um percurso frágil, pouco verossímil, enfadonho.

    Alguma revisão: ‘fluído’, eliminar acento. 

    Cumpre o tema “Porta”.

    Parabéns!

  11. Elisa Ribeiro
    8 de dezembro de 2024
    Avatar de Elisa Ribeiro

    Adorei seu conto. Uma bela metáfora sobre as dificuldades de relacionamento entre casais. Os diálogos estão ótimos, percebemos claramente quem fala. A narrativa é muito boa. O aproveitamento do tema foi muito criativo. Um conto bem interessante e surpreendente.

  12. danielreis1973
    7 de dezembro de 2024
    Avatar de danielreis1973

    As Portas da Decepção (Lara)

    Prezado(a) autor(a):

    Para este certame, como os temas são bastante díspares, dificultando quaisquer comparações, vou concentrar mais minha avaliação em três aspectos, e restritos à MINHA PERCEPÇÃO durante a leitura: a) premissa; b) técnica; c) efeito. Mais do que crítica ou elogio, espero que minha opinião, minhas sensações como leitor, possam ajudá-lo a aprimorar a sua escrita e incentivá-lo a continuar.
    Obrigado e boa sorte no desafio!

    DR

    A) PREMISSA: inicialmente, o estranhamento da porta misteriosa no porão de Vanessa e Eduardo, um casal em crise, prometia uma história sobrenatural, com insinuações sobre o que aquele objeto poderia significar, metaforicamente ou literalmente, na vida dos dois. Mas, com o desenvolvimento, entendi que era mais uma história sobre a crise conjugal mesmo do que sobre a porta misteriosa e seu papel, justamente o tema do desafio. E, sinceramente, me frustrei demais quando cheguei ao final do conto e isso só se confirmou.

    B) TÉCNICA: o texto é bem escrito, e destacam-se os diálogos, que levem a história adiante de maneira natural, construindo inclusive o perfil dos personagens. Porém, a estrutura leva a um beco sem saída, no qual a porta acaba por não ter importância alguma na história. Se você trocar “porta” por “monolito” ou por “planta gigante”, não muda muito o destino dos personagens.

    C) EFEITO: no final, fiquei bem decepcionado com a resolução, e acho que o tema do desafio ficou em segundo plano diante da história que, com certeza, o autor já vinha amadurecendo em outro contexto. Boa sorte no desafio.

  13. Givago Thimoti
    3 de dezembro de 2024
    Avatar de Givago Thimoti

    As Portas da Decepção – (Lara)  

    Resumo + Comentários gerais:

    “As Portas da Decepção” conta a história de Vanessa e Eduardo, um casal em crise espiralar no matrimônio, que numa noite banal, descobrem que uma porta se instalou no porão da casa. Dali, irrompe um novo conflito entre o casal, o qual culmina em Vanessa sendo atirada no vácuo escondido pela porta. Ela retorna “mais dócil”, contudo, o casamento continua em crise após um dia de lua de mel.

    Um comentário geral para resumir o que achei desse conto: acho que o conto possui alguma fina alegoria sobre crise matrimonial, papel de gênero… Mas é tão fina que talvez exista tão somente na cabeça do autor. Infelizmente, isso acontece.

    Frase/Trecho de impacto:

    Aquela paz, no entanto, foi dizimada pelo alarme do celular. Apesar de gostosa no começo, aquela música havia se corroído em suas mentes e agora era odiada pelos dois. Só não mudavam de toque por saberem que qualquer um seria inevitavelmente estragado pelo tempo.” = o agridoce sabor da conivente conveniência.

    Adequação ao tema (0 a 3) – Avalio se o conto aborda o tema proposto de forma coerente, aprofundada e relevante para o Desafio: 3

    O conto está adequado ao tema do desafio. Porta está ali. Até nostalgia aparece aqui e ali.

    Construção de Mundo e personagens (0 a 2) – Avalio a profundidade dos personagens e a ambientação, incluindo o cenário e como tudo interage para fortalecer a narrativa: 0,25

    Esse conto é muito estranho. A sensação inicial que tive, enquanto lia, era que se tratava de um conto de humor, meio satírico, sobre a vida de casais com problemas no relacionamento. Depois, evolui para uma coisa meio Todo Mundo em Pânico. Aí depois, desemboca num verdadeiro confronto entre Eduardo e Vanessa, no qual Vanessa é jogada dentro desse lugar, volta esquecida do péssimo relacionamento que tem com o marido… Eles têm um dia de lua de mel e tudo volta a ser como antes.

    A razão de uma nota tão baixa é que o conto não tá articulado propriamente dito. Tudo me pareceu bem mais jogado do que desenvolvido. O conto se debruça bastante sobre esse conflito repetitivo entre Vanessa e Eduardo. E é a única coisa construída de alguma forma. Bem construída? Não muito. Afinal, apenas Vanessa seria tóxica? Embora Eduardo também tenha sua dose toxicidade…

    A porta, e o que há atrás dela, é uma construção muito genérica, que diz, mas não fala nada (“Junto das batidas, ouviam-se inúmeros gritos, em vozes variadas. Soavam como discussões abafadas, que faziam sentido para os habitantes da porta, talvez numa linguagem primitiva, mas eram ininteligíveis daquele lado do porão. Eduardo e Vanessa agora também gritavam, para que pudessem se ouvir em meio à cacofonia.”// “(…) Ambos olharam para dentro e suas faces encolerizadas se desmancharam enquanto os olhos se arregalavam. A passagem era mais escura que qualquer escuridão que já tivessem visto, mais silenciosa e selvagem que uma floresta à noite. Entrar ali seria como se jogar de um abismo, se nulificando.”

    Até mesmo o duelo entre Eduardo e Vanessa deixa a desejar em termos de construção: quando Vanessa acerta aquele famoso soco no fígado, fazendo com que Eduardo se dobre, ainda assim ela não consegue sair daquela situação? A sensação que tive foi a que Vanessa ficou ali assistindo o marido se recobrar da porrada para atirá-la no poço…

    O final, por sua vez, mantendo tudo como está, faz uma remissão ao título. Portas da decepção…

    Uso da linguagem (0 a 2) – Avalio a qualidade da escrita, incluindo o estilo, clareza, gramática e fluidez dos diálogos:  1,5

    A escrita é simples. Sem grandes floreios literários. Está clara. Não percebi grandes erros gramaticais, exceto umas repetições de palavras. Acho que tem mais menção a palavra “você” do que o funk da Valesca Popuzuda “Você, você, você…”. Acho que um 1,5 tá de bom tamanho.

    Estrutura Narrativa (0 a 1,5) – Examino o fluxo do enredo, a clareza da introdução, desenvolvimento e conclusão, e se o ritmo é adequado: 1,5

    Em termos de estrutura, eu diria que está de bom tamanho. Escrita linear, a leitura fluí, a história fica clara… Bom, não há porque tirar pontos nesse quesito.  

    Impacto Emocional (0 a 1,5) – O quanto a história conseguiu me envolver emocionalmente, provocar reflexão ou cativar: 0

    Esse conto é estranho. Ele começa com um ambiente “leve”, quase “cômico” de um casal estilo gato e rato que vivem trocando farpas. Digo, quase desse jeito porque achei a dinâmica do casal um porre, baseado num humor repetitivo e chato de “ai, como o casamento é chato, só tem briga e briga…”

    Com o surgimento da porta estranha no porão, o humor pastelão começa a se inclinar para um estilo de “Todo Mundo em Pânico”; suspense e humor. O problema nessa guinada em termos de narrativa é que talvez a intenção do autor fosse inquietar o leitor, fazê-lo matutar sobre o que há atrás da porta, e não fazer uma sátira (se fosse o caso, infelizmente, não dei uma risadinha sequer). Talvez aa intenção fosse construir até mesmo uma alegoria de suspense psicológico, como se aquela porta guardasse todas as expectativas frustradas, os sonhos não cumpridos, os maiores pesadelos do casal… Qualquer que seja a hipótese, a questão da porta não me cativou.

    O que quer que tenha acontecido com Vanessa lá dentro, nunca foi explicado. Assim como o lado tóxico de Vanessa, muito mal abordado pelo autor.

    Enfim, resumindo o impacto final da leitura: li, entendi, comentei, avaliei e amanhã a história terá passado, enquanto eu passarinho. Simples assim.

    NOTA FINAL: 6,25 (como as regras do desafio não permitem notas com duas casas decimais, a nota será arredondada para 6,3)

  14. Kelly Hatanaka
    2 de dezembro de 2024
    Avatar de Kelly Hatanaka

    Oi Lara.

    Eduardo e Vanessa estão brigados. Uma porta aparece misteriosamente no porão da casa deles e intensifica o conflito entre eles até que Eduardo empurra Vanessa pela porta, que leva à escuridão. No dia seguinte, ele abre a porta, ela sai e eles reatam.

    É um conto interessante, que atende ao tema Porta e fala sobre um relacionamento que se desgastou. É estranho que o casamento de Vanessa e Eduardo esteja no centro do enredo, mas a narrativa é zero romântica. Em nenhum momento se discutem sentimentos. Nem Eduardo nem Vanessa parecem sentir algo um pelo outro. Ou mesmo sentir algo no geral. Eles me pareceram pessoas apartadas de suas emoções. De alguma forma, seus sentimentos parecem fracos, diluídos. Não digo isso como crítica. Penso que isso tenha sido proposital, uma forma de mostrar o dia a dia, o tédio, a monotonia e o cansaço corroendo as emoções.

    Por fim, a crise deflagrada pela porta acaba por uni-los. E, em seguida, eles são tragados pelo cotidiano novamente e mesmo a porta se torna corriqueira.

    Minha pitada de achismo: mesmo assim, achei que a reação de Eduardo após ter jogado Mônic… digo, Vanessa, pela porta, meio fria demais, achei esquisito. A frase do final também me incomodou um tiquinho. Acho que “nenhum dos dois se lembrava” ficaria melhor que “ambos já não se lembravam”. Não sei se isso é um erro, mas usar “ambos” num contexto negativo soa estranho.

    Gostei ou não gostei: gostei. Um conto com um quê filosófico leve e interessante.

  15. Marco Saraiva
    27 de novembro de 2024
    Avatar de Marco Saraiva

    Eduardo e Vanessa Garcia são um casal complicado e, no momento em que uma porta surge no porão de sua casa, esta passa a ser o estopim para a explosão da discordância entre eles. Aqui a porta (e o porão) têm um papel metafórico, ao meu ver. A porta no porão me parece ser uma alusão a uma ideia terrível, uma ação que nunca haviam cogitado fazer mas que, agora, vivia no fundo da mente de cada um. Divórcio? Traição? Violência? Assassinato? A porta pode ser qualquer uma destas ideias, para a qual ambos olham e cogitam se devem, enfim, abri-la e atravessá-la, ou não.

    Mais para o final, quando Eduardo joga Vanessa para dentro da porta, esta metáfora se quebra um pouco, parece que se torna algo mais fantástico. Mas ainda há este tom subjetivo de que ele a lançou no esquecimento, mas não consegue realmente esquecê-la, por isso decide voltar para junto dela e viver esta relação de eterno sofrimento.

    o conto é bem escrito, mas notei que ele precisa de um pouco mais de atenção no português. Há muitas instâncias de frases como “…se jogar de um abismo, se nulificando”, onde “nulificando-se” me parece ser a melhor opção, já que a conjunção se encontra logo depois da vírgula. Mas a leitura fluiu bem, as cenas são bem trabalhadas e o diálogo é realista. Achei a história um pouco “sem sal”, mas talvez seja apenas o meu gosto pessoal. A verdade é que, enquanto lia, não notei o tempo passar, e até fiquei um pouco tenso quando Eduardo resolveu atacar Vanessa mais para o final: achei que ela ia matá-la!

  16. Thata Pereira
    25 de novembro de 2024
    Avatar de Thata Pereira

    Não posso dizer que não gostei do conto. Gostei muito de toda a história, gostei do final, mas a parte que ele empurra a mulher pela porta, volta para buscá-la, pede desculpas… e então estão lindos se perdoando eu fiquei tipo ?

    Alguém te empurra em uma porta misteriosa, sabe-se lá o que poderia acontecer com você e:

    1ª: nada acontece. Nada. Uma porta misteriosa, escura. A porta brotou ali, alguém entrou e nada aconteceu.

    2º: vocês se perdoam e vivem um dia feliz 🙂

    Será que perdi algo pelo caminho?

    A história é muito bacana. Eu nem pediria explicações sobre como a porta brotou ali, mas não ter acontecido nada… dentro de uma porta misteriosa… pela minhas repetições você entende a minha frustração rsrs

  17. Thales Soares
    20 de novembro de 2024
    Avatar de Thales Soares

    O que achei deste conto: Opa… finalmente algo interessante!

    Após ler um monte de contos com velhinho chorando e lembrando do passado, finalmente eu encontro uma joia rara por aqui. Este conto é um slice of life de um casal cuja relação não anda muito bem… mas… é um cotidiano com elementos bizarros, e isso me atrai. Gosto da criatividade com que uma situação mundana é retratada junto a um elemento fantástico. Esse conto ganhou minha atenção logo de cara!

    Eduardo e Vanessa tão com o relacionamento em crise, quando um porta misteriosa surge no meio do porão. Nenhum dos dois sabe de onde ela surgiu, e por um momento eles até pensam que o outro colocou ali, sem dizer nada. Vanessa pensa que Eduardo está montando uma salinha da masturbação, e Eduardo pensa que Vanessa está montando um armário para guardar tranqueiras… mas logo eles percebem que nada disso faria sentido. Temos aqui, logo de início, uma situação problema apresentada. Ou melhor… duas: o relacionamento morno do casal, e a porta do mistério.

    Devido ao relacionamento bosta dos dois, nenhum dos dois quer abrir a porta ou sequer resolver o assunto. De início eu achei isso um pouco estranho… mas… analisando um pouco mais a fundo o casal, vi que fazia todo o sentido. Afinal, um estava empurrando a responsabilidade para o outro, e um fica culpando o outro pelo assunto não se resolver.

    Esse conto, na verdade, parece aquele tipo de história puzzle, gênero inventado pelo Thiago Amaral no desafio roubo/viagem, ao ler o meu conto do Mago que Roubou o Sol. Pois a porta misteriosa aqui é realmente um problema… e eles precisam, de alguma forma, resolver essa porcaria. Até que chega um momento que surge uma gritaria atrás da porta, como se… sei lá… fosse algum tipo de porta do inferno. O casal então começa a brigar feio! Eles começam a se agredir, e uma verdadeira luta se inicia entre os dois, no maior estilo Street Figher! Ai o Eduardo vence a briga, abre a porta, e tranca Vanessa lá dentro. Ele então sobe de volta pro quarto dele, como um psicopata, coloca a cabeça no travesseiro, tranquilo, e dorme como um bebê.

    No dia seguinte ele se arrepende, e volta pro porão, pra libertar Vanessa. O que aconteceu com ela? Nada. Ela tá lá ainda, como se tivesse passado poucos minutos. Ela nem se lembra do que aconteceu. E dessa forma, o mistério continua. É como se para cada resposta que o conto nos dá, várias outras perguntas acabam surgindo. Os dois então se abraçam, se desculpam, e por pelo menos uma noite eles voltam a se amar de forma intensa, como se tivesse ocorrido algum tipo de reconciliação. Contudo, no dia seguinte a rotina merda dos dois retorna, e assim o estresse novamente é acumulado, e eles voltam a brigar de novo. Depois de um tempo brigando e mergulhando naquela vida de bosta que esse casal tem, eles até esquecem que a porta um dia foi uma novidade.

    E para concluir o conto…. o que eles fazem com o mistério da porta? Nada. Foda-se a porta. Eles apenas continuam sua rotina normal. Muito bom!

  18. MARIANA CAROLO SENANDES
    19 de novembro de 2024
    Avatar de MARIANA CAROLO SENANDES

    História: Um casal em crise descobre uma porta e coisas acontecem. Eu confesso que achei o começo clichê (ela comida temperada/ele sem sal), depois a reviravolta foi interessante e terminei sem entender muito bem, na verdade, me deixou uma interrogação. 2.8/4

    Escrita: É uma boa escrita, fluída e segura, apesar da história não ter me conquistado muito. Achei curioso ser no Sul e não terem o vocabulário característico da região 4/5

    Imagem/título: Imagem adequada, o título eu não sei se casou tão bem com a história o decepção (têm muitas coisas ai) 0.5/1

  19. Antonio Stegues Batista
    18 de novembro de 2024
    Avatar de Antonio Stegues Batista

    Na casa do casal Garcia, com o casamento a beira do divórcio, aparece uma porta no porão, que antes não tinha. A porta apareceu de repente e eles discutem sobre ela, até que o marido a abre, empurra a mulher para dentro do porão e fecha a porta. No dia seguinte ele abre e a deixa sair. Eles se reconciliam e não lembram o que passou. Voltando à rotina, recomeçam as discussões. O conto está bem escrito, não tem erros, o enredo é simples, casal briga se reconcilia e briga de novo, se a porta é uma metáfora, e que relação tem com o celular, eu não entendi. Talvez não seja uma metáfora, talvez não tenha significado nenhum, é apenas a porta do tema. Acho que faltou ideias melhores para o enredo. Poderia ter acrescentado um subtema mais específico, interessante. Parabéns e boa sorte.

  20. JP Felix da Costa
    15 de novembro de 2024
    Avatar de JP Felix da Costa

    Compreendi o intuito deste conto. Casal que já se afastou, embora viva junto, e que, pelo mais pequeno detalhe, acabam sempre a discutir, confrontam-se com algo inesperado que os faz regressar ao que eram. No entanto, o retorno à rotina faz esquecer esse evento e tudo volta a ser como antes.

    Gostei da ideia e da premissa, mas não tanto da execução. Alguns elementos ficaram algo forçados, ou não explicados, como os barulhos do outro lado da porta. Estariam a ouvir-se a eles próprios? Não consegui perceber.

    No final, um bom conto que me deixou ligeiramente desiludido.

  21. Luis Guilherme Banzi Florido
    14 de novembro de 2024
    Avatar de Luis Guilherme Banzi Florido

    Bom dia, amigo(a) escritor(a) do(a) Encontrecontos, tudo bem?

    Primeiramente, parabéns por superar a nostalgia do desafio de trios e entrar no portal do novo certame! Boa sorte e bora pra sua avaliação:

    Tema escolhido: porta

    Abordagem do tema: 100%. A porta é elemento central do conto, e sem ela a história não existiria. Aqui, temos uma porta mais metafórica do que física.

    Comentários gerais: comecei a ler seu conto pensando que seria um terror, apesar do título que me indicava outra coisa. No começo do conto, vemos o surgimento da porta, e a relação do casal logo de cara fica explícito que é totalmente tóxica e desgastada. Os dois não se aturam e se tratam muito mal, o que causa bastante incômodo. Pra ser sincero, achei um pouco forçado demais o jeito que os dois se tratam, os diálogos. Os ataques incessantes fizeram, pelo menos pra mim, os diálogos soarem um pouco mecânicos e exagerados, como se servissem mais para um propósito, e não tivessem muita preocupação em ser verossímeis. Não tenho muita moral pra falar disso, pois meus diálogos nunca são muito bons, mas foi como senti.

    Além disso, o comportamento detestável dos dois torna difícil criar empatia por algum dos dois individualmente, e menos ainda torcer para que eles se resolvessem como casal. Quando fica claro que a porta é metafórica, representando a distância entre os dois, eu já estava tão convicto de que aquele relacionamento era tóxico e devia acabar, que não torci para que eles resolvessem os problemas atravessando aquela porta de algum jeito. Claro, eu sei que muitos casais vivem assim a vida toda, não quero ser ingenio. Mas o ponto é que senti antipatia por eles e queria que terminassem logo. Pelo visto, eles tambem querem, mas vão empurrar isso com a barriga por muito tempo ainda.

    De todo modo, sua escrita é excelente. Você claramente é um veterano, que domina a linguagem e usa ela com facilidade. Meu único problema foi realmente o teor das conversas, e não a forma ou a tecnica. O conto acabou ficando um pouco arrastado e chato pra mim, pois como disse, não havia nada para eu simpatizar ou torcer.

    Enfim, claro que isso é questão de gosto pessoal, mas tenho certeza que esse conto vai fazer bastante sucesso no geral com os leitores. Boa sorte no desafio!

    Sensação final: me vi testemunhando, atrás de uma porta, as brigas incessantes e provocações incomodas de um casal morto por dentro. A situação toda me deixou incomodado e querendo sair dali o quanto antes.

  22. vlaferrari
    14 de novembro de 2024
    Avatar de vlaferrari

    Decepcionado? Um pouco talvez. Esperava um pouco mais e quando os primeiros parágrafos foram se alinhando na mente, a imaginação criando o ambiente da história, a expectativa se arvorou em uma grande poltrona confortável. Então, a dúvida: o que houve para o casal ir até o porão e descobrir a tal porta? É um ato falho de minha parte ser “chato” nesse ponto, mas não vejo como me livrar da curiosidade sobre o que os levou para lá da primeira vez. Não gostei da perspectiva machista, mas é da história. Poderia ser o contrário e em nada afetaria o andamento que o autor/autora quis dar. O enredo ficou focado em um tom meio humorístico e perdeu-se a oportunidade de ser reflexivo em relação às tolices que os casais costuram no meio da relação para justificar um alicerce para o comportamento, ou seja, as brigas por besteirinhas. Mas o retrato ficou muito legal e poderia ser mais explorado. Ganharia ainda mais contornos de humor e a tal porta poderia ser a válvula de escape perfeita. Talvez eu devesse cavar um buraco no quarto dos fundos lá de casa e instalar uma porta também kkkk. Bem, quando o conto encontra “ecos” na mente do leitor e com isso se perpetua em reflexões, quer dizer que atingiu seu objetivo, não é? Parabéns e boa sorte no desafio. Mas, o que é mesmo que os dois foram fazer no porão no “dia 1” ?

  23. Gustavo Araujo
    13 de novembro de 2024
    Avatar de Gustavo Araujo

    Muito bom o conto. A pessoa que escreveu tem total domínio da história, sabe perfeitamente aonde quer chegar. Essa segurança é perceptível para o leitor que assim tem uma experiência muito boa com a leitura. Sim, o texto é fluido, inteligente, interessante. Tem uma boa dose de mistério por conta da tal porta no porão — passei o conto todo tentando adivinhar o que havia ali — e, de quebra, mas não menos importante, fala de cotidiano, daquilo que nos faz humanos.

    É raro aparecer um conto por aqui que consiga misturar fantasia e questões mundanas. O normal é seguir por um ou por outro caminho e isso acaba levando a reações díspares por parte de quem lê. Se gosto de fantasia, não gosto de dramas do dia a dia. E vice-versa. É o que normalmente acontece, de modo que um conto qualquer, ao optar por um ou por outro lado, vai acabar agradando gregos, mas não a troianos.

    Aqui essa lógica é, digamos assim, curada. A parte de fantasia é muito bem explorada e o drama do casal em crise é igualmente excelente. Ou seja, há a porta com os fantasmas de um universo desconhecido e assustador e há a briga, o cansaço e o desamparo aparentemente incuráveis entre Eduardo e Vanessa. Ao juntar ambas as pontas, ou seja, ao transformar a porta no vetor da reconciliação — sem jamais abandonar a aura de mistério — o autor surpreende positivamente, ainda que (ou talvez exatamente porque) essa reconciliação seja temporária, como ocorre na vida de qualquer casal ordinário.

    Enfim, um conto muito bem escrito, literatura de gente grande, desses que dá prazer a quem lê. Muito obrigado.

    Parabéns e boa sorte no desafio.

  24. André Lima
    11 de novembro de 2024
    Avatar de André Lima

    O conto me surpreendeu positivamente no fim.

    No início, notei algumas incongruências narrativas que me incomodaram bastante, tais como o fato de terem demorado para resolver o “mistério” da porta (É de se esperar que qualquer pessoa a abra imediatamente, mas eles esperaram 1 dia inteiro) ou também do protagonista ter ido dormir calmamente após ter jogado a esposa no vazio da porta… As reações são inverossímeis e nos desconectam do conto, por achar tudo muito anti-natural…

    … mas aí vem o fim e nos empresta um sentimento de surrealismo que o conto precisava ter para terminar com um bom tom, além de nos fazer relevar todas as incongruências anteriores.

    Só acho que “cacofonia” foi mal usada, única crítica que me cabe.

    O ritmo é ótimo, a forma de escrita é moderna, rápida, mais focada em diálogos que servem como alívio cômico. É uma mistura que até me agradou. Começa numa construção (Meio forçada, é verdade) de suspense, mas o humor permeia o conto inteiro.

    É um conto justo. Parabéns pelo trabalho.

  25. andersondopradosilva
    11 de novembro de 2024
    Avatar de andersondopradosilva

    As Portas da Decepção (Lara)

    Resumo:

    Casal encontra uma porta no porão.

    Comentários:

    O conto apenas tangenciou o tema. Há uma série de obviedades: casa misteriosa do interior, porta, porta misteriosa, porão, ruído e arranhar de unhas etc. Apenas inserir uma porta no conto não é suficiente para ter o tema suficientemente trabalhado. Seria fácil demais. O tema tem que protagonizar o texto. Neste conto, o protagonista acabou sendo as divergências conjugais.

    Mesmo quando se toma a porta para análise, nota-se que foi insuficientemente trabalhada. Quem são os seres que gemem, arranham etc.? Por que não aparecem depois da porta aberta?

    E porque a porta é decepcionante? Porque ela não corrige os problemas conjugais?

    Uma hipótese para salvar o conto seria tomar a porta como uma metáfora, como um espaço de fuga escondido nos recônditos dos cônjuges, um lugar para onde qualquer dos dois poderia ir ou ser mandado para regenerar seus relacionamentos. E é o que acontece: o esposo mete a esposa pelo umbral da porta e eles superam, ainda que temporariamente, seus problemas. Permanecendo nesse lugar, a esposa retorna rememorada e submissa, mas, infelizmente para eles, a trégua é breve e os problemas conjugais logo retornam. Daí a porta, esse lugar de fuga, ser decepcionante. Mas, sinceramente, isso seria tentar extrair do conto mais do que o conto tem para oferecer. No final, o conto é apenas uma história mediana de terror, escrita por quem tem ainda muito para amadurecer em sua escrita.

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Publicado às 10 de novembro de 2024 por em Nostalgia e marcado .