EntreContos

Detox Literário.

Corpo Seco (Givago Thimoti)

Cansado, Egídio já havia visto muita coisa nessa vida. Costumava dizer que surpresa era regalia de pessoas novas, com muito ainda para viver. Ele, mais para lá do que para cá, já não acreditava possuir mais esse luxo de se surpreender.

Os anos dedicados ao cemitério da Nossa Senhora da Boa Morte o moldaram. Quando muito jovem, virou coveiro porque queria sair da vida de lavoura. Era a oportunidade que restava para um homem de poucos estudos como ele. Trabalho braçal por trabalho braçal, trocou a roça num vilarejo por uma cidade minúscula não muito longe de sua família, arrumando um barraco de pau a pique afastado da rua principal, único asfaltamento da cidade de Cruz das Almas.

No primeiro dia de trabalho, um funcionário antigo do cemitério recebeu a incumbência de apresentar o local para o novato e explicar o funcionamento do novo trabalho. Do negro velho, recebeu um aviso que o marcaria:

– Égídio, tome cúidádo para não se transformar num vivo-morto como eu. Cémitério não é lugar de gente viva. Quanto mais tempo fica aqui, mais dífícil de sair.

Somente depois de algum tempo ele compreendeu o aviso. Por mais mórbido e fatalista que pudesse soar, Egídio não mudaria nem mesmo um grão de terra jogado por cima dos caixões que enterrou. Matutou por muitas noites sozinho, enquanto guardava o cemitério da janela de sua casa ou pelo caminho em meio aos mortos. Por mais incoerente, injusto, errôneo que pudesse lhe parecer, as coisas acontecem por algum motivo divino e assim deve ser.

Se Egídio recebeu a bendita oferta do coronel Rodrigo Ortiz, homem justo e dono das terras que ele capinava sob o Sol, era para um dia ser chamado de coveiro. Se um dia ele recebeu a proposta de morar ao lado do Cemitério da Nossa Senhora da Boa Morte em troca de ser o vigia do local, era missão dele guardar o descanso eterno dos mortos. O acordo era vantajoso para ambos. O cemitério evitaria o constante revezamento de vigias, que não conseguiam lidar com o tênue ponto de encontro entre a vida e a morte, enquanto Egídio teria uma casa apropriada para iniciar sua vida com Rosa. Se jamais recebeu qualquer oportunidade de sair dali, talvez sua incumbência nessa vida fosse zelar por aquele espaço, já que ninguém parecia capaz de fazê-lo do jeito que Egídio fazia.

E assim, entre a irresignação e o orgulho por sua missão, Egídio fez por mais de quarenta anos, dedicados quase integralmente para o cemitério de Cruz d’Almas, do trabalho para casa, da casa para o trabalho. Claro, isso desconsiderando a juventude na roça e os pouco mais de 5 anos de casamento com Rosa, sua única esposa.

Após o fim da lua de mel, Rosa revelou o seu ódio pelo trabalho do marido. Não fazia ideia da dedicação dele ao cemitério. Como ele afirmava, durante várias discussões que tiveram, Rosa já o havia conhecido como coveiro. Em meio à pressa dos apaixonados, calharam de se juntar. Até tentaram ter filhos para preencher o casamento. Ele jurando que daria a melhor educação que poderia aos rebentos, para que não repetissem o mesmo destino do pai e da mãe. Ela prometendo amor, cuidado e carinho, essas coisas caras que são indispensáveis para qualquer um. Não contavam com os sucessivos abortos.

Ao final do matrimônio, eles se digladiavam. Rosa, a flor de Egídio que não podia dar frutos, o culpava. Tinha que ser o maldito trabalho de coveiro que, invariavelmente, ao enterrar os mortos, trazia consigo a frustração dos sonhos não realizados. Ou, talvez, enquanto Egídio vigiasse o cemitério, vagando pelos túmulos com seu candeeiro fraco, ele carregava os espíritos rancorosos e vingativos para dentro da própria casa, intencionalmente ou não.

Quando prenha, mal aguentava ficar do lado de Egídio. Ele voltava do trabalho e, no banho, esfregava a pele com o mesmo vigor que o usado no uniforme, lutando contra o odor repugnante. Ainda assim, o coveiro percebia no rosto de Rosa o esforço para não vomitar, como se fedesse ao cheiro da carne que apodrece por debaixo da terra empoeirada. O toque de suas mãos ásperas e calosas na barriga de sua esposa, por mais suave e terno, não era percebida como carinho; era uma tortura repulsiva.

Por fim, Rosa abandonou o casamento e Egídio ficou por ali, sozinho; ele, a casa que os administradores do cemitério lhe deram em troca de acumular a função de coveiro e vigia, os defuntos definhando por debaixo da terra, alguns espíritos não encarnados que vagavam perdidos e as sombras, essas entidades vis e misteriosas que permeavam o cemitério de Cruz d’Almas.

 Por um período depois do desquite, Egídio passou a frequentar o cemitério diariamente, por longos períodos de tempo; apenas ia em casa para fazer sua refeição, higiene e por vezes um cochilo. O silêncio dos mortos era menos doloroso que o silêncio de uma casa abandonada com paredes vazias estampando os sonhos tão sonhados.

Com o tempo, passou a visualizar com rara clareza quão tênue e fina era o filete que separava o mundo de lá e o mundo de cá, tal qual um espelho d’água tranquilo. Egídio revestiu-se de fé, sacralizando seu ofício. Não podia ser apenas um vigia-coveiro. Rezava de hora em hora, sempre dedicando alguns minutos a mais na frente da lápide de um recém falecido, pedindo-lhe que sua alma fosse encaminhada em paz para o lado de Deus. Acompanhava os sepultamentos com distância e deferência à família. Aproveitava o horário do almoço para comparecer à missa, pedindo que o padre da cidade abençoasse seus instrumentos de trabalho. Todo início e final da vigia, abria e fechava os portões do cemitério, pedindo a Deus que protegesse e guardasse as almas que ali dentro deveriam ficar.

(…)

O enterro de Arthur não condizia com a pompa que acompanhava seu nome e sua reputação. Filho único do coronel Augusto Rocha, um dos latifundiários mais importantes da região, ele esbanjava vitalidade e autoridade. A arrogância, a inconsequência, a inteligência e o charme eram marcas de um jovem que beirava à imortalidade.

Alguns poucos familiares e amigos mais próximos compareceram. Mais em respeito ao coronel do que pelo morto em si. O delegado responsável pelo caso assistia o cortejo um tanto afastado. Claro, as carpideiras também estavam lá, financiadas pelo próprio coronel Augusto, diziam as más línguas de Cruz d’Almas. Antes do começo da cerimônia, os dois outros funcionários que auxiliavam Egídio a descer o caixão cochicharam que tinham visto o pai entregando notas de dinheiro para o grupo de desconhecidas, jovens e senhoras, chorarem pelo falecido.

– Qui tipo de homí é incapaz de derrubá uma lágrima pela mórtí de seu própio fio? – Um dos funcionários cochichou para o outro, enquanto puxavam o carrinho. Antes que a resposta viesse, Egídio a fuzilou com o olhar. Os rapazes sabiam que ali não era a hora nem o local para esses comentários.

O enterro foi realizado de caixão fechado. Arthur havia sido assassinado numa emboscada, um pouco antes de entrar na cidade, enquanto voltava de Salvador. Uma moto cortou o trajeto e a picape que vinha atrás o acertou em cheio. Quando o futuro coronel, pronto para ameaçar de morte o merda desatento que o atingiu, saiu para avaliar o estrago e proferir suas ofensas, foi alvejado, tombando logo em seguida desarmado. O tronco corpulento havia sido cravejado de balas. Corria a cidade o boato de que antes do tiro derradeiro, entre os dois belos olhos azuis, realizou o último ato digno de seu nome:

– É melhor você me acertá, senão eu te caço até o inferno, filho de uma puta!

O executor fugiu na garupa da moto logo em seguida, deixando para o povo e a polícia a motivação para o crime e a identidade dos assassinos, antes que, mais uma vez, Cruz d’Almas e os municípios nos arredores se vissem dentro de uma nova guerra entre os coronéis.

Egídio já havia testemunhado o lado sombrio de Arthur. Numa madrugada, anos antes, o coveiro foi acordado com murros estrondosos na porta. Não era a primeira vez que isso lhe acontecia. Manteve-se na cama. Esticou a mão até a gaveta da mesa de cabeceira, pegou a cruz e a Bíblia, orando o Pai Nosso rogando-lhe que o que quer que estivesse o perturbando, saísse dali.

Entretanto, o barulho só aumentava. Egídio levantou-se, saindo do quarto, ainda com a Cruz de Cristo em mãos. Espiou pela janela, atrás do responsável pela perturbação, enxergando somente uma sombra. Quem quer que estivesse ali, derrubaria a porta se preciso fosse:

– Quenhé? Quí houve? O que quer?

– Préciso d’uma ajuda sua, seu Egídio.

Às vezes, meu fí, Deus se vestí de míndígô ou dum necessítado pra testá a bondádí dos homí”.  O ensinamento de sua mãe o convenceu a abrir a porta.

Antes que pudesse descobrir a identidade do homem, sentiu uma pesada pontada na lateral direita de sua cabeça. Cambaleou para o lado oposto da pancada, caindo desacordado em cima do vaso de plantas.

– Seu Egídio, eu quero saber onde fica o túmulo do coronel Pereira.

Acordados aos tapinhas, a cabeça do coveiro girava. Tentava dosar a pouca força que tinha do retorno abrupto de sua consciência em focar no rosto do qual a voz melodiosa e irritadiça, a qual disparava ordens. Sentia um filete de sangue escorrendo por cima de uma de suas vistas.

– Quemquér saber disso?

Duas mãos tomaram seu rosto, colocando-se no foco das vistas cansadas e borradas de Egídio.

– Ora, seu Egídio, é o Arthur! – O filho do coronel gargalhou travesso. – Não tá me reconhecendo? Aquele moleque que entrava nesse cemitério à noite com os amigos. Às vezes com umas menininhas. Cheios de cachaça na cabeça… E você vinha atrás da gente com uma pá nos enxotando daqui, falando que ia chamar a polícia. Sou eu! Tô querendo me despedir daquele desgraçado.

Uma sonolência o tomava por completo. Sentiu o pescoço e o tronco vergarem para frente. Nem que Egídio tivesse vontade, conseguiria evitar a queda de seu próprio corpo. Senão fosse uma forte mão segurando-o pelos cabelos ralos, teria desmaiado um pouco antes de tocar o chão.

– Tá sentíndo sono, num é, seu Egídio. Lá na facúldádi de Médícina, em Salvador, eu aprêndí o quié isso. Concússão. Eu até lhi explicaria o que é, mas num sei se o sinhô é cápáz de entender. E num temos muito tempo. Não durma, visse! Vai ser pior prá você. Vamô andar. Me indica onde fica o túmulo do coronel Pereira.

O coronel Marcos Guimarães Pereira havia morrido seis dias antes. Infarto fulminante. O golpe derradeiro no maior rival do pai de Arthur, que já havia perdido importantes hectares de sua terra no confronto armado. Havia prometido reaver tudo, e ainda por cima, a primeira rega da nova safra seria água misturada ao sangue da família Rocha.

– É esse túmulo aqui.

Arthur assentiu, agradecendo ao coveiro. Tomou a pá de um dos capatazes e desferiu golpes contundentes na lápide do rival até quebrar a peça. Satisfeito, devolveu a pá e ordenou:

– Eu quero o caixão. Preciso falar minhas últimas palavras para o velho.

Aos vômitos, Egídio assistiu o trabalho de dias antes sendo desfeito pelos capatazes, a profanação do túmulo feita sem qualquer cerimônia, como uma tarefa banal e comum. Arthur, por outro lado, assistia a cena com um indescritível prazer, o sorriso maroto largo exibindo os dentes brancos.

– Sabí, seu Egídio, sempre quis vê como era uma sépúltura. Tentei algumas vezes, mas você sempre chegava na hora.

No momento dos primeiros sons das pás se chocando com a madeira, o herdeiro retornou de suas lembranças e mandou que tirasse a tampa, revelando o corpo do coronel Pereira, já com alguns sinais de decomposição.

– Que caixão décádêntí. Já tava nas últimas mesmo. – Arthur debochava, descarregando o pente de sua pistola no cadáver. Então, pulou dentro da sepultura, ignorando o cheiro de morte e pólvora que preenchia o ar, tateou à procura de algo nas vestes do defunto e, com a ajuda dos capatazes, retornou triunfante. Exibiu para Egídio o que procurava e finalmente conseguiu: um anel de ouro roliço, com um rubi cravejado. 

Na semana após o sepultamento, Egídio pegou-se pensando nos fragmentos da vida e da morte de Arthur como há muito não fazia com as pessoas que enterrava. O desassossego atingia além do vigia. Os procedimentos burocráticos na Administração estavam bem mais vagarosos que o de costume. Numa manhã, os coveiros encontraram seus materiais todos revirados. Pensaram em chamar a polícia, mas resignaram-se diante da falta de sinais de arrombamento. Afinal, não havia nenhum objeto de valor ali. Se normalmente os funcionários demoravam uns quarenta minutos para abrir uma cova, agora pelejaram por quase duas horas. A terra dura parecia recusar-se a ceder.

Os espíritos estavam perturbados o suficiente para romperem brevemente o véu. Nem todos eram sensíveis o suficiente para perceberem. Ainda assim, Egídio assistiu por diversas vezes os visitantes olharem para trás desconfiados, questionando-se dos próprios sentidos. Ou quem estivesse por perto desconversava ou a própria pessoa convencia-se de ser apenas uma impressão, causada pelo luto. Percebeu mais pessoas desmaiando durante os funerais, mais choros descontrolados, brigas que irrompiam repentinamente, sem qualquer motivo aparente.

À noite, durante suas rondas costumeiras, conforme aproximava-se da lápide de Arthur, escutava com rara clareza as lamúrias daqueles desencarnados presos entre a Vida e a Morte. Rezava prece após prece, rogando a Deus que eles se acalmassem e, enfim, seguissem em frente. Em meio à luz fraca de sua lanterna, enxergava algumas sombras, por vezes disformes, por vezes humanoides, rastejando serpentes pelos caminhos de pedras, convergindo para o destino de Egídio.

Geralmente acostumado a esses eventos, Egídio sucumbia aos apelos de seu instinto, retornando para casa sem olhar para trás. Após sete noites indo e refugando, o vigia decidiu seguir, calculando cada passo. Chovia e ventava forte, quebrando a longa estiagem.

Ao chegar à lápide de Arthur, percebeu que a terra ao redor estava completamente revirada e fofa. A lama cedia às pisadas do coveiro. Pensava ter visto um pedaço de madeira branco-enlameado espetado para fora. O pouco de terra que mexeu com os pés foi o suficiente para preencher o ambiente com o nauseante fétido cheiro de carne apodrecida. Já havia ouvido falar naquilo, quando criança.

Com a pá, tirou pouco mais de quarenta centímetros de lama quando escutou um barulho misto; um choque seco de metal, madeira e carne. Jogou o feixe de luz fraca, enxergando o corpo ressequido e retorcido de Arthur, misturado aos múltiplos fragmentos do caixão luxuoso que o pai escolheu e à lama. A pele estava extremamente decomposta. Egídio percebeu a dor, estampada por linhas ao redor das órbitas oculares vazias e chamuscadas

A mãe lhe havia explicado.

Na hora da partida, podemos subí aos Céus, se formôs bons o suficiéntí. Podêmos também ardê nos confins do Inférnu, págando éternamentí pelos nossos pécados. Mas, meu fí, tem um déstino práqueles cruéis dimáis; o inferno réjêita a alma, a Terra que cria, que alimentá, que dá, que tira, vômitá o corpo. A alma cruel é condenadá a vagar errantí em sófrimento pelo mundo, atrás de se reconectá com a carne.

Ajoelhado, segurando sua Cruz, Egídio pôs-se a rezar pela alma de Arthur Rocha.

(…)

O apetite sumiu com os enjôos. “É normal, meu bem. Logo logo, pássa!” A sogra lhe dizia, tentando adaptar as comidas à nora e aos seus gostos e desgostos. Mas os enjoos dos primeiros meses da gestação permaneceram, independente da leveza da comida. Embrulhava também quando Leninha matutava com as paredes, suas únicas e confidentes ideais, sobre a remotíssima possibilidade de contar sobre aquela maldita noite com Arthur. O cheiro de café invadia a sala, estragando o seu repouso, trazendo a náusea e a imagem de Fagner saindo de casa depois de descobrir que o neném não era cria sua, acusando-a de um golpe. Concentrava todas as suas forças em travar a garganta, a culpa e o segredo afogados no gosto azedo da bile.

— Êtá que nunca vi uma gestáção tão enjuada assim. — A sogra comentava, ainda motivada mesmo diante da persistência das fortes náuseas, trazendo para a nora um curau ralo e água de coco, a rara combinação que menos afligia o sensível paladar da grávida.

— Desculpas pelo incômodo… — Leninha agradecia sem jeito, um tanto enfraquecida pela gravidez de risco.

Dona Elba tomava o rosto dela, interrompendo-a daquela besteira.  Com candura, encarou os olhos da nora, encorajando-a:

— Héléna, largue de bestêra mia fia. Você tá carregando meu neto, ou mia neta. É o mínimo que pósso fazer.

De volta do batente, Fagner assumia o turno nos cuidados de Leninha com o mesmo empenho. Solícito, ligava o ar-condicionado, media a pressão sanguínea, trazia todos os remédios e vitaminas com água gelada que a noiva precisava tomar, besuntava suas mãos com óleo, relaxando o corpo enfraquecido da noiva, dos pés ao pescoço, com uma cuidadosa massagem.

Depois do ritual dos cuidados e da oração, o casal se deitava; ele um pouco mais baixo na cama, de tal maneira que abraçava a barriga de Leninha, acariciando a noiva e a cria. Então, colava a boca na pele de sua noiva, contando histórias de ninar para o neném. Por fim, acabava dormindo, extenuado pela rotina cansativa. Helena permanecia acordada. A devoção diária de Fagner à ela e ao rebento a tocava, derrubando lágrimas silenciosas.  Será que permaneceria com ela se soubesse?

Ela revivia constantemente a sensação daquele homem estar por ali, respirando ofegante, prendendo-a com firmeza, utilizando o peso de seu corpo num abraço asqueroso e difícil de escapar, tal qual naquela noite. Como uma memória viva, a voz grave de Arthur surgiu ao pé do ouvido de Leninha, marcando seu território, cantando no pé do ouvido dela, como costumava fazer para derrubar as barreiras:

“Sei que aí dentro ainda mora

um pedacinho de mim

Um grande amor

não se acaba assim

Feito espumas ao vento

Não é coisa de momento, raiva passageira

Mania que dá e passa, feito brincadeira

O amor deixa marcas que não dá pra apagar”

Sobre Fabio Baptista

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26 comentários em “Corpo Seco (Givago Thimoti)

  1. Rangel
    14 de dezembro de 2024
    Avatar de Rangel

    Puxa, Caronte,

    Seu texto está tão bem escrito, por que fez essa bagunça na acentuação das palavras para indicar a fala de algumas personagens? Não é possível nem identificar de que região seria, além do que sinaliza tudo errado qualquer fala e sotaque brasileiro.

    EX: “Às vezes, meu fí, Deus se vestí de míndígô ou dum necessítado pra testá a bondádí dos homí”. Peguei essa frase, ora, se você quer mostrar que a pessoa troca o “e” átono por “i”, por qual motivos está “vezes” e não “vezis”. Se queria mostrar o falar caipira o mais preciso não seria “às veiz”? O mesmo com o “se”, não ficaria “si”? “VestÍ”, ninguém poderia falar assim, pois causaria confusão com o verbo vestir na primeira pessoa do singular no pretérito perfeito. “Eu vesti” etc. Bom, sei que esse tema causa polêmica, tem autor que acha ok e tem outros, como eu, que acham problemático, isso de representar a fala de pessoas mais simples, mas a questão aqui é que isso foi feito de modo impreciso. Talvez pelo fato de autor não conhecer esse tipo de fala ou nem se atentar, ou há algum brasileiro que fale “se vestÊ” com o som de e no final?

    Bom, quanto a história em si, há boas passagens, como a do desenterrar do Arthur. Os abortos de Rosa, que culminam com o fim do casamento, despertando a crença numa espécie de maldição é interessante, embora não tão bem explorado, já que ela some depois para dar lugar a outra história. A figura abjeta do Arthur também está bem desenhada para o tamanho do conto. Há uma atmosfera de terror, bem construída pela ambientação. Apesar desses pontos positivos, no cojunto tudo fica meio solto, como se não fosse possível saber direito para onde o autor queria nos levar: para o mito do corpo seco ou para a história de Egídio. Essa confusão só se potencializa no desfecho. A moça estava grávida de Arthur? Me pareceu que se tratava mais de um prólogo de romance ou talvez um conto maior encurtado para o desafio.

    Essa última sensação só aumenta mais, quando percebo que o tema do desafio não está ali. Não há nada que remeta à nostalgia ou porta-portal. Bom, a palavra porta até aparece 3 vezes, mas…

    Bom é isso, tem potencialidade essa história para ser reconstruída e imaginada para outro momento e lugar. Para o desafio não me pegou. Se eu fosse dar uma nota, seria um 5.

  2. Pedro Paulo
    14 de dezembro de 2024
    Avatar de Pedro Paulo

    COMENTÁRIO: Um conto inconsistente em organizar a sua narrativa e desencontrado com a abordagem temática. A princípio, parece que o protagonista será Ofídio, mas ele quase acaba tomando o lugar da narração, sendo apenas o ponto de vista a partir do qual observamos o drama posterior entre coronéis e seus herdeiros, e enquanto se tentava compreender sobre o que eu estava lendo, também fiquei me perguntando como qualquer um dos temas se encaixava, pois me pareceu que a autoria entendeu que, caso apresentasse a vida passada do personagem conseguiria enquadrar o enredo em nostalgia, mas nada da relação com tempo e memória me apareceu na história. Além disso, alguns momentos do conto são confusos como, por exemplo, a aparição do fantasma de Arthur que, a princípio, parece levar Ofídio sozinho para a cova do rival, mas depois são mencionados capatazes e, ainda, um descarrego de um pente, como se o cadáver estivesse armado (o que confesso ser um detalhe pertinente, o homem ser enterrado com sua arma, mas que acentuou a confusão que cercou esse trecho do conto). O desfecho de Arthur também me pareceu um pouco estranho da maneira como foi apresentado e, com certeza, a introdução de Helena e Fagner ao final do conto só contribuiu para essa percepção de um texto desconjuntado e uma autoria indecisa sobre o que contar e como atender ao certame. Então em condução da narrativa, abordagem temática e impacto, peso minhas críticas, estendendo um pouco também à escrita, que é um pouco mais consistente, mas força um regionalismo com acentuações estranhas, tornando caricato.

  3. Victor Viegas
    14 de dezembro de 2024
    Avatar de Victor Viegas

    Olá, Caronte!

    Gostei do seu conto. No início somos apresentados ao personagem principal, Egídio, “Cansado, Egídio já havia visto muita coisa nessa vida. Costumava dizer que surpresa era regalia de pessoas novas, com muito ainda para viver” e a rotina no cemitério da Nossa Senhora da Boa Morte.

    Percebi alguns pequenos desvios na narrativa. Primeiramente eu destaco as acentuações equivocadas em “tome cúidádo para não se transformar num vivo-morto como eu”, isso se repete por todo o conto. Foge da fonética, na minha opiniçao. Mesmo com um linguajar caipira, talvez não seja necessário esse exagero. “ele recebeu a proposta de morar ao lado do Cemitério da Nossa Senhora da Boa Morte” como o assunto não tinha saído do cemitério, acredito não seja necessário escrever o nome completo novamente. Esses são alguns pontos que apresento.

    De modo geral, o conto apresenta uma narrativa com bastante simbolismos que exploram a relação entre vida e morte, fé, destino e arrependimento. Está muito bem escrito. Gostaria muito de ler outros textos seus. Desejo tudo de bom e boa sorte no concurso!

  4. Fabio Baptista
    14 de dezembro de 2024
    Avatar de Fabio Baptista

    O conto tem o grande mérito de criar uma ambientação macabra, com descrições precisas e um jeito de narrar que nos coloca na pele do coveiro e nos faz sentir o isolamento de uma casinha dentro do cemitério.

    Mas também tem algumas falhas: o sotaque é muito mal empregado, esse jeito de escrever as palavras ficou um meio termo bizarro entre o nordestino e o caipira e não agregou nada.

    O final pareceu corrido, acabaram entrando alguns nomes ali e fiquei meio confuso, mesmo numa releitura não consegui perceber muito bem o que rolou e não estou animado o suficiente para uma terceira leitura.

    E, pra fechar o caixão (com o perdão do trocadilho), a adequação ao tema passou longe, longe.

    RUIM

  5. MARIANA CAROLO SENANDES
    14 de dezembro de 2024
    Avatar de MARIANA CAROLO SENANDES

    História: Três histórias que se entrelaçam. Um coveiro, um playboy e uma moça que sofreu uma terrível violência. A história é interessante, mas não percebi o tema do desafio. A porta seria a passagem entre o mundo dos mortos e o dos vivos? 2,5/4

    Escrita: É uma escrita segura. Fazer essa fragmentação, três histórias distitnas se conectando é difícil. 4,5/5

    Imagem e título: O título está adequado. A imagem, admito, dá uma ideia diferente do que vai acontecer no conto 0,8/1

  6. leandrobarreiros
    14 de dezembro de 2024
    Avatar de leandrobarreiros

    Eu gostei da narrativa e do uso do tema. Na minha interpretação o papel de destaque era pra Egídio enquanto uma espécie de porteiro entre o mundo dos vivos e dos mortos. O autor conseguiu prender a minha atenção pela prosa, embora o diálogo marcado com acentos para simular sotaque tenha me parecido um pouco estranho. Mas não chegou a atrapalhar a minha leitura.

    Achei a história mais interessante enquanto focava na vida de Egídio e cheguei a pensar que continuaríamos acompanhando o impacto da profissão de coveiro em sua vida pessoal. Mas não é o que acontece. A história muda e enfatiza um pouco o cabra Arthur, mas ainda sob a perspectiva de Egídio. Eu sei que, em teoria, dado o título Arthur é quem realmente importa na história, mas a mudança não me convenceu. De certa maneira, acho que ela foi superficial demais, possivelmente por conta do limite de palavras.

    Sobre isso também achei uma má escolha a opção por apresentar Leninha e Elba e a gravidez no final da história como uma revelação para a possível reencarnação de Arthur (espero que eu não esteja viajando). A revelação não faz muito sentido porque foi dada junto com a introdução dos personagens e da gravidez.

    Estou reclamando mas no geral gostei do conto. A prosa é agradável, a atmosfera bem construída e Egídio é um personagem muito interessante.

  7. Felipe Lomar
    13 de dezembro de 2024
    Avatar de Felipe Lomar

    olá,

    bem, primeiramente, eu não entendi como esse conto se adequa ao tema. Não vi a nostalgia ou as portas. O conto é bem escrito e bem elaborado, exceto pelo final, que fica um pouco deslocado da história. Tava realmente bom até chegar esse final, que fica meio como um penduricalho. O conto é o gênero do impacto, do clímax. Não tem muito espaço pro depois, como a novela ou o romance, porque dilui justamente esse impacto. Mas percebo um escritor experiente e habilidoso.

    boa sorte!

  8. André Lima
    13 de dezembro de 2024
    Avatar de André Lima

    Esse conto me decepcionou por não se enquadrar no tema. E olha que sou um dos mais flexíveis quanto a esse assunto.

    A escrita é ótimo, a ideia do conto é tão ótima quanto, tudo aqui está muito bem feito, mas não se enquadra. Desculpe, mas não vejo nada que possa remeter à nostalgia ou porta. Então me coloca numa saia justa, pois eu defendo que o tema deve ser classificatório e não qualificatório.

    Portanto, seu conto mereceria um 0. Mas, como todo escritor tem a obrigação de ser incoerente, eu darei um 5, pela qualidade altíssima de escrita. Esse conto, num desafio que se enquadre a ele, seria certamente um 10.

  9. Thais Lemes Pereira
    13 de dezembro de 2024
    Avatar de Thais Lemes Pereira

    Eu estava gostando do conto, porque é nostálgico para mim, cemitério foi o tema do primeiro conto que escrevi aqui e contei a história de um coveiro.

    Mas a impressão que tive foi a de que li fragmentos de 3 contos diferentes. A história da Rosa com Egídio, uma história do Egídio no cemitério e a história de Fagner e Leninha (que estava grávida de Arthur?).

    A história do corpo seco é super interessante, mas foi pouco explorada. A história de Egídio com a mulher é interessante, mas foi pouco explorada. A terceira história fiquei perdia rs

    Uma última observação que queria fazer é sobre os diálogos. Para escrever uma fala regional e passar veracidade não basta colocar acentos para dar sotaque, mas também saber escolher as palavras. Acho que algumas palavras ali não seriam usadas pelos personagens, como eternamente. Às vezes a própria escolha das palavras é até mesmo de termos expressa melhor a regionalidade do que o uso exagerado de acentos.

    Boa sorte e continue participando conosco!!

  10. Fabiano Dexter
    12 de dezembro de 2024
    Avatar de Fabiano Dexter

    Este conto parece uma colcha de retalhos, com diversas histórias acontecendo ao mesmo tempo, mas sem um foco definido e deixa a impressão de que nenhuma delas realmente termina.

    Aqui começamos com a história de Egídio, depois vira para o seu casamento, depois vida e morte de Arthur.

    A impressão que eu tive é a de que estamos no meio de algo acontecendo, onde o início ainda fica um pouco claro, mas o final não conclui, não fecha. O filho é de Arthur? Tem algo a ver com sua morte? E a cova revirada? E o anel de Rubi?

    Talvez um foco maior em uma dessas linhas tivesse um melhor resultado final.

  11. Priscila Pereira
    12 de dezembro de 2024
    Avatar de Priscila Pereira

    Olá, Autor! Tudo bem?

    Eu gostei do conto, está imerso em uma aura sombria e de mistério, o que é bem legal.

    Só achei que a parte final ficou sobrando. Pra mim, ficaria perfeito se terminasse em: “Ajoelhado, segurando sua Cruz, Egídio pôs-se a rezar pela alma de Arthur Rocha.”

    O final como está ficou muito cheio de informação nova que não dá pra gente digerir e se importar a tempo, se você tivesse distribuído os parágrafos finais ao longo do texto e arrematasse tudo no finalzinho aí sim poderia funcionar. (Mas isso é só palpite de leitora, pode desconsiderar)

    Sobre o tema, bem, muita gente não achou, né, mas eu acho que o véu que separa o mundo dos vivos e dos mortos funciona mais ou menos como um portal, ou umbral. Estou certa? Achei até interessante o uso do tema…

    No mais está bem escrito, bem revisado, com cenas ótimas e uma aura sombria muito boa que fica até o final.

    Parabéns pelo conto e boa sorte no desafio!

    Até mais!

  12. danielreis1973
    9 de dezembro de 2024
    Avatar de danielreis1973

    Corpo Seco (Caronte)

    Prezado(a) autor(a):

    Para este certame, como os temas são bastante díspares, dificultando quaisquer comparações, vou concentrar mais minha avaliação em três aspectos, e restritos à MINHA PERCEPÇÃO durante a leitura: a) premissa; b) técnica; c) efeito. Mais do que crítica ou elogio, espero que minha opinião, minhas sensações como leitor, possam ajudá-lo a aprimorar a sua escrita e incentivá-lo a continuar.
    Obrigado e boa sorte no desafio!

    DR

    A) PREMISSA: as histórias que se cruzam de um homem que trabalha como coveiro  no cemitério e do filho do coronel, que morre e deixa um filho na mulher de outro homem. Sinceramente, não consegui identificar nem nostalgia nem porta nessa história… nada que significativamente a classificasse. Parece uma ideia que foi aproveitada pelo autor nesta ocasião por ser considerada boa, nesta ocasião…

    B) TÉCNICA: com uma abordagem meio Dias Gomes, daquele universo do coronelado do interior do Brasil, o autor cruza as duas histórias num ponto, mas não necessariamente arremata o nó entre elas. O ponto que encontrei foi o fato de um não poder ter filhos, e o outro ter um filho fora do casamento. Achei os personagens um tanto estereotipados, tanto os principais quanto os coadjuvantes.

    C) EFEITO: a história cria uma tensão, mas não resolve. Pelo contrário, até decepciona com a falta de ligação entre os personagens principais – só temos o fato de que um enterrou o outro. Pensei que vinha algo sobrenatural, mas não aconteceu. Pelo menos dessa vez. Boa sorte no desafio.

  13. Jorge Santos
    9 de dezembro de 2024
    Avatar de Jorge Santos

    Olá, Caronte. Acabei de ler o seu texto uma segunda vez. Estamos perante o cruzamento de três vidas. Um coveiro, Egídio, o filho de um coronel, Arthur, e Helena, vítima com quem ele teve uma aventura. Nota-se um desequilíbrio narrativo, porque a caracterização de Egídio está perfeita, Arthur aparece algo difusa, e Helena aparece no final, sem sabermos ao certo a ligação com o resto da história. Fiquei com a impressão de que faltam partes da narrativa, partes que talvez o autor tenha assumido que não eram relevantes. A ligação de Helena e Fagner com o resto da narrativa é praticamente inexistente, tal como é inexistente a ligação a qualquer um dos dois temas propostos.

  14. claudiaangst
    4 de dezembro de 2024
    Avatar de claudiaangst

    Olá, autor(a), tudo bem?

    Neste desafio, usarei o sistema ◊ TÁ DITO ◊ para avaliação de cada conto.

    Título = CORPO SECO. Título curto e enigmático. Corpo magro? Cadáver? Estéril?

    Adequação ao Tema = O tema proposto não parece ter sido abordado de fato neste conto. Não percebi menção importante à porta ou a portais, nem mesmo um tom nostálgico na narração. Fala-se de lembranças mórbidas, terror, crime, abusos, mas não captei nostalgia no texto.

    Desenvolvimento =   O conto desenrola-se de forma não linear, misturando presente e passado, o que me deixou confusa em alguns momentos, chegando a pensar que Arthur era uma espécie de zumbi que atormentava Egídio. Mesmo na segunda leitura, tive de me esforçar para entender a trama. Talvez o desenvolvimento da história necessite de um espaço maior para alcançar real compreensão.

    Índice de Coerência = Pelas razões supracitadas, em algumas passagens, o(a) autor(a) pareceu perder a linha de raciocínio e as ideias expostas embaralharam-se.

    Acordados aos tapinhas, a cabeça do coveiro girava > Quem foi acordado aos tapinhas? O coveiro? Ou a cabeça do coveiro? E ainda está no plural – acordados. Ficou confuso.

    Técnica e Revisão = A linguagem empregada no conto, sobretudo nos diálogos, é bastante coloquial. Portanto, não se pode atribuir erro ortográfica a essa opção. No entanto, há falhas fora dos diálogos que não encontram justificativa na emulação da fala popular/regional. 

    Não entendi a intenção do(a) autor(a) ao acentuar mais de uma vez, e de forma bem aleatória) algumas palavras como: Égídio / cúidádo / Cémitério / difícil. Mesmo que seja para representar um sotaque na fala de um personagem, o duplo acento deixa tudo ainda muito confuso, pois não consegui saber que sílaba era pronunciada mais forte ou mais aberta. Além disso, o recurso provoca poluição visual.

    5 anos > cinco anos

    […] rogando-lhe que o que quer que estivesse > é muito QUE

    Acordados aos tapinhas, a cabeça do coveiro girava > Acordado aos tapinhas, o coveiro sentiu sua cabeça girar

    Enjôos > enjoos

    Neném > nenê

    à ela > a ela

    O que ficou = O não entendimento completo da trama e do porquê da escolha de finalizar o conto com um poema/canção. Talvez tenha sido uma tentativa de trazer o tema nostalgia ao texto, mas não funcionou para mim. Ficou a impressão de que há sim aqui potencial para uma escrita bastante instigante.

    Parabéns pela participação e boa sorte!

  15. Thiago Amaral Oliveira
    27 de novembro de 2024
    Avatar de Thiago Amaral Oliveira

    Oi Caronte, tudo bem?

    Logo que vi o título e imagem do conto, senti certa empolgação. Acho esse personagem do folclore interessante. O primeiro parágrafo do conto, também, usa foreshadowing pra indicar que nosso protagonista irá se surpreender bastante. Por isso, fui lendo na expectativa do ápice, daquele momento catártico no final. Não que esperasse algo grande, bombástico, mas algo no mínimo interessante.

    Ao longo do conto, você foi nos contando sobre o Egídio, e toda a sua vida até o momento em que encontra o tal do Corpo Seco. Com esse relato, acabamos sabendo também do tal de Arthur, que se torna o cadáver maldito.

    Meu problema com o conto é que ele parece um tanto sem rumo, infelizmente. De fato temos o encontro entre o protagonista e o Corpo Seco, mas é apenas um parágrafo, e nada de muito significativo ou emocionante acontece. Arthur apenas está lá, aparentemente sofrendo. E nada ocorre com Egídio, que leva um susto, mas já passa a rezar.

    Nada do que foi dito antes importa muito além das desventuras com Arthur: o casamento de Egídio, seu cheiro insuportável, sua relação passiva com a vida. E, após o momento mais importante, temos um epílogo que nos mostra mais um resultado da vida cruel que Arthur levou. A impressão que dá é que você foi escrevendo sem a intenção de amarrar todas as ideias em uma história coerente. E, no fim, o efeito que passa não é forte.

    Fora isso, achei a linguagem do texto, pelo menos em relação a cadáveres putrefatos e cheiros nauseabundos, bastante efetiva. Talvez esse tipo de palavra pegue qualquer um, já que é tão tabu na nossa sociedade. De qualquer forma, penso que um foco maior nas coisas que interessam teria teria resultado em um conto mais poderoso.

    Por fim, vejo também a ausência dos temas. Não tem porta, e também não vejo nostalgia. Tem o tema do passado, karma e punição, mas a parte da nostalgia mesmo não está aparente.

    De qualquer forma, valeu a participação, e espero ver você novamente nos próximos desafios.

  16. Elisa Ribeiro
    26 de novembro de 2024
    Avatar de Elisa Ribeiro

    Fiquei meio tonta com seu conto. Para mim a escolha em narrar a episódio de Leninha x Artur como uma espécie de epílogo não funcionou muito bem. Acho que valeria a pena pensar numa reestruturação da história. Peço desculpas, mas no meu entendimento o aproveitamento do tema deixou a desejar. As referências aos portões do cemitério, à porta da casa de Egídio entregaram uma conexão fraca com o tema do desafio. Questão de gosto pessoal, não curto a simulação da oralidade de pessoas com menor escolaridade. Acho preconceituoso e desnecessário.

  17. Mauro Dillmann
    24 de novembro de 2024
    Avatar de Mauro Dillmann

    Trata, inicialmente, de um coveiro, de um ambiente rural marcado pela disputa de terras, bem no estilo coronelismo. Achei que o conto fosse todo nessa pegada. Mas não.  O conto, em algum momento, parece que muda completamente de direção. Surgem novos personagens ao final, causando sensação de descontinuidade. Até a parte em que Egídio encontra um anel de ouro, foi tudo bem. Depois, tudo muda. Faltou uma amarração, um ínicio-meio-fim.

    O texto é bem construído. Tal como outro conto do desafio, usa o clichê “sorriso maroto”.

    A cidade era “Cruz das Almas” ou “Cruz d’Almas”? Aparece as duas formas.

    Tem algo de religioso na trama, de religiosidade católica. Egídio “reza” e “roga” a “Deus”.  Fala-se em inferno.

    A tentativa de reproduzir o som da fala, os sotaques e as peculiaridades da cultura do campo e do interior, escorrega fácil. Exemplo: qual a necessidade de acentuar a palavra posso (“pósso”), se o som é o mesmo?

    Não senti nem vi a presença do tema porta/portão/portal e nostalgia.

    De qualquer forma, bom de ler.

    Parabéns!

  18. Gustavo Araujo
    23 de novembro de 2024
    Avatar de Gustavo Araujo

    Rapaz, eu queria ter gostado deste conto. O início, em especial, é muito bom. Um certa poesia permeia a narração à medida que conhecemos a história de Egídio e sua particular relação com o cemitério e com os mortos. O paralelo traçado entre vivos e partidos é muito bem construído. Dá para sentirmos a angústia e a solidão latente do homem, até mesmo sua preferência pela companhia dos finados.

    Então o conto muda o foco para o personagem Artur e aí atmosfera poética dá lugar a uma história de vingança. Nada há de errado nisso, mas a mudança abrupta acaba provocando solavancos na fluidez. Isso se agrava com a emulação deficiente e caricata da maneira de falar dos nordestinos. Caro autor, não me entenda mal, mas ficou muito ruim. Tanto o uso exagerado dos acentos (que não dão às palavras a fonética desejada) como a própria maneira de se manifestar — isso tudo fez com que a experiência da leitura, ou melhor, de absorção da história degringolasse.

    Claro, ainda dá para compreender o todo, em especial o mau caráter de Artur e seu desejo de vingança que ultrapassa o mundo dos vivos. Mas, onde está Egídio a essa altura? Perdeu-se, diluiu-se também, o que me causou frustração porque era o personagem que segurava o conto.

    No fim, uma confusão de Fagners e o surgimento de outra personagem, Helena. Sinceramente, não compreendi esse arremate. Li e reli, mas continuo sem entender sua relação com Egídio e com o restante da história — se é que existe tal relação.

    Demais disso, não vislumbrei nenhum dos temas do certame. Não há nostalgia, não há portão, porta ou algo do gênero. Nem mesmo em sentido metafórico.

    Enfim, talvez tenha sido falha minha. Talvez eu tenha sido incapaz de compreender os meandros do conto, mas é fato que a experiência de leitura não foi das melhores. Não por uma suposta falta de habilidade do autor — claro que não, já que é evidente que se trata de alguém que sabe escrever. O problema foi a confusão criada por três narrações que não parecem se relacionar adequadamente.

    Creio que uma história focada em Egídio tão somente ficaria mais enxuta e interessante, mas isso é só minha opinião.

    De qualquer forma, parabenizo o autor e desejo boa sorte no desafio.

  19. Kelly Hatanaka
    19 de novembro de 2024
    Avatar de Kelly Hatanaka

    Olá Caronte.

    A história começa falando de Egídio, coveiro da cidade de Cruz das Almas. Parece que vai ser sobre ele, a narrativa se concentra nele, em suas perdas, mas, no fim, o foco da história muda e vai para Arthur, filho falecido do coronel. Daí, largamos mão de Egídio e vamos para Helena, que sofre por causa de Arthur, que se transformou no Corpo Seco e curte Fagner, que é o nome do marido da Helena. Ufa.

    Não encontrei o tema, nem nostalgia, nem porta. O Egídio sentia falta de Rosa. Mas me pareceu que o sentimento predominante era solidão. Não nostalgia, falta de algo bom que viveram juntos, de um tempo que se foi, porque nem parece que eles chegaram a ser felizes. Egídio não parece sentir saudades de Rosa ou de um tempo. Ele está só e desiludido.

    A história de Egídio foi sendo contada de forma interessante e envolvente. Mas daí o foco muda para Arthur, para seu crime, e termina com ele cantando Espumas ao Vento, de Fagner para Helena, que é casada com Fagner. Pra que tanto Fagner? Achei essas referências um tanto excessivas. Qual a razão para este Fagnerverso?

    E, se não havia nostalgia na história de Egídio, muito menos na de Arthur.

    Minha pitada de achismo: me incomodaram bastante as falas regionalistas carregadas de acentos excessivos que não fazem sentido. Como eu deveria ler “cúidádo”, ou “míndígô” ou “sófrimento”? Quem fala assim?  Menos é mais.

    Gostei ou não gostei: não gostei muito. A história pareceu não ter um foco e, assim, não contou nem uma história nem a outra, não atendeu nem um tema, nem o outro.

  20. Marco Saraiva
    16 de novembro de 2024
    Avatar de Marco Saraiva

    A história de Egídio, coveiro desde jovem, e sua vida dedicada ao cemitério do qual cuidava. É uma narrativa de época, as crônicas da vida do coveiro, seu casamento fracassado, seu “casamento” com a profissão, o enterro de uma alma amaldiçoada, que acaba trazendo eventos sinistros na vida sua vida pacata.

    O conto terminaria bem na revelação do corpo de Arthur e quando o leitor descobre que a alma do vilão vaga pelo mundo buscando algum tipo de redenção. Talvez pudesse ir um pouco além, narrando os últimos anos de Egídio, talvez com ele sendo enterrado no mesmo lugar pelo qual tanto zelou. Mas ao invés disso somos apresentados a Leninha, uma personagem que surge nos últimos parágrafos do conto e some logo em seguida com o seu término. O conto começa com Egídio, cria uma ligação entre ele o leitor, para terminar com uma personagem aleatória, assombrada por Arthur. Uma decisão no mínimo intrigante. Para mim, não fez sentido algum.

    A escrita é bem feita. Eu só critico um pouco a tentativa de emular o sotaque nordestino com acentos. Funcionou em algumas instâncias, mas em outras não vi lógica nenhuma nos acentos usados:

    formôs
    alimentá
    condenadá
    Sabí
    homí

    Não vi nem sinal do tema, aqui. Sério, nadica de nada. Então, seguindo os meus princípios, não posso dar nota boa ao conto.

  21. JP Felix da Costa
    9 de novembro de 2024
    Avatar de JP Felix da Costa

    Sinceramente, não percebi este conto. Não lhe consegui extrair coerência. Leio três partes, com pontos de ligação apenas nas personagens, mas que, como um todo, não fazem sentido. Parecem extratos de uma história maior. O texto segue numa linha, com a vida do coveiro, algo pormenorizada, pelo menos os seus primeiros anos, para depois passar para a história do Arthur, sendo que todos os pormenores da vida do coveiro passam a ser irrelevantes. A história do Arthur aparece em farrapos e algo desconchavada, sem respostas, e depois passamos para uma qualquer, que está grávida, e ligada ao Arthur por o que parece ser uma violação. A história insere elementos, que poderão ter uma índole sobrenatural, ou não, não é claro. No fim fica a sensação de “olha, acabou”, e não consigo tirar nenhum sentido do todo. Para além disso, não vejo qual a relação entre o texto e os temas. As portas são irrelevantes e memórias não são, por inerência, nostálgicas. Em conclusão, não me agradou nada esta história. Lamento.

  22. Thales Soares
    5 de novembro de 2024
    Avatar de Thales Soares

    O que achei deste conto: ENFADONHO

    Somos logo de início apresentado a Egidio, um coveiro e vigia do cemitério (gostei do nome dele, achei engraçado). Ele trabalha no cemitério Nossa Senhora da Boa Morte (nome também legal), e é daqueles caras cuja vida se resume ao trabalho, sem nenhum hobbie, nenhum amigo, nenhuma aventura. Só que… a vida de Egídio é tão chata, que o leitor começa a sentir esse gosto de chatice.

    O cara era casado com uma tal de Rosa, mas ela o abandonou, porque ele era um cara insuportável, e porque ela teve vários abortos. Então Egídio ficou sozinho, e ficou ainda mais xarope.

    Após um monte de trechos cansativos e que nada acontece para o avanço da trama, chegamos num ponto em que parece que algo irá ocorrer! Egídio presencia o enterro de um cara fodão chamado Arthur, que é um jovem rico. Aí entramos num longo flashback onde Egídio lembra que já viu esse cara antes, e que ele era um cuzão.

    O cara era tão cuzão, que parece que depois que morreu deixou os espíritos inquietos lá no cemitério. Aí numa noite chuvosa, o Egídio decidiu enfrentar esses espíritos, e encontra o túmulo do Arthur violado, com o corpo pra fora do caixão. Ele então percebe que o cara era tão cuzão que nem mesmo o capeta o quis. Então Egidio começa a rezar.

    O conto termina com uma jovem grávida que sofre com o trauma de uma noite que foi violentada pelo Arthur, sem poder dizer a seu noivo, Fagner, que ele foi corno, mas não por culpa dela. Ela se sente consumida pela culpa. E só…..

    Aí o conto acaba, sem mostrar nada de interessante, do início ao fim. Além de não me entreter, me pareceu que o autor fugiu completamente do tema, pois não vi um pingo sequer de nostalgia ou de porta. A escrita é extremamente profissional, mas a forma como a história é contata, a estrutura narrativa, não prende…. em diversos momentos eu ficava descendo a página para ver se faltava muito para eu acabar a leitura…

    De qualquer forma, boa sorte no desafio!

  23. Antonio Stegues Batista
    4 de novembro de 2024
    Avatar de Antonio Stegues Batista

    Egídio deixa a lavoura para trabalhar de coveiro na cidade grande. Passa a morar ao lado do cemitério com sua esposa Rosa, que começa a odiar o trabalho dele e acaba o abandonando. O Filho do coronel Rodrigo é assassinado. O pai não chora talvez porque o filho foi ruim, não se sabe. Antes disso, Arthur desenterrou o cadáver do coronel Pereira, morto por um infarto, rival de seu pai, para dar uns tiros nele. Talvez por isso alguém o matou não se sabe quem. A questão do corpo-seco, ficou meio confusa, assim como também a cronologia dos eventos. A última parte, deve ser sobre a amante de Arthur, Helena, casada com Fagner, que espera um filho de seu amante, Arthur. A escrita é excelente, boas descrições e construção de frases, mas a estrutura da narrativa achei meio confusa. Seria bom dar uma lapidação na parte estrutural da narrativa para que os eventos fiquem mais claros e compreensíveis. Parabéns e boa sorte.

  24. vlaferrari
    4 de novembro de 2024
    Avatar de vlaferrari

    Não tive a percepção de uma adequação ao tema. O limiar entre a vida e a morte, pode ser um indicativo para portal/porta, mas nada muito sólido na minha opinião. Achei estranha a mudança de foco no final, deixando Egídio as voltas com a descoberta insólita do destino funesto de Artur sem continuidade e sugerindo um reencarne imediato no bebê que Helena gerava, por ter se envolvido com o falecido. Mas, vamos ao ponto do impacto do texto. Causou-me confusão. O cemitério é um portal que não considerei no momento da busca de uma premissa e isso, se aceitarmos a posição de Egídio como o guardião do portal (por isso Caronte) renderia uma grande estória. Na minha opinião, o autor/autora se perdeu na disputa dos coronéis e na desgraça do pobre coveiro que viu sua vida resumida a uma sentença ruim, perdendo a esposa, a possibilidade de uma família, a “sombra” de viver sob a troca de favores (cuide do cemitério que terás uma casa), etc. Há um pouco de clichê nas identificações: Cruz das Almas, Boa Morte. Ficou faltando uma costura de sub-estórias, na minha opinião. Confesso que não compreendi a intenção do autor. Quanto ao texto em si, apesar de algumas repetições que julgo desnecessárias (apesar de ser coisa do estilo narrativo), não vi maiores problemas. O uso do linguajar local está um pouco exagerado na minha opinião, não acrescentando nada à narrativa. Boa sorte com a avaliação dos demais colegas, Caronte.

  25. Luis Guilherme Banzi Florido
    3 de novembro de 2024
    Avatar de Luis Guilherme Banzi Florido

    Bom dia, amigo(a) escritor(a) do(a) Encontrecontos(as), tudo(a) bem(ena)?

    Primeiramente, parabéns por superar a nostalgia do desafio de trios e entrar no portal do novo certame! Boa sorte e bora pra sua avaliação(çã):

    Tema escolhido: nostalgia? não sei, só sei que não tem porta, então só pode ser nostalgia, mas aí vem o problema: não vi nostalgia no conto, tampouco. Quer dizer, é claro que o protagonista contra sobre o passado, mas na minha opinião isso em si não configura nostalgia, senão a maioria dos contos seriam de nostalgia, afinal, quase todos relatam acontecimentos do passado. Não me parece que o conto retrata nenhum sentimento de apego ao passado, ou saudades, ou apego ao que viveu em outra época. A definição de nostalgia diz “saudades de algo, de um estado, de uma forma de existência que se deixou de ter; desejo de voltar ao passado.” Não me parece que isso aconteceu nesse conto em nenhum momento, infelizmente.

    Abordagem do tema: 0%

    Comentários gerais: olha, não só pela não adequação ao tema, mas infelizmente esse conto não me ganhou. Eu fiquei animado quando vi a imagem e o título, e pulei outros pra ler esse. O conto até tem seus méritos, como uma condução bem executada, descrições vívidas e uma boa ambientação e regionalismo. Porém, algo aqui não parece funcionar, e quando o conto acabou, fiquei com uma cara de interrogação. Vou tentar explicar melhor, vamos lá: acho que o grande problema é que o conto relata acontecimentos de personagens demais, e a conexão entre as histórias não parece relevante ou impactante para o enredo. Quer dizer, eu consigo entender como os personagens se conectam, mas o que quero dizer é que, num limite tão curto, não parece que ouve tempo e espaço para relacionar as histórias de modo que todas trabalhassem juntas para formar um enredo conciso e interessante. Por exemplo: o conto é sobre a vida do coveiro, e fala sobre ele ter se tornado parte do cemitério e um morto vivo, figurativamente. Isso daria uma boa história, caso todo o conto fosse dedicado a esse evento. Os primeiros parágrados introduzem esse elemento, porém, o último parágrafo do conto não tem absolutamente nenhuma relação com isso, falando sobre personagens introduzidos poucos parágrafos antes do término. Parece que tem muitas quebras no roteiro, sabe? Claro que pode ser uma falha minha que não entendi algo, e se for o caso peço desculpas. Eu até leria outros comentários pra saber se to viajando, mas como são comentários fechados…

    De todo modo, seguindo com o raciocínio, começamos com a vida do coveiro, descobrimos sobre seu casamento fracassado, que pra mim é o auge do conto, realmente muito bom e triste, depois é introduzida uma rincha de clãs rivais na região, daí chegamos num velório específico, o que é estranho, pois até então tínhamos uma ideia mais geral sobre a vida no cemitério e os fantasmas que dele não saem. Conhecemos então o coronel júnior, que é um belo de um fdp, e por fim pulamos para uma cena, quase um posfácio, sobre uma mulher que se sente mal pois o filho esperado não é do marido (fiquei na dúvida se o filho é fruto de um abuso sexual, acho que sim). Quero dizer, tudo isso que listei não são partes isoladamente ruins, mas não parecem se conectar de modo relevante, sabe? Parece que os trechos deixam um buraco entre si, e talvez o conto fosse melhor com um limite bem maior de palavras, onde cada um dos elementos pudesse ser explorado com mais profundidade e conectado melhor, ou talvez, no limite possível, fosse melhor escolher um dos elementos e aprofundá-lo com mais foco, como por exemplo: a vida e arrependimentos do coveiro que o transformação num “morto-vivo” que só tem como companhia as almas que encalharam na terra. Esse plot seria bem interessante, capitaneado pelo casamento fracassado e as marcas que ele deixou no homem. Enfim, desculpe pelo textão, mas foram minhas sensações honestas sobre o conto.

    Sensação final: fui no velório do coveiro, esperando ouvir histórias emocionantes e talvez até misteriosas sobre sua vida. No meio da cerimônia, duas gangues rivais saíram na porrada e derrubaram o caixão do homem. E eu fiquei sem entender nada direito. Fui embora meio chateado.

    Parabéns pelo trabalho e hoa sorte no desafio.

  26. andersondopradosilva
    3 de novembro de 2024
    Avatar de andersondopradosilva

    Corpo Seco (Caronte)

    Resumo:

    O conto narra a história de um coveiro e de um defunto.

    Comentários:

    “Egídio passou a frequentar o cemitério diariamente, por longos períodos de tempo” – Redundância.

    “Um dos funcionários cochichou para o outro, enquanto puxavam o carrinho. Antes que a resposta viesse, Egídio a fuzilou com o olhar.” – O correto seria “o”.

    “orando o Pai Nosso rogando-lhe que o que quer que estivesse o perturbando, saísse dali” – Parece um trava-língua.

    Quem quer que estivesse ali, derrubaria a porta se preciso fosse” – Outro quase trava-língua.

    “Tentava dosar a pouca força que tinha do retorno abrupto de sua consciência em focar no rosto do qual a voz melodiosa e irritadiça, a qual disparava ordens.” – Essa frase está uma confusão danada, quase incompreensível.

    “media a pressão sanguínea” – Redundância.

    “a voz grave de Arthur surgiu ao pé do ouvido de Leninha, marcando seu território, cantando no pé do ouvido dela, como costumava fazer para derrubar as barreiras” – Repetição.

    No geral, o conto me soou errático e estranho ao tema. Errático porque inicialmente pareceu focar na história do coveiro, depois pareceu focar na história do coronel (ou de seu filho) mau, por fim pareceu focar numa história de amor do filho do coronel. Houve um momento em que pareceu ser uma história de terror, mas houve também dois momentos em que pareceu ser uma história de amor. O tema só pode ser visto, de vislumbre, na saudade sentida pela amante do filho do coronel.

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Publicado às 2 de novembro de 2024 por em Nostalgia e marcado .