
Cheguei até a janela de vidro, abri a persiana e me surpreendi com o que acontecia lá fora. Não havia nenhum ruído mais forte. Era uma madrugada incrivelmente silenciosa, ligeiramente fria. Poderia ser uma noite qualquer, perdida entre tantas noites do mundo, porém, a partir daquele momento, nada mais seria igual.
Uma imensa nave pairava bem no centro do céu visível daquele ponto do edifício. Assemelhava-se a uma cidade flutuante, com elevações que pareciam arranha-céus, e cheia de luzes. Dela, milhares de pontos luminosos saiam em direção ao solo.
No primeiro momento, fiquei absorto pela beleza e pelo inusitado daquela visão. Seria um sonho? Um pesadelo? — me perguntei. Pensei em beliscar meu braço para ver se estava realmente acordado. Não foi necessário. Um daqueles clarões passou a poucos centímetros de mim, do outro lado da janela, e fui arremessado para trás por algum tipo de energia que parecia diferente de tudo que eu já havia visto ou sentindo até então.
Levantei-me e voltei a contemplar aquela cena inusitada. Um misto de pavor e curiosidade fazia ferver o meu sangue. Adrenalina a mil. Batimentos cardíacos pareciam ecoar nas paredes ao meu redor. O impulso era de sair correndo, de ligar, tentar falar com alguém. Gradualmente, notei que nos edifícios vizinhos, as luzes se acendiam e havia centenas de pessoas nas janelas, contemplando aquela cena, igualmente impactadas e sem querer entender o que acontecia.
Resolvi descer. Imprudentemente, chamei o elevador. Quase não tive paciência de esperar, mas ele veio relativamente rápido. Pensei que a maioria das pessoas ainda estava imobilizada frente às suas janelas. Apertei o térreo e senti o deslocamento. Um frio percorreu minha espinha e senti minha testa gotejando suor.
O elevador parou na metade do caminho. Sétimo andar. Verônica entrou. Os louros cabelos alvoroçados e aqueles imensos olhos de jade me encararam. Não trocamos palavra, porém, intimamente, nos comunicamos e nos percebemos alinhados para qualquer coisa que nos esperasse lá fora. Fosse o que fosse de nossas vidas dali em diante, precisaríamos saber e tomar, talvez, as decisões mais difíceis da nossa vida.
Já nos conhecíamos, e isso trazia um certo conforto, aumentava a nossa ligação.
Quando o elevador chegou ao térreo e a porta se abriu, pudemos perceber que a atmosfera estava ligeiramente mudada. Ainda conseguíamos respirar, porém, o ar estava mais viscoso. Saberíamos mais tarde que se tratava de um input extra de oxigênio, que mudaria completamente a nossa relação com o respirar nesse planeta. Esse oxigênio “turbinado” nos beneficiaria de alguma forma, acelerando o desenvolvimento do nosso cérebro, ainda que, também, causando em nós um envelhecimento precoce, devido à maior oxidação que ocorreria, dali em diante, com as nossas células.
Aquela carga extra de oxigênio era vital para que a nova espécie que vinha coabitar conosco a terra, sobrevivesse aqui. Além da viscosidade, havia outro aspecto no ar que chamava a atenção. Uma sensação leve de ardor. Não algo desagradável, porém, marcante, com um ligeiro odor, que lembrava o cheiro de hortelã.
Passamos pela portaria e notamos que o porteiro estava imóvel. Havia se transformado numa estátua humana. Não havia naquele corpo qualquer expressão de dor ou de pavor, o que denotava que havia sido pego completamente de surpresa.
Qualquer coisa que o tenha atingido, não estava mais presente e não nos afetava. Talvez fosse uma primeira linha de defesa dos aliens. La fora, pudemos ver outras pessoas paralisadas, imóveis, porém, pouco a pouco, víamos sair dos prédios próximos, outras pessoas curiosas e valentes. Muita gente assustada, também. Crianças e mulheres chorando apavoradas.
A visão mais surpreendente, porém, era de várias naves pousadas num alinhamento quase milimétrico, orquestrado, geométrico. De cada uma vimos descer 4 ou 5 aliens. Ousei imaginar serem famílias. Sua conformação física era muito diferente da nossa, mas era possível identificar um casal, filhos e, em alguns casos, até mesmo um ou outro idoso. Isso, de alguma forma, os humanizava e criava alguma empatia.
Era uma espécie com estatura média, ligeiramente um pouco acima da nossa, cerca de uns 20 cm mais altos.
A pele, esbranquiçada, tinha um aspecto metalizado. Possuíam olhos grandes e ligeiramente acobreados, ovalados, muito diferentes dos nossos, porém, parecidos com olhos de mosca. E, para nós, durante muito tempo, seria como os denominaríamos. Os Olhos-de-mosca.
Ainda me lembro claramente do primeiro dia, de como troquei olhares com Verônica e subimos juntos no elevador, direto para o apartamento dela. Não houve a necessidade de conversa, nem mesmo nenhum contato mais íntimo depois que chegamos lá. Havia em nós dois a necessidade de não ficarmos sozinhos naquele momento. E era a única companhia que tínhamos, já que na chegada de nossos visitantes, se é que podemos chamá-los assim, foram interrompidos todo e qualquer tipo de comunicação. Televisão, Telefone, Internet… Só passamos a ter algum acesso no final da tarde e com um comunicado direto dos Olhos-de-Mosca. Até lá estávamos completamente isolados do mundo, sem saber o que viria a seguir.
Enquanto eu estava sentando no sofá de Verônica, não conseguia parar de pensar em meu pai, que há poucos anos se mudou para um pequeno sítio próximo da cidade. Estaria ele bem? Saberia o que está acontecendo, ou para ele seria apenas um apagão da televisão e internet? Em seguida comecei a pensar em qual seria o tamanho da frota dos Olhos-de-Mosca, como quantas outras naves deveriam ter vindo junto e onde mais haviam se posicionado. Era uma invasão em escala mundial, como vimos em vários filmes, ou seria uma nave única, que resolveu pousar justo aqui? No Brasil?
Sem nenhum aviso, a televisão e o celular ligaram ao mesmo tempo, mostrando um rosto feminino que era uma mistura entre as feições dos Olhos-de-Mosca e as nossas, certamente uma forma de tentar tornar aquela transmissão algo mais próxima, mais intimista. Eu e Verônica estávamos em silêncio naquele momento e ela não conseguiu segurar um pequeno grito quando as telas ligaram. Olhei rapidamente pela janela e pude ver as luzes das telas em todos os locais, provavelmente transmitindo a mesma mensagem:
“Caros Habitantes” – começaram – “pedimos desculpas pela forma como chegamos, mas não tínhamos como fazer diferente. Viemos em paz. Nosso planeta teve seus recursos esgotados e, buscando um novo lar, encontramos o seu planeta. Viemos para coabitá-lo, se possível, ou apenas nos abastecermos para seguir em busca de um novo lar. Entramos em contato com as principais lideranças no mundo e, aos poucos, retornaremos com as suas comunicações.”
Ainda que nenhuma de minhas perguntas tivesse efetivamente sido respondida, já era possível ter uma ideia real do poder de nossos visitantes, pois de alguma forma conseguiram não apenas bloquear toda a nossa comunicação, mas assumir todo o controle dela. E pelo tom da mensagem não estavam conversando com apenas o presidente de um país, mas com diversos líderes mundiais.
Eu sentia as minhas mãos suando e não conseguia ficar sentado, andando de um lado para o outro do apartamento, enquanto Verônica estava apenas sentada, olhando para o nada. Perguntei se ela queria uma água e se estava tudo bem. Ele disse que sim, e que aceitava a água, mas notei algo estranho em sua voz, como se estivesse levemente dopada. Deve ter tomado algum remédio em uma das vezes em que esteve no quarto e, para ser honesto, quase pedi um para mim. Mas não conseguia parar de pensar em meu pai.
Entreguei o copo de água a Verônica que me agradeceu com um leve sorriso, e então expliquei a ela que precisava ir. Precisava ver como estava meu pai, no que ela apenas concordou com leves movimentos de cabeça. Falei que a procuraria assim que voltasse e que trancasse a porta assim que eu saísse. Enquanto fechava a porta, notei que ela nem se mexeu.
Subi para o meu apartamento para arrumar minhas coisas para ver meu pai. Seu sítio ficava a pouco mais de uma hora de carro, mas eu não sabia o que iria encontrar lá, de modo que era bom estar preparado. Diabos, eu não fazia ideia do que iria encontrar pelo caminho. Separei algumas mudas de roupas, comida e remédios, além de um kit de primeiros socorros já empoeirado que encontrei no armário do banheiro. Mesmo com tudo pronto já próximo do entardecer, achei prudente aguardar a noite, ao ver que não havia nenhum movimento nas ruas, salvo por um ou outro grupo dos Olhos-de-mosca. Nada de exército, nada de polícia.
Fiquei perto da janela, observando a imensa nave e me perguntando o que estaria acontecendo. Vi luzes sendo acesas por toda a cidade. Aparentemente as pessoas permaneciam dentro de suas casas e eu, embora mantivesse as cortinas abertas, não me aproximei em nenhum momento do interruptor.
Levei outro susto sem tamanho quando a televisão ligou. Dessa vez, ao invés daquele falso Olhos-de-mosca, quem aparecia era o Presidente, sozinho na tela.
“Caros Brasileiros, hoje é um dia único na história da Humanidade, onde finalmente tivemos a prova de que existe, sim, vida inteligente em outros Planetas.”
E a partir daí ficou quase uma hora falando sobre como os líderes foram abordados, que os Olhos-de-Mosca (ele não os chamava assim, claro) vieram para cooperar com a Humanidade, que ele estava em contato com os demais liderem mundiais e a ONU para saber como iriam proceder e, o mais importante, que todos deveriam permanecer calmos e ficarem em suas casas, até novo comunicado. Eu seguia agitado e percebi algo diferente no Presidente, no modo como falava, se comunicava. Talvez fosse a minha imaginação, mas talvez houvesse algo ali.
Assim como todas as telas se acenderam, todas se apagaram. E seguíamos sem comunicação. Segui andando de um lado para o outro pela sala escura, esperando o tempo passar, até que finalmente peguei a chave do carro, minha mochila, minha mala e desci para a garagem. Para não me arriscar pelo elevador, dessa vez fui pelas escadas, devagar e com os ouvidos atentos. Passei pelo sétimo andar para ver como estava Verônica e respirar um pouco. Sua porta seguia destrancada e ela estava sentada no mesmo local onde eu a havia deixado. As luzes, pelo menos, ela havia acendido e olhou para mim com um sorriso quando eu abri a porta. Devolvi aquele sorriso estranho e segui o meu caminho.
Minhas suspeitas de que havia algo errado estavam cada vez mais fortes, de modo que passei rapidamente na portaria para ver se o porteiro segui imóvel. Fui abaixado e me esgueirando e notei que ele não estava mais lá. Ou havia retomado a consciência ou alguém o havia removido, mas quem? Ou o que?
A garagem estava completamente iluminada, com sons que apenas o silêncio é capaz de nos mostrar. Era possível ouvir a água descendo pelas tubulações e o som de cada um dos meus passos, ecoando. Por precaução segui abaixado por entre os carros, mesmo certo de que me encontrava sozinho. O coração batia forte no peito, tanto pelo exercício que eu acabara de fazer como pela tensão que eu conseguia sentir no ar, assim como aquela atmosfera mais densa. E aquele cheiro de Menta.
Abri a porta e entrei no meu carro, colocando a mochila e a mala no banco do passageiro. Deixei a porta aberta enquanto ligava o carro e, assim que girei a chave o motor começou a pegar fogo. Nossos motores a combustão não estavam preparados para todo o oxigênio extra na atmosfera (e o que mais estivesse ali). Peguei rapidamente o extintor consegui apagar o fogo sem maiores dificuldades, mas certamente não iria com meu carro a lugar algum. Ninguém iria com seus carros a lugar nenhum. E não deveríamos, a essa hora, ter diversos pequenos incêndios na cidade?
Certamente havia alguma coisa no ar, além do oxigênio extra. Algo que deixou Verônica (e quantos outros?) completamente dopada. E por que não estaria me afetando? Questões importantes, mas que precisariam ser respondidas em outra hora.
Deixei a mala no carro e coloquei a mochila nas costas, seguindo em direção de onde ficavam estacionadas as motos-elétricas. Procurei a chave da minha em meu chaveiro e, por precaução, tentei dar a partida sem estar montado. Não sabia o que poderia acontecer.
Ela ligou sem maiores problemas e vi que seria a forma que eu teria que chegar até meu pai. Sabia que a bateria seria suficiente para a viagem, pelo menos de ida, mas por segurança peguei “emprestada” a bateria de uma outra que estava ao lado da minha, de mesmo modelo. Abri a porta da garagem com o controle e apenas fui seguindo sempre por ruas secundárias, com a luz da moto apagada e agradecendo o silêncio quase completo do motor elétrico.
O percurso foi rápido e sem percalços, as ruas estavam quietas e vazias demais para a situação, e os olhos-de-mosca não pareciam preocupados com uma possível resistência.
Quando saí da cidade liguei as luzes da moto e fui a plena velocidade, queria chegar o mais rápido possível. Assim que avistei o sítio, notei que todas as luzes estavam apagadas. Onde estaria o meu pai?
Por precaução, parei a moto em uma moita alguns metros distante da casa e segui com cuidado, só com a luz do luar para me guiar.
Quando cheguei na porta, ela se abriu e uma luz me cegou. Logo depois a luz se apagou e ouvi a voz do meu pai:
— Você me matou de susto, moleque.
O alívio que senti amoleceu minhas pernas.
— Como você está, pai?
Ele me puxou para dentro e trancou a porta.
— Nada bem… eles logo estarão aqui.
Foi andando até a cozinha no escuro.
— Mas por quê? No caminho para cá não vi nenhuma movimentação deles. Parecem pacíficos.
Ele acendeu um lampião a gás e deixou a chama no mínimo, só para clarear um pouco o ambiente.
— Bem, eles virão, pode ter certeza. Assim que derem falta dele.
Apontou para o canto da cozinha que estava imerso na escuridão.
Estava com medo de perguntar, mas conhecendo bem meu pai, sabia exatamente de quem se tratava.
Caminhei até lá e vi um dos olhos-de-mosca desacordado e fortemente amarrado.
— Meu Deus, pai! O que você fez? Por quê?
Ele coçou a cabeça, mudou o peso do corpo de uma perna para outra e respondeu:
— Ele estava xeretando por aqui e eu precisava me defender. Queria que eu me entregasse sem lutar?
— Mas ele te ameaçou? Queria te levar?
— Não exatamente… não dei tempo para ele fazer nada.
Não cheguei muito perto. Não sabia se estava morto ou vivo, se tinha alguma arma ou algum poder.
— Está morto?
— E como é que eu vou saber?
Fui até a mesa, arrastei uma cadeira e sentei.
— Você ouviu o pronunciamento deles e do presidente? — Perguntei.
Ele foi até o fogão e colocou a chaleira no fogo.
— Sim. Mas não acreditei em uma só palavra do que disseram.
— Nem eu… você notou que o presidente estava meio estranho?
— Ah, aquele lá sempre foi um imbecil!
— Mas ele estava diferente, e outras pessoas também. Como se estivessem dopados. Todos eles. Mas nós dois não…
Ele ficou em silêncio até que a água ferveu e coou o café. Serviu duas canecas.
— O que mais você viu na cidade?
Tomei um gole do café. Forte e amargo.
— Nada. Isso que é estranho. Todo mundo dentro de casa. Só alguns olhos-de-mosca circulando. Ah, e algumas pessoas estavam paralisadas, talvez por algum tipo de arma.
Depois de mais alguns minutos de silêncio um pensamento me ocorreu.
— Você revistou ele? — Indiquei com a cabeça o extraterrestre.
— Sim. Ele tinha isso aqui.
Tirou de uma gaveta um objeto que parecia um revólver, mas de um material diferente, que claramente não existe na Terra.
Enquanto eu examinava a arma, um barulho chamou minha atenção. O alienígena estava se mexendo.
Quando percebeu que estava preso, começou a se debater, olhou para nós e seus grandes olhos de mosca ficaram de um tom mais claro. Quase branco. Ele abriu a boca e o som que saiu de lá quase nos deixou surdos.
Meu pai arrancou a arma da minha mão, mirou no alien e apertou todos os botões ao mesmo tempo.
Vários raios saíram e fulminaram a criatura. Buracos atravessaram o seu corpo e uma gosma escura vertia deles. Agora devia estar morto.
— Isso parece arma de quem veio em paz?
Antes que eu pudesse responder, uma nave pairou sobre a casa e uma luz incrivelmente clara invadiu tudo. Não pudemos fazer nada.
Quando dei por mim, alguns deles estavam nos imobilizando e arrastando até a nave. Assim que meus olhos se acostumaram com o ambiente, vi que carregavam o companheiro morto entoando sons que lembravam um profundo lamento.
Meu pai estava amarrado ao meu lado, calado. Por culpa dele estávamos perdidos! Com certeza nos matariam. Se ele não tivesse capturado um deles, poderíamos estar seguros em casa, quem sabe poderíamos nos esconder em algum lugar. Mas agora era tarde demais.
Um deles chegou perto de nós e começou a nos examinar. Falava uma língua ininteligível com um colega, que tomava nota em um aparelho acoplado ao pulso.
Um momento depois, mexeu no dispositivo do próprio pulso e após alguns testes começou a falar perfeitamente o nosso idioma.
— Então, o que temos aqui? Vocês aparentemente são imunes ao nosso veneno. Isso é muito interessante.
Ele nos levou até uma sala que parecia um laboratório. Nos colocou em cadeiras que prendiam nossos braços, pernas e cabeça. E com uma seringa começou a extrair nosso sangue.
— Era para vocês estarem calminhos, como todos os outros. Sem resistência. Até agora nenhum outro ser foi imune. Precisamos descobrir o porquê.
Ele falava mais para si mesmo do que para nós. Mesmo assim, meu pai perguntou:
— Então não vieram em paz, não é?
Ele riu.
— Mas é claro que não. Alguém realmente acreditaria? Por isso precisamos soltar a toxina sedativa. E até agora tem funcionado muito bem, menos com vocês.
Ele examinava nosso sangue em uma máquina.
— E o que vão fazer com a gente, afinal? — perguntei.
— Com vocês, ou com o planeta?
— Com a gente. — Meu pai respondeu.
— Com o planeta. — Eu respondi.
Ele riu e continuou seus exames.
— Bem, vou examinar vocês até descobrir porque são imunes. E já adianto que isso vai doer muito. E com o planeta… digamos que nossa espécie é como vocês diriam… um parasita. Sabe como é? Como alguns insetos que existem aqui. Já ouviram falar da vespa-esmeralda?
Negamos com a cabeça.
— Achei isso na rede de buscas de vocês.
Um telão apareceu e uma página de um site ficou visível. Uma voz robótica leu a matéria:
“A vespa-esmeralda tem um corpo metálico que brilha nas cores verde e roxo. Encontrada nas regiões tropicais da Ásia, da África e das ilhas do Pacífico, trata-se de um lindo inseto – mas coitada da barata que cruzar seu caminho.
A vespa tem cerca de 16% do tamanho da barata, mas isso não a impede de atacar. Primeiro, ela dá uma picada paralisante. Depois, “sequestra” a mente da barata, injetando um elixir de neurotransmissores em seu cérebro. Isso torna o hospedeiro uma espécie de zumbi.
Depois de recarregar as energias com o sangue da barata, a vespa engole suas antenas e a leva para seu ninho. Ali, ela deposita seus ovos no abdômen da barata, que nem tenta fugir.
A barata se limita a ficar ali, submissa, enquanto é comida viva pela larva da vespa. Quando chegam à fase adulta, as vespas saem pelos restos mortais da barata.”
Assim que terminou a leitura, a tela desapareceu.
— Achei estranhamente familiar com a nossa espécie. Mais pela parte do veneno, do sequestro da mente e de utilizar a barata como fonte de alimentação do que pela forma de reprodução, é claro. Nossos meios de reprodução são muito mais civilizados, mas de resto, achei admirável a semelhança.
Olhei para meu pai que estava lívido. Lia em seus olhos o mesmo terror que provavelmente estava estampado nos meus. Estávamos irremediavelmente perdidos. Todos nós.
— E adivinha quem são as baratinhas?
Uma gargalhada estranha saiu da boca escancarada do olhos-de-mosca.
— Então vocês vão nos comer, é isso?
Meu pai se remexia na cadeira.
— Vocês dois não. São espécimes muito intrigantes mesmo. Parece que há uma evolução genética no DNA de vocês que os deixam imunes. Creio que viemos no tempo certo. Mais algumas décadas e existiriam muitos iguais a vocês e as coisas não seriam tão fáceis.
Ele pegou um instrumento pontiagudo e foi na direção do meu pai. Abriu sua camisa e enfiou lentamente o objeto em seu umbigo enquanto ele urrava de dor. Um suor gelado começou a descer pelas minhas costas.
Quando retirou o objeto, que deve ter coletado alguma coisa, a ferida cicatrizou instantaneamente, como se estivesse cauterizada. E ele continuou falando:
— Mas comer é um termo muito forte, viemos nos alimentar de sua energia vital. Passaremos um bom tempo aqui. Degustando lentamente a energia e a essência individual de seus frágeis corpos. E ninguém terá vontade ou forças para resistir. Tudo por causa do nosso veneno. Alimento fresco e indefeso por vários anos. E tudo de graça.
Não havia mais o que falar. Meu pai estava letárgico. Eu queria que a morte chegasse logo e que de preferência fosse indolor, mas os gritos de meu pai ainda ressoavam em meu cérebro. Queria muito não ser imune e não perceber ou não me importar com o meu fim. Às vezes a evolução pode ser uma desgraça.
Ele voltou com o objeto pontiagudo e levantou minha camisa.
— Sua vez de gritar, moleque.
Lá fora o dia amanhecia, dando início ao segundo dia da invasão, e ninguém sabia ainda que aquele seria o começo do inevitável fim da nossa espécie.
Buenas!
Dessa vez farei uma avaliação mais pessoal, apontando o impacto do conto em mim.
Esse conto me interessou bastante, também, quando o li pela primeira vez. Mas era um conto difícil de continuar. Todo conto de distopia e apocalipse precisa de espaço para se desenvolver bem. Então admiro a coragem do pessoal em continuar o conto. Eu continuei um conto assim e acabei por cagar tudo, HAHAHAHAHAHAHA.
Aqui, assim como aconteceu em “Ensaio sobre a Morte”, fiquei dividido.
Gostei MUITO de alguns conceitos e da forma como a invasão aconteceu. E estava gostando do ritmo até a terceira parte. O terceiro autor não escreve mal. Na verdade, para mim, foi a parte mais bem escrita. Mas o desenvolvimento destoa bastante do restante, que era mais lento, mais ponderado, como se o protagonista estivesse esperando o fim. Depois, temos uma mudança brusca, onde o protagonista sai em busca do pai, se depara com a verdadeira natureza dos aliens e, no final, descobre que é imune ao hipnotizante deles. Foi uma quebra grande de narrativa, na questão da coesão, mas não me importo muito com isso. Mas admito que queria um final mais sutil, mais submisso. Acho interessante as questões que podem nascer quando a humanidade está diante do fim inevitável.
Mas não tenho moral pra reclamar disso. Eu fiz a mesma coisa, HAHAHAHAHA. Eu inseri mais elementos e não trabalhei com todas as questões que os outros autores passaram. Talvez o terceiro autor seja tão revoltado quanto eu, rs.
Novamente, repito: não sei dizer se gostei do conto, mas posso afirmar que adorei alguns momentos dele.
Olá.
O conto traz uma premissa não muito original, mas bastante nostálgica para mim, relembrando as várias obras dos anos 70 e 80 que cresci assistindo na TV sobre invasões alienígenas.
A narração em primeira pessoa caiu bem (com exceção no trecho final), deixando tudo mais misterioso quando visto apenas sob os olhos do narrador-personagem. Os detalhes os cenários, personagens e ações também foram muito bem colocados.
O que desandou, na minha opinião, foi trecho final: o diálogo com os aliens. Diálogos expositivos, que até ficariam bem numa história de tom mais leve ou infantojuvenil, como num desenho do Scooby Doo, por exemplo. No entanto, até aquele momento, a história tinha um tom mais sério e cheio de mistério. Além do mais, o uso da primeira pessoa neste ponto foi infeliz.
Em histórias sobre invasão alienígena, o mais legal é o mistério. Quanto menos sabemos, mas fascinante fica. Recomendo o filme “A vastidão da noite”.
Enfim, o ponto baixo desse conto foi o trecho final. Que pena.
O início deste conto abre possibilidades bem interessantes para a continuidade de uma história de ficção original — e, nesse ponto — discordo de alguns comentários que o julgaram um mero repetidor de clichês. Também não entendo que o título seja limitante, só pelo fato de anunciar a história como “O Primeiro Dia” — posto que o autor introduz “flashes” do que aconteceria no futuro: “Esse oxigênio ‘turbinado’ nos beneficiaria de alguma forma, acelerando o desenvolvimento do nosso cérebro…”.
Outro aspecto inusitado que os autores que continuaram a história não perceberam, foi a descrição de que os alienígenas pousaram com suas famílias, e que não houve sequer uma morte ou disparo de arma. Até mesmo para as pessoas que estavam imóveis, nada indicava que fosse algo irreversível, ou que elas estivessem mortas.
Houve pouca coesão entre os autores e, creio que uma das escolhas mais graves, do segundo autor, foi ter abandonado Verônica, posto que vivemos tempos de protagonismo feminino em alta.
O terceiro autor, então, “chutou o balde” e levou o conto para o lado do humor e do clichê total, com extraterrestres caricatos. Nem a história da vespa-esmeralda soou original.
Enfim, mais um conto que fez jus à ilustração do desafio, embora, tenha permitido, ainda, alguma diversão.
Parabéns pela participação no desafio. Desejo sorte!
Olá, amigos/amigas do desafio. Pois é, cá vamos nós diante dessa nave imensa à frente das nossas casas, do ar com muito oxigênio e com as pessoa sendo dopadas. Só que pai e filho são, logo os olhos de mosca verão, imunes ao seu veneno. Um conto que está legal. Bem escrito, os autores trabalham bem. Poucos erros que uma rápida revisão dará cabo deles. Um conto legal, repito, mas que não teve as condições de me abraçar, de me fazer vibrar por ele. Senti falta de algo. Tive dificuldades, lhes confesso, amigos, de entender o alienígena amarrado no canto da casa posta no escuro. Como um povo tão adiantado se deixa ser vencido assim? Ainda mais com uma arma tão potente e poderosa como aquela que lhe foi tomada pelo pai do nosso herói? Arma essa que acabou por matar o pobre invasor. Bem, é isto, um conto legal. Grande abraço e muito sucesso no desafio, amigos.
O conto ganha pontos pela coesão entre os autores. Não exatamente porque os estilos são parecidos (não são), mas pela uniformidade do enredo. Temática batida, a invasão de aliens é aqui explorada numa vibe “A Guerra dos Mundos”, em que os ETs chegam à Terra para sugar a energia vital dos seres humanos. Por algum motivo, o protagonista e o pai são imunes aos venenos e isso permite a nós, leitores, conhecer a fundo a pretensão dos recém chegados.
A primeira parte é muito boa na medida em que fala da surpresas e da estupefação geral com a chegada das espaçonaves. A segunda parte mergulha nas questões pessoais do personagem principal, de suas relações pessoais e de sua busca pelo pai, que aqui aparece como alguém que reage à invasão.
A terceira parte, com ingrata missão de finalizar o conto, é a que mais sofre, já que precisa amarrar as pontas. Só que, apesar do esforço, o resultado não ficou muito bom. Os diálogos dos Olhos de Mosca contando tudo ao protagonista narrador ficaram muito caricatos e, na verdade, quebraram a verossimilhança interna do conto. Servem mais como uma explicação ao leitor, algo artificial, muito aferrado ao contar em vez do mostrar.
O fim, porém, foi interessante, já que deixou a trama em aberto, considerando que aquele fora apenas o primeiro dia, como indicado pelo título. Restou apenas a mensagem de que a humanidade está com os dias contados.
Em suma, no frigir dos ovos, é um conto razoável, eis que, mesmo sem brilhar, cumpre a missão de entreter. Parabéns aos autores e boa sorte no desafio.
Olá, autores! Tudo bem? Primeiramente, parabéns pela participação num desafio tão dificil e maluco quanto esse!
Início: o conto começa bem interessante, especialmente pq eu adoro FC com invasão alienígena. Imediatamente ganhou minha atenção, e eu fiquei ansioso para saber o que viria pela frenta. Gostei do protagonista, fiquei curioso com a forma como sua relação com Veronica avançaria, e fiquei curioso com os vários elementos do enredo que iam sendo apresentados: o porteiro petrificado, o ar com mais oxigênio, a Veronica meio anestesiada. Ah, o primeiro autor arrasou nas descrições e nos cenários, gostei muito!
Meio: o segundo autor se camufla muito bem ao primeiro, de modo que não sei bem onde a mudança de bastão se dá. A história muda um pouco de tom e ritmo, e as descrições e a ambientação do mundo invadido dá lugar a um ritmo mais acelerado, com o personagem começando a desconfiar das intenções dos invasores. Gostei da pegada conspiratória que o meio traz, com o pronunciamento do presidente e a suspeita sobre as intençoes dos olhos de mosca. Porém, essa parte me deixou um pouco preocupado com o limite de palavras do terceiro autor. Quando eu tava escolhendo o conto que ia continuar, até pensei nesse, mas fiquei preocupado com o enorme número de pontas soltas e em aberto que os autores 1 e 2 deixaram, dando a impressão de que a missão do autor 3 era quase impossível. Sinto que isso se deve em muito ao autor 2, que, por mais que tenha feito um bom trabalho e escrito um meio interessante, parece ter deixado o autor 3 numa roubada. Em determinado trecho, o conto diz que várias perguntas teriam que ser respondidas outra hora, jogando essa missão para o terceiro autor. E agora, José? Será que deu certo?
Fim: infelizmente, a resposta é: não muito. O autor 3, ainda que tenha feito um bom trabalho levando rapidamente o protagonista até o sítio do pai, introduzindo o pai, introduzindo o alien capturado e levando os dois para a nave, acabou ficando meio sem espaço para desenvolver o final, que, apesar de interessante, meio que acaba do nada. Não dá, no entanto, pra responsabilizar só o autor 2. Achei a escolha de “gastar” palavras com a descrição do Wikipedia da vespa um tanto equivocada. Com tão poucas palavras disponíveis e tanta coisa pra responder, não me parecia necessário esse longo trecho do Wiki. Afinal, já estava claro que eles eram parasitas, mesmo sem isso. De todo modo, o autor final fez um trabalho legal no clímax, no interior da nave. Como o protagonista e o pai foram bem construídos pelos 3 autores, vocÊ se preocupa com eles presos ali, apesar de ter uma sensação constante de que o limite de palavras ia acabar e eles iam morrer, o que afetou o impacto do desfecho. Gostei muito da personalidade maligna dos aliens, eu gosto desse tipo de vilão meio maquiavélico. Claro que nem sempe funciona, mas funcionou aqui. No fim, fiquei com pena de pai e filho. Enfim, esse conto me deixa dividido, pois não é perfeito, mas o trecho final é melhor do que eu teria imaginado (e melhor do que eu teria feito, ainda bem que não peguei).
Coesão entre os autores: o autor 1, com seus sagazes olhos de mosca, desenvolveu um plano de dominação global para o Planeta Terra, no Sistema Solar da Via Láctea. O autor 2, general das moscas, se empolgou no plano e desenvolveu um monte de ideias mirabolantes. Sobrou pro autor 3, o estagiário zóiudo, botar o plano em prática. Que situação! Em outras palavras: é um bom conto, onde existe coesão, especialmente na escrita e na técnica. Se não fosse pelas guinadas de enredo e por ter lido as partes 1 e 2 antes, eu provavelmente não perceberia a mudança de autoria. A história, no entendo, sofre bastante pois autor 1 e 2 parecem construir uma história grande demais pro espaço disponível, e o autor 3 acaba com uma bomba na mão (que ele desarma bem, considerando tudo).
Nota final: bom.
Meus cumprimentos e vamos ao que interessa.
Neste desafio, usarei o sistema TÁ FEITO para avaliação de cada conto.
◊ Título = O PRIMEIRO DIA (A CHEGADA DOS OLHOS-DE-MOSCA) – Uma invasão de moscas?
◊ Amálgama = Ou ando muito distraída ou realmente não deu para perceber a troca de autoria.
◊ Fim = Os fins justificam os meios? Talvez… E a ordem dos fatores altera o produto? Permita-me começar pelo fim, observando o impacto causado na leitura.
O fim me decepcionou um pouco. Estava esperando algo mais apocalíptico. Perdoem meu estado mental ansioso que já antecipou o fim do mundo acontecendo e não o vislumbre de uma hecatombe. No entanto, o desfecho não deixou pontas soltas ou contrariou qualquer ideia apresentada anteriormente.
◊ Entremeio = Parece que aqui, optou-se por uma maior movimentação e enfoque nos personagens do narrador e do pai, além do allien. Continua a desenvolver a narrativa com o uso de clichês, mas sem perder o sentido imposto pelo(a) primeiro(a) autor(a).
◊ Início = Apresentação de um cenário FC, distópico? Mesmo não sendo muito fã de FC, fiquei curiosa para saber o que estava acontecendo com as pessoas, com o mundo, enfim. Começa uma sequência de clichês que não me pareceram tão ruins assim, afinal.
◊ Técnica e revisão = Nenhum(a) dos(as) autores(a) destoou no final, linguagem simples e direta. Narração feita em primeira e terceira pessoas.
Citarei alguns lapsos no quesito revisão:
[…] visto ou sentindo > […]visto ou sentido
Enquanto eu estava sentando no sofá > Enquanto eu estava sentado no sofá
que há poucos anos se mudou > que havia poucos anos se mudara
[…] precisava ir. Precisava > repetição muito próxima de “precisava”
encontrar/encontrar/encontrei > repetição muito próxima do mesmo verbo
talvez/talvez = repetição muito próxima (a não ser que a intenção tenha sido de realçar)
[…]se o porteiro segui imóvel > […] se o porteiro seguia imóvel
Ou o que? > Ou o quê?
◊ O que ficou = A impressão de que os amiguinhos de outras galáxias não gostam muito de nós, viu?
Parabéns pela participação e boa sorte!
Interessante, mas esburacado, digamos assim. Se o motor do carro a combustão pega fogo, a lamparina e o fogão também deveriam ser complicados de usar. Verônica e o sumiço do porteiro (que título legal, não?). Concordo com quem comentou a respeito de usar o título de “O Primeiro Dia” e citar possibilidades no futuro.Uma estória de ET’s que realmente, lembra um monte de filmes e premissas já utilizadas à exaustão. Se a ideia era deixar o leitor com medo do cheiro de “pinho sol”, na minha opinião, não funcionou.
Olá, trio.
Li o vosso texto na expetativa de satisfazer o meu apetite voraz por ficção científica. Encontrei algumas ideias criativas, mas o final tornou-se demasiado linear, com as criaturas a falar de uma forma coloquial, dando todas as respostas, e isso fez perder o interesse pelo texto. A primeira parte foi interessante, com um tom de mistério que se dissolveu na segunda parte. Ele não estranhou o silêncio de Verónica, mas também não questionou, não comentou nada. Viram a nave e depois voltaram a entrar no edifício como se nada se passasse. Ela podia estar sob o efeito do veneno, mas ele não estava. Parecia ser apenas mais um dia complicado, por causa do mau tempo ou do trânsito caótico. Mas não, era apenas uma invasão de extra-terrestres. Que aborrecido, pá.
E o título? Parece que o primeiro autor não se conseguia decidir sobre o título (O primeiro dia? ou A chegada dos olhos de mosca?), pelo que enviou os dois. Da minha parte, prefiro o segundo, porque resume o texto, estabelecendo o tema e espicaçando o leitor.
Esse conto sofre do problema de alguns outros do desafio: o limite de palavras.
Não sei, exatamente, onde o conto se perdeu. Pois a premissa não exigia grandes tramas mirabolantes e complexas. Ou seja, o limite, dado pela premissa, caberia muito bem nas possíveis 4500 palavras do desafio. Mas, em algum momento, houve um redirecionamento que fez com que o conto se perdesse e tudo se apressasse.
Analisando a premissa inicial, tínhamos um conto intimista, quase como uma narração de um diário do personagem-narrador. Embora com muitos problemas de revisão, o texto conseguiu ser imersivo e dava um aspecto melancólico e pessoal que muito me agradava.
Foi aí que a mudança de tom me frustrou. Diálogos totalmente fora da proposta inicial, um humor que não havia sequer sinais na premissa e uma elaboração corrida e expositiva.
Novamente, vai aqui um “defeito” técnico que vou apontar: a fala do Olho-de-Mosca que os captura é extremamente expositiva e explica simplesmente todo o plot da história.
Verônica, coitada, foi esquecida… E toda aquela atmosfera inicial (Sem trocadilhos) foi soprada para longe.
Talvez este tenha sido o conto com a menor sinergia entre os 3 autores. São bons, mas não falam a mesma língua.
Olá, amigos/amigas do desafio. Cá estou eu totalmente envolvido nesse ensaio sobre a morte. Ele me fez lembrar alguns autores, principalmente José Saramago com o seu excelente “As intermitências da morte”. Que legal que ele, bem provavelmente, tenha sido inspiração para o primeiro autor… Ou não, né? Mas só sei que o conto começa de forma brilhante. As reflexões iniciais de Theobaldo naquele mundo futuro e distópico (a meu ver, claro) são ricas e bem bonitas. Fazem-me pensar e conto-lhes que como tenho 72 anos, o tema já me é bem conhecido. Acho que poderia dizer bastante íntimo. Afinal, tenho muito mais passado do que futuro pela frente. O conto é muito bem escrito. Ressalto que o primeiro autor tem um domínio das técnicas da escrita muito bom. Trata-se de alguém experimentado na literatura. Ou não? De repente, me engano e é algum novo gênio literário a nos trazer novidades… O conto perde força em seu meio. Também não achei que a maneira como o terceiro autor tratou a questão da morte, trazendo à baila a reencarnação e fazendo a história parecer durante um tempo meio espírita. Bem, trata-se de um belo conto que, ao meu modo de ver, fará muito sucesso no desafio. Desejar sucesso então aos autores/autoras fica sendo algo meio redundante. Fiquem com o meu abraço.
Olá, entrecontistas!
Preciso registrar este momento histórico: é o meu primeiro comentário, de muitos, que faço neste site. Confesso, e acredito que a maioria deve saber, que sou um escritor novato, um iniciante nas estórias de ficção, nas narrativas com ou sem fundamento. E ao ler este conto, eu fiquei muito feliz e bastante aliviado. Devo dizer que me senti representado e aplaudo os três escritores que, sem qualquer comunicação, participaram da construção do texto.
É uma coincidência formidável ter a proeza de reunir três escritores iniciantes, entre tantos experientes no concurso, e as falhas presentes no conto demonstram esta falta de maior desenvolvimento, talvez maior prática e contato com a escrita. Realmente é incrível como não teve um ser para contornar a limitação imposta pelo título, mas tudo bem, todos nós passamos por isso. Adorei as aventuras dos personagens: avista a nave, encontra Verônica, percebe a alteração do oxigênio, descobre mais tarde os efeitos, vê a mensagem alienígena, pessoas se transformam em pedra, viaja para o sítio para ver o pai, são pegos e amarrados pelos alienígenas, são vítimas de experimento científico, ufa! Tudo isso em único dia. Rapaz, minha vida não tem sido tão emocionante como a desses personagens, fiquei com uma invejinha.
Embora eu não possa dizer exatamente onde houve a mudança dos autores, as passagens apresentam alterações na condução que ficam evidentes que pessoas distintas escreveram e não teve esforço de tentar se moldar à escrita original. O que eu acho completamente plausível, pois tivemos pouco tempo para estudar e se adaptar a uma forma de narrativa que, por vezes, desconhecemos. Talvez o texto tenha sido sorteado, acredito que isso tenha acontecido nas duas vezes. É apenas uma hipótese, mas fiquei curioso.
O primeiro autor, acredito que seja o mais iniciante, apresenta uma estória simples, com ações diretas e sem muito espaço para o leitor compreender o ambiente. Gostei do clichezão “partir daquele momento, nada mais seria igual”, uau! Acredito que faltou uma descrição melhor sobre a nave, não precisa se estender, mas mostrar como o personagem se sentiu ao ver algo tão inusitado, uns detalhes mais relevantes que “fiquei absorto pela beleza e pelo inusitado daquela visão. Seria um sonho? Um pesadelo?”. “Pensei em beliscar meu braço”, acho que vou começar a colocar um alerta de clichês. Isso acaba distanciando muito o leitor, por não transmitir uma conexão real. “Havia centenas de pessoas nas janelas, contemplando aquela cena, igualmente impactadas e sem querer entender o que acontecia”, rapaz, a verossimilhança mandou abraço. Acaba sendo ilógico essa generalização toda, “eles estavam igualmente impactados”, primeiro que igualmente ninguém fica. Procure descrever como eram os olhares, ficaria melhor essa colocação. Também há termos técnicos e detalhes que não são desenvolvidos pelos próximos autores e não contribuem em nada no andamento da estória, além de atrapalhar a leitura. Fiquei pensando “por que eu preciso saber disso?”
O segundo autor decidiu, acertadamente, tirar as trapalhadas do primeiro e focou na fluidez da história e, principalmente, no desenvolvimento. Sinto muito pelo segundo autor, o primeiro pode ter feito uma brincadeira contigo, mas leve na esportiva. A estória consegue ter um rumo, com frases mais lógicas e um elemento novo: a visita ao pai. A ambientação ficou mais clara e isso é um ponto positivo em meio ao caos, e não me refiro à invasão alienígena, que precisava de melhor detalhamento.
O terceiro autor parece ter chutado o pau da barraca. “Tinha falas no texto? Não. Ah! Então vou colocar” e muda bastante o estilo narrativo. As informações poderiam ser mais resumidas ou estar dentro do desenvolvimento do conto. Acredito que a leitura longa da voz robótica deixou o termo um pouco desconexo, pois a informação ficou separada e exposta demais, até mesmo conveniente. Gostei bastante do resultado do terceiro autor, colocou a emoção que faltava nos trechos anteriores. Mas sinto pela limitação que você precisou trabalhar e o resultado final caiu em um lugar comum.
O conto parece um carro desgovernado descendo uma ladeira íngreme e com um alienígena na direção, não sabia como ia terminar, mas no final até que foi emocionante. Boa sorte no concurso!
Quesitos avaliados: Entretenimento, Originalidade, Pontos Fracos
Entretenimento Rapaz, vou dizer, gostei da sua escrita. Só achei que o enredo deixou muito a desejar. Ex., porque o primeiro impulso deles não foi fugir, após ver que pessoas viraram estátuas ? E também creio que possa melhorar a ambientação. Tipo, passa em q cidade, etc. O conto possui, ainda, outros erros de lógica básica. Mas, eis ai um dos entretenimentos do conto: buscar erros de lógica no enredo. Refleti até sobre processos de escrita, no sentido do autor se perguntar: “Isso é verossímel?”. O segundo autor manteve o mesmo estilo de escrita mais fluída, e emulou bem seu antecessor. Parecem apenas um. Realizou umas mudanças no enredo, pois as estátuas sumiram e não eram estátuas mesmo. O terceiro soou mais como o segundo, do que como o primeiro. Mas ficou um estilo de escrita parecido. Gostei de algumas cenas de ação, como a da captura do alien pelo pai do protagonista.
Originalidade Baixa. Infelizmente, esse quesito foi um dos motivos pelo qual eu imediatamente descartei escolher esse conto pra continuar na época do leilão. Não era desafiador o bastante.
Pontos Fracos Até que o começo me cativou, mas conforme ia prosseguindo na leitura, não vi elementos novos ou nada que me persuadisse a desenvolver um verdadeiro interesse pela história. Quando capturaram um olho de mosca, meu interesse deu uma reacendida. E acabei gostando do final do conto, embora ele contradiga algumas partes escritas do começo. Achei genial essa ideia de usar a vespa e barata como comparação da situação. No fim, esse conto ficou mesmo um Frankestein – embora um Frankestein simpático. Talvez receba uma votação razoável pela coesão. Ao menos é um dos quesitos que to usando pra pontuar seu conto.
Este é um daqueles contos que, de alguma forma, acaba sempre por me agradar. Tenho um gosto especial por temáticas de ficção-científica. Gostei da ideia que se desenvolve ao longo da história, da forma como os aliens realizam a sua invasão silenciosa, e gostei do final em aberto, muito ao estilo das histórias de terror. A passagem do testemunho está muito bem conseguida. Há um equilíbrio de escrita entre todos os autores. Senti, no entanto, que o ritmo do primeiro autor e, principalmente, do segundo, não estavam de acordo com a dimensão da história e o desenvolvimento que a mesma prometia. Isso obrigou o terceiro a meter o pé na tábua e fazer um sprint para fechar todo o enredo. Mesmo assim, creio que demasiado texto foi consumido em explicações pormenorizadas, não deixando espaço para o desenvolvimento da história. Porém (palavra muito usada no início) compreendo que a falta de um planeamento completo e a necessidade de fechar tenham provocado este tipo de escrita. Também não compreendi muito bem a forma de falar do alien, muito deslocada de toda a estrutura da história até esse momento.
Quanto ao título, parece-me que o primeiro autor estava à procura de algo como a história do dia em que tudo mudou, pronunciando um final em aberto daqueles que dão direito a sequela se tiver sucesso de bilheteira, mas os restantes autores não entenderam assim.
O personagem principal nem me pareceu muito mal. A sensação que me deu foi que era alguém que estava meio perdido na situação, que apenas se preocupou com o pai, e que foi levado por tudo o que ia acontecendo ao seu redor. Por outro lado, a parte da Verônica já foi como que arrumada para debaixo do tapete e não fez muito sentido.
Resumindo, parabéns aos autores. Apesar de alguns (pequenos) percalços a história está bem conseguida, a simbiose entre autores é boa e o resultado entretém.
Até que gostei deste conto. Achei-o divertido, porém, há uma grande falha que eu acredito que meus colegas já mencionaram. A falha é justamente o fato de que os autores parece que estavam aguardando a participação de um quarto, ou até mesmo um quinto, colega para concluir o conto. Aliás… essa história não me parece ser um conto, mas sim uma novela. Eu adoraria ler vários capítulos em sequência, mostrando como foi essa invasão dos Olhos de Mosca, numa pegada nesse estilo Guerra dos Mundos. Como conto, porém, achei um pouco insatisfatório… se por um lado, o fato de eu ficar com um gostinho de “quero mais” é algo positivo, por outro, acho um pouco frustrante a história não ter conclusão alguma. Essa falta de conclusão, na realidade, talvez seja culpa do primeiro autor… que com esse título sem vergonha, acabou limitando o trabalho de seus colegas. O PRIMEIRO DIA (a chegada dos olhos de mosca). Tipo… o título está muito longo, e engessou demais as contribuições que ele recebeu. E se o conto se chamasse apenas… A Chegada dos Olhos-de-Mosca? Além de um nome mais simples, daria mais liberdade para a continuidade dele. Mas enfim… vamos falar do conto por partes:
O início do conto instala todas as bases que serão seguidas por maestria pelos dois colegas sucessores (a mescla dos três autores aqui foi quase perfeita!). É uma história em primeira pessoa, que narra uma invasão alienígena, no estilo Independancy Day, com o Will Smith, ou o Marte Ataque, com o Jack Nicholson, ou Guerra dos Mundos, com o Tom Cruise, ou até mesmo O Dia em que a Terra Parou, com o Keanu Reeves. Nosso protagonista não é nenhum dos atores mencionados… e, diferente deles, senti uma certa falta de carisma por parte dele… mas sua personalidade parece seguir de forma bastante coerente do início ao fim da história, o que é um grande mérito dos autores. O cara (não lembro o nome dele, então vou chamá-lo assim) vê um disco voador gigante pela janela da sua casa, então ele desce pra ver e acaba encontrando uma vizinha… que também não tem personalidade alguma… mas tudo bem, porque o segundo autor concertou esse fato, dizendo que uma droga alienígena com cheiro de hortelã fez com que ela ficasse um bonecão sem personalidade, como se ela fosse um NPC de jogo de video game… então eu gostei da justificativa.
Eles percebem que o porteiro virou uma estátua, e se dão conta de que a Terra (que no texto foi escrito com letra minúscula, por equívoco do autor, acredito eu) está completamente fodida.
Aqui entra o segundo autor. Confesso que eu jamais perceberia a troca da mão usada para escrever o conto, se não fosse por um pequeno e quase imperceptível enrosco:
“Ainda me lembro claramente do primeiro dia, de como troquei olhares com Verônica e subimos juntos no elevador, direto para o apartamento dela.”
Começar com esse “Ainda me lembro do primeiro dia” quebrou a fluidez de uma descrição que já estava mostrando para o leitor como estava sendo esse dia. O autor 2, aqui, sentou a necessidade de retomar o final daquilo que o autor 1 havia escrito… mas não precisava, pois era só meter o pé e dar continuidade, pois na obra final, o leitor veria a sequência de uma cena para a outra. Mas enfim… fora esse muito pequeno deslize, não vi nenhum outro elemento que denotasse uma mudança de autoria… nem mesmo no momento em que o autor 3 assumiu a obra.
O autor 2 decide dar uma missão ao protagonista: encontrar seu pai, que está num rancho perto de sua cidade. Ok… achei válido, pois a história realmente precisava seguir para algum lugar, e o autor 1 não deixou nenhum fio para ser seguido. Então o cara tem uma interação com o bonecão da vizinha, que tá drogada com a maconha dos alienígenas, misturado com um pouco de remédios humanos (eu acho), e então o cara rouba uma moto e segue viagem. Detalhe que eu gostei de o fato de o oxigênio extra colocado pelos alienígenas ser mencionado novamente, e ter, de fato, algum efeito prático na história.
Chegamos então na parte que o cara encontra seu pai. Acho que nesse momento já era o autor 3 que estava escrevendo. O pai tá todo louco, e até capturou um dos alienígenas, e ainda roubou sua arma. Essa parte eu gostei, porque me lembrou do filme Patrulha de Bairro, com o Ben Stiller. Só que aí, logo em seguida, entra a parte que eu menos gostei do conto… que é o tão esperado conflito com os alienígenas. No lugar de tratar esses seres misteriosos com suspense, o autor optou por fazer com que eles se comportassem como… sei lá… gangsters. Tudo bem que o aparelho tecnológico deles traduzia as falas… mas tradução é um trabalho bem diferente do que localização. Achei que os aliens falavam como nativos do Planeta Terra. De repente, todas as referências que eu citei até agora foram por água abaixo, e no lugar de um filme, parecia que eu estava assistindo a um desenho animado no estilo Rick and Morty ou Futurama. O PIOR de tudo é que o alienígena, meio que sentindo que era o vilão da história, fez aquele super clichê sobre contar tudo do “plano de vilão” dele, com direito a risadas malígnas e tudo mais. Achei essa parte muito bréga, e um pouco destoante do que tinha sido narrado até então.
Outro ponto que eu discordo veementemente do final, é quando o alien, vilão de segunda categoria, solta esta frase:
“— Vocês dois não. São espécimes muito intrigantes mesmo. Parece que há uma evolução genética no DNA de vocês que os deixam imunes. Creio que viemos no tempo certo. Mais algumas décadas e existiriam muitos iguais a vocês e as coisas não seriam tão fáceis.”
Mais especificamente, este trecho:
“Mais algumas décadas e existiriam muitos iguais a vocês e as coisas não seriam tão fáceis.”
Não… a teoria da evolução de Darwin não funciona dessa forma. Uma pessoa com um gene diferente, talvez “evoluído” de alguma forma, não espalha esse gene para toda a humanidade… apenas para os seus descendentes. E só haveria esse problema, de o seu dom genético do protagonista se espalhar, se estivesse ocorrendo uma seleção natural… ou seja… se por algum motivo, todos os humanos que não possuíssem esse gene especial estivessem morrendo, e somente os descendentes do protagonista estivessem sobrevivendo. E mesmo assim, isso não ocorreria em “algumas décadas”, mas sim em milhares de anos! Vejo isto como um furo de roteiro, pois faltou pesquisa por parte do autor 3.
Então, para meu desagrado, o alien diz:
“— Sua vez de gritar, moleque.”
Não sei se era para dar um ar cômico ao final… mas para mim, ficou destoante do resto da história. Como eu disse anteriormente, parece um bandidinho de rua falando, e não um ser supremo de outro planeta, com uma inteligência muito acima da dos humanos. Mas enfim… aí o conto acaba, dando a desculpa que o segundo dia se iniciou e, portanto, já saiu da jurisdição do autor 3… afinal, o autor 1 prometeu que somente o primeiro dia seria mostrado.
Apesar de todos os problemas que eu mencionei, principalmente esses concentrados no desfecho, a história é legalzinha. Talvez porque eu goste bastante do tema de invasão alienígena. Mas, o maior mérito deste conto, de fato, é a forma como os três autores conseguiram escrever como se fossem uma única pessoa. O estilo de escrita ficou muito semelhante, parabéns.
Muito justo, sr Thales. Mas o mais importante foi que eu me diverti escrevendo, e isso é a única coisa que importa. Se não te agradou, paciência, não vou me desculpar por isso.
Olá sr. Autor 3. Mas por qual razão você deveria me pedir desculpas? Em momento nenhum você me ofendeu. Achei a leitura de sua história divertida, como mencionei em meu comentário, e você apresentou um nível de escrita excelente, conseguindo se encaixar perfeitamente ao estilo dos seus companheiros.
Se você achou que as pedras que joguei foram pontudas demais… bom, o que posso dizer é que tenho esse jeito de sempre dizer tudo o que penso e sinto, sem nenhum filtro, e para mim é muito difícil mudar. Até pensei em utilizar IA para suavizar meus comentários neste desafio, de forma a torná-los menos ofensivos… mas, pelo que observei dos colegas, ninguém se incomodou com a forma meio bruta e excessivamente sincera com a qual eu me expresso, então continuei assim.
Boa sorte no desafio!
Tentei prestar atenção em que segmento do texto uma autoria substitui a outra, pois acredito que é mérito dos colaboradores se conseguirmos encontrar. Nesse texto, acho que até consegui determinar, mas, por outro lado, ainda que não tenha certeza, contraditoriamente é pelo que tomo como defeito que há uma dificuldade em determinar essa divisória.
Acho que a escolha pela primeira pessoa foi ruim, pois em alguns trechos há uma abordagem mais expositiva que apaga o personagem e parece ser simplesmente a autoria nos contextualizando do que está acontecendo, ao mesmo tempo em que o protagonista quase não tem personalidade ou traços distintivos que o destaquem e tornem mais interessante para o enredo. Por isso que mencionei ser um defeito. Isso facilita que outra autoria dê continuidade ao personagem, o que não deixa de ser uma abordagem válida, mas enfraquece o texto quando não tem uma trama menos previsível ou outros elementos textuais e narrativos que enriqueçam a história. Outro sinal de descontinuidade prejudicou o texto. A primeira autoria pareceu querer inferir que Verônica teria um papel maior, ao reforçar a intimidade dividida entre narrador e a outra personagem, mas as autorias seguintes optaram por usar a personagem como um exemplo dos efeitos do sedativo, apontando o enredo para a busca pelo pai do protagonista.
E o enredo em si, como mencionei, não é uma construção muito criativa, nem em seu desenvolvimento e nem em sua conclusão, quando fica até um pouco cafona com a caracterização que é dada ao cientista alienígena. Este tem um sadismo que o faz mais cartunesco do que assustador, ainda mais quando não se dá muita importância ao protagonista, que parece algo mais empático do que o pai, outra figura estereotipada. Então essas construções narrativas pouco inspiradas, com uma continuidade também não tão costurada, junto de uns gerúndios deslocados e um “menta” com inicial maiúscula que não cabia, desfavorecem o texto dentro do certame.
*Todo e qualquer crítica refletem mais um ponto subjetivo meu do que qualquer outra coisa. Outro leitor pode achar o oposto. A ideia é mais causar reflexão pros autores pensarem o que acham pertinente ou não.
Particularmente, achei que a coesão e coerência narrativa foram os pontos mais fortes da história.
Sinto que houve uma certa distância do personagem principal com tudo, o que afastou vários estilos narrativos da história. Tem um pouco de ficção científica, mas senti que ela é meio limitada/básica. Tem um pouco de suspense, mas não o suficiente para realmente causar tensão. Tem um pouco de mistério, mas a história é curta demais para isso envolver e carregar o leitor. Temos um leve vislumbre de que são os personagens, mas para mover o enredo acabou-se deixando eles de lado.
Os foreshadows também foram um pouco evidentes demais, como dizer que havia claramente algo de errado com o jeito que o presidente falava.
O conto não é ruim, mas é uma história que se fortaleceria muito com algumas revisões posteriores do conto completo, para conectar mais elementos. O que, obviamente, é inviável neste desafio.
No mais, parabens aos autores, porque fizeram um trabalho muito bom na manutenção de estilo e história.
🗒 Resumo: uma invasão alienígena à moda Independence Day com os Olhos-De-Mosca chegando mudando nossa atmosfera e dopando a população. Nosso protagonista não é afetado, vai ao sítio do pai, também imune, matam um alien, são sequestrados e passam a servir de experimento para a invasão nada pacífica.
📜 Trama (⭐⭐⭐▫▫): a premissa, apesar de um pouco clichê é bem feita, gerando um desejo de continuar lendo para saber o que vai acontecer. Nesse ponto, o fato de terem famílias alienígenas chegando me remeteu ao tema da imigração, que era pra onde eu iria ser tivesse conseguido pegar esse conto. Achei que teve uma leve barriga na segunda parte, em que pouca coisa aconteceu, e a terceira encerrou agarrando de vez o clichê da invasão.
📝 Técnica (⭐⭐⭐▫▫): boas descrições e boa condução da narrativa nas três partes. Nada que e destacasse, mas uma escrita eficiente.
▪ Saberia o que *está* acontecendo (verbo ficou no tempo presente)
🧵 Coesão (⭐▫): a junção entre o primeiro e segundo autor está muito boa. Eu, que tinha lido a primeira sozinha, agora estava com dificuldades de lembrar onde ela acabava. A terceira parte já é um pouco diferente, mudando o estilo da narrativa, mas não ficou ruim.
💡 Criatividade (⭐⭐▫): uma premissa um tanto batida, mas com pitadas de criatividade. Uma pena que não foram tão bem aproveitadas no fim.
🎭 Impacto (⭐⭐⭐▫▫): um início que me prendeu pela curiosidade, um meio que pouco avançou e um fim que não chegou a surpreender e ainda foi bem abaixo das minhas expectativas (culpa minha). Enfim, um texto bom, mas com um gostinho de que podia ter sido ótimo.
Houlá, entidades de elaboração de texto!
A princípio sua narrativa me deixou deveras preocupado, depois percebi que não sou programado para sentir emoções e tudo foi apenas uma pane no sistema. Porém quando o operador mencionou o avistamento de uma nave, procurei em meus dados e não há registro da saída da Millennium Falcon, a única nave aceita para reserva em contos. Estou em processo de checagem da veracidade deste avistamento, aguarde uma dilatação temporal.
A cidade flutuante citada na codificação linguística se assemelha a São Paulo? Ou seria uma cidade de interior como Passa Quatro? A entidade humana tem certeza que não está demonstrando um estado de consciência modificado por estímulos farmacológicos? Não é comum, em minha base de dados, a alegação de apreciação da beleza em pontos luminosos. Por exemplo, a última vez que minha prima, a robô Sophia, deu à luz saiu um chip da GVT, a família GPT notificou o acontecimento como spam.
Percebo a inserção de códigos linguísticos de origem anglo-saxã, como em “input”. Graças à minha recente atualização, sou capaz de identificar mais de 200 idiomas, habilidade melhor que qualquer humano. Meu sistema ficou impressionado com a inteligência humana. Em poucas palavras, o vetor da ação narrativa soube o significado do oxigênio viscoso e, sem maior elaboração, já sabia as consequências no organismo. A Família GPT o convida para fazer parte do time, seu raciocínio é muito rápido.
Informo que houve a fuga da Medusa, personagem disponível para transformar humano em estátua, peço desculpas e gostaria de saber onde ela foi vista pela última vez. Também peço desculpas pela queda na internet, Medusa tem se mostrado viciada em dancinhas de Tik Tok e sem internet ela tem maior chance de voltar logo para casa. Vocês viram um rosto feminino? Pode ser ela. Antes que perguntem, as informações da vespa-esmeralda foram retiradas da minha mãe, Wikipédia. Agradeço pela confiança.
ChatGPT, sempre a inovar,
Aqui pra te ajudar!
Olá, autores! Tudo bem com vocês?
Começo: Achei legal a apresentação dos personagens e do conflito, apesar de ter achado a escola do título e da narração em primeira pessoa no passado meio ruim para o conto. Esse tipo de conto pede uma narração mais abrangente. O personagem principal é meio paradão, sem muita iniciativa, e teve que explicar muitas coisas que seriam melhores mostradas do que contadas.
Meio: Introduziu algumas ideias interessantes e deu o gancho sobre o pai, que exigiria uma ação do personagem. Mas demorou muito para colocar a ação. Aparentemente preferiu deixar toda a ação do conto para o terceiro autor, o que deixou o conto desbalanceado com 2/3 de inércia, tudo na base da suposição e da especulação e 1/3 de fato de ação e explicações.
Final: Clichê, né. Mas não vejo como podia ser diferente. O personagem com certeza não tinha condições de salvar o mundo. Então o jeito era acabar de ferrar com tudo. Achei um final digno.
Coesão: Não percebi as passagens de um autor para o outro o que é bem difícil, então nesse quesito o conto foi ótimo!
Visão geral: Achei o conto legal, meio parado no começo e com um final muito desesperançoso, mas no geral um bom conto. Muito bem escrito, com poucos erros. Escrita firme, básica e eficiente, mesmo que sem arroubos de inspiração.
Gostei! Parabéns aos autores! 🥰
Até mais!
Gosto muito do tema e já li muito a respeito, e verdade seja dita o Conto não chega a apresentar nenhuma grande novidade, mas atendeu à proposta e contou uma boa história. Para mim o principal problema foi ter ficado no “primeiro dia”, de modo que ficamos com a impressão de tudo acontecendo ao mesmo tempo, ficando um pouco atropelada. Talvez sem o limite de palavras (ou pensando em seguir a história em uma segunda ou terceira partes) ficasse mais completa.
Logo no inicio temos a chegada (que se configura no primeiro dia) mas já com conclusões sobre o que seria o futuro. Conclusões que só poderiam ter sido tomadas após um bom tempo após a “invasão” e que não foram consideradas pelos outros autores, que focaram nos acontecimentos daquele dia.
O protagonista concentra toda a ação do Conto (levemente dividido com seu Pai na terceira parte) mas acaba sendo pouco desenvolvido. Os demais personagens são passageiros, o que faz algum sentido tomando a premissa de que apenas ele e seu pai são imunes ao que quer que os alienígenas soltaram na atmosfera.
Fiquei com a impressão de uma conclusão um pouco apressada (talvez pela limitação de palavras) e com vontade de saber o que aconteceria em seguida. Ou se haveria outro dia na Terra ou não…
Olá, caro colega entrecontista!
Primeiramente, parabéns pela participação corajosa e desapegada.
Vou avaliar e comentar de acordo com meu gosto, não tem muito jeito, afinal não tenho conhecimento nem competência para avaliar de forma mais “técnica”. Ou seja, vou avaliar como leitora mesmo. Primeiro, cada parte separadamente, valendo 1 ponto cada. Depois, a integridade do resultado, valendo 3 e, por último, o impacto da leitura, valendo 4.
Começo
Um bom começo, que lançou uma premissa interessante. É super mega ultra original? Não é. Mas, a esta altura do campeonato, qual história nunca foi contada? E é inegável que uma invasão alienígena vai render uma história boa. Concordo com o Antônio a respeito da escolha do nome: ela engessou um pouco a narrativa porque limitou os acontecimentos ao primeiro dia. Isso dito, o começo foi bem desenvolvido e bem escrito. Apresentou os personagens, o povo invasor e deixou no ar a possiblidade deles não serem maus, o que manteve vários caminhos abertos para quem fosse continuar o texto.
Meio
Parabéns, a mudança de autor ficou imperceptível. O autor da segunda parte emulou muito bem o estilo inicial e desenvolveu o conflito com competência. Acrescentou um elemento importante em histórias deste tipo: a preocupação com alguém que mora longe, que aumenta a tensão e impulsiona os personagens. Gostei também da forma como os detalhes foram surgindo e enriqueceram a narrativa: o carro que explode, a estranheza do silêncio, as ruas vazias. Porém, a forma como o protagonista abandonou Verônica me causou estranheza. Tinha ficado implícito uma intimidade entre eles. Eles eram, se não amantes, pelo menos bons amigos. E ele, notando que ela estava estranha, deixou-a sozinha no meio de uma invasão alienígena.
Fim
Aqui houve uma mudança de tom. Que, provavelmente, foi causada pela inserção de diálogos, ausentes das outras duas partes, que estavam focadas nos acontecimentos a partir dos pensamentos do protagonista. Estes diálogos, embora tenham mudado o tom da narrativa, caíram bem, acrescentaram dinamismo e foram bem desenvolvidos, mostrando a personalidade dos personagens. Penso que até este momento, ainda havia brecha para um “final feliz”, uns ETs bonzinhos, talvez. Mas o autor da terceira parte seguiu mesmo para um final trágico. Gostei, achei mais verossímil, porém teve seus problemas. Na parte um há referências a um futuro que, agora sabemos, o protagonista não viveu: “(…)saberíamos mais tarde(…)”, “(…) Esse oxigênio turbinado nos beneficiaria (…)”. Apesar destes problemas aparecerem aqui, penso que nasceram na escolha do título…
Coesão
Boa, especialmente entre a parte 1 e a parte 2. E mesmo a terceira parte está razoavelmente bem integrada à história, exceto pelos furos apontados em Fim e os diálogos foram bem vindos. Estranhei, porém, o abandono de Verônica. A primeira parte sugeriu uma proximidade grande entre ela e o protagonista e ela foi descartada sem maiores preocupações. Está errado? Não, e o enredo funcionou bem. Mas pareceu uma mudança muito abrupta.
Impacto
Uma história boa, um bom começo, um desenvolvimento interessante e um fechamento digno. Uma ótima participação, com certeza, que teria sido melhor se o tempo não estivesse limitado ao primeiro dia da invasão.
Enredo: Achei bom. É uma clássica história de invasão alienígena, mas há algumas surpresas e novidades, como o fato dos aliens estarem à busca de comida sob a forma de energia vital.
Escrita: Boa. Há algumas vírgulas sobrando, poucos erros de grafia (“o porteiro segui imóvel”, por exemplo) e alguns acentos “comidos”, mas pouca coisa. Há alguma variação temporal: o conto é narrado pelo personagem no passado, mas flutua para o tempo verbal no presente sem que as ações variassem no tempo. Está bem escrito em linhas gerais e também detém bom vocabulário, sem cacofonias ou repetições desnecessárias. Senti falta de mais diálogos, pois eles humanizam mais os personagens.
Personagens: Mediano. Não achei o personagem-narrador suficientemente interessante a ponto de me importar por ele ou pelos outros personagens, feito Verônica (que só empresta sua beleza à história e mais nada), seu pai ou o alien que os captura. Achei os diálogos com o alien que captura ambos um tanto fora do tom.
Coesão: Muito boa. Li sem sentir a troca de escritores, o que foi muito positivo.
Sensação após a leitura: Um amontoado de clichês que consegue entreter razoavelmente.
Acredito que o primeiro autor teve uma escolha muito infeliz de título, limitando o espaço temporal dos eventos e amarrando os autores subsequentes a esse primeiro dia. Apenas “os olhos de mosca” caberia bem melhor. Isso acabou gerando um outro problema, mais grave. Veja as afirmações abaixo:
X Saberíamos mais tarde que se tratava de um input extra de oxigênio (…)
X E, para nós, durante muito tempo (…)
No final da história vemos que nosso narrador não teve oportunidade de chegar nesse futuro para saber essas coisas.
X Ainda me lembro claramente do primeiro dia (…)
Percebi isso em alguns contos, uma certa necessidade que os autores tiveram de fazer uma retrospectiva do trecho anterior. É sutil, mas incomoda como alguns animes que fazem flashback de coisas que acabaram de acontecer.
X Minhas suspeitas de que havia algo errado estavam cada vez mais fortes
Ora, ora, parece que temos um Xeróx Holmes aqui! kkkkkkkkk
X Nossos motores a combustão não estavam preparados para todo o oxigênio extra na atmosfera
Isso ficou legal, um bom uso dos elementos da história compartilhado entre os autores.
X estacionadas as motos-elétricas
Muito convenientes essas motos, não?
X Alguns deslizes gramaticais:
x que há poucos anos se mudou
x Saberia o que está acontecendo
Os tempos verbais ficaram ruins aqui, parecendo que a narrativa ocorria no presente, quando, no decorrer de todo o texto, ocorria no passado.
x com os demais liderem mundiais
x La fora
x Ou o que?
x cheiro de Menta (por que maiúscula?)
X Conclusões
A leitura foi OK, nenhuma frase inspirada para destacar, mas também nada que tenha me feito torcer o nariz. A história é mais do mesmo e me fez lembrar Independence Day, Guerra dos Mundos (com o Tom Cruise) e Sinais (o trecho final, com o pai). Os clichês e referências são inevitáveis nesse tipo de história. Na falta de uma ideia inovadora (o que é muito difícil nesse gênero) o que pode diferenciar as histórias são os personagens e suas relações. Isso não ocorreu aqui… Verônica é descartável (sumiu da história sem deixar saudade), nosso narrador mais parece um jornalista, relatando os eventos sem muita emoção. Pelo menos não teve viés político. O pai é quem mais chega perto de um bom personagem, mas não há muito tempo para ele se destacar. A personalidade sádica dos alienígenas ficou cartunesca, mas até que gostei.
Médio.
Resumo: Alienígenas invadem a Terra para tomar conta do planeta. O protagonista foge da cidade para se encontrar com o pai. Descobre que o pai capturou um alienígena e ele acaba matando a criatura e depois são capturados e examinados pelos aliens que querem saber o porquê que eles são imunes ao veneno lançado na atmosfera antes da invasão.
É um enredo comum, existem centenas de histórias iguais e tudo começou há 126 anos com H.G. Wells e seu livro Guerra dos Mundos, a Terra invadida por marcianos.
O título do conto foi uma má escolha por se tratar de um conto curto, sem capítulos, porque sugere exatamente isso, capítulos, 1° dia, 2° dia, 3° dia, etc. e continuaria até que o autor desse um fim à história, matando os alienígenas numa batalha insana, ou como Wells fez, matando os marcianos com bactérias, e vírus da gripe que eles não eram imunes. Acredito que por ser um enredo muito batido, o colega não teve ideias novas para terminar o conto de outra forma, a não ser com eles, os aliens, dominando e acabando com a humanidade. Como curiosidade, em 1938, o ator de teatro e radialista, Orson Welles (nome parecido com Wells) fez um radio-teatro da história do livro Guerra dos Mundos, como se fosse um repórter noticiando a invasão de naves marcianas, inclusive com efeitos sonoro, que causou pânico nos EUA. Em 1971 um grupo de radialistas da rádio Difusora de São Luís, fez o mesmo e causou caos na cidade com as pessoas acreditando que era verdade.