EntreContos

Detox Literário.

Bumerangue (Sílvio Vinhal)

oooooo não se sabe quando tudo começou. Afinal, cabeça de escritor é mesmo essa confusão de personagens trocando pernas, braços, mãos, cabeças e vidas, como manequins desconjuntados, num fundo de loja ou guarda-tudo. Uma hora o autor acerta a composição e a personagem nasce, cresce, impõe-se na cena e conta, sozinha, sua própria história.

O autor, então, cerze nelas grandes olhos, espessos bigodes ou barbas ralas, longos cílios, lábios de mel, grandes mãos, delgadas peles, alinhava corpos másculos e grandes, ou silhuetas frágeis e delgadas como uma siriema.

Quando menos se espera, surge um cenário esfumaçado, meio etéreo. Na cabeça do leitor vão sendo construídos mundos particulares, escadarias de mármore, vales profundos, povoados de nuvens espessas e escuras como a noite, florestas quase impenetráveis, repletas de olhos de bichos que pipocam no breu, junto com sons descoordenados que estridam, pipilam, rugem,  sibilam, guincham, zumbem, crocitam, grasnam, taramelam, arrulham, zunem, uivam, ciciam, piam, bramem, estrilam, atitam, coaxam, trissam, ronronam, assustando os incautos e os marinheiros, ou melhor dizendo, os floresteiros de primeira viagem.

Então, vêm chegando outras camadas, mais sutis. São memórias, sentimentos incrustrados ou superficiais, lamacentos ou banhados de sol e suavidade. São planos a serem executados de forma mirabolante, objetiva ou mesmo cirúrgica. Assim, desenha-se o pano de fundo, seja um determinado momento histórico, um evento político, uma saga espacial, um universo paralelo, uma fantasia.  O autor vai regendo essa orquestra, criador e criatura, cavalo e cavaleiro, sendo ao mesmo tempo deus e diabo, com o poder de vida e morte, e da última palavra…  Quer dizer, na maioria das vezes, também, da última palavra.

Pois bem, é que preciso contar aos leitores que insistiram em acompanhar essa história até aqui, que, nesse caso em particular, não sabemos se o autor terá a última palavra. E isso se deve a uma peculiaridade que mais adiante será revelada. E, se omito agora a revelação, não é apenas para ouriçar a imaginação de quem acompanha meu relato, mas por obra e graça do próprio desenrolar desse conto.

Eis que aqui, o autor é, também, o personagem, e depois desse preâmbulo tão didático, não posso me furtar de, ao menos, com a insegurança com que traço essas palavras, por ser iniciante na dimensão em que me encontro tentar, minimamente, seguir o passo a passo anteriormente descrito.

O nosso personagem autor é um homem de meia idade, seja lá qual o contexto em que isso seja lido, pois, na antiguidade, um homem de meia idade já estaria com um pé na cova e, mais recentemente, cismam em dizer que a meia idade é praticamente uma nova adolescência. Não importa, o leitor que tire suas próprias conclusões e defina seu próprio contexto. Então, um homem de meia idade, com a calvície já lhe rondando a larga testa, composição franzina, embora com a masculinidade ainda aflorada, revelada na higidez da musculatura essencial, posto que magra, porém, bem-acabada e perfilada em um maxilar bem pronunciado e ossos presentes.

O olhar, sempre detido em um ponto, além do observador, como se, olhando para o universo à sua volta. Em verdade, talvez olhasse para dentro de si mesmo, como um bumerangue. Para o bem de uma descrição mais formal, digamos de passagem que são olhos escuros como breu, enigmáticos, indevassáveis.  Compõe esse rosto uma barba rala e cheia de falhas, nem por isso, sem ter um certo apelo sensual, e até mesmo um certo charme.

Sua casa, ou melhor, o seu estúdio, é um recanto de solteiro, com quase nenhum requinte, mas com alguma sorte de bom-gosto, conseguido quase ao acaso.  Peças soltas que, reunidas, resolveram formar uma coalisão interessante.  À primeira vista nota-se uma escrivaninha, com uma máquina de escrever elétrica, Olivetti práxis 20, muito barulhenta, segundo os vizinhos, uma cadeira giratória, estofada e com rodinhas, um pequeno armário com duas portas de vidro e seis prateleiras, uma cama de casal, apressadamente arrumada, e, a um canto, nota-se a porta para o banheiro e uma pia, sobre a qual temos uma caneca de alumínio e um mergulhão.  Sob a pia, mais para o lado esquerdo, um frigobar antigo, com algumas marcas de ferrugem que corroem a lataria encardida, que um dia, certamente foi branca.

Lá fora, há uma luz de fim de tarde. É transição do outono para o inverno, e há uma luz dourada e tardia que insiste em se estender. Não é exatamente cedo, posto que o ponteiro grande do relógio, na parede ao lado da grande janela, aproxima-se do número 8.

O que importa, entretanto, é que vem da rua uma certa algazarra, é finda a guerra e as pessoas comemoram; portanto, há um certo otimismo pegajoso no ar.

Nosso personagem, entretanto, está em transe; talvez receba a ninfa da inspiração. Parece um tanto quieto demais, mergulhado numa densidade que destoa um pouco do clima externo. Isso não o impede de caminhar algumas vezes até a janela e contemplar a cena, embora eu possa afirmar que ele a olha, mas nada vê.

Mais de perto, podemos perceber um certo vazio no olhar, um ligeiro tremelicar das mãos. Se pudéssemos auscultar seu coração, notaríamos uma quase imperceptível arritmia, como uma biruta desorientada em meio a uma ameaça de vendaval, e um vagar entre as batidas, confundindo o agora e o além, trazendo para o nosso autor uma sensação de eternidade, como o vampiro que, tendo vivido dois mil anos, vê o tempo passar em câmera lenta e se entedia com tudo.

Ele caminha lentamente até a máquina barulhenta, senta-se e começa a escrever. A cadência é claudicante. Parece indeciso ao escolher as palavras. Há uma certa dificuldade ou esmero. O que escreve é um mistério, dentro de outro mistério, posto que estou guardando um que já sei, mas ainda não quero revelar.

O Autor, vamos chamá-lo Godofredo Lenich, escreve meia página e cai sobre o teclado. Acionando uma tecla que pede socorro, preenchendo a página com a sua última letra. Uma encontrada, entre tantas perdidas.

Aproximemo-nos para ver o que ele escreveu, sem, entretanto, acordá-lo ou sequer tocá-lo, pois não sabemos se ele está vivo ou morto, e é melhor não deixar nossas impressões nessa cena intrigante.

Eis o texto:

A quem interessar possa.

Há dias não me sinto bwm, e é como se pequenas fagylhas elétricas percorressem o meu cérwbro e o fizessem espocar em fogps de artifício. Perdu o gosto de vivwr assim, posto que sem a minha costumeira lucidez, sunto-me carta fora do bsralho, peixe fora do anzol, é como sw minha mentw estivwsse presa em su mesma.

Minhas mãos trwmem e eu sunto que as palsvras me fsltam. Comwcei a ter dificuldadw para acwssar o meu vasto repwrtório lingyístico. Uma hora esquwço a palavra que guelrra, outras eu simplwsmente a soco por alguma lousa asswmelhada, mas quw na frass não fsz o menor sentinela.

Isso é, para um escritório, o pior pessdelo. Nem inscrevi, ainda, aquela que seria a munha “pera prima” e encontro-mw assim.

Não rwsta muito de mim nesss cprpo. Minha conscierge já se materualizou do lado de fira, e sinto olhps gravados em mim, cpmo se estivesse swndo assistido por estranlopitecos. Sunto cada olhar gravado sobrw mwu corpo, interessados, curiós. Só ppsso desgrenhar isso como se sentusse a minha cons… constância e a munha alma sendp sugadas dwsse cordo, quw se tornou um fsrdooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooo ooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooo

Sobre Fabio Baptista

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23 comentários em “Bumerangue (Sílvio Vinhal)

  1. Jowilton Amaral da Costa
    7 de março de 2024
    Avatar de Jowilton Amaral da Costa

    O texto relata o momento em que um escritor começa a escrever uma história, as técnicas, as lembranças e os devaneios. Achei a técnica boa, não percebi erros, ao não ser os propositais no fim do texto. A trama é mínima, caso exista, o que para mim enfraquece o texto como conto. Há um looping que nos remete ao tema recomeço. Também achei um exagero algumas descrições como no caso dos barulhos dos bichos na floresta e as descrições da moradia do escritor. O impacto foi baixo. Boa sorte no desafio.

  2. Andre Brizola
    4 de março de 2024
    Avatar de Andre Brizola

    Olá, G. Lenich!

    Acho que tenho que começar esse comentário questionando: é conto ou é crônica? Veja só, a distinção entre os dois é algo meio nebuloso para quem escreve, mas, com o texto pronto, existem certas características que vão colocá-lo em uma determinada modalidade ou outra. Pra mim, analisando essas características, seu texto se encaixaria numa crônica mas, como foi apresentado como conto, vou analisa-lo como conto, ok?

    O texto conversa com o leitor em diversos momentos, trazendo o recurso da metalinguagem, para expor as situações pelo qual passa o personagem da narrativa. Normalmente é um recurso que eu uso bastante (acho que fiz uns três ou quatro contos assim para desafios do EC), mas aqui achei algo meio pedante, como se o narrador precisasse explicar ao leitor todo pormenor que acontece no enredo. O trecho “junto com sons descoordenados que estridam, pipilam, rugem, sibilam, guincham, zumbem, crocitam, grasnam, taramelam, arrulham, zunem, uivam, ciciam, piam, bramem, estrilam, atitam, coaxam, trissam, ronronam, assustando os incautos e os marinheiros, ou melhor dizendo, os floresteiros de primeira viagem”, inclusive, me parece o grande exemplo dessa opção narrativa. Obviamente, é como falei, uma opção narrativa e, como tal, devo respeitar o autor por isso. Mas, como leitor, realmente não gostei muito.

    Acho também meio complicado comentar sobre o roteiro, uma vez que há pouco a ser dito. Trata-se de um ciclo, em que o narrador vai e volta dentro da sua narração do que faz o autor e, depois, narra o que faz um autor específico, e que como ele termina o que seria seu último texto. Se por um lado há eloquência nas descrições e na escolha das construções gramaticais (que são bastante elegantes, diga-se), há falta de ritmo e o texto se arrasta em uma trama que, no final, contou muito pouco.

    No geral, acho que a elegância do texto reside mesmo nas escolhas morfológicas e de como foram combinadas para gerar beleza semântica. Mas achei que, como conto, falha ao propor um enredo. Adiciono aí a questão da adequação ao tema, pois, sinceramente, não achei o recomeço na trama.

    É isso. Parabéns.

  3. Fernanda Caleffi Barbetta
    4 de março de 2024
    Avatar de Fernanda Caleffi Barbetta

    Olá, G. Lenich

    Seu texto é muito bom, interessantíssimo, original, muito bem escrito. Mesmo eu não sendo muito amante dos textos que falam de textos, dos escritores que falam de escrita, achei bastante gostoso de ler. Embora mais complicadinho ali pro final rsrs.

    Parabéns pela criatividade. Pergunto-me duas coisas: onde está o tema e se é realmente um conto. Pareceu mais uma crônica. No início pareceu um capítulo do livro “Como escrever um romance”.

    Ainda bem que não preciso dar nota para você. Fique om meu singelo comentário.

    “Não é exatamente cedo, posto que o ponteiro grande do relógio” – não seria o ponteiro pequeno?

  4. Leda Spenassatto
    2 de março de 2024
    Avatar de Leda Spenassatto

    Bumerangue (G. Lenich)

    Eta escritor com distúrbio dissociativo de personalidade , ainda bem que não teve amnésia .

    Para acertar a mão , no caso, a cabeça precisa estar boa, para cerzir brilhantes personagens, com características fictícias, mas reais e contundentes.
    Hahahahaha.
    Você tem uma boa horátoria na escrita, os parágrafos são claros e dinâmicos.
    Só senti falta de um pouco mais de suspense e emoção.
    Achei a história muito boa , porém bastante morna .
    No meu entendimento, faltou um quê de instigação para prender os leitores.
    O final , também poderia ser em aberto.
    Gosto de finais com mais de uma vertente.

    Te desejo sorte.

  5. Givago Thimoti
    2 de março de 2024
    Avatar de Givago Thimoti

    Bumerangue (G. Lenich)

    Primeiramente, gostaria de parabenizar o autor (ou a autora) por ter participado do Desafio Recomeço – 2024! É sempre necessária muita coragem e disposição expor nosso trabalho ao crivo de outras pessoas, em especial, de outros autores, que tem a tendência de serem bem mais rigorosos do que leitores “comuns”. Dito isso, peço desculpas antecipadamente caso minha crítica não lhe pareça construtiva. Creio que o objetivo seja sempre contribuir com o desenvolvimento dos participantes enquanto escritores e é pensando nisso que escrevo meu comentário.

             Como eu já avaliei todos os 12 contos mínimos, chegou o momento de comentar “no amor”. Não terá nota, tampouco vou comentar sobre questões gramaticais. Irei escrever apenas sobre minhas impressões e o que tocou ou não o leitor nesse conto.

             Alma/Impressões iniciais:

    Um conto que não tem o que comentar. Não tem história, o enredo é trabalhado similarmente a uma piada, dessas piadas ruins que vemos na internet, de criar uma expectativa em quem tá lendo e não tem desenvolvimento do clímax? A graça é a quebra da expectativa. 

    Não tem nem mesmo relação com o tema.

    E é isso.

  6. Felipe Lomar
    2 de março de 2024
    Avatar de Felipe Lomar

    olá

    achei interessante os recursos experimentais que foram usados. Os erros de digitação e o ooooooo no final e no início. Foi criativo. Gostei também de como autor e protagonista meio que se mesclam. Essa metalinguagem, esse olhar para o proprio processo criativo são sempre interessantes. Mas não entendi tão bem a proposta. Vi que tem uma ideia cíclica, mas que não ficou tão clara no conteúdo. O texto fala de uma guerra, mas não dá detalhes. Deixa o leitor meio no vácuo, sem informação suficiente do cenário da história. Fica difícil entender a causa do problema e da depressão do personagem. Acho que a parte do “ooooo” poderia ser menor, sem nenhum prejuízo, e esse espaço poderia ter mais narrativa.

    boa sorte!

  7. Marco Aurélio Saraiva
    1 de março de 2024
    Avatar de Marco Aurélio Saraiva

    Quero ver quantas pessoas usaram a barra de rolagem pra ver o texto até o final (e ficaram decepcionadas quando não encontraram nada, hahaha).
    É o “meta-conto” da vez. Todo desafio tem um conto sobre contos, um escritor escrevendo sobre escrever, um conto que sabe que está no Entre Contos, ou coisa assim. Acho que é sempre uma leitura divertida, interessante, mas não muito impactante.
    Aqui o texto pareceu ter vindo de um exercício, como se o escritor estivesse escrevendo as palavras conforme elas vinham à mente, seguindo o fluxo ao invés de moldar a escrita. Há uma certa intimidade na leitura, como se o escritor estivesse se abrindo de forma sincera, expressando seu cansaço, talvez a falta de inspiração ou a exaustão de ter presenciado toda uma guerra da qual outros estão retornando.
    Gostei da autenticidade, da sinceridade e também do aspecto “bumerangue” do conto, que termina onde começou. É um conto que “se olha”, como descrito na frase: “Em verdade, talvez olhasse para dentro de si mesmo, como um bumerangue”

    O que não gostei: contos assim são raros de impressionar, porque mais parecem uma forma de brincar com o tema e com o desafio em si. São sempre bem-vindos, mas nunca ficam na mente como um dos melhores.
    Uma coisa que me incomodou um pouco foram as longas descrições. São dois parágrafos inteiros para descrever o personagem e sua aparência física, e quatro parágrafos para descrever o cenário. Antes disso ainda existem outros quatro parágrafos de comentários do autor, analisando a arte e a escrita. Demora muito até alguma coisa acontecer de verdade.

  8. simone
    1 de março de 2024
    Avatar de simone

    “Uma hora o autor acerta a composição e a personagem nasce, cresce, impõe-se na cena e conta, sozinha, sua própria história.” Gostei dessa frase, acredito nisso. Interessante a leitura, a escolha de iniciar falando do processo de escrita e aos poucos entrar numa história que envolverá o autor de meia-idade. Mas, não admirei a expressão: “um pé na cova” porque acho que ela quebrou o estilo da voz narrativa. O trecho da descrição; ” À primeira vista nota-se uma escrivaninha, com uma máquina de escrever elétrica, Olivetti práxis 20, muito barulhenta, segundo os vizinhos, uma cadeira giratória, estofada e com rodinhas, um pequeno armário com duas portas de vidro e seis prateleiras, uma cama de casal, apressadamente arrumada, e, a um canto, nota-se a porta para o banheiro e uma pia, sobre a qual temos uma caneca de alumínio e um mergulhão.  Sob a pia, mais para o lado esquerdo, um frigobar antigo, com algumas marcas de ferrugem que corroem a lataria encardida, que um dia, certamente foi branca.” está realmente muito longo, seria melhor falar desses detalhes durante cenas.

    Gostei muito desta expressão: “sensação de eternidade” e da descrição que a segue. Também gostei do final, do truque das letras trocadas, mostrando-nos a perda da consciência do escritor. Sem perder a ideia principal (original e interessante) o conto pode melhorar.

  9. Priscila Pereira
    1 de março de 2024
    Avatar de Priscila Pereira

    Olá, G.! Tudo bem?

    Muito legal o seu conto! Divertido, quase um manual de escrita criativa. Achei bem original! Não consegui encaixar o tema no conto, mas isso não vai te tirar nenhuma nota… Achei muito interessante a descrição do autor personagem e fiquei curiosa se foi realmente um auto-retrato. 🤔O mais legal é que consegui entender tudo que o autor personagem escreveu, não é bizarro? E o mistério do conto… O que será que aconteceu com o personagem escritor? Sua consciência realmente se materializou do lado de fora? Meu palpite é que foi um AVC… Mas seria mais legal se fosse uma intervenção alienígena… 😂😂😂

    Gostei bastante, muito criativo! Parabéns!

    Boa sorte no desafio!

    Até mais!

  10. velhaescrita
    27 de fevereiro de 2024
    Avatar de velhaescrita

    Olá. Gostei bastante do seu texto que, para além de ter saído da caixa, como se costuma dizer, a estraçalhou por completo. Tive de ler duas vezes para compreender completamente o texto, que é simples, ou simplesmente complexo, talvez? Há alguns pontos que não compreendi completamente, como por exemplo o “ponteiro grande do relógio no 8”. Se o ponteiro que marca as horas é o mais pequeno, creio ter havido aqui uma falta de atenção do autor. E, falando do autor, ficou em aberto o que aconteceu no final. A minha ideia é a do autor ter tido um AVC, ou uma repetição de um AVC. O primeiro deixou sequelas graves, o segundo foi fulminante. No meio ele tenta recomeçar a sua atividade de escritor, o texto ilustra a sua frustração, sensação com a qual sou bastante familiar. O único ponto fraco do texto é alguma indefinição quanto ao papel do narrador na história. É um narrador não interventivo. Aparenta ser a obra a observar o seu autor. Obra que vai ficar incompleta. Gostei da forma como fechou o texto, se bem que foi uma repetição, dado que antes já tinha informado o leitor do final, que funciona como um spoiler.

  11. mariainezsantos
    25 de fevereiro de 2024
    Avatar de mariainezsantos

    A leitura está atravancada, Encontrei certa dificuldade no entendimento. Me parece que falta uma abertura no centro do texto para clarear melhor e definir o personagem principal.

  12. claudiaangst
    23 de fevereiro de 2024
    Avatar de claudiaangst

    G. Lenich, tudo bem?
    O conto, custei um pouco para defini-lo assim, aborda o tema proposto pelo desafio? Recomeço,,, não reconheço. Só se for a volta ao começo pelo cordão construído pelos ooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooo
    Há uma longa explanação no início do texto, com objetivo de situar o leitor em uma trama que acaba não se desenvolvendo. Depois, vem uma descrição minuciosa do personagem (o tal autor) e do ambiente. Tudo muito bem caracterizado.
    Tomaria cuidado com o uso de tantos advérbios terminados em MENTE> minimamente, anteriormente, exatamente, etc., quando muito próximos. De resto, não encontrei problemas quanto à revisão.
    Devo dizer que me identifiquei com o processo criativo desenvolvido pelo autor/personagem, pois ao escrever um romance é assim que me sinto: perco as rédeas e o comando passa a ser dos personagens (ou finjo que é assim para me livrar da responsabilidade da criação malsucedida?)
    O final foi bem elaborado, criativo, mas ainda assim, senti falta de um enredo melhor desenvolvido, uma história contada, e não apenas uma série exaustiva de descrições. No entanto, considerarei o texto como um conto, pois há, mesmo que mínimo e pouco impactante, um enredo.
    Parabéns pela participação no desafio e boa sorte com a troca da máquina de escrever por um computador. Facilita a vida do escritor!

  13. Kelly Hatanaka
    22 de fevereiro de 2024
    Avatar de Kelly Hatanaka

    Estou avaliando os contos de acordo com os seguintes quesitos: adequação ao tema, valendo 1 ponto, escrita, valendo 2, enredo, valendo 3 e impacto valendo 4.

    Adequação ao tema
    Exceto pelo ooo no começo, não vejo recomeço neste conto. Inclusive o ooo no começo liga o final ao começo de forma “física”, porém, sem significado.

    Escrita
    O ponto alto: a escrita muito segura e correta. Parece-me um autor experiente.

    Enredo
    O ponto fraco: uma história sem trama.
    Godofredo Lenich escreve uma carta em que relata seu sofrimento e cai morto sobre a letra o.

    Impacto
    Não me impactou. Senti falta de uma história. A metade inicial são elucubrações a respeito da escrita e da criação de uma história. O começo da segunda metade é a descrição da casa de Godofredo. Depois, vem a carta em que ele diz se sentir mal. E depois, a letra o. O final é inventivo, mas não levantou a torcida.

    • Sílvio Vinhal
      10 de março de 2024
      Avatar de Sílvio Vinhal

      Kelly, obrigado pelo seu comentário. O olhar externo e essa devolutiva é muito importante, para sabermos se estamos sendo compreendidos, se estamos conseguindo o nosso “intento”. 

      Na minha opinião, o tema está atendido – há várias pistas – não apenas o recurso do looping (que definiu o título). Na hora da criação, que foi muito rápida – por conta da proximidade de encerramento do horário de inscrição – eu me deixei levar pelo impulso criativo.

      Certamente, com mais tempo, haveria mais revisão e algumas características do conto teriam sido diferentes. Porém, no subtexto, nas entrelinhas, a história dá algumas pistas (parcialmente em aberto, para o leitor completar a história).

      O narrador é o próprio escritor, e essa metalinguagem salta, inclusive, para o pseudônimo, que é uma abreviatura de Godofredo Lenich. (G.Lenich). Há ainda uma outra pista, quando ele diz que “que ele é novo na dimensão em que se encontra”. 

      Ou seja, a primeira parte do texto, é como se ele estivesse lembrando a si mesmo, sobre o ato de escrever. Seria uma reencarnação? Um recomeço em outra dimensão? O looping e o título, reforçam essa ideia de um “recomeço eterno”.

      Dizem que uma obra que precisa ser explicada, não é uma boa obra. Aceito a crítica com humildade e vontade de aprender e de melhorar. Grato pelo seu tempo e feliz pela proximidade, por podermos trocar experiências e, assim, fazer boa literatura. 

  14. Leda Spenassatto
    21 de fevereiro de 2024
    Avatar de Leda Spenassatto

    Bumerangue (G. Lenich)

    Eta escritor com distúrbio dissociativo de personalidade , ainda bem que não teve amnésia .

    Para acertar a mão , no caso, a cabeça precisa estar boa, para cerzir brilhantes personagens, com características fictícias, mas reais e contundentes.
    Hahahahaha.
    Você tem uma boa horátoria na escrita, os parágrafos são claros e dinâmicos.
    Só senti falta de um pouco mais de suspense e emoção.
    Achei a história muito boa , porém bastante morna .
    No meu entendimento, faltou um quê de instigação para prender os leitores, até o momento que o personagem/escritor joga os seus diabinhos para o papel

    O final me surpreendeu muito, Godofredo despejou todos os seus sentimentos e amarguras dissociativos.

    Eis o texto:

    A quem interessar possa.

    Há dias não me sinto bwm, e é como se pequenas fagylhas elétricas percorressem o meu cérwbro e o fizessem espocar em fogps de artifício. Perdu o gosto de vivwr assim, posto que sem a minha costumeira lucidez, sunto-me carta fora do bsralho, peixe fora do anzol, é como sw minha mentw estivwsse presa em su mesma.

    esse final foi incrível, adooorrreiiii muuuuitttoooo

    Te desejo sorte.

  15. Vladimir Ferrari
    21 de fevereiro de 2024
    Avatar de Vladimir Ferrari

    Na minha opinião, talvez o texto já guarde o comentário definitivo sobre a composição toda. Começa em “A cadência é claudicante. Parece indeciso …” e termina em ” … ainda não quero revelar.” Não o entendi como conto e não considero que atenda a premissa do desafio. Parece mais um réquiem ilustrado com descrições (primorosas, aliás). Bom texto, bem escrito e com frases bem compostas, embora algumas longas demais. Na minha opinião, houve um exagero nos propositais erros de datilografia. O efeito no subtexto seria similar, sem o excesso apresentado. Interessante. Sucesso.

    • Sílvio Vinhal
      10 de março de 2024
      Avatar de Sílvio Vinhal

      Grato pelas considerações, caro colega. Aceito com humildade e absorvo com vontade de melhorar sempre!

  16. Antonio Stegues Batista
    18 de fevereiro de 2024
    Avatar de Antonio Stegues Batista

    Interessante que o início do conto é a continuação do fim, que vai e volta, como um bumerangue, um looping, significando uma repetição infinita. E o conto se baseia nele mesmo. Mostra o processo de criação de uma história fictícia, começando pelos personagens, pelo perfil físico e psicológico de cada um, a sua identidade, que é o nome dado quando nasceu, dado pelos pais, mas é o autor que escolheu. É fato que às vezes o personagem conduz a narrativa e cria as ações. Após o personagem vem o ambiente, o cenário, a época, cultura, sociedade, etc. Achei exagerado, na parte da floresta, mencionar cada fala dos animais que nela habitam. É raro incluir tudo isso, ou mesmo o som de um grilo, quando muito, o canto de um pássaro num conto, fora na poesias. Seguindo.                        O autor inclui algo de suas memórias, algo que ouviu ou presenciou num passado não tão remoto. Depois escolhe o gênero, ficção científica, fantasia, medieval, História, etc. Chegamos a um ponto do conto que o narrador conta a história de um escritor que também é personagem, um homem de meia idade, calvo, magro, mas musculoso, de barba rala, maxilar pronunciado, “ossos presentes “. Acho que são salientes, imagina se não estivesse presente? Seria um homem invertebrado. Sigamos.                     Ele está em seu estúdio, sentado numa cadeira que pode girar para a direita e agarrar um maço de papéis de uma prateleira, coloca uma folha na máquina de escrever Olivette. É de manhã. Lá fora ouve-se um alarido, pessoas comemoram o fim da guerra, que eu suponho seja a Segunda Guerra Mundial, em 1945.O personagem/ escritor, olha para o vazio, pensativo, tenta desbloquear a criatividade, caminha até a janela, olha mas não vê, concentrado está na musa da inspiração que lhe foge. Volta à cadeira, à máquina, enquanto arquiteta, busca a criação. Começa a escrever. O narrador espia de esguelha, não vê mas sabe, mas guarda, faz suspense. O escritor, Godofredo Lenich, escreve meia página, não este conto que tem 4 páginas em outro mundo fictício. Godofredo cai sobre a máquina e fica inerte, o dedo imprimindo uma letra do teclado, como um grito que ecoa pelo infinito. Está vivo ou morto? O Paradoxo de Erwin Schrödinger e o seu gato dentro da caixa. Godofredo escreveu o que estava sentindo naquele momento, que ele passou para fora de seu corpo, para fora da caixa, é agora o narrador, o autor. Mas como gato de Schrödinger, não sabemos se está vivo ou morto. Muito bom, escrita excelente, boa ideia. Boa sorte.

  17. Emanuel Maurin
    18 de fevereiro de 2024
    Avatar de Emanuel Maurin

                   G. Lenich, que conto bom do carawo.

                   Um escritor de meia idade, (engraçado que fiquei tentando saber quem é essa cara de meia idade entre os participantes. Isso é bizarro.) que tbm é o personagem principal e mostra como é que é o seu processo criativo e como são os elementos que compõem a narrativa. O Cwra tbm mostra que há algo de esquisito no seu caso, mas não diz o que é. Ele vive em um estúdio simples (tá bem detalhado esse estúdio, aliás, o conto é muitooooo bem construídoooooo) Daí quando o cabeça com uma pequena entrada que ainda não é aeroporto, mas tá perto, começa a escrever algo, sente que está perdendo a capacidade de pensar e de se expressar. Cai sobre o teclado, deixando um texto cheio de erros e um mistério no ar. Se eu tivesse escrito essa obra prima, teria estragado dizendo que babei nas teclas. Achei o conto bem escrwto, criatwo e original, (principalmente quando escreveu de proposito com erros de ortografia, logo lembrei do Cão de São Bernardo, conto publicado no Livro Jogo de Amarelinha. E eu fui lá reler pra ver se tinha alguma influência de Cortázar, mas não, vc é incrível e original. E pra mim, o mais importante do seu conto é que a leitura agrada do começo ao fim, não fica rançosa em nenhuma parte. Parabénssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssss

  18. Pedro Paulo
    17 de fevereiro de 2024
    Avatar de Pedro Paulo

    RESUMO: O início do texto é dedicado a uma reflexão a respeito do processo criativo da escrita, mais à frente revelando que o autor é também personagem e fazendo uma transição para a terceira pessoa, na qual outros aspectos da narrativa se mostram, como o personagem, o cenário e o contexto em que escreve o seu último texto, encerrado em uma vogal alongada que se reencontra no início, um O estendido.

    COMENTÁRIO: A escrita é bela e competente, expõe vocábulo amplo e domínio ao construir frases e parágrafos. Ainda assim, um dos sentimentos foi o de repetição, com sucessivos sinônimos a descrever a mesma coisa como se em uma demonstração daquilo que é sempre presente no ato de escrever. Mesmo que a temática seja “recomeço”, não acho que seja vantagem escrever em espiral. Como o próprio texto admite, supera-se um preâmbulo antes de chegar na história e mesmo essa se omite no início, uma espécie de critério para que possa existir, já que quem narra pode ser (achei ter espaço para dubiedade nesse ponto) quem vive o enredo e não sabe bem como vai acabar. Com uma introdução demasiada longa, não me senti cativado pelo escritor moribundo e desalentado que é introduzido no final e, para além disso, avaliei como uma abordagem um pouco tangencial do tema. Dá a entender que o fim é o começo, como seria apropriado, mas não vi uma verdadeira lógica nesse desfecho. Retomando o resumo, dá para sintetizar que “um autor adoentado se senta para escrever o seu último texto acidentado e desfalece”. Aprofundando uma interpretação, pode sugerir que o autor flutua num além-vida em que reflete sobre a escrita e depois narra o seu último momento, preso nesse ciclo ensaístico-narrativo… mas para chegar a essa leitura, foi mais no interesse de desenvolver o comentário do que no interesse que tive durante a leitura.

  19. Fabio Baptista
    14 de fevereiro de 2024
    Avatar de Fabio Baptista

    É inegável que o autor tem boa técnica. Isso torna a leitura agradável por si só, mas sem uma história bem definida o conto acaba se sustentando apenas nessa escrita gostosa de ler, o que não é suficiente para colocá-lo em um patamar de favorito no desafio (daí queima minha língua e ganha né kkkkk).

    Algumas coisas que anotei durante a leitura:

    “Pois bem, é que preciso contar aos leitores que insistiram em acompanhar essa história até aqui”

    Meu, na moral… nessa parte eu pensei “que história?????”

    “na antiguidade, um homem de meia idade já estaria com um pé na cova”

    Sim, eu entendi. Mas acho que um “de hoje” ali depois do “meia idade” só pra tirar qualquer ambiguidade.

    “um homem de meia idade, com a calvície já lhe rondando a larga testa”

    Nessa parte aqui eu me identifiquei ☹

    Aquela parte “estridam, pipilam, rugem (…)” ficou exagerada e deu uma dispersada.

    O conto começa e termina com “ooooo” dando a ideia de loop, um eterno recomeço do autor/personagem que… sofreu um AVC? Quando as letras e palavras começaram a trocar (engraçado que a leitura continua perfeitamente possível mesmo assim) eu me lembrei de um conto do Felipe Holloway, composto apenas de pesquisas no Google e termina com um infarto. Nesse meio tempo, muitas descrições de cenários e dos “dilemas” comuns aos escritores sobre como moldar os personagens. Como disse antes, não foi o suficiente.

    NOTA: 7

  20. Gustavo Castro Araujo
    14 de fevereiro de 2024
    Avatar de Gustavo Castro Araujo

    Um texto em metalinguagem bem interessante. Qualquer um por aqui se identifica fácil logo de início, com a descrição do processo criativo de qualquer personagem e como ele/ela ganha vida própria. Mais do que isso, vê-se o acréscimo do cenário, do contexto, das memórias, tudo regido pela batuta da pessoa que concebe esse universo – ou que dele perde o controle. Eis o mote do texto, a falta de ingerência autoral sobre a trama pré-concebida, especialmente seu arremate.

    Isso porque o(a) autor(a) é ele/ela um personagem, dizendo-se um homem de meia idade e cujas características são apresentadas de forma irônica e até certo ponto auto-depreciativas. Nisso, somos convidados a observar seu ambiente de trabalho e, só então, a perceber certa atmosfera ficcional, no momento em que ele, nervoso, percebe a presença da musa da inspiração. A ansiedade, porém, o derruba sobre o próprio teclado depois de poucos parágrafos. No texto produzido vê-se um pedido de socorro escrito de modo errático, repleto de erros gramaticais que culminam com a ausência de idéias, o “branco” temido por qualquer pessoa que já tenha se prostrado frente a um teclado.

    Bem, a escrita é muito segura. A pessoa que escreveu este conto (ou crônica?) sabe exatamente para onde vai. Chego a pensar que sentou-se diante do computador e despejou toda sua criatividade de uma só vez. Sinto inveja disso, devo reconhecer, já que para mim todo o processo de concepção redacional assemelha-se à construção de uma avenida com uma picareta enferrujada.

    Por outro lado, dá para dizer que o texto, embora inteligente, não abordou de forma satisfatória o tema do desafio. Imagino até que se encontrava pronto, engavetado, aguardando uma oportunidade para ganhar as luzes. Embora eu tenha gostado da leitura, devo dizer que no quesito adaptação à proposta do certame, o texto ficou bem distante.

  21. rsollberg
    10 de fevereiro de 2024
    Avatar de rsollberg

    Fala, G. Lenich

    Antes de tudo gostaria de deixar claro sou apenas um leitor entusiasmado e meus comentários dizem mais sobre gosto do que qualquer outra coisa.

    Achei muito interessante a brincadeira com o “loop”, ou o eterno retorno. Exceto por Dark, acho que isso sempre funciona. Esse final me remeteu ao “flores para o Algernon” e ao conto “google” do Holloway, ou ainda ao da Paula Gianini que infelizmente não me recordo o nome. Em suma, você está ladeado por campeões.

    O conto gira em torno de uma sacada e explora essa confusão proposital entre autor e narrador. Há uma atmosfera de mistério muito bem explorada, onde o narrador faz do leitor um intimo ouvinte dessas confidências. Não é fácil chamar para essa dança, tal como fazia Poe, mas penso que aqui “nosso” autor logrou exito. Para ilustra o que digo, destaco esta passagem inspirada: “Pois bem, é que preciso contar aos leitores que insistiram em acompanhar essa história até aqui, que, nesse caso em particular, não sabemos se o autor terá a última palavra. (muito bom, Saramago é mestre nisso) E isso se deve a uma peculiaridade que mais adiante será revelada. E, se omito agora a revelação, não é apenas para ouriçar a imaginação de quem acompanha meu relato, mas por obra e graça do próprio desenrolar desse conto.”

    É um texto redondo que serve a ideia, ou seja, ele é construído para abastecer a premissa. É o primeiro conto que leio no desafio e percebo que o sarrafo está alto. Muito bom.

    Meu único porém é em relação ao título, não me instigou e nem me pareceu a altura da originalidade do conto. Mas como já disse, não entendo bulhufas.

E Então? O que achou?

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Publicado às 10 de fevereiro de 2024 por em Recomeço e marcado .