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Detox Literário.

Herdeiros de Lima Barreto: uma visão pessoal do autor de Todos os Santos – Artigo (Thiago Castro)

Coragem fundadora

Finalizei, com tristeza, a biografia de Lima Barreto. Já nos capítulos finais fui tomado daquela ansiedade pelo desfecho junto com um sentimento inocente de tentar preservar da morte o autor de Todos os Santos. Em novembro de 2022, sua passagem completou cem anos. Triste Visionário, escrito por Lilia Moritz Schwarcz, foi publicado pela Companhia das Letras em 2017, mesmo ano em que o autor foi homenageado pela FLIP.

É de uma amargura saber que Lima não teve em vida o devido reconhecimento. Isso se deu pelo contexto de um país adentrando na República, com um racismo muito acentuado pelo recente término da escravidão, pelas teorias eugenistas e higienismo imposto pela elite política (e econômica) que acreditava que um Brasil desenvolvido seria um país menos preto, menos mulato, para usar os termos da época. Era a civilização excludente.

Foi nesse país que Lima se debateu para escrever as suas histórias, sim, como autor negro e com personagens descritos como tal, mas longe dos estigmas deterministas de raça que imperavam na época; são personagens com subjetividade, profundidade e credibilidade, escritos por alguém que se percebia de tal forma; um homem preto, literato, cheio de aspirações e potencialidades, casado com a literatura e disposto a viver dela a qualquer custo.

E assim o fez, mas sem se render aos floreios de estilos que determinavam se um autor seria ou não consagrado pela aristocracia literária. Lima tinha uma escrita direta, sem rodeios, extremamente crítica, urgente e visceral. E é exatamente nesse último aspecto que eu acredito que toda pessoa que escreve no Brasil deva ter em Lima Barreto uma referência, principalmente de coragem.

As obras do autor de Isaías Caminha são carregadas pela visão perspicaz que Lima possuía sobre a sociedade, mas também mostram, sem medo, suas angústias, incertezas e ressentimentos de forma tão aberta que, ao conhecer sua biografia, é de se impressionar tamanha coragem para projetar tantas dores às claras em sua pena.

Essa audácia, embora coloque o autor em exposição, tem o impacto de fazer os leitores acossados pelos mesmos problemas se identificarem profundamente com seus personagens imperfeitos e pelo autor, também imperfeito, que os criou, mesmo passado cem anos de sua morte.

Há, para quem se identifica com o ato de escrever, uma injeção de ânimo em contar as próprias histórias e transformar traumas e revoltas em obras de arte.

Acredito que o próprio Lima tenha se sentido assim ao ter acesso à Dostoiévski e Balzac, entre outros que admirava e se percebia. Quando internado pela segunda vez no hospício, ao ser desnudado e obrigado a tomar banho amontoado com os demais internos, registrou em seu diário:

Eu me lembrei do banho de vapor de Dostoievski, na Casa dos Mortos. Quando baldeei, chorei; mas lembrei de Cervantes, do próprio Dostoievski, que pior deviam ter sofrido em Argel e na Sibéria. Ah! A Literatura ou me mata ou me dá o que eu peço dela.  

Aproveitando que Balzac apareceu por aqui, tenho para mim que Recordações do Escrivão Isaías Caminha, livro de estreia do autor, é o nosso Ilusões Perdidas. Porém, diferente de Rubempré, o que emperra a ascensão do protagonista e o desilude é o preconceito racial, a política de aparências e hipocrisia, assim como a imprensa manipulável pelo dinheiro. Isaías se vê obrigado a entrar nesse jogo, por sobrevivência, embora termine o livro carregado de ressentimentos, fazendo um contraponto ao personagem no início da obra, cheio de aspirações e, por que não, ilusões? É impossível não fazer um paralelo com a vida do autor, mas os pormenores desse romance dariam um texto à parte.

O que quero salientar é que, ao publicar Recordações do Escrivão Isaías Caminha, Lima escolheu estrear no gênero com os dois pés na porta, mesmo que tivesse outros romances na gaveta. É uma obra que sintetiza todo o futuro projeto literário do autor, suas denúncias e militância. Na época, o livro foi ignorado pela imprensa, talvez como forma de vingança à maneira como esta foi exposta na obra. As poucas críticas que foram publicadas, mesmo que positivas, denunciavam o fator autobiográfico da obra como falta de criatividade do autor.

Não sou profundo conhecedor de história da literatura, mas acredito que nesse tipo de escrita, o autor de Todos os Santos tenha sido pioneiro no país, pelo menos no gênero romance. Hoje, a autoficção está em voga e normalizada, e apreciada como uma literatura que, calcada na experiência de quem a produz, possui o poder de gerar identificação, empatia, passar credibilidade à trama e colocar o personagem como fruto de um contexto histórico e coletivo. Não à toa, o conceito de “escrevivência”, criado por Conceição Evaristo, bastante presente no mundo literário contemporâneo, cabe muito bem na obra de Lima, perdoado os anacronismos, assim como na de autoras como Geni Guimarães (Leite do Peito), Carolina Maria de Jesus (Quarto de despejo), Wesley Barbosa (Viela Ensanguentada), a própria Conceição Evaristo (Becos da Memória), entre outras e outros que considero herdeiras do autor carioca.

É impressionante pensar que Recordações do Escrivão Isaías Caminha foi publicado em 1909 e ecoe, tão bem, com essas experiências contemporâneas. É uma coragem fundadora na literatura brasileira e que tem encontrado respaldo em outras vozes literárias que vem se colocando ainda mais nesse meio, mesmo num país que segue marcado pelo racismo.

Ainda que sem a almejada projeção, Lima não deixou de escrever e publicar em jornais e revistas que surgiram na mesma velocidade com que deixaram de existir. Editou as próprias obras, pagou outras tantas do próprio bolso e publicou por pequenas casas editoriais que pecavam na revisão e diagramação. Ainda assim, era melhor ser mal publicado do que não ter publicação nenhuma. Esse movimento todo mostra a teimosia e sanha que durante boa parte de sua vida superava os problemas relacionados ao álcool e a difícil convivência familiar com o pai adoecido para seguir seu projeto literário, conforme apontado em sua biografia. Sempre esteve produtivo e atento. Mesmo as internações e a relação com a loucura, geraram material literário de grande relevância.

Quantos autores e autoras contemporâneos não atravessam os mesmos tormentos para ter suas obras publicadas? Parafraseando Itamar Assumpção, que será citado mais à frente, a literatura para Lima sempre foi “pura briga de foice”.

Relações Contemporâneas

Como este não é um artigo acadêmico, muito menos científico, mas um testemunho pessoal de como fui afetado por Lima Barreto e percebo sua pena na história do Brasil, vou me permitir trazer mais dois episódios recentes que relacionam o autor com artistas contemporâneos e com minha própria vivência enquanto escritor. Na verdade, são apontamentos de manifestações que considero como herdeiras de Lima Barreto, conscientes ou não.

Autor e Professor, Allan da Rosa

Lembro que, em uma roda de conversa no Sesc 24 de Maio, mediada em 2022 pelo autor e professor Allan da Rosa, na qual líamos e discutíamos trechos do livro Cemitério dos Vivos, Allan fez um comparativo de Lima com a pecha de “malditos” que artistas negros receberam ao longo da história, associando-os tão somente a loucura, a boêmia, o próprio modo de vida recluso, o gênio, a raça, quando não tudo isso.

Em conversa póstuma à primeira versão deste texto, Allan me respondeu por mensagem que no decorrer da história, os conceitos de saúde metal associavam a negritude à degeneração, esquizofrenia e histeria como resultado, também, de seus corpos e suas artes: Buddy Bolden, Arthur Bispo do Rosário, Itamar Assumpção, entre outros. O próprio Lima, segundo a biografia, na sua morte foi mais lembrado na imprensa pelos seus hábitos boêmios e incorrigíveis do que pelos seus escritos.

Acontece que eu ainda não conhecia muito bem o nome de Itamar Assumpção, nem me recordo ao certo como ele surgiu nessa conversa; acredito que pela pecha de maldito, ou o gênio difícil, o que quer que isso signifique. Segundo Allan da Rosa, Itamar é enigma! Dei para cair no quebra-cabeça do artista e fui arrebatado pela sua poesia, música e performance.

Levando em consideração o ímpeto de Itamar em produzir os próprios discos de maneira totalmente autoral e independente, tratando de temas pessoais, a vinda para São Paulo, a relação com o passado africano, o câncer que lhe afetou no final da vida, mas que também virou arte em letras e peças de figurino e a própria postura nos palcos, na qual música e corpo se uniam num espetáculo que, dentro das minhas limitações, considero que dialoga com as artes cênicas, há um quê de Lima aí: um artista negro, locado em um bairro fora dos grandes centros (no caso de Itamar, a Penha na Zona Leste de São Paulo), que resgata suas raízes africanas, ilustrado musicalmente, não no sentido acadêmico, mas na postura de saber exatamente o que e por quê estava produzindo música fora dos padrões de mercado. Um criador, enfim, que também se debateu para deixar seu legado artístico, seu projeto musical. Em entrevista à Antônio Abujamra, entre tantas afirmações que revelam muito das relações que enxergo entre Itamar e Lima, o “poetanão” afirma que o maldito, na verdade, é um artista livre.

Itamar Assumpção: compositor, cantor, instrumentista, poetanão.

Ainda no campo das relações, considere o leitor exageradas ou não, ao ver a performance de Itamar, lembrei de outro poeta, que conheci na Balada Literária de 2019: Ricardo Aleixo. Para o poeta mineiro, palavra, corpo, música e indumentária estão amalgamadas de tal maneira que é impossível pensar a poesia só no papel; ela se torna, existe, na voz de quem a recita com todos esses elementos. Nos dizeres do próprio Aleixo, boca também toca tambor e Angola fala no bico de Pixinguinha, no Gogó de mãe Quelé e na ponta do pé de Pelé.  Com o poder de síntese de colocar todo um universo em poucos versos, que só a poesia possui, Aleixo resgata a história de seus ancestres e escancara a relação África-Brasil e, dialeticamente, Brasil-África-Mundo em todos os aspectos; na poesia, na música, nos esportes, no mundo do trabalho. Em 2017 o poeta fez uma apresentação arrebatadora na mesma FLIP que homenageava Lima Barreto, e foi nessa apresentação que vi uma relação, após conhecer Itamar, deste com aquele, de poesia-arte-corpo-música condensados numa figura que carrega toda uma tradição, um Brasil encarnado.

As relações não param por aí.

Em Pretobrás, música que dá título ao último álbum lançado em vida por Itamar, o poetanão afirma que ao chegar em São Paulo, sofreu, mas cantando estancou seu sangue, além de afirmar ser figuras históricas como Cruz e Sousa e Zumbi, evocando uma tradição.

A partir dessas duas referências históricas, principalmente em Cruz e Sousa, poeta negro, filho de escravizados, mas que teve acesso à educação, muito aos moldes do próprio Lima Barreto, é que fecho o ciclo de relações. Voltemos à Balada Literária de 2019, na tarde do dia 6 de setembro, na Livraria da Vila, em São Paulo.

Ricardo Aleixo, Poeta, músico, artista multimídia, performer, produtor cultural

É a primeira vez que tenho contato com o autor de Mundo Palavreado, Ricardo Aleixo. Em sua fala, afirmou que o século XIX, com todas suas contradições, foi um século extremamente rico para a experiência afro-brasileira: é o século de Machado de Assis, Paula Brito (editor do Bruxo de Cosme Velho), José do Patrocínio, Luís Gama, Francisco Nunes, Lima Barreto e do já citado Cruz e Sousa. Segundo Aleixo, é o século que deu a oportunidade à população negra liberta a possibilidade de sonhar além da liberdade roubada pela escravidão. Havia um caminho possível de ascensão cultural e intelectual. Continuando, Aleixo aponta que na segunda metade do século XIX, quase na virada do XX, a linha de frente da literatura brasileira é composta por: Machado de Assis, Cruz e Souza, Lima Barreto e Euclides da Cunha. Três negros e um branco. Para resumir o raciocínio de Aleixo, passados 40 anos, quando Albert Camus chega ao Rio de Janeiro e é recepcionado pela intectualidade brasileira, se pergunta horrorizado: onde estão os negros? Houve um trabalho forte e competente para eliminar de nosso imaginário essas presenças e, permanece hoje, ainda, o conceito de poeta negro, escritor negro como forma de assinalar o espanto do sistema literário brasileiro com a presença de homens e mulheres negros nesses espaços.

O parágrafo anterior é quase todo uma transcrição da aula de Aleixo, que eu recomendo fortemente o consumo do conteúdo integral, disponível no Youtube. Pegando carona no raciocínio do poeta, é sintomático que utilizemos tais nomenclaturas em um país na qual a maior parte da população é negra e mestiça; é normalizar a exclusão ao afirmar que há uma literatura negra em um país que tem, como maiores expoentes em seu período de consolidação literária, ou seja, o século XIX, três autores negros, além de figuras como o editor Paula Brito, que Aleixo faz questão de destacar. Assim, retornamos à percepção de enquadramento apontado por Allan da Rosa; malditos, negros, loucos, boêmios, geniosos.

Creio que aqui, a biografia de Lima clareia o germinar desse processo, assim como as próprias obras do autor. O autor de Isaias Caminha é alvo direto do contexto histórico a qual pertence e o atinge como um raio. Nascido no 13 de maio, acompanha a abolição aos 7 anos, episódio que descreve tratando de uma lembrança carregada de inocência. Finda-se a Monarquia, o pai perde o emprego de tipógrafo, dilui-se a percepção clara entre libertos e cativos e o véu das teorias raciais passam a solapar tudo e todos que não se enquadram no modelo de raça superior, civilizada. Mesmo fulminado, Lima não deixa de escrever com urgência, sem abrir mão de seu projeto literário.

Para concluir esse tópico, ao insistir nessa forma de se colocar diante do mundo literário, o autor dá o chute inicial (metafórico, pois odiava futebol) para o que viria a ser uma maneira não só de escrever no Brasil, mas se portar artisticamente e que dialoga, de maneira impressionantemente atual e relevante, com a gente do Brasil contemporâneo. Acrescentando os versos de Ricardo Aleixo, o mundo girou e Angola falou, também, na pena envenenada de Lima Barreto.

Relações Pessoais: breve testemunho

Conheci Lima Barreto na infância, quando li o Homem que sabia javanês numa dessas coletâneas de contos que havia na biblioteca da E. E. Zalina Rolim, na Vila Aricanduva, Zona Leste de São Paulo. Tinha doze, à época, e graças a professora de Português, Ana Cristina, que me injetou o gosto pela literatura, não larguei mais essa coisa de livros. Retomei o contato com o autor já adulto, com o conto A Nova Califórnia, presente na coletânea Os Cem Melhores Contos Brasileiros do Século, e fiquei perturbado com o macabro desfecho no Cemitério do Sossego, na cidade de Tubiacanga. Já escrevia na época e, para mim, o conto todo me pareceu muito sólido na construção do desfecho e até hoje é uma referência para mim quando me meto a escrever narrativas curtas.

Entre o Homem que Sabia Javanês e A Nova Califórnia, o autor havia me aparecido, vez ou outra, de forma indireta. Sou formado em História, mas atuei muito pouco como professor, enfurnado mais em trabalhos relacionados à bibliotecas e arquivos. No entanto, dei aula como voluntário no período de um ano em um cursinho popular, também na Zona Leste, chamado, curiosamente, de Cursinho Popular Lima Barreto. Foi quando ouvi, pela primeira vez, da boca dos coordenadores (membros do PCB) que Lima, além de ser o autor de Clara dos Anjos, era próximo do anarquismo e do socialismo.

Não me lembro exatamente como, mas o interesse pelo autor se acentuou quando descobri que havia sido internado e escrito um livro sobre a experiência, e pude acessar mais de sua biografia. Na época, havia recém descoberto que meu avô paterno, falecido um dia após me conhecer, em 1994, tinha passado por uma série de internações em hospícios no interior de São Paulo; as razões da reclusão foram por conta da loucura e do alcoolismo, quando não ambos. O episódio só veio à tona quando meu pai teve uma espécie de surto, que ainda tenho dificuldade de explicar, mas que me deixou receoso de ter, também, alguma doença mental. O medo se acentuou quando vivi situações de pressão, principalmente relacionadas ao nascimento da minha filha. Em Lima vi esse mesmo receio, de repetir o trajeto do pai, mais o medo da loucura do que o de ser louco, e nisso me identifiquei; mais ainda, admirei o fato do autor de Todos os Santos ter transformado essa experiência em obra literária, em não ter o receio de colocar a própria vida, os medos mais profundos de ter a confirmação, na própria vida, das ladainhas eugenistas que combatia em seu projeto literário.

Meu avô Daniel Dedé de Souza, estopim para o conto Hereditariedade em três tempos e para a crônica Quando vô bonzinho decidiu migrar, ambos publicados em Cinemática do Trauma, pela editora Folheando.

A coragem do autor me motivou a escrever, para um desafio literário cuja temática era loucura, meu conto Hereditariedade em três tempos, publicado no livro Cinemática do Trauma, pela editora Folheando. E não só. Das minhas referências, Lima é o principal motor dessa tentativa de transformar a experiência da vida, de modo completo, principalmente os traumas, em ficção. Ficcionando, eu tenho coragem de declarar as coisas que jamais faria em diário pessoal, colocar nos personagens minhas covardias, receios e revoltas, e é a sombra de Lima que o faço, sempre.

Há muitas outras relações que poderia colocar; meu ressentimento de classe, o espanto com a gentrificação nos bairros da minha infância, o não acesso a certas instituições como a Universidade de São Paulo. Enfim, como escritor brasileiro, o autor de Isaías Caminha sempre será um farol.

Aliás, para concluir, acho que todo mundo que escreve nesse país, com o mínimo de consciência de classe e o coração aberto na ponta dos dedos, deva-se considerar um herdeiro de Lima Barreto.

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Imagem de Capa: Lima Barreto, por Dalton Paula

LINKS ÚTEIS

Cemitério dos Vivos:       http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/ua000162.pdf

Allan da Rosa: http://www.letras.ufmg.br/literafro/autores/506-allan-da-rosa

Museu Itamar Assumpção: https://www.itamarassumpcao.com/

Balada Literária com Ricardo Aleixo: https://www.youtube.com/watch?v=e55BwHbQDfs&t=1154s

Primeira versão do conto Hereditariedade em três tempos: https://entrecontos.com/2020/10/27/hereditario-quaresma/

Cinemática do Trauma: https://www.editorafolheando.com.br/pd-94871d-cinematica-do-trauma.html

E Então? O que achou?

Informação

Publicado às 29 de novembro de 2023 por em Artigos e marcado , .