EntreContos

Detox Literário.

Arrobobô (Gustavo Aquino)

“De falar sobre a vida

Eu gosto”.

 

I

Foi o primeiro a aparecer.

Abancou-se sobre o tronco caído de um dos coqueirais que arrodeavam a praia e mirou a mesmice de todas as giras: as velas dispostas em círculo, os alguidares e os tambores fincados no chão como efígies de madeira e couro curtido. Pouco a pouco, outras pessoas passaram a se achegar também. Foram se ajeitando como puderam e, espremendo-se entre si, abriram caminho para a entrada de Mãe Estela e o cortejo de seus filhos-de-santo. 

 

“Iemanjá

É Dona Janaína que vem”.

 

Assim que o batucajé começou, Orungã observou as mulheres que saravavam no centro do ilê. Atentou-se a cada gesto, ao mais insuspeito fremir dos lábios, tentando antecipar qualquer sinal que denunciasse a chegada de Iemanjá. 

 

“Venha comigo até o mar

Para ouvir Odoyá”.

 

No instante em que baixou, a orixá dos mares dançou a dança das águas. Ondeou no ar, fez dos braços correntes marinhas e da mão esquerda um leque. 

“Odô-fe-iaba!”

Saudou Mãe Estela fazendo com que todas as cabeças se voltassem para baixo em reverência àquela que tinha chegado; ela que revolvia os oceanos, que chorava e sorria num só tempo por ser mãe e amante. Ela que tinha cinco formas, cinco nomes que somente aqueles que haviam nascido à beira-mar sabiam de cor:  

 

“Iemanjá e Dona Maria…”

 

Orungã, como sempre fizera, dissimulou. Então, certificando-se de que os olhares continuavam voltados para o chão, ergueu os seus e a encarou bem de frente. 

 

“Janaína…”

 

O desejo ardeu. E, enquanto muitos pediam dias de bem-aventurança, Orungã mentalizava de olhos fechados mil maneiras de possuir Iemanjá. Imaginava poder penetrá-la, apertar aqueles seios que agora se agitavam conforme ela volteava as ancas de sua mucama. Sentir o gosto de sal e sortilégio. 

 

“Inaê…”

 

Quando deu por si, notou que ambas as mãos estavam por dentro da bermuda. Despertou o olhar e topou com os olhos de Mãe Estela fulminando-o. Envergonhado, sem nem atrever-se a fazer conjecturas, desembestou na noite.  

 

“Princesa de Aiocá”.

 

Atravessou a prainha, forçando o fôlego de seus treze anos até alcançar a segurança do saveiro ancorado no cais.

– Tu acaba lascado, Orungã – admoestou a si mesmo.

Acendeu um cigarro. Depois, reconhecendo que ninguém o havia seguido, remontou a fantasia de um dia possuir Iemanjá. Porém, dessa vez fundamentou o desejo à luz das lendas que o seu avô costumava lhe contar. Buscou os contos do mar que conhecia como os do Canoeiro Rufino e do Afogado Mais Bonito de Pontal do Pilar e percebeu que eles sempre findavam com o mesmo desfecho: o de que Iemanjá só se deitava com aqueles que tinham se afogado em suas águas. 

– Menos Oxu…

O nome saiu quase que sem querer. Sorriu. Deu mais um catranco no cigarro e pôs-se a desfiar o abc da vida daquele lendário pescador que, de tanta certeza inconsciente que tinha dele, fora dele mesmo que acabara se esquecendo. 

– Ele é quem deve ter amado Iemanjá – ponderou e, como se uma súbita certeza  o tivesse acometido, concluiu: 

– Aposto que deve de tá é vivo para um dia voltar e contar sua façanha.

Afinal, não existia dúvida de que Oxu ainda vivia, pois até o próprio Mestre Tainha cansara de afiançar que vira o seu saveiro de nome “Arco-íris” apostando corrida contra a tempestade após dar a ela vento e meio de vantagem. 

– Oxu e Iemanjá – murmurou Orungã moldando ambos na imaginação. Teve uma ereção. Viu-os novamente, os dois estirados numa cama de coral, Oxu entrando nela como ela entrava nas negras nas noites de macumba. 

– Iemanjá…

Abaixou a bermuda e se tocou. Tentou reter o prazer, mas não conseguiu e acabou jogando tudo nas águas. Cansado, estirou-se no tombadilho e dormiu profundamente.

 

II

O saveiro que se aproximava aparentava ter o mesmo fabrico das embarcações feitas no mal-ajambrado estaleiro daquele porto. Entretanto, isso era demasiado estranho, impossível mesmo, já que nenhum barco havia saído para o mar nas últimas semanas ou muito menos estava sendo aguardado do torna viagem. 

– Será Chico Tristeza? – indagou um dos pescadores.

– Chico tá pra lá de Mocangüê – argumentou Damásio, a autoridade do lugar. – Não poder ser ele. 

– Vôtes! E quem é? 

– Quem é eu não sei – falou Orungã, aproximando-se. – Mas o cabra que tá detrás do leme entende o seu bocado. Tão vendo como êvem ligeiro?

Alternaram os olhares do saveiro para Orungã, de Orungã para o saveiro, espantados. De onde estavam, ainda mais contra a luz matutina, era impossível para qualquer um antecipar a velocidade do barco. Não para Orungã. Ele que agora tinha quinze anos, mas que ninguém naquele arraial lhe dava menos que trinta por conta da sisudez de seu rosto.

– Vai arribar! – berrou alguém no momento em que o saveiro fundeou. 

– Olhem…

– Tá saindo do barco…

– Arrepare no tamanho desse homem! – apontou um velhaco na multidão que se acotovelava em volta. 

– Que homem o quê!?

– Oxe!?

– Não vê que é uma cumadê?!

Orungã arregalou os olhos. Aquela mulher que desembarcara não se parecia com nenhuma outra que ele jamais conhecera. Era alta, prodigiosamente mais alta que a maioria das pessoas dali, de pele retinta, carapinha curta e porte de pinho-de-riga. Aparentava ter já os seus quarenta anos, mas os músculos nodosos que se sobressaiam por todo o seu corpo conforme ela caminhava davam-lhe um contraste de incrível vivacidade; e até mesmo esse caminhar diferia das outras mulheres, pois as pernas gingavam à maneira dos marítimos e os pés pisavam como se fossem mais afeitos ao chão do mar do que a terra firme. 

– Faça o favor de dizer quem é – disse Damásio, barrando o caminho da recém-chegada.

– Me chamo Marê…

– E arribou por causo de quê? 

– Sou irmã de Oxu! 

O nome inesperado atingiu Orungã em cheio.

Irmã de Oxu!

Repetiu consigo aquilo que nenhuma história havia lhe mencionado. Tornou a olhar na direção do saveiro que trouxera Marê e, sem saber explicar por qual razão fazia, correu até lá e inspecionou as letras desbotadas na lateral do casco:

Arco-íris! – gritou num misto de espanto e euforia, fazendo com que todas as bocas repetissem uma única frase:

– É o barco de Oxu!

No entanto, alheio a toda excitação, Damásio permanecia impassível. Proeiro escolado na lei do cais, não desconfiara de que fosse realmente verdade o parentesco entre os dois. Damásio sabia que um saveiro era um bem sagrado na vida de um pescador: a única herança que um homem deixava aos familiares quando morria. Porém, embora reconhecesse que Marê herdara o barco, não conseguia apartar a estranha sensação de familiaridade que aquela mulher causava. 

– E o que a irmã de Oxu êveio fazer no porto que um dia foi de seu irmão?

– Oxu… antes de morrer… Pediu que eu arribasse para ver Antúrio. Ele ainda mora aqui?

Um silêncio de luto abateu-se sobre o cais.

– Antúrio… – respondeu Damásio com evidente tristeza – Botou fogo na própria casa e nele mesmo. Faz tempo isso, uns onze anos quase. O que sobrou ainda tá lá – indicou o casebre semidestruído no canto da praia, à direita do farol. 

– Morreu… – murmurou Marê, atônita.

– Infelizmente. Seu irmão e ele eram muito amigados, não eram?

– Morreu… – tornou a dizer, afastando-se na direção do local indicado. 

E a Orungã pareceu-lhe que uma luz havia morrido naqueles olhos. A mesma luz que sempre vira desaparecer dos amantes no cais quando recebiam a notícia de que os amores haviam ficado nas águas de Janaína ou no desgosto de uma vida.

 

III

Não houve cantoria na tarde em que os pescadores arribaram com Chico Tristeza nos ombros. 

– Ele tinha bom peito para cantar na puxada – comentaram uns.

– A mulher dele tá prenha – cochicharam outros. 

– Vá em paz – apregoaram todos e enterraram-no no mesmo cemitério que haveriam de enterrar uns aos outros. Depois, retornaram em silêncio pelo caminho-de-lá-vai-um. 

Porém, Orungã preferiu voltar sozinho. Arrastando pés e pensamentos no dia em que também seria encontrado afogado em algum canto de praia desse mundo, chegou no arraial quase que de noitinha acompanhado por uma promessa de chuva que agitava as velas das embarcações.   

– Ninguém no cais? Devem de tá no Caravelas bebendo a morte de Chico – deduziu.

De repente, a luz de um fifó bruxuleando no mastro de um dos saveiros ancorados lhe chamou a atenção. 

– Marê – disse, notando que o barco era o Arco-íris.

A pedido da curiosidade, enveredou para lá. Se aproximou sorrateiramente, receoso dos humores daquela mulher que, desde o dia em que soubera do suicídio de Antúrio, mantinha-se sempre embriagada. Esgueirou o corpo pelo tombadilho até ficar debaixo da janela da cabine; então, levantando a cabeça, observou o interior. Ali, em meio àqueles cinco passos de nada, viu redes-de-arrasto emboladas, pedaços de cordame, tonéis e tonéis de querosene nos cantos, e, dependurados nas paredes de madeira, inúmeros retratos. 

Intrigado, mirou atentamente as imagens: haviam algumas fotografias de homens se abraçando, panoramas de paisagens desconhecidas, reproduções que eternizavam uma ternura esquisita entre dois rapazes e um desenho emoldurado de um moreno que terminava com metade do rosto encoberto por uma penca de rosas.

– Ela fez isso? – indagou-se, olhando para a mulher que roncava em meio à sujeira e garrafas vazias de cachaça. Nua, tendo apenas o sexo coberto por um lençol puído, Marê irradiava exuberância. Tudo era perfeito; até mesmo aqueles seios de aspecto duro, tão dessemelhantes dos seios das outras mulheres, pareceram belos a Orungã. 

– Linda…

Estava excitado. Brigou com o cinto enquanto as primeiras gotas de chuva caíam sobre o cais, as casas, as praias e a cova de Chico Tristeza. Por fim, quando finalmente conseguiu arriar as calças, se tocou com vontade. E, pela primeira vez em sua vida, chegou até o prazer sem nem precisar pensar em Iemanjá. 

 

IV

A voz de Damásio sacudiu a manhã: 

– Puxem! O xaréu tá se picando!

Os homens faziam força. Entretanto, a rede não se movia.

– Não dá – ofegou um dos pescadores. – Tem pouco cabra…

Era verdade. Cada ano que se passava ficava mais difícil para eles. Poucos homens na terra para a puxada do xaréu e muitos com Iemanjá. 

 – V’ambora! – Damásio incitou-os novamente. Sabia que tinha que continuar, do contrário passariam fome. – Orungã, vá para o final da fila! Puxe de lá. Essa rede vai sair nem…!?

 Uma gargalhada interrompeu sua fala. Imediatamente, os olhares se voltaram àquela zoada e deram com Marê vindo à passos oscilantes. 

– Quero ajudar…

– Você tá bêbada! – falou Damásio. – Não vê que vai atrapalhar? 

– Vou ajudar – respondeu ela, ignorando deliberadamente o aviso. Posicionou-se às costas de Orungã e berrou: 

–S’imbora, frescos! 

Orungã olhou de soslaio, notando-a entesar os músculos para começar a puxada. Assim que sentiu a potência daqueles braços, fez força e avisou os homens para fazerem o mesmo. 

– Tá se movendo! – gritaram, maravilhados. – Tá se movendo.

Marê riu seu riso canalha de bêbada e entoou:

 

“D’onde foi que saí pra ser escravo?

Lá do chão da Catumbela!

Quando foi que o levante foi tramado?

No porão da caravela!

Quem me deu coração de revoltado?

Foi Tereza de Benguela!”

 

Os pescadores deram coro ao cântico e até mesmo Damásio reforçou aquele refrão que, em tempos idos, ouvira apenas na voz de Oxu quando era este quem puxava as redes-de-arrasto: 

 

“Eu quebrei cada elo da corrente

E cada negro virou lugar-tenente

De Zumbi do Quilombo dos Palmares”.

 

Orungã sorriu. Olhou para trás na direção dos olhos de Marê e reconheceu que a amava. Amava o esgar masculino de seu rosto, os seios disformes. Amava aquele riso inédito que se confundia com o seu e era maior que a miséria da vida. Amava até mesmo aquelas cicatrizes estranhas que se destacavam em ambos os seus pulsos.

Estava perdidamente apaixonado por aquela mulher.   

 

V

Procurou por todos os lugares, mas só foi encontrá-la no final da prainha.

Viu que o Arco-íris estava fundeado à beira-do-mar – como se fosse partir imediatamente – e que Marê, recostada num dos coqueirais que pontilhavam o lugar, cantava um canto na noite: 

 

“É doce morrer no mar,

Nas ondas verdes do mar”.

 

Sem dizer nada, esquecendo-se de todas as coisas que queria lhe falar, sentou-se do seu lado. 

– Cabrochinho… – disse a mulher ao sentir sua presença. Olhou-o nos olhos, deu um gole na garrafa de cachaça que trazia nas mãos e falou: 

– Já bebe?

– Hã-ram…

Passou a garrafa para ele. Mantiveram-se assim, observando as ondas que se desmanchavam, escutando na distância o som dos atabaques que anunciavam a cerimônia da Cobra Angorô lá no ilê.

– Eu sempre quis é ser mulher – monologou ela, visivelmente embriagada. – Toda a minha vida quis ser mulher…

Orungã não entendeu, tomou um longo gole e passou a garrafa.

– Já amou alguém, cabrochinho? – indagou Marê após entornar mais, lágrimas começando a se desentocar.

– Sim – respondeu, revezando a bebida. – Amo alguém… 

– Também… – murmurou e, voltando o olhar marejado para Orungã, tornou a perguntar: – O que faria se esse alguém partisse? Se o teu amor tivesse morrido de desgosto por você ter fugido? O que faria, cabrochinho?

– Morreria – disse Orungã. 

E beijou-a. 

– Morreria junto dela… – afirmou convictamente, beijando-a mais uma vez.

Rolaram na areia. Orungã cartografou cada linha daqueles seios com a boca, fazendo-os saltar para fora do vestido na noite carregada de estrelas. Marê arfava e imaginava Antúrio. Rememorava a tarde em que se beijaram pela primeira vez, o amor proibido, o passado em que os homens lhe chamavam por um outro nome.  

– Antúrio – pensava entre beijos e lágrimas. – Eu voltei. 

Orungã ficou por cima. Desvencilhou-se do calção. E, no momento em que tocou o meio das pernas dela, ao sentir o volume ereto que se destacava ali, retraiu-se imediatamente.

– Oxente! – balbuciou, coração descompassado e íris fixas em Marê. – O que é isso, mulher? 

Não houve resposta, apenas a brisa sussurrando nos coqueirais e o som dos atabaques marcando o ritmo de uma canção que agora preenchia tudo: 

 

“É macho 

E também é fêmea

É homem-mulher

Pororoca, arco-íris,

É Oxumarê”.

 

Marê se recompôs. Chegou mais perto de Orungã e colocou a boca no seu sexo ainda endurecido. Ele gemeu, contorceu-se todo com a sucção demorada, sentiu um prazer tão forte que acabou jorrando nos lábios dela. Sem falarem nada, como se já houvessem feito isso milhares de vezes, beijaram-se uma ultima vez e adormeceram estendidos na areia. 

 

VI

Era madrugada alta quando Orungã despertou.

Ficou de pé, a mente em desalinho pela bebida. Ao olhar para os lados, percebeu que estava sozinho. Meneou a cabeça. Caminhou à linha do mar e divisou o saveiro que até então estivera ancorado ganhar distância. Pôs-se a observar a rota que ele fazia, conscientizando-se de que Marê estava partindo para o nunca mais.

– Marê – falou baixinho. 

Então, subitamente, uma coluna de fogo se elevou da embarcação. Chamas brilharam, iluminaram as águas, o vento trazendo um cheiro de querosene queimado no ar.  

– Marê! – berrou Orungã, dobrando os joelhos. – Marê! 

E uma luz se apagou de seus olhos. A mesma luz que desaparecia dos amantes no cais quando recebiam a notícia de que os amores haviam ficado no desgosto de uma vida ou nas águas de Janaína.

24 comentários em “Arrobobô (Gustavo Aquino)

  1. Fil Felix
    17 de setembro de 2019

    Um garoto de uma vila de pescadores, apaixonado por Iemanjá, passa a gostar da visitante misteriosa Marê, com quem se deita ao final.

    Gosto muito da cultura afro, mas admito que não conheço muito. Peguei algumas referências, como Mãe Estela e Mestre Taima, personagens reais. Acabei me lembrando de uma música que curto muito, Canto ao Pescador, e nela cita a Janaína (que até então eu não entendia). O conto segue como um épico fantástico, mostrando os personagens aos poucos. O garoto está subindo pelas paredes, acaba se apaixonando por Marê. É aquele romance do mais velho com o mais novo, de Lolita à Tieta do Agreste. A revelação é interessante e cria novas interpretações ao texto, que aborda a questao da transexualidade, pois nos faz voltar e pegar as referências deixadas. Gostei muito da imagem inicial, com Iemanjá abrindo seu leque, bastante poética. Não costumamos associar divindades ao sexo, que sempre é um tabu e “profano”, então gera um estranhamento quando vemos o garoto querendo transar com Iemanjá. O estilo narrativo é inconfundível, como sempre, tem momentos que me sinto naquela música Guerreira da Clara Nunes (uma onda de nomes e termos que não pego de primeira), mas é sempre uma boa viagem.

  2. Ana Carolina Machado
    15 de setembro de 2019

    Oiiii. Um conto muito bem trabalhado que conta a história de Orungã um menino que mora perto do mar. Logo no começo somos apresentados a realidade dele, a prática da religião e a um tipo de atração que ele sente pela chamada rainha do mar. O tempo passa e ele começa a sentir atração por Marê, uma mulher misteriosa que chegou a vila falando ser irmã de Oxe um pescador desaparecido. Desde o princípio ela parece ter uma estranha semelhança como se não fosse estranha. Marê fica desolada ao saber que Antúrio suicidou-se. Durante um momento de intimidade com Orungã descobrimos a verdade sobre Marê. No fim ela se mata tocando fogo no barco provavelmente devido a dor de ter perdido o amado. A reviravolta foi muito bem colocada. Quando descobrimos que a Marê na verdade é o Oxe percebemos que desde que ela chegou tem várias dicas disso e o final foi bem triste, pois outra pessoa ficou em sofrimento pela perda de alguém. Parabéns pelo conto e boa sorte no desafio.

  3. Jowilton Amaral da Costa
    15 de setembro de 2019

    O conto narra a história de Orungâ, um garoto que vive numa vila de pescadores e que é apaixonado por Iemanjá e acaba tendo uma experiência homo-afetiva com Marê, uma transexual que é irmã de Oxu.

    O conto é muito bom, apesar da cena de sexo de Orungã e Marê, quase no final da história, não ter me agradado, gosto pessoal mesmo. O conto tem ares de lenda mística, é quase uma história épica.O autor é bastante habilidoso com as palavras e a narrativa tem estilo e fluência. O escritor também demonstra ter um grande conhecimento do Candomblé. Muito bom. Boa sorte no desafio.

  4. M. A. Thompson
    15 de setembro de 2019

    Olá autor(a). Parabéns pelo seu conto.

    TÍTULO: Arrobobô

    GÊNERO:
    [ x ] Sabrinesco (erótico)

    RESUMO: O orixá oxumaré da mitologia africana aparece na forma de gente em uma colônica de pesca e se envolve sexualmente com um adolescente.

    ORTOGRAFIA E GRAMÁTICA: Parece que faltou palavra em “aguardado do torna viagem”. Também faltou acento na palavra “ultima”.

    O QUE ACHEI DA HISTÓRIA:
    A história de alguma forma incomodou meu puritanismo, pois não esperava ler sobre orixá transando com mortal. Pense em um conto com Nossa Senhora tendo relações sexuais e foi mais ou menos assim que me senti, um pouco incomodado.
    A história em si não tem nada que eu possa destacar como excepcional, pois reproduz a fórmula do “amor de uma noite só que deixa saudades”. A mesma fórmula apareceu outras vezes em outros contos sabrinescos da série C.
    O mérito vai para o fato de eu ver por aqui um conto com temática afro-brasileira. Que venham outros. Parabéns! 🙂

    Desejo sorte e torça por mim também. 🙂

    Abçs.

  5. Lucas Cassule
    15 de setembro de 2019

    É um texto complexo demais para meu entendimento, três vezes de leitura não foi o suficiente para fazer uma interpretação, no entanto vou descrever o pouco que percebi.

    O texto conta a história de Orungã com a sua obsessão em acasalar a deusa Janaína, no entanto acaba misteriosamente se envolvendo com alguém, apagando sua chama por Iemanjá.

    Não gostei to texto, obviamente porque me parece muito confuso ao meu nível de entendimento.

  6. Gustavo Araujo
    13 de setembro de 2019

    Resumo: Orungã é um garoto que possui um desejo retraído por Iemanjá. Quando Marê chega a seu vilarejo, vinda não se sabe de onde, procura por Antúrio, que não mais está ali. Orungã e Marê se unem e se amam, pouco importando, afinal, se Marê era Oxu, se Marê é homem. Marê se vai enquanto Orungã assiste à partida.

    Impressões: um conto fantástico em todas as acepções da palavra. A (re)criação do universo praiano, em que os habitantes de um vilarejo de pescadores adoram o mar, adoram Iemanjá em todo o seu esplendor de nomes e metáforas, ficou muito boa. Quase dá para sentir a brisa nos coqueiros de algum lugar do litoral baiano, enquanto testemunhamos o jovem Orungã transferir sua paixão de Janaína para Marê, a herdeira de seu herói Oxu, a lenda viva dos mares. Tudo casa perfeitamente: a ambientação, os diálogos, o clima quente, o receio do menino, sua insegurança… Sem falar na presença forte de outros personagens, que enriquecem a trama, como Damásio e seu temperamento resoluto na busca pelos peixes. É, enfim, um contexto ricamente mostrado, em que o amor acaba prevalecendo mesmo quando Orungã se descobre desejando alguém que se revela outro homem — afinal, amor é amor, não é mesmo? E nada mais sintomático disso do que a dor que sente ao ver Marê partir.

    A mim é evidente que este conto se encontra num patamar superior enquanto concepção literária. Desde a estrutura narrativa, passando pela maneira como foi desenvolvido e arrematado, tudo aponta para um autor maduro, ciente de suas qualidades e de sua perícia na escrita. Palavras que se encaixam à perfeição, como o passeio que se dá numa praia conhecida. Tudo soa fácil, atrativo, aquele tipo de texto que convida o leitor para um mergulho em águas tépidas e transparentes, mesmo para quem, como eu, desconhece os detalhes da rica cultura que permeia a narrativa.

    O conto tem seu DNA em cada linha, caro autor. E aqui dirijo minhas palavras a você mesmo. Desde a estrutura, com a citação inicial, a divisão em capítulos, a ambientação na maravilhosa cultura afro… Até a imagem me faz supor que se trata de uma concepção sua, a camisa, os traços. Há sua assinatura em todos os setores. Digo isso porque nos acostumamos a esse seu estilo, podendo reconhecê-lo de longe, como alguém que divisa a Igreja do Senhor do Bomfim a partir de uma elevação no Planalto Central. Não há demérito algum nisso, claro. Podemos sempre escrever sobre aquilo que nos agrada, porque assim nos sentimos confortáveis, felizes por passar aos amigos e leitores um pouco de sabedoria e, neste caso, de uma cultura que, no mais das vezes, fica relegada a um segundo plano, refém de frestas deixadas pelas tantas histórias ocas que se baseiam em premissas holywoodianas.

    Mas, ainda assim, mesmo admirando cada linha desse seu virtuosismo, quero dizer que anseio, tanto quanto outros leitores no EC, por vê-lo navegando em outras águas. Deixo aqui o convite para que essa habilidade invejável seja empregada em terrenos mais pantanosos. Um grande abraço e sorte no desafio!

  7. Adauri Jose Santos Santos
    12 de setembro de 2019

    Resumo: Garoto que morava numa vila de pescadores e sonhava possuir Iemanjá conhece uma mulher mais velha e misteriosa. O garoto acaba se apaixonando por aquela figura e quando consegue fazer amor com ela na praia descobre o verdadeiro motivo de sua tristeza.
    Considerações: É uma boa estória com enredo interessante. Achei-a bem construída e com uma boa trama. Gostei da linguagem usada pelos personagens, realça o ambiente, assim como as canções e palavras de origem africana. Achei que se afastou um pouco do tema, porém não sou expert no assunto sabrinesco. Em relação à revisão não vi nada de errado. Boa sorte no desafio!

  8. Rafael Penha
    12 de setembro de 2019

    RESUMO: Um jovem pescador se apaixona por uma estranha e misteriosa mulher, que guarda um segredo. Após consumar seu amor, ele a vê partir para nunca mais voltar.
    COMENTÁRIOS: Sem dúvida, um conto lindo. Escrito de forma primorosa, nos faz imergir totalmente na cultura afro-brasileira
    Entretanto, a meu ver, o conto não se enquadra exatamente no tema proposto; sabrinesco. Apesar do texto ser muito bem descrito, das cenas, trejeitos e falas serem perfeitamente trabalhadas, o personagem principal, o garoto, carece de aprofundamento. Me pareceu apenas um adolescente com os hormônios a flor da pele. Apenas um desejo carnal e sexual. O gênero sabrinesco é muito mais que isso. É um amor quase platônico. Uma idealização romântica e sexual de um parceiro, uma paixão que beira a obsessão, e eu infelizmente não vi isso no personagem.
    O enredo em si também me pareceu curto, apesar do texto inchado. Eu poderia resumir como um adolescente muito safado que conhece uma mulher, tem uma paixonite carnal, descobre que ela é transsexual e a vê morrer. Muito pouco enredo para muito texto.
    A gramática e o estilo são o ponto forte deste conto. Os maneirismos, descrições e aspectos culturais são narrados e ambientalizados de forma perfeita, o que faz o texto ser extremamente imersivo.
    Um ótimo conto do ponto de vista “estético”, mas a meu ver, peca no enredo, no desenvolvimento de personagens e na própria abordagem do tema.

  9. Fabio
    11 de setembro de 2019

    ARROBOBO

    Resumo: Durante um culto um homem de nome Orungã sente se atraído pela mulher que incorpora o espirito de Iemanja. Na busca pela sua excitação ele vislumbra cenários onde Iemanja se torna parte dos eu prazer. Entretanto, é atordoado pelas historias contadas onde quem a possui não é ninguem menos que Oxu. Imaginando a relação de ambos ele se excita. No desenrolar surge Marê, irma de Oxu. Esta procura por Anturio, morador da região de Orungã que acabou ateando fogo na casa onde morava e no próprio corpo. Marê revela traços masculinos que chamam a atenção de Orungã. Eles acabam tendo uma intensa relação com muito prazer.

    Ponto Forte: Conto Sabrinesco pra lá de diferente. Eu esperava algo voltado para uma fantasia única com Iemanja e de-repente, a historia muda completamente o seu contexto. A relação homossexual (acredito que seja isso) coincide bem com algumas verdades existentes nestes tipos de rituais.

    Ponto Fraco: Em alguns pontos eu me perdi com tanta informação de uma cultura que pouco conhecia. Precisei buscar algumas informações (google) para saber o que é Oxumare, xaréu, Cobra Angorô lá no iIê.

    Conceito Geral: A riqueza de detalhes é linda. O texto típico e a descrição de uma cultura diferente nos leva a procurar entender do que se trata o enredo descrito. O autor tem muito, muito talento.

  10. Miquéias Dell'Orti
    10 de setembro de 2019

    RESUMO

    Orungã é um rapaz do litoral baiano que, na veleidade da sua juventude, sente-se atraído sexualmente pela entidade de Iemanjá. Acompanhamos ele durante o retorno de uma embarcação que traz Marê, dita irmã de um pescador que sumira há tempos, chamado Oxu.

    Marê diz que o último desejo do irmão antes de morrer era que ela viesse visitar Antúrio, um amigo muito próximo a ele.

    Ao saber que Antúrio também morrera, Marê se compadece, mas continua na vila.
    Após alguns episódios, como a morte do pescador Chico e a ajuda de Marê na puxada do xaréu, Orungã se descobre apaixonado pela mulher misteriosa.

    Ele a encontra na praia, em certo fim de tarde, e finalmente eles se beijam e ficam juntos. Durante o ato, Orungã descobre que Maré, na verdade, é Oxu, e que ele, apaixonado por Antúrio, se afogava em tristeza e luto.

    Por fim, Marê/Oxu se vai com o barco pelo mar e o incendeia, deixando Orungã, apaixonado, desolado.

    MINHA OPINIÃO

    Narrativas que abordam a diversidade de forma consistente e, ao mesmo tempo, com um tom belo e singelo como a sua me dão uma injeção de esperança, sempre.

    A literatura, principalmente a nossa, precisa cada vez mais de histórias assim, que propaguem pluralidade e que façam as outras pessoas saírem das suas bolhas.

    A escrita é primorosa, e contando com um vocabulismo tão característico da ambientação do conto que é quase possível vermos uma pintura da orla da praia, dos barcos aterrados e dos pescadores morenos pelo sol e de feições duras pelo trabalho enquanto lemos o conto.

    A abordagem do amor entre Oxu e Antúrio e de Orungã, sua juventude e a descoberta da sua sexualidade foi trabalhada de forma muito rica, com um tom romântico na medida certa para esse tipo de história.

    Não sei, sendo sincero, se o conto se enquadra na categoria de sabrinesco, mas como a obra em si está muito bem trabalhada, não levarei isso em consideração.

    Um lindo trabalho. Parabéns!

  11. jetonon
    10 de setembro de 2019

    Orungã tem paixão por Iemanjá.
    Marê aparece a procura do seu irmão Oxu.
    Oxu a tempos incendiando sua casa e a si mesmo.
    Marê e Orungã se relacionam. Marê parte.

  12. Cicero Gilmar lopes
    6 de setembro de 2019

    Resumo: Arrobobô, eu pesquisei, é saudação ao orixá Oxumarê. O conto traz a história de um garoto com seus hormônios a flor da pele, naquele estágio que qualquer abertura, um buraco no coqueiro, resulta em excitação e masturbação. Esse garoto tem o desejo de se deitar (eufemismo) com Iemanjá e quando na vila em que ele mora surge uma mulher de formas míticas e temperamento incomum, ele se apaixona irremediavelmente. A paixão se revela mútua e a consumam na praia sob o testemunhos dos coqueiros, o garoto se surpreende ao descobrir que Marê é menina e menino também, nada que o desestimule, se amam, cansados e quando o garoto acorda, ela/ele já partiu.

    Considerações: O (a) autor (a) nos traz uma prosa rica em expressões regionais ou de ligação com a cultura da Umbanda, são tantas as expressões estranhas ao nosso pobre universo de palavras coloquiais, que por vezes me perdi na interpretação da história. Problema,meu. Mas, a palavra é esta mesma: rica. Jorge Amado assinaria, este conto. A construção do conto é bem estruturada, o personagem consegue nos passa a sua “fissura” e apoquentação – quem nunca? Somente questiono se atende as características do que aqui se chamou “sabrisneco”! É erótico, mas… recado para o (a) autor (a), o meu texto, também sofre da mesma falta de identificação com o tema, se for adotada uma análise mais rígida. Belo trabalho, parabéns!

  13. Tiago Volpato
    3 de setembro de 2019

    Resumo:

    A história de um onanista que tem uma paixão por Iemanjá e ele corre pra beira mar pra tocar umazinha e ejacular no mar. Certo dia a irmã de Oxu aparece na vida de nosso onanista, ela vem atrás de um sujeito e descobre que o mesmo já se foi, nosso protagonista ‘poeteiro’ agora começa a homenageá-la.
    Apaixonado ele tem uma noitada caliente na praia com ela, mas descobre que ela tem algo a mais (estou falando de um membro masculino), ainda assim ele continua apaixonado por ela. Infelizmente ela dá o fora, navegando rumo ao horizonte para nunca mais ser vista.

    Comentários:

    O conto é bem escrito. Interessante de ler.
    O início do conto achei bem conduzido, a aparição de Iemanjá e a apresentação do moleque onanista, a construção do personagem foi bem feita. Não gostei da parte que ele fala sozinho, pareceu um pouco novela da globo. Ok, eu falo sozinho de vez em quando, mas acho que tem maneiras melhores de fazer isso num texto.
    A ‘irmã’ de Oxu é um bom personagem, foi muito bem trabalhado e bastante interessante. A paixão do rapaz por ela e a revelação foi muito bem contada. O texto foi ótimo, parabéns.

  14. Jorge Santos
    2 de setembro de 2019

    Resumo:
    Orungã, que sempre sonhou ter relações sexuais com Iemanjá, encontra Marê e apaixona-se por ela, mesmo depois de ter descoberto o facto dela ser hermafrodita.

    Comentário:
    Este foi um dos contos que mais trabalho deu a comentar, pelo facto de não estar minimamente familiarizado com o candomblé. Isso obrigou-me a uma pesquisa mais aprofundada que revelou mais da riqueza da cultura afro-brasileira. neste conto, nada é o que parece, tal como se espera desta temática. Orungã, a personagem principal e que sonha ter relações com Iemanjá, a deusa da fertilidade, não é outro senão o seu próprio filho, segundo a tradição popular. Não sei até que ponto este facto não terá sido de alguma forma negligenciado ou ocultado de forma voluntária pelo autor. Marê, ou Oxumarê na forma completa do seu nome e que, no dialecto Iorubá significa arco-íris, é a divindade que liga o céu e a terra. Segundo a tradição do Cadomblé, é um orixá que reune as características masculinas e femininas, sendo representado como uma criatura que passa seis meses como macho e seis meses como fêmea. Desta dualidade nasce um texto bastante rico que só peca, na minha humilde e por vezes tola opinião, pela falta de ritmo e por algum excesso de coloquialidade. Mesmo assim, cumpre os objectivos, prendendo o leitor. O desfecho, não sendo totalmente inesperado, satisfaz e fecha de forma harmoniosa o texto.

  15. Vladmir Campos Leão
    27 de agosto de 2019

    Resumo: Rapaz apaixonado por Iemanjá se encanta por outra orixá, mas esta está com o coração ferido por ter perdido um amor do passado.

    Comentários: Na primeira leitura passei por uma sensação enorme de estranhamento. Eu vi uma tonelada de palavras novas numa história um tanto falocentrada. Então precisei dar um dia pra poeira baixar e reler o conto com olhos menos assustados e um cérebro já munido por várias pesquisas sobre quem seria cada orixá.
    Gostei muito da forma como usou um linguajar regional e de como descreveu os ambientes. Quase consegui sentir a brisa e o barulho do mar.
    A forma como falou do cemitério também achei bem bonita e peculiar.
    O final é bonito e triste ao mesmo tempo, porém, a história é muito boa.
    Está de parabéns!

  16. Fernanda Caleffi Barbetta
    27 de agosto de 2019

    Muito bom o seu conto. Gostei do fato de ter usado Iemanjá e os orixás para fazer o seu sabrinesco, o que deixou o seu texto mais original. A foto tb é muito boa. Parabéns.

  17. angst447
    21 de agosto de 2019

    Este deve ser o conto do “primo” do Gustavo Aquino. Tem a assinatura dele, pelo menos.
    Sou uma apreciadora/curiosa dos orixás, acho elementos culturais muito interessantes. Então, logo que li Oxu, pensei: não é Exu, não é Oxum, então só pode ser Oxumarê. Bacana ter divido o orixá tão dual em dois personagens tão fortes – um ausente (Oxu) e outro tão presente (Marê). Uma verdadeira pororoca de emoções, misturando o feminino e o masculino, desfazendo os limites e as definições.
    O conto é rico em possibilidades de interpretações.
    Um conto forte com toques sabrinescos bem diferenciados. Eu teria dado a nota máxima, mas não estou avaliando a série C.
    Parabéns!

  18. Luciana Merley
    17 de agosto de 2019

    Um menino de uma comunidade de pescadores devotos a Yemanjá observa as cerimônias religiosas enquanto lida com suas paixões.

    Gramática – Não encontrei erros ortográficos.

    Pontos fortes – O texto é tecnicamente perfeito (na minha visão sobre a técnica de escrita de contos). Linguagem fluída (apesar dos termos específicos da religião), um início revelador sobre o personagem e o conflito principal, não entrega de bandeja as informações ao leitor, ou seja, utiliza apropriadamente os advérbios e adjetivos de modo que o leitor complete com as suas percepções. Tem um final muito inesperado e finaliza logo após “o susto” literário. Como eu disse, perfeito tecnicamente.

    Pontos a melhorar – Não se adequa ao tema de forma apropriada. Entendendo que o autor planejou escrever um “sabrinesco”, o conto não tem uma trajetória romântica com pitadas quentes, mas fala sobre uma obsessão unilateral e um desfecho pornô demais para o estilo Sabrina. Outra coisa: (não sei se nesse caso seria algo a melhorar, ou se é condição para que o conto se tornasse verossímil) os termos são muitíssimo específicos para quem conhece a religião e em alguns momentos fiquei meio perdida. Outra coisa: esse personagem “oxu” é uma entidade (já ouvi dizer que é) ou uma pessoa que viveu ali há algum tempo? Ou essa dúvida é proposital?

    São minhas percepções. Um abraço.

  19. Luciana Merley
    16 de agosto de 2019

    Um menino de uma comunidade de pescadores observa o movimento das cerimonias religiosas enquanto lida com seus desejos e paixões.

    Gramática – Não encontrei erros ortográficos no texto.

    Pontos fortes – Linhas iniciais bem utilizadas, revelando o ambiente e parte do conflito da história, de modo que o leitor sinta-se interessado pela continuidade da leitura. O texto é tecnicamente perfeito na minha opinião. Faz descrições ao invés de entregar sentimentos e conclusões, deixa que o leitor complete as partes faltantes, gera alta expectativa pelo desfecho, utiliza linguagem própria ao ambiente e à cultura (principalmente religiosa) da comunidade retratada. A narrativa é erótica do início a fim, mas não baixa o nível da linguagem como se num conto pornográfico.

    Pontos a melhorar – Não sei bem se cabe “melhorar”, mas como trata-se de uma linguagem muito específica de um grupo religioso, quem não tem contato (como eu) fica um pouco perdido em algumas partes. E com relação a esse personagem – oxu, não fica claro se é uma entidade (eu já ouvi dizer que é) ou um homem que viveu ali há tempos atrás. Ou talvez a intenção era mesmo essa, de deixar essa dúvida, não sei…

    Aqui estão minhas observações. Parabéns pelo texto. Como eu disse, a mim, pareceu tecnicamente muito bom.

  20. Claudinei Novais
    16 de agosto de 2019

    RESUMO: O conto se inicia com um ritual de alguma religião afro-brasileira. Um dos participantes, Orungã, um garoto de 13 anos, vê as mulheres dançando e começa a imaginar transando com Iemanjá. Quando percebe está ali mexendo no pênis e tenta disfarçar. Posteriormente chega em uma embarcação, uma mulher alta, de nome Marê e Orungã se apaixona por ela. Os dois têm uma noite de sexo e desejo intenso, mas de madrugada, ao acordar, Orungã percebe que Marê foi-se embora e o deixou sozinho.

    CONSIDERAÇÕES: Que leitura gostosa! Linguagem clara, bem escrita. Pena que não consegui perceber elementos sabrinesco e nem de FC no conto, e não acredito que seja um conto que se enquadra em um desses dois temas. No entanto, deixo meus parabéns ao autor(a). Gostei, li com prazer. Só não vou dar a nota máxima por entender que o conto não se adequa ao tema proposto, uma pena.

  21. Anônimo
    12 de agosto de 2019

    Bom, é um texto regional com referências a iemanjá, percebi poucas coisas, para além do orungã tentando acasalar iemanjá…
    Kkkkk

  22. Luis Guilherme Banzi Florido
    9 de agosto de 2019

    Boa tarde, amigo. Tudo bem?

    Conto número 12 (estou lendo em ordem de postagem)
    Pra começar, devo dizer que não sei ainda quais contos devo ler, mas como quer ler todos, dessa vez, vou comentar todos do mesmo modo, como se fossem do meu grupo de leitura.

    Vamos lá:

    Resumo: que beleza de conto! Excelente! o melhor que li até agora.

    A linguagem é uma lindeza total. To encantado! Quanta riqueza, a cultura permeando cada palavra. Parabéns! A regionalidade soou muito bem, muito natural, tanto na narração quanto nos diálogos. Fico até imaginando que seja difícil você não morar na região em que o conto se passa.

    A história também é linda. Cada detalhe acaba se ligando em algum momento. A revelação final, da sexualidade do Oxumarê, foi excelente. Eu, pelo menos, não tinha desconfiado até o momento em que ele disse que sempre quis ser mulher.

    Aliías, todos os personagens são carismáticos e marcantes. O crescimento do menino dá ritmo à história, a maturidade emocional/sexual. O conto também ousa mais que os demais na questão do sabrinesco. A cena da ejaculação nos lábios foi ousada e bem descrita.

    E o desfecho, quando o menino acorda e vê o barco pegando fogo – no que remete ao suicídio do Chico, num ato de redenção pela culpa – e o menino observando, e a repetição da frase “E uma luz se apagou de seus olhos. A mesma luz que desaparecia dos amantes no cais quando recebiam a notícia de que os amores haviam ficado no desgosto de uma vida ou nas águas de Janaína.”, foi uma preciosidade. Parabéns! Nota máxima!

  23. Evelyn Postali
    8 de agosto de 2019

    Caro(a) escritor(a)…
    Resumo: Aqui temos a história de Orungã, um jovem pescador, apaixonado por Iemanjá até conhecer Marê.
    Tudo é perfeito nesse conto. A construção das frases, os diálogos pontuais, a inserção dos versos, a escolha das palavras.
    No contar melodioso, Orungã ganha forma, ganha conteúdo, ganha vida. A vida dura de pescador se transforma em imagens, em sons, e o barulho das águas segue embalando a narrativa até o fim. Essa história é um presente aos leitores. Encantou-me, por certo, contudo, não sei se classifico como ‘sabrinesco’. Estou em dúvida.
    Boa sorte no desafio.

  24. Emanuel Maurin
    5 de agosto de 2019

    Boa noite!
    Teve uma roda religiosa na praia. Depois teve a dança do orixá do mar. Orungã queria possuir Iemanjá, depois ficou envergonhado porque pegaram com as mãos dentro da bermuda. Tinha uma multidão na praia. Apareceu princesa de Aiaocá com seus trezes anos e falou que o Orungã estava lascado. Oxu e Iemanjá parece que namoraram. Depois Orungã despertou de madrugada, e a luz apagou de seus olhos era a luz do desgosto dos amantes que eram abandonados na praia como ele.

    Quanto aos erros não achei nada. A trama muito amarrada e com palavras de difícil entendimento. Um texto dos mais amarrados que li até hoje. Não gostei.

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Informação

Publicado às 1 de agosto de 2019 por em Liga 2019 - Rodada 3, R3 - Série C e marcado .